Indústria áudio em língua portuguesa gera cerca de 30 milhões de euros por ano

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  • 6 Novembro 2024

As 365 entidades identificadas e representativas da indústria de áudio em língua portuguesa criaram, nos últimos anos, mais de 250 mil podcasts e cerca de 10 mil audiolivros em português.

A indústria áudio em língua portuguesa gera aproximadamente 30 milhões de euros por ano, segundo “o primeiro mapa da indústria de áudio em língua portuguesa”, que identificou 365 entidades que estão a “apostar firmemente no desenvolvimento da nova indústria de áudio nos mercados de língua portuguesa”.

O mapa, elaborado pela Dosdoce.com, plataforma especializada em tendências da economia digital, aponta ainda que o áudio gera cerca de 100 milhões de euros nos mercados de língua espanhola e biliões de euros nos mercados de língua inglesa, pelo que, comparativamente, “o potencial de crescimento é muito alto“.

As 365 entidades identificadas e representativas da indústria de áudio em português criaram, nos últimos anos, mais de 250 mil podcasts e cerca de 10 mil audiolivros em português, entre outros formatos.

Nos últimos cinco anos, as plataformas de streaming lideraram a indústria do áudio, investindo milhões de euros na produção de audiolivros. Quase dois terços dos audiolivros existentes em língua portuguesa pertencem a editoras e as plataformas de streaming têm sido as principais promotoras da indústria do áudio investindo na produção de mais de 90% dos audiolivros para impulsionar os mercados de língua portuguesa”, refere Javier Celaya, analista especialista na indústria de áudio e fundador da Dosdoce.com, citado em comunicado.

As editoras devem optar pelo formato áudio investindo na produção própria de audiolivros para beneficiarem do crescimento da indústria“, acrescenta.

O Brasil lidera a indústria de áudio em língua portuguesa, sendo que 84% (mais de 300) das entidades identificadas no mapa da indústria de áudio em língua portuguesa são de origem brasileira. Já Portugal representa 10% da indústria de áudio, sendo que os 6% restantes são de entidades que produzem e comercializam em português, mas vêm de outros países europeus, bem como dos EUA e Canadá.

Entre as quase 40 entidades que investem em conteúdos sonoros em Portugal, o principal grupo é composto pelos meios de comunicação (56%), que apostam principalmente em podcasts. Entre os meios elencados na análise encontram-se órgãos como a Sport TV, a Rádio Nova Era, a Rádio Radar, a Smooth FM, a Cidade FM, o Doutor Finanças, o Público, a M80, a SIC, a Rádio Comercial, o Expresso, a Mega Hits, a RFM, a Renascença, o Observador ou a RTP.

Seguem-se as editoras, que representam 19% das entidades analisadas, e, em terceiro lugar, os estúdios de produção, que representam 14% do total de entidades que apostam nos formatos sonoros. Em relação às editoras em Portugal, surgem na análise entidades como a Leya, a Porto Editora, a Almedina, a Companhia das Letras, a Chiado Books ou a Fundação Francisco Manuel dos Santos.

Em quarto lugar – representando 5,5% das entidades identificadas – surgem as plataformas de escuta de conteúdos de áudio baseados na palavra falada (por exemplo, podcasts, audiolivros, audioteatros ou bookcasts), como a Bertrand ou Kobo-Fnac.

São ainda identificadas entidades que promovem o uso de inteligência artificial (IA) no setor de áudio, bem como entidades especializadas em organizar eventos setoriais (2,75% em cada caso).

Apesar de a língua portuguesa ser a quinta língua mais falada a nível mundial, com mais de 200 milhões de falantes e sendo a língua oficial de 11 países (Portugal, Brasil, Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe, Timor-Leste, Macau e Goa), apenas 3,46% das vendas de audiolivros ocorrem fora do Brasil e de Portugal, refere-se em nota de imprensa, onde se cita o relatório “Audiobook Global Growth Report”, publicado pela Feira do Livro de Frankfurt.

No caso das vendas de audiolivros em português, a esmagadora maioria ocorre no Brasil (95,36%), sendo que apenas 1,18% acontece em Portugal. O principal mercado de exportação de conteúdos de áudio em português é os Estados Unidos da América (1,92%), seguido do Reino Unido com (0,26%), da Alemanha (0,17%), da Irlanda (0,12%) e de Espanha (0,12%).

A indústria de áudio em língua portuguesa crescerá mais rapidamente se as entidades do setor apostarem firmemente no desenvolvimento de produtos e serviços em múltiplos formatos de áudio, a fim de criar uma categoria global denominada ‘conteúdos de áudio’”, defende Javier Celaya.

Já Ana Julia Ghirello, VP de Storytel SVP Partnerships & GM Expansion da Storytel, refere que “o mercado de audiolivros, especialmente das línguas portuguesa e espanhola, apresenta enorme potencial e uma tremenda oportunidade a longo prazo para editoras, autores e criadores de conteúdo explorarem novos públicos e expandirem seus formatos globalmente”.

A nível global, a previsão é de que a indústria do entretenimento sonoro – que engloba podcasts, audiolivros, rádio ou música em streaming – continue a crescer cerca de 10% até ao final desta década, graças às receitas geradas pelas plataformas de assinatura, vendas avulsas, vendas em massa através de grandes empresas como operadoras telefónicas, receitas publicitárias, branded content e outras, estima o estudo.

Para realizar o primeiro Mapa da indústria de áudio em língua portuguesa, a equipe da Dosdoce.com conduziu uma pesquisa durante três meses (julho, agosto e setembro deste ano), analisando as diferentes atividades económicas relacionadas com a indústria do áudio, como estúdios de produção de conteúdos sonoros, plataformas de streaming que comercializam conteúdos de áudio, meios de comunicação que apostam nos podcasts, entidades de serviços de áudio ou festivais, indica a análise.

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Do aeroporto à linha ferroviária, Pinto Luz garante que “as coisas estão a acontecer”

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  • 6 Novembro 2024

Ministro das Infraestruturas e Habitação esteve esta segunda-feira no almoço-debate promovido pela PROFORUM, onde partilhou informação sobre os projetos que o Governo tem em execução nesta área.

Consenso foi, porventura, uma das palavras mais repetidas por Miguel Pinto Luz esta segunda-feira, dia 4, durante a participação no almoço-debate da PROFORUM sobre ‘Grandes Infraestruturas’. O ministro das Infraestruturas e Habitação referia-se à importância de encontrar entendimento na sociedade portuguesa – e, em particular, na política – sobre investimentos na área dos transportes, telecomunicações ou habitação. “É assim que construímos confiança, com consensos de longo prazo, com homens e mulheres sérios que querem o bem e o crescimento do país. As coisas estão a acontecer”, assegurou.

Perante uma plateia com dezenas de empresários ligados à engenharia, Pinto Luz falou sobre o “setor fervilhante e apaixonante” que tutela e lembrou aquela que considera ser uma das decisões mais relevantes do atual executivo: a escolha da localização para o novo aeroporto de Lisboa. “Hoje temos uma decisão tomada, cristalizada”, sublinhou.

O ministro assegurou que “está encontrado o novo terreno para a Força Áerea fazer o novo campo de tiro”, que será anunciado “nos próximos meses”, assim como está em andamento o processo de alargamento do Aeroporto Humberto Delgado. O ato de consignação será assinado no próximo dia 25 de novembro, garante.

Novo impulso na ferrovia

Não é possível ter um país economicamente competitivo sem uma rede de transportes e comunicações integrada, eficiente e abrangente. Por isso, defende Pinto Luz, é preciso investir neste setor para que Portugal possa desenvolver-se mais rapidamente e apanhar o comboio da competitividade.

“Costumo dizer que as infraestruturas e a mobilidade são o tecido vascular da economia”, apontou. “Podemos ter uma política muito arrojada do lado da AICEP, muito arrojada do lado das políticas fiscais e de atração de investimento, mas se não tivermos portos, rodovia e ferrovia, não há investimento que se possa captar”, assinalou o ministro.

Se na ferrovia o Governo coloca as fichas na alta velocidade que vai ligar Lisboa, Coimbra, Porto e Braga a Madrid, Pinto Luz lembra que é preciso articular este investimento com a transformação do Porto de Sines ou até com a rodovia. Neste campo, adiantou, o objetivo será transformar, por fim, o IP3 em autoestrada para “resolver esta discussão absolutamente infindável”. “Temos de olhar para as infraestruturas com uma visão de ordenamento do território”, acrescentou.

Habitação ‘engorda’ em 4,2 mil milhões

A par da saúde, a habitação é um dos maiores desafios que o país, e o governo, enfrenta. Miguel Pinto Luz destacou as medidas do Governo que visam a flexibilização da construção em terrenos rústicos, porque “há poucos terrenos e é preciso alargar esse espaço”, mas também a simplificação do código de construção. Haverá, muito em breve, uma nova versão do Simplex que foi debatida com “as empresas, com todos os setores, câmaras municipais e seguradoras”.

No que respeita ao parque habitacional público, o ministro não hesita em afirmar que está em curso “o maior investimento em construção pública jamais feito” em Portugal. No Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), o Governo anterior tinha inscrito a construção de 26 mil casas, mas Pinto Luz diz que foi necessário rever as verbas previstas para que fosse possível executar o projeto. “Se mantivéssemos o mesmo ritmo [que até aqui tivemos] de construção pública, precisávamos de 800 anos para construir os 130 mil fogos”, aponta, em referência à necessidade de habitação já identificada. “Estamos a falar de 4,2 mil milhões de euros entre PRR e Orçamento do Estado, mais 2 mil milhões de euros via financiamento do BEI [Banco Europeu de Investimento]”, detalhou.

Na reabilitação, Pinto Luz lembrou ainda o anúncio recente feito por Luís Montenegro para a criação de uma sociedade de reabilitação da área metropolitana de Lisboa, cujo “futuro está na Margem Sul”, à semelhança do que foi feito na altura da Expo’98. “Temos de aprender com as coisas que funcionaram e o Parque Expo funcionou. Vamos replicar esse exemplo, melhorar o que deve ser melhorado”, explicou. Serão colocados sob gestão desta sociedade três terrenos com cerca de 5 mil hectares – 1500 hectares de espaço premium em Lisboa e mais cerca de 3 mil hectares que vão sobrar em Alcochete, já depois das obras do novo aeroporto.

Visão de futuro é essencial

Para a PROFORUM, associação dedicada à valorização e desenvolvimento da engenharia portuguesa, a participação de Miguel Pinto Luz no evento organizado esta segunda-feira, em Lisboa, “foi bastante esclarecedora” sobre o ponto de situação dos principais investimentos do país em infraestruturas. “Foi com muito gosto que ouvimos que [a escolha da localização do novo aeroporto] foi uma decisão consensual e, portanto, em princípio o país sabe qual é a solução”, reconhece o presidente da instituição.

António Martins da Costa, que é também assessor do Conselho de Administração Executivo da EDP, considera ainda “muito importante” o plano do Governo para a ferrovia, que é “aquilo que nos vai garantir mais sustentabilidade na mobilidade”. Por outro lado, o responsável da associação destaca como positiva a intenção do executivo em construir um país que passa a “ter duas grandes centralidades, uma continuando aqui em Lisboa, e outra semelhante no Porto” para criar uma ‘megapolis’ entre Vigo e Setúbal.

“O senhor ministro deu-nos uma boa perspetiva daquilo que devem ser as abordagens para os projetos de longo prazo e que têm que ser consensuais a nível das principais decisões na sociedade portuguesa”, remata António Martins da Costa.

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Primeira rede 5G autónoma já disponível em Portugal

  • BRANDS' ECO
  • 6 Novembro 2024

NOS tornou-se no primeiro operador a oferecer o serviço, que já não precisa do 4G para funcionar. Há agora mais velocidade, menos latência e novos casos de uso para apoiar a inovação nas empresas.

Disponível em Portugal desde 2021, a rede de telecomunicações 5G deu esta segunda-feira, dia 4, mais um passo em direção ao futuro: já está disponível a primeira rede 5G standalone. “Somos os primeiros em Portugal a usá-lo”, confirmou Manuel Ramalho Eanes, presidente da NOS, durante um evento comemorativo dos três anos de vida da quinta geração móvel.

A novidade não é apenas significativa em território nacional, mas a nível internacional, já que a operadora portuguesa se torna uma das poucas no mundo com este serviço. “Do ponto de vista da implementação técnica, é particularmente difícil de fazer acontecer e prova disso é que poucos operadores no mundo já o têm”, explicou ainda Jorge Graça.

Para o administrador da NOS, a disponibilização do 5G standalone vai permitir “trabalhar com a rede de forma mais eficiente” e, com isso, tornar todo o ecossistema “mais sustentável”. Por outro lado, a rede possibilita agora libertar “a tecnologia das restrições que originalmente tinha quando foi lançada”, colocando nas mãos das empresas o poder da inovação.

Ao longo dos últimos três anos, a NOS investiu cerca de 420 milhões de euros no 5G, um valor que permitiu atingir mais de 4700 estações espalhadas pelo país que garantem uma cobertura de 99,1% da população. “Somos participantes em 12 das agendas mobilizadoras [do Plano de Recuperação e Resiliência] em que o 5G é um domínio fundamental”, relembra ainda Manuel Ramalho Eanes. A operadora confirmou ainda que prevê um investimento adicional de 110 milhões de euros nos próximos seis anos.

A par da inovação que a operadora potencia internamente, a administração diz que a empresa procurou “ter um papel enquanto investidor corporativo”, nomeadamente através da criação de um fundo de investimento específico para esta área ou da criação do hub 5G, onde é possível demonstrar vários domínios da tecnologia made in NOS. Ao todo, são mais de 600 os projetos 5G que a tecnológica tem em curso, a que se juntam 30 iniciativas de indústria 4.0 ou os cerca de 60 projetos de smart cities. O objetivo é, garante Ramalho Eanes, “melhorar a qualidade de vida das pessoas”.

Os tarifários 5G+, que dão acesso às vantagens da rede móvel, já estão disponíveis para clientes da operadora.

Disrupção à boleia do 5G

Fazer avançar a inovação depende não apenas de recursos humanos especializados, mas também de tecnologia de ponta. Em 2022, confirma a administração, a NOS investiu 79 milhões de euros em atividades de investigação e desenvolvimento (I&D) que, acreditam, tem permitido manter a liderança no 5G. “Acreditamos que, dos números que conhecemos, fomos quem investiu mais”, assegurou Manuel Ramalho Eanes.

O que tem o 5G standalone de importante? Na verdade, a disponibilização do 5G standalone significa que, pela primeira vez, Portugal tem acesso ao verdadeiro potencial da nova geração móvel. Até aqui, o 5G já oferecia velocidades mais altas e com menor latência, mas que precisava da infraestrutura do 4G para funcionar.

O 5G funcionava, mas tinha sempre o apoio do 4G. O 5G standalone é quando tiramos as rodinhas. Permite andar mais depressa, curva melhor e vai a qualquer sítio”, explicou Jorge Graça. O administrador lembra que, agora, será possível oferecer o dobro da velocidade, uma latência ultrabaixa (inferior a 10ms) e divisão da rede em várias fatias, que permitem utilização de diferentes casos de uso.

“Acreditamos que este é um catalisador para todo um novo universo de aplicações”, acrescenta, referindo, nomeadamente, a inteligência artificial. Segundo o responsável, já estão disponíveis os tarifários 5G+ que dão acesso ao 5G standalone a todos os consumidores que tenham smartphones compatíveis – para já, apenas das marcas Samsung e Xiaomi, a que se devem juntar os dispositivos Apple até ao final do ano.

Celebrar três anos de 5G

A NOS vai assinalar, durante o mês de novembro, o terceiro aniversário do 5G em Portugal com um programa com vários eventos e iniciativas. O pontapé de partida arrancou esta segunda-feira, dia 4, com o lançamento dos tarifários 5G+, que acontece antes do lançamento da plataforma Pata à Porta. É uma app de realidade aumentada que “pretende transformar o processo de adoção animal” da Animalife, acelerada por 5G, para dar a conhecer os animais de forma mais imersiva.

As celebrações continuam entre 11 e 15 de novembro para as equipas internas da operadora, que vai promover talks sobre o 5G, e ainda com a apresentação da aplicação Futebol para Todos. A solução permite transformar a forma como pessoas cegas ou com baixa acuidade visual experienciam o futebol, utilizando tecnologia de espacialização do som para interpretar, em tempo real, os momentos mais importantes das partidas.

O mês dedicado à quinta geração móvel termina com a Talk Inovação 5G, que promove, no dia 28 de novembro, um debate sobre o poder do 5G em vários setores – da saúde à mobilidade, passando pelo espaço ou sustentabilidade.

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Ações e dólar disparam com vitória de Trump

"Trump trades" estão em forte alta esta quarta-feira depois de o candidato republicano ter reclamado vitória nas eleições americanas. Ações, dólar e cripto valorizam, obrigações afundam.

A vitória de Donald Trump na corrida às eleições americanas está a impulsionar as ações tanto na Europa como nos EUA (futuros) e também o dólar americano e a bitcoin.

Cerca das 9h00 em Lisboa, o candidato republicano surgia à frente nos resultados com 266 votos no colégio eleitoral, depois de ter vencido em Estados decisivos como Carolina do Norte, Geórgia e Pensilvânia, de acordo com a Associated Press. Trump já reclamou vitória com a promessa de uma “época de ouro” nos EUA.

“Não só os mercados estão a posicionar-se para uma vitória confortável de Trump no colégio eleitoral, mas também a perspetiva de um Congresso controlado pelos republicanos”, disse Matthew Ryan, responsável pela estratégia de mercado da Ebury, citado pela Reuters.

Por cá, o PSI desliza mais de 1% penalizado pelo afundanço do grupo EDP. A EDP Renováveis cai 5,70% para 11,92 euros, depois de os lucros até setembro terem caído 50% para 210 milhões de euros, e a casa-mãe EDP recua 5,31% para 3,385 euros.

“O setor das utilities, que teria em Kamala um impulso, está a ser castigado e a arrastar em Portugal a EDP Renováveis e a EDP e em Espanha a Iberdrola, castigando por isso o PSI e o IBEX, que adicionalmente são pressionados pelo ambiente negativo no setor da banca”, dizem os analistas da sala de mercados do BCP.

Lisboa e Madrid contrariam os ganhos que se registam nas praças europeias, que somam mais de 1%. O Stoxx 600 avança 1,84% e os principais índices de Frankfurt e Paris ganham 1,41% e 1,84%, respetivamente.

Do outro lado do Atlântico os futuros do S&P 500 atingiram máximos históricos, registando uma subida de 2,02%. Também se verifica um rally no Dow Jones e no Nasdaq, prevendo-se assim um arranque muito positivo quando Wall Street abrir a sessão dentro de cerca de seis horas.

O dólar americano também está em forte alta com a perspetiva de Trump voltar à Casa Branca, avançando 1,62% para 0,9295 euros, o valor mais elevado desde julho.

Dólar avança

Fonte: Refinitiv

Nas criptomoedas, a bitcoin saltou para um novo recorde acima dos 75 mil dólares. “Trump era um dos favoritos entre os investidores neste mercado, graças às suas muitas promessas de apoio positivo ao desenvolvimento da indústria nos EUA”, refere a XTB.

No mercado obrigacionista, as taxas de juro da dívida americana a dez anos dispararam para perto dos 4,5%.

“Muito disto se baseia na visão dos investidores de que Trump reduzirá os impostos ou pelo menos manteria as taxas de imposto em níveis baixos. Agora que é provável que pareça uma onda vermelha (da Casa Branca e do Congresso) – cortes adicionais são possíveis”, disse Ken Peng, chefe de estratégia de investimento na Ásia do Citi Wealth à Reuters.

(Notícia atualizada às 11h15)

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IPAM lança manifesto que redefine o futuro do marketing

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  • 6 Novembro 2024

O manifesto, que assinala os 40 anos do IPAM, elege "o equilíbrio entre tecnologia e experiência do cliente" como "o grande desafio do marketing moderno".

No âmbito da celebração dos seus 40 anos, o Instituto Português de Administração de Marketing (IPAM) apresentou o Manifesto do Marketing, um documento que “define as bases para a evolução da área, defendendo uma abordagem de longo prazo, alicerçada em autenticidade, sustentabilidade e inovação”.

Desenvolvido com o contributo de especialistas, gestores, professores e investigadores, o manifesto é “uma chamada para um marketing mais profundo e alinhado com os desafios éticos e tecnológicos do futuro“, refere-se em nota de imprensa.

“O documento destaca a importância de um marketing que vai além das métricas tradicionais, promovendo a criação de valor através de uma experiência omnicanal e uma conexão emocional verdadeira. Personalização e consistência nas diversas plataformas de comunicação são identificadas como essenciais para que as marcas superem o ruído informativo, enquanto a tecnologia deve ser usada como ferramenta para humanizar as relações, sempre respeitando a privacidade do utilizador”, acrescenta-se.

Segundo o próprio manifesto, “o marketing de circunstância ‘Tik Tok’ deverá evoluir para o marketing de longa distância ‘Long Tok’, onde a velocidade é importante, mas a longevidade e sustentabilidade da relação será o propósito. Em vez de um marketing de curto prazo, o foco será a criação de relações duradouras e sustentáveis“.

As marcas devem agora ancorar-se na autenticidade e na sustentabilidade, mostrando um caráter humano e próximo dos seus clientes. A personalização torna-se vital, superando o ruído da comunicação, enquanto a consistência nas diferentes plataformas é essencial. A experiência do cliente deve ser imersiva e instantânea, mas respeitando sempre a privacidade do utilizador. O equilíbrio entre a busca por resultados financeiros e a adoção de práticas éticas e sustentáveis é inadiável. Criatividade e storytelling são os motores de uma conexão emocional verdadeira, e o sucesso do marketing será avaliado por novas métricas que envolvem todos os stakeholders“, lê-se no documento.

“Reter talentos” é também algo “fundamental para construir equipas ágeis e inovadoras”, segundo o manifesto, sendo que “o futuro do marketing será definido por um mindset empreendedor“. “O empreendedor em cada marketer precisa ser estimulado para que sejam encontradas novas soluções e criado valor para os clientes”, refere-se.

No futuro, ser marketeer “será ‘o elogio de um homem completo’ – um misto de filosofia, economia, estética e ética. A tecnologia será a sua aliada, e a velocidade, a medida com que se deslocará no pensamento e na sociedade”, lê-se.

“O marketing está a emergir como o orquestrador dos modelos de negócio das organizações. Os
profissionais da área precisarão de combinar competências técnicas e estratégicas, sempre com uma visão crítica e orientada para o futuro”, refere-se ainda no documento onde se elege “o equilíbrio entre tecnologia e experiência do cliente” enquanto “o grande desafio do marketing moderno”.

O documento foi apresentado no evento de celebração da instituição de ensino de marketing em Portugal, na Casa da Música, no Porto.

“40 anos depois o IPAM é uma instituição com mais de 3.300 estudantes, 300 professores e mais de 20.000 alunos formados e espalhadas por todo o tipo de indústrias no mundo. O marketing passou, em quatro décadas, de uma área periférica para ser o motor das organizações. 2024 marca a expansão do Campus do Porto e a inauguração de um novo Campus em Lisboa”, revelou no evento Daniel Sá, diretor executivo do IPAM, conforme citado em comunicado.

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Lucros da EDP Renováveis caem 53% até setembro para 210 milhões. Rotação de ativos penalizou as contas

Resultados líquidos nos primeiros nove meses foram prejudicados pela redução dos ganhos com rotação de ativos, particularmente dos projetos na Colômbia, que tiveram um impacto negativo de 65 milhões.

A EDP Renováveis EDPR 0,98% registou uma queda homóloga de 53% nos lucros nos primeiros nove meses, para 210 milhões de euros, face aos 445 milhões alcançados no mesmo período do ano passado.

A empresa liderada por Miguel Stilwell justifica que a descida dos resultados líquidos deve-se principalmente à diminuição dos ganhos com rotação de ativos, que passaram de 393 milhões de euros nos primeiros nove meses de 2023 para 179 milhões no mesmo período de 2024. “O resultado líquido recorrente foi de 210 milhões de euros, com o aumento de receitas operacionais a não ser suficiente para compensar os menores ganhos de rotação de ativos face ao período homólogo”, refere a empresa em comunicado enviado esta quarta-feira à CMVM.

Os números foram particularmente penalizados com um impacto negativo de 65 milhões de euros associados aos projetos na Colômbia, “com o desempenho operacional a não ser suficiente para compensar os menores ganhos de rotação de ativos” face aos resultados apresentados nos primeiros nove meses de 2023, revela a empresa.

Apesar da queda nos lucros, as receitas da empresa cresceram 5% em termos homólogos, atingindo 1.731 milhões de euros. Este aumento foi impulsionado por uma maior produção de eletricidade, que subiu 5% para 26,5 terawatt hora (TWh), compensando a queda de 4% no preço médio de venda, que se fixou em 59,4 euros por megawatt hora (MWh). “A produção de eletricidade aumentou +5% versus 9M23 devido a novas adições de capacidade e à melhoria dos recursos renováveis, principalmente nos EUA”, justifica a EDP Renováveis em comunicado.

Nos últimos 12 meses, a EDP Renováveis destaca que adicionou 3 gigawatts (GW) de capacidade renovável à sua carteira, incluindo 1,3 GW nos primeiros nove meses de 2024, revela a empresa, notando ainda que “a capacidade instalada aumentou +11% versus 9M23 para 16,8 GW”.

As contas apresentadas estas quarta-feira revelam também que o EBITDA registou uma queda homóloga de 10% para 1.294 milhões de euros, refletindo o menor contributo dos ganhos com rotação de ativos. Excluindo estes ganhos, o EBITDA teria crescido 7% face ao período homólogo, nota a empresa.

Destaque ainda para o aumento de 35% da dívida líquida, passando de 5.805 milhões de euros em setembro de 2023 (equivalente a 3,2 vezes o EBITDA) para 7.817 milhões em setembro de 2024, cerca de 4,6 vezes o EBITDA dos últimos 12 meses. O relatório explica que este aumento de 2.011 milhões de euros “reflete os investimentos de caixa feitos no período”.

A empresa liderada por Miguel Stilwell realizou quatro transações de rotação de ativos nos primeiros nove meses do ano, nos EUA, Canadá, Itália e Polónia, totalizando 1,1 GW de capacidade renovável. Segundo os resultados dos primeiros nove meses de 2024, estas operações geraram “um múltiplo combinado robusto de €1,5m EV/MW”.

O investimento bruto da empresa entre janeiro e setembro totalizou 2,3 mil milhões de euros, com mais de 80% deste valor aplicado na Europa e América do Norte. Apesar dos desafios, a EDP Renováveis revela que mantém-se focada na sua estratégia de crescimento em energias renováveis, com uma forte presença nos mercados europeu e norte-americano através de uma aposta na diversificação geográfica e tecnológica, com investimentos em energia eólica onshore e offshore, bem como em energia solar.

As ações da EDP Renováveis estão a cair 6,62% para 11,79 euros e da casa-mãe EDP cedem 3,13% para 3,463 euros.

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União Bancária teria impedido uso do dinheiro dos contribuintes na resolução do BES, diz Maria Luís Albuquerque

Comissária indigitada garante que a criação da União Bancária é um prioridade para o seu mandato, e argumenta que este mecanismo teria protegido contribuintes na resolução do BES.

Maria Luís Albuquerque colocou a “estabilidade e integridade do sistema financeiro” como prioridade do seu mandato enquanto futura comissária para os Serviços Financeiros. A ex-ministra das Finanças, que está esta quarta-feira a ser ouvida no Parlamento Europeu durante três horas, no âmbito das audições dos candidatos a comissários, afirma que “a economia europeia está a ficar para trás no que toca à competitividade” e que sem uma “ação decisiva” o bloco europeu “perderá a habilidade de decidir o seu futuro”.

Aos olhos de Maria Luís Albuquerque, que cita os relatórios de Mario Draghi e Enrico Letta, sem condições adequadas a União Europeia “não será capaz de cumprir com as suas promessas de crescimento, emprego e prosperidade” que fez perante os mais de 450 milhões de cidadãos dos 27 Estados-membros.

Assim, e perante a necessidade de criar uma “economia forte e competitiva” Maria Luís Albuquerque defende mais inovação, empreendedorismo, sustentabilidade, desenvolvimento de capital humano e proteção e empoderamento dos consumidores. E parte dessa ambição recai sobre a pasta dos Serviços Financeiros, Poupança e a União dos Investimentos.

Se for confirmada, irei garantir que as novas regras nos serviços financeiros contribuirão para uma economia mais competitiva“, afirmou perante os eurodeputados.

Se a UE quiser ter uma economia forte e competitiva, terá de unir estes elementos no sentido do progresso e prosperidade“, afirmou Maria Luís Albuquerque durante a sua intervenção inicial, sublinhando que para tal será necessário o bloco agir em conjunto.

“Vai ser necessário coragem política. Não tenho ilusões de quão desafiante será — tanto tecnicamente como politicamente”, disse referindo-se aos dois pilares da sua pasta, que no último mandato ficaram por executar: a união bancária e a união dos mercados de capitais.Este mandato será mais exigente do que o termina agora“, avisou ainda referindo-se à antecessora, Mairead McGuinness.

BES, ANA e swap. Eurodeputados exigem esclarecimentos quanto às “portas giratórias”

Durante a fase de inquérito dos eurodeputados, Maria Luís Albuquerque reiterou o seu compromisso em executar os principais compromissos do seu dossier, e relativamente a um potencial conflito de interesses derivado do facto de ter trabalhado no setor público e no privado, a ex-ministra das Finanças desdramatiza, relembrando que este tema foi mitigado aquando da avaliação da idoneidade pela comissão dos assuntos jurídicos (JÚRI).

Catarina Martins também teve oportunidade de questionar a comissária indigitada, fazendo questão de recordar as polémicas que marcaram o percurso de Maria Luís Albuquerque em Portugal, desde logo, a privatização da ANA, a venda do Banco Português de Negócio (BPN) a resolução do Banco Espírito Santo (BES), ou os contratos swap “ruinosos na REFER”. Aos olhos da eurodeputada, a atribuição da pasta dos Serviços Financeiros a Maria Luís é equivalente a um “raposa tomar conta do galinheiro”.

Já sabe para que banco vai trabalhar a seguir?“, questionou a deputada do Bloco de Esquerda, fazendo referência à sua passagem pelo Morgan Stanley e Arrow Global.

Sobre isso, Maria Luís foi clara sublinhando que todas as privatizações que acompanhou foram consideradas “válidas pelas entidades competentes” e que os contratos swap — instrumentos financeiros complexos associados a empréstimos bancários “trouxeram benefícios superiores a 40 milhões de euros para as empresas”. Sobre a ANA, Maria Luís diz ter visto uma primeira versão do relatório do Tribunal de Contas e, “por razões que ainda não” percebeu, “foi substituída por uma análise menos positiva”.

João Oliveira, do PCP, também teve oportunidade de questionar a comissária indigitada, lembrando que o colapso do BES aconteceu quando Maria Luís liderava o Ministério das Finanças e que o processo resultou em custos avultados para os contribuintes. Assim, o eurodeputado comunista rejeita a estratégia para uma União Bancária, argumentando que esta só irá promover “a concentração do setor bancário” e a” criação de ainda maiores grupos económicos”, políticas que “multiplicam os lucros [da banca] e concentram o poder na mãos de banqueiros e especuladores. Vimos isso bem com o escândalo da falência do BES”. “Opomo-nos à sua nomeação”, vincou.

Maria Luís respondeu às críticas, reconhecendo as “visões diferentes” e “irreconciliáveis” com o PCP. Ainda assim afirmou que se, de facto, já estivesse em vigor uma União Bancária, que permitisse assegurar a estabilidade do setor bancário, que a resolução do BES teria evitado consequências financeiras para os contribuintes.

Se tivéssemos uma União Bancária completa e um enquadramento para resolução bancária, teríamos, de facto, impedido que se tivesse usado dinheiro dos contribuintes para suportar o processo da resolução do BES. Esse dinheiro virá a ser recuperado, mas o facto de demorar muitos anos faz com que existisse um ónus sobre os contribuintes que não deveria existir”, sublinhou Maria Luís Albuquerque, recordando que o processo está a ser julgado em tribunal. “Estamos a falar de fraude”, disse.

Tempo da troika causou “angústia a muitas pessoas”

No seu discurso de intervenção, a comissária indigitada considerou que o seu tempo no Ministério das Finanças, durante a governação de Pedro Passos Coelho e a intervenção da troika, coincidiu “com a crise económica mais profunda que a União Europeia já enfrentou” e que em Portugal criou “uma angústia a muitas pessoas”. “Estou ciente disse”, admitiu.

A eurodeputada do Bloco de Esquerda teve oportunidade de pressionar a ex-governante sobre o seu mandato, acusando-a de ter aumentado a “pobreza, desemprego e dívida pública” com as políticas do Governo da altura. “Não foi capaz de proteger os depositantes de um banco regional”, pressionou ainda Catarina Martins. Para a eurodeputada, este percurso faz com que Maria Luís seja inapta para o cargo.

Mas a ex-governante foi rápida a tentar tranquilizar a eurodeputada, reconhecendo que a situação financeira em Portugal, em 2011, foi “muito dramática” e garantindo que “os depositantes foram protegidos em Portugal”.

Maria Luís insta EUA a acelerar regras e garante ser “contra a abolição do dinheiro físico”

A comissária indigitada foi ainda questionada sobre o resultado das eleições norte-americanas, que deram a vitória ao ex-Presidente Donald Trump. No entanto, Maria Luís Albuquerque optou por não fazer comentário político, referindo-se apenas à necessidade de os Estados Unidos prosseguirem com a implementação das reformas regulatórias globais, Basel III, que servem para fortalecer a supervisão e a resiliência do setor bancário.

“Estou ciente do facto dos nossos parceiros internacionais terem pedido mais tempo para implementar o Basel III. Estou ciente da necessidade de preservar a estabilidade financeira garantir a igualdade de condições de concorrência. Insto os nossos parceiros internacionais a implementar os frameworks previstos. As condições macroprudenciais são essenciais para assegurar estabilidade do setor”, disse, reiterando o apelo deixado nas suas respostas aos eurodeputados: “temos de implementar as regras, não de as reverter”.

A seguir, e no âmbito da estratégia do euro digital, um projeto no qual o Banco Central Europeu está a trabalhar, não estando por isso no pelouro da comissária indigitada, Maria Luís Albuquerque garante que irá “resistir” às pressões de abolir o dinheiro físico. “Não será abolido”, responde.

“As pessoas devem continuar a usar dinheiro, embora a sua utilização esteja a diminuir”, explicou em resposta aos eurodeputados, argumentando que o numerário e os pagamentos digitais devem ser complementários. “O euro digital deve ser uma adição e não uma substituição”, disse “Muitas pessoas já não dão preferência ao numerário, preferem outros formatos para fazer pagamentos. Devemos satisfazer as várias opções”, defende.

Maria Luís “satisfeita” com audição

No final da audição no Parlamento Europeu, ao fim de três horas, Maria Luís Albuquerque admitiu estar “satisfeita” com a audição.

Estou satisfeita por ter chegado até aqui. Espero ter respondido de forma satisfatória às questões que me foram colocadas. Procurei sei direta, transparente, completa e refletir o que são as minhas convicções“, respondeu em declarações aos jornalistas.

Da parte da presidente da Comissão dos Assuntos Económicos e Monetários (ECON), Aurore Lalucq, a audição foi “produtiva” e “esclarecedora”, tendo Maria Luís Albuquerque respondido “a todas as questões de forma aberta”.

Segue-se agora um período de deliberação, estando em cima da mesa quatro desfechos possíveis quanto ao futuro de Maria Luís Albuquerque: a aprovação por unanimidade ou rejeição por unanimidade; aprovação por dois terços dos coordenadores que pertencentes a um grupo político; um pedido para a submissão de mais esclarecimentos por escritos ou uma nova audição de 1h30.

Assim que a Conferência dos Presidentes declarar encerradas todas as audições, as cartas de avaliação serão publicadas.

A votação pelos eurodeputados do colégio completo de comissários (por maioria dos votos expressos, por votação nominal) está prevista para a sessão plenária de 25-28 de novembro, em Estrasburgo.

A jornalista viajou a Bruxelas a convite do Parlamento Europeu.

(Notícia atualizada pela última vez às 12h10)

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Mais de 40% dos investidores nacionais tem criptoativos

Segundo um estudo da YouGov e da Blackrock, Portugal é dos países europeus em que os investidores mais aplicam as suas poupanças em criptoativos, apesar da forte aversão ao risco dos portugueses.

Portugal destaca-se no panorama europeu do universo do investimento pela forte apetência dos investidores nacionais por criptoativos, revela um estudo realizado pela YouGov e pela Blackrock sobre tendências de investimento na Europa em 14 países junto de mais de 36 mil investidores.

Segundo o relatório “Blackrock People & Money 2024”, 43% dos investidores portugueses afirmam possuir criptoativos, quase o dobro da média europeia de 22%. Este dado coloca Portugal na liderança europeia em termos de adoção de criptoativos, à frente de países como os Países Baixos (40%) e a Suíça (34%). “Estamos a assistir a uma mudança em direção às criptomoedas na Europa, já que pouco mais de um em cada cinco investidores indicou investir em criptomoedas”, refere a Blackrock em comunicado.

Para André Themudo, diretor da Blackrock em Portugal, a elevada percentagem de investidores portugueses face à média europeia que aposta em criptoativos é um sinal dos baixos níveis de literacia financeira do país. “Quem tem mais literacia financeira vai investir menos em criptoativos”, refere o responsável da sociedade gestora norte-americana no decorrer da apresentação deste estudo aos jornalistas, na terça-feira.

Essa realidade é também espelhada nas conclusões do estudo, que apontam para o facto de as gerações mais novas em Portugal – que são também quem mais aposta em criptoativos — “reportarem que não têm conhecimentos financeiros suficientes para investir.”

O desafio da literacia financeira

Os dados referentes à popularidade dos criptoativos entre os investidores esbate na reconhecida grande aversão ao risco pela maioria dos portugueses, que é espelhada com mais de 50% do património financeiro das famílias a permanecer alocado em depósitos bancários com pouca ou nenhuma remuneração.

Esta dicotomia pode ser explicada pelo facto de, para efeitos deste estudo, a YouGov e a Blackrock terem apenas considerado como investidor alguém que possua um ou mais dos seguintes produtos de investimento: ações, fundos de investimento, obrigações, fundos cotados (conhecidos como ETF), carteira de investimento gerida por uma plataforma de investimento digital/robo-consultor, financiamento coletivo/capital de risco ou criptomoeda. Ficou assim de fora do grupo dos “investidores” os aforradores que têm as suas poupanças unicamente aplicadas em depósitos.

Enquanto as ações e os fundos de investimento permanecem os ativos financeiros mais comuns na Europa, os criptoativos têm ganhado relevância, especialmente em Portugal.

E essa poderá ser também a razão por Portugal ser não apenas um dos três únicos países entre os 14 analisados a reduzir a sua base de novos investidores entre 2022 e 2024, como ser aquele que registou a maior queda de novos investidores nos últimos dois anos, com uma contração de 12%. É que, segundo os dados mais recentes do Banco de Portugal, desde novembro do ano passado que o volume de novos depósitos não para de crescer, tendo inclusive contabilizado um aumento homólogo de 8% em setembro deste ano, o valor mais elevado desde março de 2021.

Esta retração no número de novos investidores em Portugal pode também estar relacionada com o cenário financeiro e educacional no país. Entre aqueles que não investem as suas poupanças, 69% afirmam que a falta de dinheiro é a principal razão para não aplicarem o seu dinheiro, um valor ligeiramente superior à média europeia de 65%.

Este dado sugere que os desafios económicos podem estar a afetar mais severamente a capacidade de investimento dos portugueses em comparação com os pares europeus, apesar de haver no mercado várias soluções de investimento que permitem investimentos a partir de valores muito reduzidos. “Os resultados do inquérito destacam a necessidade de uma maior educação financeira em Portugal, permitindo aos investidores começarem com apenas 1 euro de investimento através de várias aplicações de investimento digital que oferecem acesso a uma ampla gama de oportunidades rentáveis”, destaca André Themudo.

São cada vez mais as mulheres a investir

A nível europeu, o número de investidores está a crescer por força de um aumento expressivo das mulheres e pelas gerações mais jovens, principalmente a Geração Z e os Millennials, destaca o estudo. Entre 2022 e 2024, o número de mulheres investidoras aumentou em 11%, enquanto o crescimento entre os homens foi de apenas 4%. Este fenómeno aponta para uma democratização gradual do investimento, quebrando estereótipos e aumentando a participação de segmentos antes sub-representados.

O aumento da participação dos jovens no universo do investimento nos últimos dois anos é também refletida em Portugal: entre os jovens com idades entre os 18 e os 24 anos, o número de investidores subiu de 34% em 2022 para 36% este ano, e entre os jovens com idades entre os 25 e os 34 anos, o número de investidores aumentou de 37% em 2022 para 41% em 2024, destaca o estudo.

Estes números são particularmente expressivos quando Portugal figura entre os países com menos investidores. Segundo o estudo, apenas 28% dos adultos investe as suas poupanças em ações, obrigações ou outros ativos financeiros. Esta percentagem compara com 34% da média dos países europeus analisados.

Os investidores devem estar particularmente atentos aos custos ocultos, aos riscos de cibersegurança e à possível exploração de fatores comportamentais por parte das plataformas digitais, alerta a CMVM.

Enquanto as ações e os fundos de investimento permanecem os ativos financeiros mais comuns na Europa, os criptoativos têm ganhado relevância, especialmente em Portugal. No entanto, os ETF têm emergido como o produto de investimento de crescimento mais rápido, com um aumento de 19% desde 2022. Este crescimento é especialmente notável entre os jovens, que investem em ETF preferencialmente por plataformas digitais de investimento — uma preferência partilhada também pelos portugueses, com 87% a investir em ETF através de plataformas digitais.

“O mercado português de ETF continua a registar um crescimento robusto, com o nosso inquérito a prever um aumento de 54% [que compara com uma percentagem de 16% na média dos países europeus], o que duplicará efetivamente a sua base de consumidores de ETF nos próximos 12 meses”, refere ainda André Themudo.

Barreiras e riscos ao investimento

Os resultados do inquérito da YouGov e pela Blackrock, realizado entre 15 de março a 10 de maio, revelam que Portugal enfrenta desafios significativos para expandir a base de investidores. Além do baixo nível de rendimentos que afeta muitas famílias, a falta de conhecimento sobre investimento continua a ser um obstáculo para muitos. Este cenário contrasta com o entusiasmo por criptomoedas, sugerindo uma preferência por investimentos de maior risco e especulação.

Com a possibilidade de crescimento nas plataformas digitais de investimento, é crucial que os investidores estejam cientes tanto das oportunidades como dos riscos associados a estas ferramenta, como alerta a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) num dos capítulos do Guia do Investidor 2024, publicado há poucas semanas.

Embora ofereçam vantagens como o acesso facilitado aos mercados financeiros, custos potencialmente reduzidos e uma variedade de instrumentos financeiros, a CMVM revela que as plataformas digitais apresentam também uma série de riscos, como seja a complexidade da informação disponibilizada que pode dificultar a distinção entre dados relevantes e irrelevantes, e o potencial para decisões impulsivas devido à facilidade de acesso.

Além disso, a ausência de aconselhamento profissional direto pode levar a erros de julgamento, especialmente para investidores menos experientes. Os investidores devem estar particularmente atentos aos custos ocultos, aos riscos de cibersegurança e à possível exploração de fatores comportamentais por parte das plataformas digitais, que podem influenciar negativamente as decisões de investimento, destaca ainda o supervisor.

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Espanhola Sesame chega a Portugal para ser “referência na gestão digital de recursos humanos”

Nasceu como uma ferramenta de controlo de horários, mas não tardou a evoluir para a gestão de férias, recrutamento e até de avaliação de desempenho. A espanhola Sesame chega agora a Portugal.

Nove anos depois de ter nascido enquanto plataforma para controlar os horários dos trabalhadores, a espanhola Sesame expandiu as ferramentas que disponibiliza aos empregadores (somando aos horários, as férias, o recrutamento e até a gestão financeira) e saltou agora para lá das fronteiras hispânicas, chegando agora a Portugal. Em declarações ao ECO, o CEO, Albert Soriano, adianta que o objetivo é ser “uma referência na gestão digital de recursos humanos” também no mercado português.

Albert Soriano é CEO e fundador da Sesame.

Portugal é estratégico enquanto vizinho ibérico, e porque já percebemos que existe, a nível nacional, o reconhecimento do valor que software como o nosso pode aportar às empresas”, sublinha o responsável, que adianta que a proximidade cultura e geográfica foi outro fator importante para a expansão para este lado da Península.

“Sendo uma empresa espanhola, reconhecemos muitas semelhanças entre os ambientes empresariais, o que facilita a adaptação da nossa plataforma às necessidades locais. Portugal, sentimos, também valoriza a inovação e a transparência nos processos de recursos humanos“, realça Albert Soriano.

Para já, o responsável não revela quantos clientes acompanham a estreia da Sesame em Portugal. Indica apenas que a operação arranca com uma “base inicial de clientes de setores estratégicos, como a tecnologia e a consultoria” e destaca que os eventos de lançamento (em Lisboa, Porto e Braga) conseguiram reunir “mais de 100 profissionais de topo“.

“Temos sido recebidos de forma muito positiva, o que tem sido extremamente gratificante e motivador. Sobretudo, reparamos na vontade e energia dos profissionais com quem já contactámos em fazer mais e melhor pelos colaboradores das empresas onde trabalham”, afirma o CEO.

Os nossos objetivos em Portugal passam por alargar a nossa base de clientes e tornar-nos uma referência na gestão digital de recursos humanos.

Albert Soriano

CEO da Sesame

Quanto ao futuro em Portugal, o objetivo da Sesame é alargar a sua base de clientes, ter um crescimento sustentável e tornar-se “referência na gestão digital dos recursos humanos“, enumera o responsável.

E avança que, à medida que a operação crescer, será avaliada a abertura de escritórios em Portugal para oferecer apoio direto aos clientes (neste momento, há uma equipa alocada à operação portuguesa, mas o escritório é em Valência, Espanha).

Oito mil empresas e 300 mil trabalhadores em Espanha

Sesame já conta com mais de oito mil empresas clientes, que impactam diretamente cerca de 300 mil trabalhadores.

Fundada em 2015, a Sesame nasceu para dar resposta a “uma necessidade prática e num contexto específico”: controlar os horários dos trabalhadores. “Percebemos que muitas empresas gastavam tempo e recursos valiosos a gerir manualmente os horários e a assiduidade, o que afetava a eficiência e o foco das equipas”, explica Albert Soriano.

E à medida que essa primeira ferramenta de gestão digital de horários foi ganhando tração, a Sesame foi afinando a sua plataforma para incluir mais funcionalidades, como o controlo das férias e do recrutamento.

“A nossa missão tornou-se clara: desenvolver uma ferramenta que simplificasse o dia a dia administrativo, e que também promovesse um ambiente de trabalho mais organizado e eficiente”, assegura o responsável.

Hoje, a Sesame é, portanto, uma “plataforma all in one” [tudo em um, em tradução direta] de gestão de recursos humanos, com funcionalidades que vão da gestão de férias à avaliação de desempenho, passando pela gestão financeira.

Albert Soriano destaca, além, que a plataforma “é bonita e de fácil uso para qualquer pessoa”. “Creio que a minha formação em artes pode ter contribuído para essa preocupação fundamental, e acho que se reflete na velocidade de adoção que o nosso software tem tido“, declara.

Em Espanha, já contamos com mais de oito mil empresas a utilizar a nossa plataforma, impactando diretamente mais de 300 mil pessoas.

Albert Soriano

CEO da Sesame

Nove anos depois, a Sesame conta agora com mais de oito mil empresas clientes, que impactam diretamente mais de 300 mil pessoas. “O balanço tem sido extremamente positivo visto que nos conseguimos estabelecer como líderes de mercado“, comenta o CEO, que frisa que em maio a Sesame concluiu uma ronda de financiamento de 23 milhões de euros, que permitiu reforçar a plataforma e acelerar a expansão internacional.

A propósito, ao ECO, Albert Soriano revela que o objetivo da Sesame é chegar a mais de 30 países.

Na América Latina, o México é “um país chave” (a Sesame já tem operação aí há mais de um ano, com escritório próprio e uma equipa de 50 pessoas), mas esta empresa espanhola também já tem um pé noutros países (na Colômbio e na Costa Rica). Já na Europa, depois de Portugal, estão agora a avançar para outros países, como Itália.

Pôr a IA ao serviço da gestão de talento

Uma das “mais-valias” da Sesame, segundo o seu diretor executivo, é a integração de inteligência artificial nas ferramentas que a compõem, libertando os profissionais de tarefas mais repetitivas e administrativas e tornando mais ágil a tomada de decisões.

“O nosso software foi desenvolvido para ajudar as empresas a fazerem mais com menos esforço. Queremos libertar os recursos humanos das tarefas repetitivas e administrativas, para que possam focar-se no que realmente importa: desenvolver talento e promover o bem-estar dos colaboradores, enquanto aumentam a eficiência das empresas”, salienta Albert Soriano.

Segundo o responsável, com base nesta tecnologia, tarefas morosas, como o tratamento dos dados de desempenho, a triagem de candidatos em processos de recrutamento ou a gestão dos dias de férias, são automatizadas pela Sesame, agilizando-se os processos e reduzindo-se os erros manuais.

“Acelera-se a conclusão de tarefas que poderiam ser mais demoradas e estes gestores ficam mais livres para se focarem em vertentes estratégicas dentro dos seus papéis organizacionais”, diz o CEO. Por outro lado, enfatiza o mesmo, os empregados passam a ter uma relação mais transparente com o empregador, contribuindo para o bem-estar no seio das empresas.

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Martifer volta a desmantelar navios nos estaleiros de Aveiro

Três anos após perder a licença, a Navalria prepara-se para recuperar a reciclagem de navios e quer embarcações maiores. CCDR Centro já emitiu Declaração de Impacte Ambiental favorável condicionada.

A Navalria prepara-se para retomar a operação de reciclagem de navios nos estaleiros que ocupam uma área concessionada pelo Porto de Aveiro, que já tinha exercido entre 2012 e 2021. Mais de três anos depois de ter visto caducar o alvará como operador de gestão de resíduos, a empresa comprada em janeiro de 2008 pelo grupo Martifer está agora na fase final da renovação da licença para voltar a acolher navios para reciclagem, agora com dimensões superiores, embora mantendo a construção e reparação naval como principais atividades.

A Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Centro confirma ao ECO que já “foi emitida Declaração de Impacte Ambiental (DIA) favorável condicionada para o projeto” apresentado, mas adverte que a Navalria “só pode [executá-lo] quando tiver sido emitida a respetiva licença de exploração”. O que ainda depende do aval à conformidade ambiental do projeto de execução e de outros no âmbito da prevenção e controlo da poluição, recursos hídricos ou operações de tratamento de resíduos.

Para poder receber navios de dimensões superiores às do passado, na área total a licenciar para a atividade de reciclagem é incluída a totalidade das infraestruturas específicas para receção e processamento naval (docas, construção, reparação e reciclagem). Segundo a descrição do projeto incluída na DIA, consultada pelo ECO, “a área a afetar à unidade de reciclagem de navios será de 21.022 metros quadrados, ou seja, 2,1 dos 12,46 hectares” do estaleiro aveirense, sendo estimada ainda uma produção anual de 10.700 toneladas de resíduos.

“Da avaliação realizada verifica-se a existência de impactes positivos significativos ao nível da emissão de gases com efeito de estufa, na medida em que se perspetiva uma redução da emissão devido ao processo de reaproveitamento dos materiais a realizar a posteriori. Destaca-se ainda a oportunidade que o projeto promove ao nível de potenciar a reciclagem de navios existentes na Ria de Aveiro, inutilizados nos cais e em degradação, atualmente em situação de passivo ambiental”, lê-se nas conclusões do Estudo de Impacte Ambiental da unidade de reciclagem de navios da Navalria.

Da pesca do bacalhau à descontaminação

Fundada em 1978 para responder às necessidades de reparação e manutenção dos navios pesqueiros da região de Aveiro, nomeadamente da pesca do bacalhau, na década seguinte, aproveitando a expansão da indústria que levou os armadores a investirem na renovação de frotas associou-se aos estaleiros de São Jacinto para aumentar a capacidade de construção de embarcações em aço. Até que nos anos 1990, o desinvestimento sucessivo na área do mar e das pescas refletiu-se na construção, e a empresa que integra atualmente a sub-holding Martifer Metallic Constructions passou nessa altura a dedicar-se apenas à manutenção e reparação.

Foi em 2009 — um ano após ser comprada pelo grupo fundado pelos irmãos Carlos e Jorge Martins, que juntou mais tarde também a subconcessão dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo através da West Sea — que a Navalria se associou a um consórcio espanhol para o projeto europeu “Life + Recyship”, ficando com a descontaminação e desmantelamento de navios em fim de vida. O licenciamento como operador de gestão de resíduos permitiu ao estaleiro aveirense exercer a atividade de reciclagem em embarcações até um máximo de 104 metros de comprimento, 6,5 metros de largura e 6,5 metros de calado. Até ser excluída da lista europeia, culpando nessa altura o Estado pela transposição do regulamento e pela perda de encomendas internacionais.

Volvidos cerca de três anos, a Administração do Porto de Aveiro (APA), uma das entidades que foram consultadas diretamente pela CCDR Centro, emitiu parecer favorável ao projeto. A entidade liderada por Eduardo Feio frisou que o licenciamento para o desmantelamento e reciclagem “de modo ambientalmente correto e sustentável” possibilitará “pôr fim a situações de risco para o ambiente, provocadas por navios abandonados ao cais ou em fim de vida, e libertar infraestruturas há muito ocupadas e necessárias à operação portuária”.

A existência de “várias embarcações de pesca em fim de vida aguardando desmantelamento” foi também sublinhada na fase de consulta pública, que terminou a 16 de julho, por entidades como a Câmara de Comércio e Indústria do Distrito de Aveiro (AIDA) ou a ADAPI – Associação dos Armadores das Pescas Industriais, que representa 36 empresas e notou que não têm condições para serem levadas para outros estaleiros no estrangeiro, devidamente licenciados.

No primeiro semestre deste ano, em que o lucro do grupo aumentou 26% para 11,5 milhões de euros, os rendimentos operacionais na indústria naval ascenderam a 50,9 milhões, perto de 90% acima do período homólogo, com a construção a representar 62% e a reparação os restantes 38% neste segmento de negócio.

A 30 de junho, a carteira de encomendas da Martifer no ramo naval totalizava 484 milhões de euros. Um valor que inclui a adjudicação à Navalria, já em 2024, da construção de dois barcos para a Tomaz do Douro: “esteticamente aproximados aos tradicionais rabelos”, com 26,8 metros de comprimento e 6,74 metros de boca, e com capacidade para 148 passageiros sentados e dois tripulantes.

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Bruegel pede a Maria Luís Albuquerque “reforma transformadora” na supervisão dos mercados

Think thank defende que a autoridade europeia do mercado de capitais deve ter um reforço dos poderes e recomenda que essa seja a prioridade da próxima comissária para os serviços financeiros.

Maria Luís Albuquerque será ouvida esta quarta-feira no Parlamento Europeu na qualidade de comissária indigitada para a Comissão Europeia. A audiência será uma das 26 previstas para esta semana no âmbito do escrutínio dos candidatos a comissários europeus e terá a duração de três horas. Em causa está a avaliação da aptidão da antiga ministra das Finanças para os Serviços Financeiros, pasta cujo think tank Bruegel considera ser uma com mais impacto, sobretudo no que toca à reforma do sistema de supervisão bancário.

“A União dos Mercado dos Capitais (UMC) é, sem dúvida, a questão mais imediata na agenda do comissário. A supervisão dos mercados de capitais é o único domínio da UMC em que uma reforma transformadora é exequível, e deve ser priorizada“, sugere o think thank, ecoando as palavras da presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, em 2023. Para tal, Maria Luís Albuquerque deverá tentar concretizar uma reforma da Autoridade Europeia de Mercados de Valores Mobiliários (ESMA, na sigla em inglês), com vista a reforçar os poderes que hoje estão concentrados em supervisores nacionais, como é o caso da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), em Portugal.

Bruegel recomenda que a reforma se centre em potencializar a ESMA e não as suas agências congéneres da banca e dos seguros, “para evitar uma coligação de opositores motivada por preocupações não diretamente relacionadas com a UMC“, sugerindo que a ESMA passe a assumir um papel semelhante à da Securities and Exchange Commission (SEC), nos EUA, o supervisor responsável por moldar os mercados de capitais americanos desde a sua criação na década de 1930.

Maria Luís Albuquerque mostrou-se disponível para concretizar tal ambição. Na sua resposta ao questionário dos eurodeputados, a comissária indigitada defende que “um sistema de supervisão melhorado a nível da UE pode ser um motor essencial para a realização de todo o potencial dos nossos mercados de capitais“. Desta forma, será possível reduzir “ineficiências”, realizando economias de escala e “criando confiança no funcionamento dos mercados”. De que forma?

Por um lado, criando uma única autoridade de supervisão que ficaria responsável por supervisionar “determinados intervenientes no mercado” em diferentes Estados-membros, dando o exemplo do Mecanismo Único de Supervisão no setor bancário. Por outro, assegurando que as autoridades nacionais de supervisão, como a CMVM, “estejam melhor alinhadas nas suas abordagens e resultados, assegurando assim conjuntamente uma supervisão convergente”. O objetivo será uniformizar as regras de supervisão.

Bruegel recomenda assim que esta visão integrada da supervisão dos mercados de capitais junte o alargamento da autoridade da ESMA com uma reforma de fundo para transformar a instituição numa autoridade de supervisão “independente, eficaz e atenta ao mercado, o que não acontece atualmente em grau suficiente“, avisa o think tank. Ademais, deve ainda prever a criação de uma nova Autoridade Anti-Branqueamento de Capitais da UE (AMLA), tal como pedido pela própria presidente da Comissão Europeia na carta de missão enviada a Maria Luís Albuquerque.

Segundo o think tank, seria ideal que esta nova versão da ESMA “fosse a única autoridade de supervisão das áreas dos mercados de capitais para as quais está habilitada”, por forma a evitar “armadilhas de uma centralização excessiva”. No fundo, o objetivo é que este regulador combine o melhor dos dois mundos: a coerência e a previsibilidade das práticas, em contraste com a atual divergência de abordagens nacionais que perpetua a fragmentação do mercado; e ainda a familiaridade e proximidade adequadas com as realidades, os legados e as práticas do mercado local.

Bruegel vê união bancária como “mais importante” mas progressos não são animadores

Paralelamente à reforma da autoridade europeia do mercado de capitais, o think tank reconhece a importância da concretização da união bancária. Ainda que tenha menos expectativas quanto à sua concretização: “Os progressos no sentido da sua conclusão também parecem mais difíceis de alcançar rapidamente”, lê-se na análise.

Bruegel recorda a proposta legislativa conhecida como Gestão de Crises e Seguro de Depósitos (CMDI), apresentada pela Comissão Europeia, no ano passado, e adotada no verão pelo Conselho, dizendo que embora tivesse sido uma “tentativa de melhoria progressiva”, ficou “atolada em compromissos paralisantes entre os Estados-membros”, sendo por isso necessário que próximo comissário (ou comissária) faça progressos nesse sentido.

Segundo o think tank, a proposta “inverteria a racionalização da antiguidade dos depósitos proposta pela Comissão, introduziria mais incentivos para tratar as falências bancárias ao abrigo da legislação nacional e prejudicaria a governação do Conselho Único de Resolução da UE (CUR)”. No fundo, considera Bruegel, a CMDI “não resolveu muitos dos problemas de incompletude da união bancária e poderá estar agora irreparável”.

Assim, recomenda que o executivo comunitário, mais propriamente a futura comissária para os Serviços Financeiros, reformule a proposta por forma conceber “o duplo desafio da concentração de exposições soberanas nacionais” e de um quadro de intervenção em situações de crise mal concebido, que perpetuam o nexo banco-soberania na união monetária.

Aos olhos da instituição sediada em Bruxelas, tanto a concretização da união bancária como a UMC são desejáveis para o futuro do bloco europeu “por razões de eficiência económica, de capacidade de investimento e, como a crise da zona euro demonstrou, de estabilidade financeira na zona euro e, implicitamente, na UE no seu conjunto”.

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Parlamento Europeu testa Maria Luís Albuquerque. Assis entre os que decidirão futuro da comissária indigitada

Comissária indigitada para os Serviços Financeiros enfrenta escrutínio dos eurodeputados, um deles Francisco Assis. Futuro de Maria Luís em Bruxelas será decidido hoje, e antecessora já deixou avisos.

Três horas irão ditar o futuro de Maria Luís Albuquerque na Comissão Europeia. Historicamente, não chegam a dez o número de candidatos chumbados pelo Parlamento Europeu. E mesmo depois de uma série de obstáculos se terem apresentado diante da presidente da Comissão Europeia na formação da nova equipa executiva, não se espera que os eurodeputados rejeitem algum dos candidatos em cima da mesa. Alguns, no entanto, irão enfrentar um escrutínio intenso. Seja pelo peso político e orçamental da pasta que lhes foi atribuída – por exemplo, Mercado Interno, Economia e Transição Energética – como pelo currículo e histórico do candidato – como Robert Fitto, Olivér Várhelyi e Hadja Lahbib. Maria Luís Albuquerque é um desses nomes.

Por um lado, a pasta atribuída por Ursula von der Leyen à ex-ministra das Finanças de Portugal — Serviços Financeiros, Poupança e a União dos Investimentos — estará na linha da frente, numa altura em que a União Europeia procura recuperar parte da competitividade que perdeu nos últimos anos para os EUA e China. Tanto Mario Draghi como Enrico Letta, em relatórios recentes entregues ao executivo comunitário, apontam a futura pasta da ex-ministra das Finanças como uma peça chave para tapar o tal fosso. E parte disso será possível com a concretização da União da Poupança e dos Investimentos, fundamental para direcionar as poupanças para investimentos sustentáveis e de longo prazo, e União dos Mercados de Capitais e a União Bancária, duas reformas que tardam em concretizar-se.

Enquanto isso, o passado de Maria Luís Albuquerque será, certamente, um tema quente durante a audição desta quarta-feira. A transição do setor público para o privado, e agora de novo para o público (se passar o teste do Parlamento Europeu), é um aspeto que não convence muitos eurodeputados — sobretudo os socialistas, que alertam para um potencial conflito de interesses. A própria presidente da Comissão Europeia foi rápida a sair em defesa da candidata portuguesa, garantido que a experiência nesses dois campos confere a Maria Luís Albuquerque conhecimentos adequados para a pasta dos Serviços Financeiros.

Maria Luís Albuquerque vai ser excelente no portefólio”, garantiu Ursula von der Leyen no dia em que anunciou o nome da comissária indigitada, desdramatizando a passagem direta da antiga governante, em 2016, para a Arrow Global, empresa de gestão de ativos, e em 2022 para o banco norte-americano Morgan Stanley.

Tem uma vasta experiência como ministra das finanças e também no setor privado. Sabe as dificuldades tanto do campo político como do investimento privado. É uma pasta difícil, mas é a pessoa indicada”, ressalvou. Mas a palavra de Von der Leyen, nesta fase, tem pouco ou nenhum poder de influência.

A decisão final recairá sobre os eurodeputados. Maria Luís Albuquerque será ouvida na Comissão dos Assuntos Económicos e Monetários (ECON) do Parlamento Europeu. Do ECON fazem parte os eurodeputados portugueses Lídia Pereira (PSD), que terá direito a fazer um questão e Francisco Assis (PS).

O antigo presidente do Conselho Económico e Social (CES) será outro dos inquisidores que se sentará na ala socialista do ECON. Ao ECO, o agora eurodeputado não tem dúvidas quanto às suas aptidões técnicas — “é indiscutível que as tem”, diz — nem quanto ao seu percurso político — “temos de partir do pressuposto que [Maria Luís] não pensa como nós [socialistas], não temos de ter a expectativa que corresponda ao nosso posicionamento político. É provável que mantenhamos diferenças nalguns casos”, acrescenta.

O foco da audição, explica Francisco Assis, será perceber de que forma Maria Luís irá executar a pasta que lhe foi atribuída, uma vez que esta foi desenhada por Ursula von der Leyen, que, em junho, na altura em que procurava uma reeleição à frente da Comissão Europeia, assumiu perante os socialistas um leque de compromissos programáticos em troca do voto a favor da bancada socialista, “alguns deles na área que será atribuída a Maria Luís Albuquerque”.

Tenho a expectativa de que a nova comissária, dentro dessa linha de orientação corresponda às nossas expectativas. É com esse estado de espírito que parto para a audição“, refere ao ECO, detalhando que a questão que o próprio lhe fará durante a audição será no âmbito do plano de ação de Maria Luís para os próximos cinco anos.

Além de Lídia Pereira e Francisco Assis, estarão presentes na audição de Maria Luís Albuquerque os eurodeputados portugueses Catarina Martins (BE), João Oliveira (PCP) e António Tânger-Corrêa (Chega), que também procurarão saber quais são as ambições da futura comissária europeia à frente dos Serviços Financeiros. Ao todo, a ex-ministra das Finanças será inquirida por 43 eurodeputados.

Mas a ex-governante deverá ir para a audição sem grandes nervos. O seu mandato enquanto ministra das Finanças durante o tempo da troika ter-lhe-á conferido resistência a grandes pressões e a sua passagem pelas comissões de inquérito, na Assembleia da República, conferiu-lhe pulso firme.

Além de ter de prestar esclarecimentos adicionais aos adiantados nas respostas ao questionário dos eurodeputados, e nas quais são dadas garantias de ter competências para executar o mandato, Maria Luís Albuquerque deverá ser confrontada com um capítulo inesperado do seu passado: a privatização da TAP e o relatório da Inspeção Geral de Finanças (IGF) que levantou suspeitas de crime na privatização da companhia aérea. Em Portugal, já foi chamada pelo Parlamento para responder às questões dos deputados e em Estrasburgo os eurodeputados portugueses à esquerda não deverão deixar passar o assunto. Assis assim o sugere: “É possível que essa questão seja levantada. Eu, pessoalmente, não a vou levantar. Não vejo como um obstáculo“, garante.

Antecessora deixa reformas pelo meio e alerta Maria Luís

A verdade é que os Serviços Financeiros e a União de Poupança e Investimento não tendem a ser pastas mediáticas em Bruxelas e, no passado, foram muitas vezes diluídas entre outros dossiês nas mãos dos comissários. A sua antecessora, Mairead McGuinness, teve pouco tempo de antena durante os seus cinco anos de mandato, e no final, em entrevista ao The Banker, disse ter ficado “desiludida” por ter deixado o trabalho a meio, admitindo dificuldades em concretizar a união bancária e a união dos mercados financeiros visionada por Jean Claude Juncker em 2014, acusando os Estados-membros de serem individualistas.

“Com demasiada frequência, durante o meu tempo na Comissão, assisti à prioridade dada aos interesses nacionais a curto prazo em detrimento do interesse europeu a longo prazo. Isto tem de acabar”, referiu na entrevista. A irlandesa termina o seu mandato sem ter concretizado as reformas estruturais previstas, embora reconheça que ambas são urgentemente necessárias.

“O peso relativo da União Europeia na economia mundial diminuiu nos últimos 20 anos”, adverte. “Não há tempo a perder. Temos de melhorar o nosso desempenho em termos de competitividade, produtividade e crescimento”, vincou.

O testemunho será agora entregue a Maria Luís Albuquerque, se passar pelo crivo dos eurodeputados, que anunciarão o seu parecer nas 24 horas depois da audição. E depois de vários mandatos nas sombra, a expectativa é de que os Serviços Financeiros ganhem espaço na ribalta nos próximos cinco anos. Mais do que teve a Coesão, com Elisa Ferreira, ou a Inovação, com Carlos Moedas.

Por fim, a importância e influência da pasta dependerão ainda da ambição da própria comissária. Nas respostas ao questionário do Parlamento Europeu, a comissária indigitada por Portugal propõe um horizonte de cinco anos para concretizar um conjunto de medidas, desde a União dos Mercados de Capitais à União Bancária, mas também materializar uma reforma da autoridade que supervisiona os mercados financeiros e desfazer o impasse que dura há anos em torno do sistema de garantia dos depósitos. Durante este processo, diz que Bruxelas pode abrir mão de regulamentação e simplificar requisitos, para reduzir obstáculos e encargos às empresas e aumentar a competitividade. A questão agora é Maria Luís terá oportunidade de realizar esse sonho. Só o Parlamento Europeu poderá responder.

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