Fed corta hoje taxas. Tarifas de Trump obrigam a abrandar ritmo em 2025

Corte de 25 pontos nos juros é dado como certo esta quarta-feira, mas a incerteza sobre as políticas económicas da nova administração deverá levar o banco central a agir com mais prudência em 2025.

A reunião da Reserva Federal (Fed) de novembro foi adiada por um dia devido às eleições que resultaram na vitória retumbante de Donald Trump e o republicano irá certamente continuar a impactar as decisões do banco central norte-americano após tomar posse a 20 de janeiro.

O foco dos analistas e investidores, e também do chair Jerome Powell, não está na decisão desta quarta-feira – com um segundo corte seguido de 25 pontos base (p.b) nas taxas de juro a fechar o ano dado como garantido – mas sim sobre o ritmo para 2025.

Numa sondagem da Reuters a economistas, a esmagadora maioria, 93 de 103, indicou esperar uma redução de 25 pontos percentuais na reunião de 17 e 18 de dezembro, levando as Federal Funds Rates para o intervalo de 4,25%-4,50%.

No entanto, uma clara maioria dos economistas, 58 de 99, previu que a Fed, que já reduziu as taxas em 75 pontos base desde setembro, manteria inalteradas as taxas na reunião de 28 e 29 de janeiro, pouco mais de uma semana após o regresso de Trump à Casa Branca.

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Entre os investidores as perspetivas são semelhantes. De acordo com a ferramenta CME FedWatch, que reflete a evolução do mercado de futuros de taxas de juro, a probabilidade de um corte de 25 pb esta quarta-feira é de 95,4%. Já para a reunião de janeiro essa chance tomba para 16,3%, com a de uma manutenção das taxas a situar-se em quase 80%.

Os analistas dos Goldman Sachs vêm um corte de 25 pb esta quarta-feira, mas sublinham numa nota que “a principal mensagem da reunião seja a de que o FOMC [Federal Open Market Committee, comité de política monetária] antecipa que irá provavelmente abrandar o ritmo dos cortes nas taxas no futuro, e revimos a nossa previsão para 2025 de modo a eliminar um corte em janeiro”.

O Goldman Sachs continua a esperar cortes em março, junho e setembro do próximo ano, com uma taxa terminal [de 2025] ligeiramente mais elevada de 3,5-3,75%.

Os analistas do banco de investimento recordaram que comentários recentes dos responsáveis da Fed apontaram claramente para um desejo de abrandar o ritmo em breve. “Uma das razões é o facto de o desemprego ter ficado aquém e a inflação ter ultrapassado as projeções do FOMC, embora nenhuma das surpresas seja tão significativa como parece”.

Há duas outras razões possíveis. “Em primeiro lugar, os responsáveis da Fed podem preferir ser cautelosos à luz da incerteza sobre as políticas da nova administração, especialmente sobre possíveis aumentos de tarifas e em segundo lugar, os responsáveis da Fed parecem estar cada vez mais abertos a repensar a taxa neutra do que esperávamos, o que defende que se comece a agir com mais cautela mais cedo, à medida que se procura o ponto de paragem certo”, sublinharam.

Projeções com ligeiras alterações

Os analistas do banco neerlandês ING, que também preveem três cortes pela Fed em 2025, recomendam estarmos atentos às novas previsões económicas do banco central, “uma vez que a política do Presidente eleito Trump de controlo da imigração, tarifas e reduções de impostos pessoais e empresariais, provavelmente significará que sinalize uma mais lenta flexibilização” da política monetária.

O ING vê o crescimento e a inflação a serem revistos ligeiramente em baixa no final de 2024, enquanto o desemprego será ajustado em baixa, mas não espera “alterações drásticas” nas projeções para 2025.

“A história do crescimento a curto prazo está a ser impulsionada pela clareza das eleições e por uma sensação de que a posição pró-empresarial de Trump na regulação, juntamente com um ambiente fiscal baixo, deve ser favorável”, explicaram, alertando, contudo, que há algum nervosismo quanto ao potencial impacto do protecionismo comercial e dos controlos da imigração.

Até à reunião de março do FOMC, a Fed terá uma compreensão mais clara dos planos tarifários, fiscais e de despesa do Presidente Trump e, como tal, esperamos que deixem grandes revisões das previsões para até lá”, concluíram.

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Foxconn interessada na fusão da Honda e Nissan

A principal parceira de produção da Apple terá conseguido acelerar as negociações entre as fabricantes japonesas ao abordar a Nissan para assumir uma participação neste negócio.

A potencial fusão entre as fabricantes automóveis japonesas Honda e Nissan conta com mais uma empresa interessada em entrar no negócio. A principal parceira de produção da Apple, a Foxconn, terá acelerado as negociações para o acordo ao abordar a Nissan para assumir uma participação, avança esta terça-feira a Bloomberg.

A taiwanesa Foxconn, formalmente designada Hon Hai Precision Industry, está interessada em investir mais no mercado dos carros elétricos, depois dos investimentos realizados em fábricas destes veículos, de acordo com a publicação japonesa Diamond Online.

Esta terça-feira veio a público que a Honda e a Nissan estariam a preparar-se para iniciar negociações para uma eventual fusão. A junção de forças na indústria dos motores permitiria que as duas empresas enfrentassem a gigante Toyota – que tem posições na Subaru, Suzuki e Mazda – e as principais concorrentes internacionais, Tesla e BYD.

Este negócio no setor automóvel, se for bem-sucedido, poderá ser o maior depois da fusão entre o grupo francês PSA e Fiat-Chrysler, que criou a Stellantis, em 2021. Segundo o jornal japonês Nikkei, as conversações para um possível acordo entre duas das maiores fabricantes automóveis nipónicas poderá até incluir a Mitsubishi.

O plano passará pela assinatura de um memorando de entendimento para discutir as respetivas participações acionistas na nova holding que daí nasceria para competir com as principais rivais no mercado dos veículos elétricos.

A notícia surge quatro meses após a Honda e a Nissan terem anunciado o início de uma investigação conjunta relacionada com tecnologias para Software-Defined Vehicles (SDV), carros em que o foco principal está no software e não no hardware. Numa conferência de imprensa conjunta, o presidente e CEO da Nissan, Makoto Uchida, e Toshihiro Mibe, presidente e CEO da Honda, explicaram que tinham perspetivas e ambições comuns em relação ao futuro da indústria.

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Portugal tem a maior subida da produção na construção na UE

Portugal registou em outubro a maior subida homóloga (6,9%) da produção na construção e a terceira maior (4,6%) em cadeia, entre os Estados-membros da União Europeia.

Portugal registou, em outubro, a maior subida da produção no setor da construção, com uma progressão homóloga de 6,9%, muito acima do aumento de 0,2% na zona euro e diminuiu 0,8% na União Europeia (UE), revelam as primeiras estimativas do Eurostat divulgadas esta quarta-feira. Um desempenho que pode ser explicado em parte pelo avanço no terreno das obras do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).

Na análise anual, o indicador que tenta traduzir a evolução do volume de produção do setor, desagregado entre construção de edifícios, engenharia civil e atividades especializadas de construção, mostra que os maiores aumentos foram observados em Portugal (+6,9%), Espanha (+6,3%) e Bulgária (+6,2%). Por outro lado, as maiores quebras foram registadas na Roménia (-14,5%), Eslovénia (-13,4%) e Polónia (-11,4%).

Fonte: Eurostat Eurostat

Ainda numa comparação homóloga, a produção na construção na zona euro aumentou 3% para engenharia civil, avançou 0,6% para construção de edifícios e diminuiu 0,9% para as atividades de construção especializada. Já na UE a produção na construção aumentou 1,3% para engenharia civil, mas diminui 0,5% para construção de edifícios e caiu 1,2% para atividades de construção especializada.

Dados do Eurostat mostram ainda que a produção no setor da construção aumentou 1% na Zona Euro e 0,7% na União Europeia em outubro deste ano quando comparado com o mês anterior. Portugal registou a terceira maior subida mensal.

Fonte: EurostatEurostat

Entre os Estados-membros para os quais existem dados disponíveis, os maiores aumentos mensais na produção na construção foram registados na Eslováquia (+7,9%), Áustria (+6,5%), Hungria e Portugal (ambos +4,6%), enquanto as maiores descidas foram observadas na Roménia (-8,3%) e Polónia (-2,7%).

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Mais de 85% da garantia pública será usada por apenas quatro bancos. Saiba quais são

O Governo decidiu não distribuir 20% dos 1,2 mil milhões de euros da garantia pública do crédito à habitação aos jovens pelas 18 instituições que aderiram à medida. Ficará disponível para reforços.

O Ministério das Finanças anunciou esta quarta-feira a autorização para a concessão de garantias de carteira às instituições de crédito aderentes ao Protocolo relativo à garantia pessoal do Estado para viabilizar a concessão de crédito à habitação própria permanente a jovens até aos 35 anos, por via de um financiamento a 100%.

O despacho assinado pelo Ministro de Estado e das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, estabelece a distribuição de um montante total de 1,2 mil milhões de euros entre as 18 instituições bancárias aderentes ao protocolo e teve em conta “as quotas de mercado de cada instituição de crédito na concessão de crédito à habitação, disponibilizadas pelo Banco de Portugal”, mas também os pedidos de adesão ao protocolo formulados pelas instituições de crédito junto da Direção-Geral do Tesouro e Finanças, refere o diploma publicado esta quarta-feira em Diário da República.

Porém, de acordo com cálculos do ECO, cerca de 199,7 milhões de euros, o equivalente a 20% dos 1,2 mil milhões de euros, ainda não foram atribuídos. Questionado pelo ECO, o Ministério das Finanças revela que este montante fica disponível para futuros pedidos de reforço por parte das instituições financeiras que o solicitarem.

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Mais de 85% da totalidade do montante disponibilizado ao abrigo da garantia pública ficará para usufruto de apenas quatro instituições, com o Santander Totta e a Caixa a encabeçarem esta lista, ao terem acesso a 259,3 milhões de euros e 257,2 milhões de euros, respetivamente.

A completar o pódio está o Banco Comercial Português (BCP), com 185,4 milhões de euros, seguido depois do Banco BPI, que contará com 149,8 milhões de euros. De fora do top 5 está o Novo Banco, que contará com apenas 20 milhões para aplicação desta medida de apoio aos jovens, apesar de ter uma quota de mercado que o coloca entre os cinco maiores bancos. Isto sucede porque, segundo o Ministério das Finanças, o banco liderado por Mark Bourke pediu um montante inferior ao que a sua quota de mercado lhe dá acesso.

Do leque de 18 instituições que vão disponibilizar a garantia pública no crédito à habitação, algumas receberam montantes significativamente menores, como a Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Bombarral e o Banco Invest, que contarão com 200 mil euros para usarem ao abrigo da garantia pública no crédito à habitação para os jovens.

O despacho publicado esta quarta-feira também incumbe a Direção-Geral do Tesouro e Finanças de proceder “à celebração de Contratos de Garantia, nos termos do artigo 17.º da Lei n.º 112/97, de 16 de setembro, com as instituições de crédito e pelos montantes autorizados”.

Este despacho vem no seguimento da publicação da regulamentação do protocolo da garantia pública a 27 de setembro que, entre outras considerações, apontava para um prazo de 30 dias para as instituições financeiras aderirem ao protocolo e de 60 dias após a sua adesão para implementarem os procedimentos previstos no Protocolo. Desta forma, a garantia pública deverá estar disponível nos próximos dias.

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Investimento publicitário deve atingir os 772,4 mil milhões este ano e crescer 5,9% em 2025, prevê a Dentsu

O ritmo de crescimento do investimento publicitário deve abrandar em 2025, uma vez que no próximo ano não há eventos relevantes a nível global como o Mundial de futebol ou os Jogos Olímpicos.

O investimento publicitário a nível global deve alcançar os 772,4 mil milhões de dólares este ano, um crescimento de 6,8%. Trata-se de uma revisão positiva face ao crescimento de 4,6% que a Dentsu antecipava para 2024. Já para o próximo ano, o grupo prevê um crescimento de 5,9%.

Os dados constam do último relatório “Global Ad Spend Forecasts“, onde se estima que a publicidade algorítmica represente 59,5% do total do investimento publicitário em 2024 e 79% em 2027.

Para o futuro, e em termos de canais, a Dentsu prevê que o digital permaneça como o canal com crescimento mais rápido, projetando um aumento de 9,2% para 2025 e que atinja os 513 mil milhões de euros, captando assim 62,7% do investimento global.

Dentro deste canal, o paid social deve crescer 8,7%, canal que vai continuar a ser essencial para envolver públicos mais jovens, numa altura em que 79,7% da Geração Z usa o Instagram e em que 42% dos chief marketing officer (CMO) planeiam aumentar os seus investimentos em marketing de influência. Já o paid search deve crescer 6,7%, beneficiando dos desenvolvimentos de tecnologias de IA.

Ao nível da televisão, a margem de crescimento para 2025 é de 0,6%, com a connected tv a apresentar uma valorização robusta — de 18,4% — graças à adoção de anúncios por parte das plataformas de streaming, enquanto o investimento em televisão linear deve recuar 2,5%. No total, o investimento publicitário em televisão deve atingir os 168,4 mil milhões de dólares.

Por outro lado, o investimento em cinema vai continuar a crescer, embora de forma mais ténue. Enquanto no ano passado cresceu 7,1% (recorde-se que a pandemia ditou um decréscimo significativo no investimento neste meio), o cinema deve crescer agora 3,2% em 2025, para um total de 2,6 mil milhões de dólares.

Já o investimento em out-of-home, embora continue a mostrar resiliência, apresenta também uma taxa de crescimento mais comedida para 2025, na ordem dos 3,9% — ou seja, abaixo do crescimento de 2024, que foi de 4,8% — para um total de 44,3 mil milhões de dólares investidos.

Em relação ao áudio, a variação do investimento publicitário em 2025 vai ser de 1,8%, para os 36,4 mil milhões de dólares. Os principais motores do crescimento encontram-se principalmente no áudio digital (incluindo os podcasts, cujo investimento deve crescer 5,3% no próximo ano) e na publicidade política local.

Já negativamente, a publicidade em imprensa vai continuar em contração, recuando 2,5% em 2025 segundo a Dentsu, depois de no ano passado ter decrescido 2,9%. No total vão ser investidos 45,1 mil milhões de dólares em imprensa.

Em termos de regiões, para 2025 espera-se que a América lidere o crescimento, com o continente americano a apresentar uma taxa de crescimento de 6,3% — especialmente impulsionada pelos mercados brasileiro (5,2%) e norte-americano (5%) — captando quase metade (47%) do investimento global e alcançando os 384,6 mil milhões de dólares.

Já para a região Ásia-Pacífico, a previsão é de um aumento de 5,8% no investimento publicitário, com os anúncios baseados em inteligência artificial (IA) a contribuírem de forma significativa para o aumento do investimento em anúncios digitais em determinados mercados, como na Índia, refere a Dentsu. O investimento publicitário nesta região será de 253,4 mil milhões.

Na região económica da Europa, Médio Oriente e África (EMEA) o crescimento projetado pela Dentsu é de 5%, devendo apresentar um forte desempenho digital nos seus principais mercados, e alcançando a marca dos 179,7 mil milhões dólares. Já no Reino Unido, a perspetiva é que o investimento seja superior ao da EMEA, crescendo 5,7% em 2025 e atingindo os 51,7 mil milhões de dólares, sendo assim, de longe, o maior mercado publicitário da Europa.

As previsões da Dentsu para este ano, em que espera que o investimento publicitário atinja os 772,4 mil milhões de dólares, ficam assim aquém das previsões divulgadas pela WARC, que em agosto avançou esperar um crescimento de investimento na ordem dos 10,5%, podendo ser ultrapassado um bilião de dólares pela primeira vez.

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Portugal em “situação crítica” por apoios sociais não subirem com preços

  • Lusa
  • 18 Dezembro 2024

Comissão Europeia considera que a eficácia da Segurança Social em Portugal na atenuação da pobreza e das desigualdades de rendimento se deteriorou, falando numa "situação crítica".

A Comissão Europeia considera que a eficácia da Segurança Social em Portugal na atenuação da pobreza e das desigualdades de rendimento se deteriorou, falando numa “situação crítica” por as apoios sociais não terem acompanhado o aumento dos preços.

A eficácia do sistema de proteção social português na atenuação dos riscos de pobreza e na redução das desigualdades de rendimento deteriorou-se. Em 2023, o impacto das transferências sociais – com exceção das pensões – na redução da pobreza diminuiu 3,9 pontos percentuais, situando-se em 19,8% contra 34,7% na União Europeia, o que indica uma ‘situação crítica'”, refere o executivo comunitário.

Num relatório sobre o emprego na União Europeia (UE), que integra a segunda parte do pacote de outono do Semestre Europeu e que foi hoje divulgado, a instituição justifica que “a diminuição da eficácia das prestações sociais reflete o facto de que, enquanto os preços e os salários nominais terem crescido rapidamente nos últimos anos, as prestações sociais não terem aumentado ao mesmo ritmo”.

Além disso, segundo Bruxelas, as desigualdades também se deterioraram em 2023, enquanto a percentagem de pessoas em risco de pobreza ou exclusão social permaneceu estável em nesse ano e está dentro da média, sendo “particularmente elevada nas regiões ultraperiféricas dos Açores e da Madeira”.

No que toca ao emprego, a Comissão Europeia argumenta neste relatório que “o mercado de trabalho português continua a ser resiliente”.

“Num contexto de crescimento económico acima da média da UE, a taxa de emprego melhorou de 77,1% em 2022 para 78,0% em 2023, apoiada pela migração líquida”, destaca a instituição.

Ainda assim, Bruxelas alerta que a taxa de desemprego em Portugal aumentou ligeiramente (0,3 pontos percentuais) em 2023, para 6,5%, e que “persiste a segmentação do mercado de trabalho, refletida nas elevadas percentagens de jovens com contratos temporários”, que foi de 42,9% no ano passado, contra 34,3% na UE.

Certo é que, apesar dos avisos, “Portugal não parece enfrentar riscos potenciais para uma convergência social ascendente“, assegura a instituição no relatório.

No conjunto da UE, a taxa de emprego atingiu um máximo histórico de 75,3% em 2023 e voltou a aumentar para 75,8% no segundo trimestre de 2024.

O objetivo é chegar aos 78%, como estipulado no Plano de Ação sobre o Pilar Europeu dos Direitos Sociais, aprovado na Cimeira Social do Porto em maio de 2021.

Ao mesmo tempo, no ano passado, a taxa de desemprego na UE diminuiu para um mínimo histórico de 6,1% em 2023, uma tendência que se manteve neste ano de 2024.

Bruxelas destaca “evolução positiva” da posição orçamental de Portugal

A Comissão Europeia destacou ainda a “forte posição orçamental” de Portugal, com excedente, que tem vindo a registar uma “evolução positiva” nos últimos anos, não verificando também vulnerabilidades no que toca à convergência social do país.

À margem da sessão plenária do Parlamento Europeu na cidade francesa de Estrasburgo, o comissário europeu da Economia e Produtividade, Valdis Dombrovskis, destacou em conferência de imprensa que “Portugal está a ter um forte desempenho económico, bem como uma forte posição orçamental, com excedente”.

A nossa avaliação, também no âmbito do procedimento relativo aos desequilíbrios macroeconómicos, é que Portugal não está a sofrer desequilíbrios macroeconómicos e, em suma, do ponto de vista económico, vemos uma evolução positiva”, acrescentou Valdis Dombrovskis.

As declarações ocorrem, porém, dias depois de o Banco de Portugal (BdP) ter estimado que o país vai regressar a uma situação deficitária em 2025, com um défice de 0,1% do Produto Interno Bruto (PIB), o que contraria as projeções do Governo de um excedente orçamental de 0,3%.

O Semestre Europeu é um exercício anual de coordenação das políticas económicas e sociais da UE, no qual do qual os Estados-membros alinham os seus orçamentos com os objetivos e as regras acordadas ao nível comunitário. Criado após a anterior crise financeira, este instrumento visa garantir um crescimento económico sustentável, a criação de emprego, a estabilidade macroeconómica e a solidez das finanças públicas em toda a UE.

(Notícia atualizada às 11h47 com mais informação)

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Comissão Europeia quer países do euro com contenção nas despesas em 2025

  • Lusa
  • 18 Dezembro 2024

Comissão Europeia recomendou que os países do euro mantenham, em 2025, "as taxas nacionais de crescimento das despesas líquidas", para reduzirem as suas dívidas que aumentaram após a pandemia.

A Comissão Europeia recomendou esta quarta-feira que os países do euro mantenham, em 2025, “as taxas nacionais de crescimento das despesas líquidas”, para reduzirem as suas dívidas, que aumentaram após a pandemia, e evitarem riscos para a estabilidade macrofinanceira.

“Para garantir o cumprimento do novo quadro orçamental e melhorar a sustentabilidade da dívida, [os países da moeda única devem] manter as taxas nacionais de crescimento das despesas líquidas em cada Estado-membro, tal como recomendado pelo Conselho“, indica Bruxelas.

Numa recomendação para a área da moeda única no próximo ano, que integra a segunda parte do pacote de outono do Semestre Europeu e que foi hoje divulgado, a instituição vinca que isso “deverá permitir ajustamentos orçamentais adequadamente diferenciados e uma orientação orçamental global ligeiramente contracionista da zona euro em 2025 e 2026″.

No documento, o executivo comunitário defende também que, “ao definir as estratégias orçamentais, [estes países devem] procurar melhorar a qualidade e a eficiência das medidas em matéria de despesas e receitas, a fim de reduzir a evasão e a fraude fiscais, e alinhar as estratégias com os objetivos políticos, como a reorientação da carga fiscal do trabalho para bases tributárias menos distorcivas“.

Além disso, os Estados-membros do euro devem “acompanhar os riscos para a estabilidade macrofinanceira relacionados com a qualidade dos ativos, a reavaliação dos ativos e reforçar a supervisão macroprudencial do setor da intermediação financeira não bancária”, adianta.

Nesta recomendação, é pedido que, no período de 2025-2026, os Estados-membros do euro tomem medidas individuais através da execução dos seus Planos de Recuperação e Resiliência (PRR) e coletivamente no âmbito do Eurogrupo para, assim, aumentarem a produtividade para que a área da moeda única seja mais competitiva e reforçarem a convergência social e a transição climática.

A posição surge depois de, no final de novembro, a Comissão Europeia ter dado aval ao primeiro plano orçamental a médio prazo com objetivos para despesas e investimentos e reformas, enviado por Lisboa a Bruxelas em meados de outubro, ao abrigo das novas regras orçamentais da UE.

No documento, o Governo indica que os compromissos orçamentais a médio prazo representam, em média, um crescimento das despesas líquidas igual ou inferior a 3,6% no período 2025-2028, percentagem que coincide com a trajetória de referência transmitida pela Comissão Europeia às autoridades portuguesas.

Nesse plano, o Governo estima um crescimento económico de 2,1% em 2025, de 2,2% em 2026, de 1,7% em 2027 e 1,8% em 2028.

Na trajetória orçamental a quatro anos (2025-2028), é ainda projetada uma queda de 12,7 pontos percentuais na dívida pública para 83,2% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2028, a uma média de redução de 3,2 pontos percentuais por ano.

A UE tem em vigor, desde final de abril passado, novas regras comunitárias para défice e dívida pública (mantendo porém os tetos de, respetivamente, 3% e 60% do PIB), dada a reforma das regras orçamentais do bloco que os Estados-membros começarão a aplicar em 2025 após traçarem planos nacionais.

O Semestre Europeu é um exercício anual de coordenação das políticas económicas e sociais da UE, no qual do qual os Estados-membros alinham os seus orçamentos com objetivos e regras acordadas ao nível comunitário.

O pacote de hoje foi apresentado à margem da sessão plenária do Parlamento Europeu, na cidade francesa de Estrasburgo.

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Manuel Castelo Branco é o novo sócio da Pérez-Llorca

Manuel Castelo Branco integra a Pérez-Llorca na qualidade de sócio responsável pela prática de Contencioso e Arbitragem em Portugal.

A Pérez-Llorca reforçou a equipa de Lisboa com a integração de Manuel Castelo Branco, na qualidade de sócio responsável pela prática de Contencioso e Arbitragem em Portugal. O advogado transita da Linklaters.

“A chegada do Manuel representa um reforço estratégico para consolidar a prática de Contencioso e Arbitragem da sociedade em Lisboa. Em menos de um ano, construímos em Portugal uma equipa de especialistas em todas as áreas do direito empresarial, capaz de oferecer aos nossos clientes um acompanhamento multidisciplinar”, sublinha Gonçalo Capela Godinho, sócio responsável pela Pérez-Llorca em Portugal.

O novo sócio da Pérez-Llorca conta com cerca de 20 anos de experiência na assessoria a empresas nacionais e internacionais, companhias financeiras e de seguros, bem como a fundos de private equity no seu contencioso e arbitragem nacional e transfronteiriço em Portugal e em diversos países de língua portuguesa.

A sua prática tem-se centrado no contencioso civil e comercial, em particular no aconselhamento de empresas numa vasta gama de litígios comerciais, incluindo participações sociais ou fusões e aquisições. Presta ainda aconselhamento a clientes em matéria de contencioso penal e regulamentar e em questões de conformidade, como a luta contra a corrupção e o branqueamento de capitais. Além disso, tem também uma vasta experiência em matéria de reestruturação e insolvência, contenciosa e não contenciosa.

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Governo autoriza fábrica da Navigator a trabalhar sem interrupções em Cacia

A nova unidade de produção de embalagens começou a funcionar no final de outubro e tem capacidade para produzir 100 milhões de embalagens de papel por ano.

O Governo autorizou esta quarta-feira a Navigator Tissue Aveiro a laborar sem interrupções no complexo industrial de Cacia. O grupo liderado por António Redondo justificou que a “necessidade de laboração contínua resulta do volume de vendas anual, o qual seria comprometido com a paragem dos equipamentos”.

A empresa fundamentou o pedido por “motivos de ordem técnica e operacionais, uma vez que a atividade de produção de papel Tissue em Aveiro (nas áreas de máquina de papel e transformação), com a existência de uma máquina de papel e cinco linhas de transformação, obriga a um regime de laboração contínua“, lê-se no despacho publicado esta quarta-feira em Diário da República.

O grupo liderado por António Redondo justificou que a “necessidade de laboração contínua resulta do volume de vendas anual, o qual seria comprometido com a paragem dos equipamentos e a gestão técnica e de manutenção dos equipamentos, em que o regime não contínuo culminaria, alegadamente, com a corrosão e degradação dos equipamentos de trabalho instalados, comprometendo as operações e os ativos da organização”.

Os trabalhadores envolvidos no regime da laboração contínua celebraram contratos de trabalho que prevê a expressa concordância dos trabalhadores com a prestação de trabalho em regime de turnos (nomeadamente, regime de laboração contínua.

A nova unidade de produção de embalagens começou a funcionar no final de outubro e tem capacidade para produzir cerca de 100 milhões de embalagens por ano, divididas em três linhas de produtos, como pratos, recipientes para take-away ou cuvetes para carne. É neste complexo industrial que a Navigator produz anualmente 320 mil toneladas de pasta branqueada de eucalipto, direcionadas para a transformação em papéis especiais como décor, filtros, cigarros e tissues.

Beneficiando do bom desempenho dos negócios de papel, tissue e packaging, assim como da redução nos custos, no primeiro semestre deste ano, os lucros da Navigator aumentaram 16% para 159 milhões de euros.

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Eurostat revê em ligeira baixa inflação de novembro na Zona Euro. Afinal, acelerou 2,2%

  • Joana Abrantes Gomes
  • 18 Dezembro 2024

Em novembro, a inflação homóloga dos preços na área do euro acelerou para 2,2% e não para 2,3%. Taxa avançou 0,2 pontos percentuais em relação ao mês anterior.

O Eurostat reviu em baixa a taxa de inflação homóloga da Zona Euro em novembro. Em vez dos 2,3% avançados na estimativa rápida, o ritmo de crescimento dos preços na área da moeda única acelerou para 2,2% no penúltimo mês do ano.

Face a outubro, o Índice Harmonizado de Preços no Consumidor (IHPC) aumentou duas décimas, o que se deve, sobretudo, aos preços dos serviços, que tiveram a maior subida homóloga (3,9%) dos quatro componentes, mesmo tendo desacelerado 0,1 pontos percentuais na variação em cadeia.

Evolução da taxa de inflação homóloga na Zona Euro e na UE

Fonte: Eurostat

Esta aceleração, que ficou em linha com as previsões dos analistas, apoia a postura do Banco Central Europeu (BCE) de baixar os juros mais depressa, face a um maior controlo da taxa de inflação. Na semana passada, na última reunião do ano, a instituição liderada por Christine Lagarde voltou a reduzir as taxas diretoras em 0,25 pontos percentuais, fixando-as nos 3%.

Os bens industriais não energéticos foram o único grande componente do IHPC a registar uma aceleração dos preços em novembro, de 0,5% para 0,6% — ou seja, mais uma décima de ponto percentual –, em relação ao mês anterior. O indicador relativo à energia mantém-se em valores negativos, mas passou de -4,6% em outubro para -2% em novembro.

Já a inflação subjacente, que exclui os preços da energia e dos alimentos não processados, estabilizou pelo terceiro mês consecutivo, em novembro, nos 2,7%. Este indicador é dos mais relevantes para o BCE, visto que reflete as pressões inflacionistas mais persistentes na economia.

De acordo com o gabinete estatístico, o maior contributo para a taxa de inflação homóloga da área do euro veio dos serviços (+1,74 pontos percentuais), seguindo-se os produtos alimentares, álcool e tabaco (+0,53 pontos percentuais), dos produtos industriais não energéticos (+0,17 pontos percentuais) e da energia (-0,19 pontos percentuais).

No conjunto dos 27 Estados-membros da União Europeia (UE), a taxa de inflação a 12 meses também acelerou em novembro, para 2,5%, mais duas décimas do que no mês anterior, mas 1,1 pontos percentuais abaixo do valor registado um ano antes.

A variação homóloga do IHPC de novembro aumentou em 20 dos 27 países da UE, tendo diminuído em quatro (Estónia, Grécia, Malta e Polónia) e estabilizado noutros três (Alemanha, Bulgária e Dinamarca). No caso de Portugal, o IHPC acelerou de 2,6% em outubro para 2,7% em novembro.

(Notícia atualizada pela última vez às 11h10)

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Suplemento dos delegados de saúde sobe para 400 euros em 2025

  • Joana Abrantes Gomes
  • 18 Dezembro 2024

Desde 2021 que o valor deste suplemento estava fixado nos 200 euros. Governo procedeu à atualização do montante, para 300 euros com retroativos a outubro deste ano e para 400 euros a partir de 2025.

O decreto-lei que aumenta o suplemento remuneratório dos delegados de saúde pública foi publicado esta quarta-feira em Diário da República. Conforme aprovado em Conselho de Ministros no início de novembro, quem exerce funções em autoridades de saúde vai ter um aumento deste suplemento de 200 para 300 euros, com efeitos retroativos a 1 de outubro deste ano, ficando o montante estabilizado em 400 euros a partir de janeiro.

O Governo recorda, na redação do decreto, que o valor do suplemento de autoridade de saúde foi fixado, pela primeira vez, no Orçamento do Estado para 2021, no montante de 200 euros, “valor este que tem vindo a ser replicado, anualmente, consoante o caso, na lei do orçamento do Estado ou no correspondente decreto-lei de execução orçamental”.

Mas, por considerar que “importa conferir a necessária estabilidade, mediante a adoção de uma medida legislativa que não deixe de vigorar no final de cada ano económico”, e “tendo em conta a responsabilidade e as particulares condições de exercício” das funções das autoridades de saúde, o Executivo procedeu à atualização do montante do suplemento.

No final de outubro, o Sindicato Independente dos Médicos (SIM), que participou nas negociações com a ministra da tutela, Ana Paula Martins, disse que o aumento do suplemento para 400 euros está ainda “longe do ideal”, mas constitui “um passo positivo e concreto” no reconhecimento do papel das autoridades de saúde no país.

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Formação de imigrantes para trabalhar no turismo arranca em janeiro

Escolas do Turismo de Portugal vão dar formação a imigrantes que queiram trabalhar no setor, num programa que arranca em janeiro. Formandos receberão bolsa mensal de 522,5 euros e apoio à deslocação.

O programa de formação dos imigrantes que queiram trabalhar no setor turismo – que o Governo anunciou como uma das medidas para “acelerar a economia” – vai arrancar já em janeiro, indicou ao ECO fonte do Governo. Serão abrangidos cerca de mil trabalhadores, sendo que o protocolo entre o Turismo de Portugal, a Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA) e a Confederação do Turismo de Portugal (CTP) será assinado esta quarta-feira, dia 18 de dezembro, em Belém.

Entre as 60 medidas desenhadas pelo Governo no verão para impulsionar a economia nacional, estava já prevista a criação de um programa de integração e formação de migrantes e refugiados no setor do turismo, com vista a “melhorar as condições de integração” destas pessoas no país.

Segundo explicou o Executivo em julho, o programa implicará um investimento de 2,5 milhões de euros do orçamento do Turismo de Portugal, tendo, entretanto, o Ministério da Economia avançado ao Público que a formação estará a cargo das escolas do Turismo de Portugal.

Ao ECO, fonte do Governo explica agora que a formação – que terá a duração total de cerca de três meses, a que se soma um mês de estágio – não será apenas técnica e prática, mas incluirá também conhecimentos de línguas e formação sociocultural.

Os formandos terão direito a uma bolsa mensal com um valor correspondente ao Indexante dos Apoios Sociais, ou seja, 522,50 euros pagos pelo Turismo de Portugal. Terão também um apoio para os custos de deslocação, aponta a mesma fonte.

Os imigrantes interessantes sinalizarão junto da AIMA a sua disponibilidade, cabendo, depois, a esta agência transmitir essa informação ao Turismo de Portugal.

Já a CTP ficará com a responsabilidade de identificar as empresas do setor que estão abertas a promover estágios destinados a estes trabalhadores. Importa notar que em causa estão estágios remunerados, mas, neste caso, os custos ficarão a cargo das próprias empresas.

No verão, a secretária-geral da Associação da Hotelaria, Restauração e Similares (AHRESP) tinha defendido, em declarações ao ECO, que as escolas profissionais (além das escolas do Turismo de Portugal) também deveriam fazer parte deste programa, para que pudesse “haver maior cobertura geográfica”.

Na altura, Ana Jacinto sublinhou também que os mil imigrantes abrangidos representam “um bom começo”, mas um número insuficiente face aos milhares de mãos que estão em falta no setor turístico.

“A necessidade de trabalhadores para as nossas atividades é de várias dezenas de milhares, e, por isso mesmo, mil trabalhadores são muito importantes, mas não são, de todo, suficientes”, afirmou a responsável. A AHRESP referiu estarem em falta 40 mil trabalhadores na restauração e hotelaria, ainda na primavera deste ano.

A falta de mãos tem sido transversal a toda a economia portuguesa nos últimos anos, mas o turismo tem sido um dos setores mais afetados. Por ter sido um dos mais afetados pela pandemia (e pelas restrições que lhe ficaram associadas), este setor viu partir muito talento para outras atividades, queixando-se agora de sérias dificuldades no recrutamento. O acolhimento de mão-de-obra imigrante tem sido uma das soluções adotadas. Mas há desafios, como a formação e a barreira linguística.

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