Câmara do Porto quer revogar regras que limitam Alojamento Local

"O município do Porto não pode aceitar que o Governo interfira na estratégia que este Executivo tem para a cidade e que foi aprovada por ampla maioria", diz Ricardo Valente.

A Câmara do Porto vai deixar cair por terra o regulamento do Alojamento Local que entrou em funcionamento há meio ano e que, na ocasião, o vereador Ricardo Valente considerou ser “importantíssimo para a gestão do crescimento da atividade turística” na cidade. Esta reviravolta surge em contestação ao pacote legislativo de António Costa na área de habitação que, segundo o vereador de Rui Moreira, só veio gerar “uma enorme confusão” e retirar “competências” aos municípios. A proposta vai a votos na reunião do Executivo da próxima segunda-feira para depois ter deliberação final na Assembleia Municipal (AM).

Na proposta do vereador da Economia, Emprego e Empreendedorismo, a que o ECO/Local Online teve acesso, a revogação do Regulamento Municipal para o Crescimento Sustentável do Alojamento Local a funcionar desde 4 de maio – mesmo depois de ter provas dadas de eficácia – surge em contestação ao pacote Mais Habitação relativo ao AL, que entrou em vigor a 7 de outubro deste ano.

E que “vem criar uma enorme confusão no que concerne ao exercício desta atividade económica e do funcionamento das competências municipais, uma vez que retira competências ao município do Porto em várias matérias de decisão no âmbito do Alojamento Local”. Além de passar um atestado de incompetência à autarquia. “Para o Governo, o município do Porto não é competente para definir o que pretende para o seu território“, lamenta.

Por tudo isto, assegura, “o município do Porto não pode aceitar que o Governo interfira na estratégia que este Executivo tem para a cidade e que foi aprovada por ampla maioria em Executivo e Assembleia Municipal”. Recorde-se que o novo Regulamento Municipal para o Crescimento Sustentável do Alojamento Local do Porto foi aprovado, em reunião do executivo, a 21 de abril, e entrou em vigor a 4 de maio.

Passou a diferenciar áreas de crescimento sustentável e zonas de contenção mediante a “pressão” de cada freguesia. Entre as “áreas de contenção” estão as freguesias da Vitória, São Nicolau, Sé, Santo Ildefonso e Miragaia por apresentarem um rácio de pressão igual ou superior a 15%. Mas há exceções para estas zonas da Invicta.

Esta Lei vem assim criar uma enorme confusão no que concerne ao exercício desta atividade económica e do funcionamento das competências municipais, uma vez que retira competências ao município do Porto em várias matérias de decisão no âmbito do Alojamento Local.

Ricardo Valente

Vereador das Atividades Económicas, Finanças e Fiscalização da Câmara Municipal do Porto

O vereador das Atividades Económicas, Finanças e Fiscalização considera que a lei do Governo “tem um impacto tremendo na forma como os municípios podem (não) gerir a atividade de AL nos seus territórios”, lê-se na proposta. “Tendo esta lei entrado em vigor no dia 7 de outubro, à data de 31 de outubro, o balcão único eletrónico disponibilizado pelo Governo ainda não tem qualquer indicação sobre a lei, sobre a entrada em vigor da lei e sobre as alterações que esta produz”, alerta.

Mais ainda, prossegue Ricardo Valente, “apenas no passado dia 30 de outubro ficou definido qual o documento necessário para se fazer a prova de exercício de atividade, tal como está expresso no decreto-lei relativamente ao AL, sendo que a data definida pelo Governo para esta prova é dia 7 de dezembro de 2023″.

O vereador explana, no mesmo documento, que “esta lei define que se pode exercer AL desde que em habitação própria permanente sem qualquer tipo de registo desde que não exceda os 120 dias de exploração”. Mas Ricardo Valente interpela, indignado: “Como é que a Câmara do Porto vai saber que alguém explora um AL só durante 120 dias; quais são os meios para fazer cumprir esta Lei definida pelo Governo?”.

Para o vereador não resta qualquer dúvida de que “esta lei aumenta a complexidade e a redundância institucional, porque envolve mais uma instituição no exercício da fiscalização do AL, ou seja, passam a contar com as juntas de freguesia”. A atividade é fiscalizada pela Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE), o município, o Turismo de Portugal, a Autoridade Tributária e, agora, as juntas de freguesia.

Para o Governo, o município do Porto não é competente para definir o que pretende para o seu território.

Ricardo Valente

Vereador das Atividades Económicas, Finanças e Fiscalização da Câmara Municipal do Porto

Mais, reclama Ricardo Valente, “os custos administrativos da gestão do AL vão tornar-se incomportáveis para os municípios portugueses, porque o Governo escreve no seu artigo 21.º que devem, após dois meses da entrada em vigor desta lei, analisar as provas de rendimentos que os titulares de AL são obrigados a submeter através do Balcão Único Eletrónico, ou seja, o município do Porto vai ter de analisar mais de 10.500 declarações contributivas de AL na cidade”.

Novo regulamento gera quebra de licenças no AL no Porto

O vereador nota que o Regulamento Municipal para o Crescimento Sustentável do Alojamento Local do Porto, que funciona desde 4 de maio deste ano, “já é um instrumento de regulação do acesso ao registo de AL, que tem em consideração o equilíbrio nos usos da habitação na cidade”.

O regulamento municipal, publicado em Diário da República, contempla como exigência o “equilíbrio entre a oferta de alojamento local e o alojamento destinado a habitação”, numa distribuição que garanta 50% de habitação e 20% para habitação acessível.

“O Regulamento Municipal para o Crescimento Sustentável do Alojamento Local do Porto não proíbe o Alojamento Local, mas pretende valorizar projetos que acrescentem valor à cidade, do ponto de vista da sua reabilitação e regeneração urbana, e que estão alinhados com a multifuncionalidade que se pretende ver presente em todas as freguesias”, argumenta o vereador na proposta que vai apresentar na reunião do Executivo.

Esta medida da câmara já deu provas de eficácia. Desde a implementação deste regulamento até ao dia 24 de outubro de 2023 deram entrada 281 pedidos de registo de AL em áreas de contenção, dos quais apenas 40 foram deferidos. O que, realça, vem “confirmar que a estratégia adotada pelo município do Porto tem vindo gradualmente a consolidar o objetivo de equilibrar o rácio entre o stock de habitação disponível e o número de estabelecimentos de Alojamento Local existentes“.

Com esta lei, acusa, “o Governo penaliza, com uma enorme carga administrativa, os serviços municipais, obrigando-os a analisar as provas de rendimentos que os titulares do registo são obrigados a submeter. Através do Balcão Único Eletrónico, terá o município do Porto que analisar 10.500 declarações contributivas, dependendo a rapidez desta análise da quantidade de recursos humanos afetos, em exclusivo, a este ato administrativo”.

Mais, contesta, “o Governo cria, com a contribuição extraordinária do alojamento local (CEAL), uma enorme penalização para os titulares de registo AL nas modalidades Apartamento e Estabelecimento de Hospedagem em frações autónomas situadas em territórios do litoral do país”.

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Lucros da Corticeira Amorim sobem 4,4% até setembro. Vendas caem mais de 3%

  • Joana Abrantes Gomes
  • 2 Novembro 2023

Apesar do resultado líquido de 67 milhões de euros nos primeiros nove meses de 2023, o grupo da Feira viu as vendas caírem 3,4%, devido à evolução cambial e à redução dos níveis de atividade.

A Corticeira Amorim obteve um lucro de 67 milhões de euros nos primeiros nove meses deste ano, o que representa um aumento de 4,4% face ao período homólogo de 2022. No entanto, as vendas do grupo liderado por António Rios de Amorim registaram um decréscimo de 3,4% até setembro, para 763,2 milhões de euros. A empresa propõe aos acionistas o pagamento de um dividendo de 9 cêntimos por ação.

No comunicado enviado esta quinta-feira à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), a empresa justifica a quebra nas vendas com a “redução dos níveis de atividade”, em particular na unidade de negócio Revestimentos, “ainda que as melhorias do mix de produto e a subida de preços tenham compensado parcialmente esse efeito”.

A evolução cambial também teve um impacto desfavorável nas vendas consolidadas da Corticeira Amorim, especialmente na unidade de negócio Rolhas. “Excluindo este efeito, as vendas consolidadas teriam caído 2,4% e as vendas da unidade de negócio das rolhas subido 2,9% nos primeiros nove meses de 2023”, indica a empresa no comunicado.

Entre janeiro e setembro, o EBITDA consolidado ascendeu a 139,8 milhões de euros, mais 6,6% do que há um ano. Segundo o grupo, “os resultados operacionais beneficiaram essencialmente de um mix de produto mais favorável e das poupanças significativas ao nível dos custos operacionais, nomeadamente decorrentes da redução dos preços de energia e transportes, apesar do aumento do preço de consumo da cortiça”.

Evolução das vendas e do EBITDA do grupo. Fonte: Corticeira Amorim

A dívida remunerada líquida totalizava cerca de 204,5 milhões de euros no final de setembro, 75,5 milhões acima do fecho do exercício de 2022. O grupo sediado em Mozelos, Santa Maria da Feira, explica o crescimento desta rubrica no período em análise com o acréscimo das necessidades de fundo de maneio (95,8 milhões), o pagamento de dividendos (65 milhões) e o aumento do investimento em ativo fixo (26,6 milhões).

Conjuntura “muito adversa” afeta vendas no negócio de revestimentos

A unidade de negócio Rolhas atingiu vendas de 594 milhões de euros até setembro, mais 1,7% face ao período homólogo, o que reflete “a melhoria do mix de produto e a subida de preços”, indica a Corticeira Amorim, frisando que houve “um crescimento de vendas em todos os segmentos de rolhas, assim como nos mercados vinícolas mais relevantes”. O EBITDA deste segmento cresceu 19,3%, para 121,8 milhões.

Já o desempenho das vendas da unidade de negócio Revestimentos, que registaram uma contração de 33,4% face ao período homólogo, totalizando 70,6 milhões nos primeiros nove meses do ano, foi marcado pela “forte desaceleração da atividade, decorrente da conjuntura muito adversa, particularmente nos segmentos de retalho e residencial”, que “teve um impacto na generalidade dos mercados e linhas de produtos”. Neste caso, o EBITDA foi negativo em 5,2 milhões de euros, evidenciando, de acordo com a empresa, “o impacto significativo da desalavancagem operacional”.

Nos Aglomerados Compósitos, as vendas também caíram (-7,8%) em comparação com o período de janeiro a setembro do ano passado, para um total de 86,8 milhões de euros, com o EBITDA a cifrar-se em 17,6 milhões. Esta unidade de negócio foi penalizada pela “redução de volumes, particularmente nos segmentos de menor valor acrescentado”.

Com um aumento homólogo de 19,4%, para 14,3 milhões de euros, a unidade de negócio Isolamentos foi a que apresentou uma evolução mais favorável das vendas no período em análise, “impulsionadas pela melhoria do mix de produto e pelo aumento de preços”. O EBITDA, no entanto, foi penalizado pela “subida dos preços de consumo de cortiça”, a única matéria-prima utilizada neste segmento, e “a redução dos níveis de atividade”, levando a uma quebra para 800 mil euros negativos.

(Notícia atualizada pela última vez às 18h05)

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Associação de Imprensa Internacional acusa Estados de falharem na proteção aos jornalistas

  • Lusa
  • 2 Novembro 2023

Em 2022, morreram 86 jornalistas, o dobro do ano anterior. América Latina e Caraíbas são as regiões mais perigosas.

Os estados estão a falhar na obrigação de proteger a segurança dos jornalistas e de pôr fim à impunidade dos seus agressores, denunciou esta quinta-feira o Instituto Internacional de Imprensa (IPI) por ocasião do Dia Mundial pelo Fim da Impunidade.

Nos últimos 30 anos, 1600 jornalistas foram assassinados e apenas 10% dos responsáveis foram levados à justiça, segundo dados da UNESCO que o IPI refere em comunicado.

As taxas de impunidade permanecem inaceitavelmente altas, enquanto aumentam os ataques, a violência e as ameaças contra a imprensa“, observa o IPI na nota.

A organização com sede em Viena insta os estados a “cumprirem urgentemente os seus compromissos e obrigações para proteger a segurança dos jornalistas, mesmo em zonas de conflito”.

Os dados, afirma o IPI, demonstram “a alarmante incapacidade dos estados” em cumprir as suas obrigações de garantir “a plena investigação e repressão dos crimes contra jornalistas“.

Em 2022, os assassínios de jornalistas aumentaram 50%, com 86 casos, e metade deles aconteceram quando os profissionais não estavam a trabalhar.

Embora todas as regiões do mundo tenham sido afetadas, a América Latina e as Caraíbas foram a região mais perigosa para os jornalistas no ano passado, com 44 assassínios, sendo o México, a Ucrânia e o Haiti os países mais mortíferos, com 19, dez e nove homicídios, respetivamente.

Há um ano, representantes dos estados-membros da ONU comprometeram-se em Viena a proteger a segurança dos jornalistas e a acabar com a impunidade, por ocasião do 10.º aniversário do plano de ação da ONU sobre a segurança dos jornalistas.

Um ano depois, estes compromissos não produziram nenhuma ação ou mudança demonstrável, enquanto a situação de tantos jornalistas em todo o mundo se tornou ainda mais grave“, denuncia o IPI.

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Espanha: Socialistas e Esquerda Republicana da Catalunha formalizam acordo

  • Lusa
  • 2 Novembro 2023

A amnistia é a exigência feita pelos partidos catalães para viabilizarem um novo Governo de esquerda em Espanha, com uma coligação do PSOE e da plataforma Somar.

O Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) e a Esquerda Republicana da Catalunha (ERC) formalizaram esta quinta-feira o acordo para a viabilização pelos independentistas catalães de um novo Governo de esquerda em Espanha na sequência das eleições de 23 de julho.

O PSOE, liderado por Pedro Sánchez, e a ERC, do presidente do governo regional, Pere Aragonès, já tinham anunciado na terça-feira um acordo de amnistia para os envolvidos na tentativa de autodeterminação da Catalunha que culminou com uma declaração unilateral de independência em 2017.

Na terça-feira, os dois partidos disseram que fechariam nas próximas horas um acordo global para os deputados da ERC votarem a favor da recondução de Pedro Sánchez como primeiro-ministro. O acordo foi fechado e formalizado esta quinta com a assinatura de um documento pelo dirigente socialista e atual ministro da Presidência do Governo, Féliz Bolaños, e por Oriol Junqueras, presidente da ERC, antigo vice-presidente do executivo regional e um dos condenados pelo processo de 2017.

O PSOE e a ERC subscreveram um acordo no quadro do processo de investidura de Pedro Sánchez”, anunciou o partido socialista numa mensagem publicada nas redes sociais que inclui imagens do momento da assinatura do acordo, em Barcelona. Segundo fontes dos dois partidos, além da amnistia, o acordo contempla também a passagem da gestão dos comboios suburbanos e regionais da Catalunha para a tutela do governo regional.

A amnistia é a exigência feita pelos partidos catalães para viabilizarem um novo Governo de esquerda em Espanha, com uma coligação do PSOE e da plataforma Somar, liderado por Pedro Sánchez. Além da ERC, a amnistia é exigida pelo Juntos da Catalunha (JxCat), o partido do antigo presidente do governo regional Carles Puigdemont, que vive na Bélgica desde 2017 para fugir à justiça espanhola.

Para ser reconduzido no cargo de primeiro-ministro, Sánchez precisa ainda do voto dos deputados de mais três partidos nacionalistas e independentistas da Galiza e do País Basco (Bloco Nacionalista Galego, Partido Nacionalista Basco e EH Bildu).

O acordo com a ERC é o primeiro que o PSOE fecha com os partidos de que precisa para a viabilização do novo Governo pelo parlamento. Na última legislatura, a ERC já tinha viabilizado o atual Governo de Sánchez através da abstenção na votação de investidura do líder dos socialistas como primeiro-ministro.

Se até 27 de novembro não houver novo primeiro-ministro investido pelo parlamento, Espanha terá de repetir as eleições.

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Urgência de cirurgia geral de Aveiro volta a encerrar

  • Lusa
  • 2 Novembro 2023

"Por impossibilidade de completar as escalas médicas, o Centro Hospitalar do Baixo Vouga informa que estão previstos constrangimentos da urgência de Cirurgia Geral do Hospital", diz a administração.

A urgência de Cirurgia Geral do Hospital de Aveiro volta a funcionar em intermitência, com vários períodos de encerramento previstos para os próximos dias, informou esta quinta-feira a administração hospitalar.

“Por impossibilidade de completar as escalas médicas, o Centro Hospitalar do Baixo Vouga informa que estão previstos constrangimentos da urgência de Cirurgia Geral do Hospital de Aveiro”, anuncia.

Em causa está a adesão dos cirurgiões gerais ao movimento da recusa de realização de mais de 150 horas extraordinárias, que fez gorar os esforços para completar as escalas.

A urgência de Cirurgia Geral encerra das 08:00 de sexta-feira às 08:00 de sábado e volta a encerrar durante o período noturno de sábado, domingo e segunda-feira.

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Governo aprova linhas orientadoras do Plano Nacional de Literacia Mediática

  • Lusa
  • 2 Novembro 2023

O Plano Nacional de Literacia Mediática pretende "promover o combate à desinformação e à divulgação de conteúdos falsos, junto da população, com especial enfoque na população em idade escolar".

O Governo aprovou esta quinta-feira a resolução que define as linhas orientadoras do Plano Nacional de Literacia Mediática, o qual visa incentivar o combate à desinformação, com especial foco na população em idade escolar.

No comunicado divulgado após a reunião do Conselho de Ministros, é referido que “foi aprovada a resolução que define as linhas orientadoras do Plano Nacional de Literacia Mediática”.

Assim, “em cumprimento do programa do Governo, e em linha com os objetivos de desenvolvimento sustentável da Agenda 2030, este Plano visa contrariar o défice no acesso, consulta e leitura de conteúdos informativos de imprensa“, lê-se no documento.

Além disso, tem também como objetivo “promover o combate à desinformação e à divulgação de conteúdos falsos, junto da população, com especial enfoque na população em idade escolar“.

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Lloyds rejeita oferta de mil milhões de libras da família Barclay pelo The Telegraph

  • + M
  • 2 Novembro 2023

O banco quer vender através de leilão. Analistas não esperam que o preço de venda supere os 600 milhões de libras (cerca de 687 milhões de euros), tendo por base comparações de mercado.

O Lloyds Banking Group rejeitou uma oferta de mil milhões de libras (cerca de 1144 milhões de euros) da família Barclay, que pretendia recuperar a posse do The Daily Telegraph. O jornal britânico foi colocado à venda em junho pelo banco, a quem o jornal detido pela família Barclay deve cerca de 1,1 mil milhões de libras, refere o Financial Times.

O grupo bancário pretende que a família liquide a dívida com uma oferta financiada de forma transparente ou proceda a uma licitação num leilão, que deverá ser concluído no início do próximo ano, referem fontes relacionadas com o negócio, citadas pelo FT.

O Lloyds considera que a família Barclay ainda não apresentou provas suficientes de ter os fundos necessários, embora o envio de uma carta ao banco sugira que a oferta foi apoiada pelo First Abu Dhabi Bank, tendo uma fonte próxima da família afirmado que a carta do banco de Abu Dhabi sobre o financiamento deveria ser suficiente para confirmar a viabilidade da oferta.

Segundo fontes familiarizadas com o negócio, a família Barclay ainda vai tentar negociar um acordo para recomprar a dívida antes do final do mês, refere também o FT, acrescentando que o leilão está a decorrer dentro do planeado, prevendo-se que a primeira volta de licitações aconteça durante as próximas semanas e que a conclusão do processo suceda no primeiro trimestre de 2024.

Entre os outros licitadores está incluído um consórcio liderado por William Lewis e a National World. A News UK, de Rupert Murdoch, também demonstrou interesse. O Financial Times refere também que alguns dos licitadores tentaram abordar o Lloyds Banking Group sobre um possível acordo para a compra da dívida mas que foram informados de que o banco só quer proceder à venda através de leilão.

Os analistas não esperam que o preço de venda do The Telegraph supere os 600 milhões de libras (cerca de 687 milhões de euros), tendo por base comparações de mercado, diz o FT.

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Como saber se é beneficiário de um seguro de vida?

Quem pode ser escolhido como beneficiário de um seguro de vida? Como pode descobrir se é beneficiário do seguro? Supervisão dos seguros, seguradores e um advogado especializado explicam tudo.

Assinar um contrato de seguro de vida risco significa que, durante um período acordado com a seguradora, se o segurado falecer, ao beneficiário chegará o montante definido no acordo. No entanto, pode ser difícil o beneficiário saber que o é, pode haver discórdia sobre o valor a receber e existem casos em que a seguradora não é obrigada a pagar ao beneficiário.

Assim, a Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF), José Galamba de Oliveira, presidente da Associação Portuguesa de Seguradores, e Nuno Luís Sapateiro, sócio contratado da Abreu Advogados, explicam quando é que as seguradoras não são obrigadas a pagar, qual é o impacto da Norma Regulamentar N.º8/2023-R para as seguradoras e muito mais.

Há quem seja beneficiário de um seguro de vida risco e não saiba. Como descobrir?

A seguradora tem o dever de informar o beneficiário “da existência do contrato de seguro, da sua qualidade de beneficiário e do seu direito às importâncias devidas pelo contrato de seguro”, num prazo de 30 dias após ter conhecimento da morte do segurado. Após ter sido comprovada a respetiva qualidade de beneficiário “e a ocorrência do risco coberto pelo seguro, a empresas de seguros deve diligenciar de imediato todos os procedimentos necessários para o pagamento das importâncias devidas”, explica o regulador dos seguros (ASF)

Caso a seguradora não informe, o possível beneficiário deve começar por “efetuar um pedido de informação à ASF, pessoalmente, por via postal ou eletrónica, conforme previsto na Norma Regulamentar N.º10/2010-R”, explica Nuno Luís Sapateiro. Para solicitar a informação, necessita de preencher “o formulário para o efeito”, apresentar a certificação de óbito, original ou fotocópia autenticada e do documento de identificação do segurado, também este original ou fotocópia autenticada, explica o sócio contratado da Abreu Advogados.

Uma vez verificada a regularidade do pedido de informação, a ASF “emite, no prazo de 10 dias úteis após a data de receção do pedido, certificado do teor dos dados constantes do registo central”. Com este certificado ficará a saber se é ou não beneficiário da pessoa que identificou.

Se for beneficiário, no certificado irá encontrar “o código de identificação do contrato de seguro e a empresa de seguros em causa e os respetivos contratos”, explica Sapateiro. Recolhida esta informação, cabe aos interessados “solicitar às empresas de seguros indicadas a confirmação de tal informação e da sua qualidade de beneficiários”, explica a ASF.

Importa realçar que a ASF apenas “toma conhecimento do falecimento de um eventual segurado quando lhe é entregue uma certidão de óbito”. Por isso, “é aos interessados que cabe prestar essa informação e fazer prova do falecimento”, esclarece a autoridade.

Seguradora é sempre obrigada a pagar ao beneficiário?

Nem sempre. Nos casos em que o segurado presta “falsas declarações” ou “se o beneficiário for o autor, cúmplice, instigador ou encobridor de homicídio doloso da pessoa segura” pode levar ao não pagamento, explica José Galamba de Oliveira.

3ª Conferência Anual ECO Seguros - 20OUT22
José Galamba de Oliveira, presidente da Associação Portuguesa de Seguradores, defende que, se o setor segurador tivesse acesso aos serviços disponibilizados pela plataforma de Interoperabilidade na Administração Pública (iAP), seria mais fácil todo o processo de conhecimentos dos óbitos das pessoas seguros e agilizaria o contacto com os respetivos beneficiários.Hugo Amaral/ECO

Quem podem ser os beneficiários do seguro de vida?

O segurado pode escolher qualquer pessoa para ser seu beneficiário, esclarece a ASF. Por isso, caso os beneficiários não sejam os herdeiros legais, “a apólice do contrato de seguro deve conter os elementos que permitam identificar o beneficiário”, como “o nome completo, o domínio e os números de identificação civil e fiscal”, esclarece a ASF.

Importa realçar que pode ser nomeado mais do que um beneficiário e a percentagem a atribuir a cada um é também da escolha do segurado, esclarece Nuno Luís. Aliás, a designação beneficiária distingue-se do regime sucessório, “ao beneficiário não se aplicam as regras de direito sucessório, nem para a sua determinação, nem para o apuramento do valor da prestação a receber”, explica a ASF.

Importa salientar que, os seguros de vida podem ser determinados por testamento ou “se nada for dito no momento de contratação da apólice ou em declaração escrita posterior, aplicam-se as regras da sucessão legal” para determinação dos beneficiários, explica Nuno Luís Sapateiro.

Nuno Luís Sapateiro, sócio contratado da Abreu Advogados

Quanto tempo demora o beneficiário a receber o pagamento após ativar o seguro?

Vai depender do tempo que os beneficiários demoraram a entregar os documentos necessários, esclarece a ASF. Importa salientar que a ASF emitiu uma recomendação em 2009, “no sentido de o pagamento do valor de reembolso de produtos de capitalização, em caso de morte, não ultrapassar 20 dias úteis a contar da data da receção desses documentos”, acrescenta a ASF.

Caso ninguém solicite à seguradora, ela é obrigada a pagar?

Caso não seja “possível estabelecer contacto durante um ano seguido com o tomador de seguro e com o segurado ou com o subscritor, a seguradora tem de informar o beneficiário, no prazo de 30 dias após a última comunicação dirigida àqueles, desde que qualquer um tenha autorizado expressamente a prestação dessa informação”, esclarece o presidente da APS. O procedimento dá possibilidade à seguradora de tomar conhecimento da morte do segurado “caso seja essa a causa associada à impossibilidade de contacto”, acrescenta Nuno Sapateiro.

Perante a dificuldade das seguradoras a terem conhecimento do estado dos segurados, o presidente da APS refere o desejo do setor segurador em “utilizar os serviços disponibilizados pela plataforma de Interoperabilidade na Administração Pública (iAP)”, uma vez que tendo acesso à “notificação de óbito do Instituto dos Registos e do Notariado, facilitaria todo o processo de conhecimentos dos óbitos das pessoas seguros e agilizaria o contacto com os respetivos beneficiários”.

Não obstante, Nuno Sapateiro nota que a ausência de reclamação do beneficiário está mitigado “pelo facto de uma parte substancial das apólices de seguro de vida existentes no mercado estarem associadas a contratos de crédito em que as entidades bancárias figuram como beneficiárias, não sendo expectável que estas não exerçam os direitos daí decorrentes”.

Não concorda com o montante recebido, o que pode fazer?

O sócio contratado da Abreu Advogados explica que o montante será definido previamente pelo contrato de seguro, “não sendo o beneficiário uma parte ativa deste processo negocial”. No entanto, se discordar “de uma posição assumida pela seguradora, esteja insatisfeito com os serviços prestados pela mesma ou entenda estar perante um eventual incumprimento contratual, poderá sempre recorrer aos canais de reclamação que estão disponíveis para tomadores de seguros, segurados e terceiros lesados ou, em última instância, à via judicial”, esclarece.

O que muda para as seguradoras com a Norma Regulamentar N.º8/2023-R?

A última alteração à norma regulamentar N.º 14/2010 tem como objetivos: clarificar os requisitos de acesso pelos interessados à informação que se encontra no Registo Central de seguros de vida, de acidentes pessoais e operações de capitalização, gerido pela ASF, com beneficiários em caso de morte e esclarecer questões relacionadas com dados pessoais, esclareceu a Associação Portuguesa de Seguradores e a Nuno Luís Sapateiro, sócio contratado da Abreu Advogados

De acordo com José Galamba de Oliveira, a alteração pretende “garantir a correta identificação do requerente quando o acesso aos dados do titular é solicitado de forma não presencial, assim como permitir o recurso a novas tecnologias e a utilização de documentos eletrónicos”.

Consequentemente, exige-se “o reconhecimento da assinatura do titular do respetivo formulário ou o envio da cópia certificada do documento de identificação quando o direito de acesso é exercido por via postal, passando também a ser possível o exercício desse direito por correio eletrónico e a identificação do titular mediante a aposição de assinatura eletrónica qualificada”, clarifica o presidente da APS.

A Norma Regulamentar N.º8/2023 clarifica que as seguradoras devem registar todas as informações relevantes nos casos em que “o contrato de seguro de vida ou de acidentes pessoais com beneficiários em caso de morte do segurado seja comercializado em conjunto com outros contratos de seguro”, confirma Nuno Luís Sapateiro em conformidade com os esclarecimentos prestados pela APS.

“Estipula-se ainda que a ASF poderá ser o interlocutor privilegiado dos titulares de dados constantes do Registo Central seja para efeitos de acesso a esses dados, bem como para o exercício dos direitos de apagamento, limitação do tratamento e retificação dos dados pessoais”, esclarece o advogado. Uma vez exercidos os direitos, a ASF comunicará à seguradora que recolheu os dados, que deverá “atualizar a informação no registo até ao segundo dia útil subsequente a essa comunicação”, lê-se na norma.

Importa realçar que “o prazo mínimo de manutenção da informação no registo central corresponde ao prazo legal de prescrição das prestações devidas por contrato de seguro e, por último, atualizou-se a norma no que se refere ao tratamento de dados pessoais, adaptando-a ao Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados (RGPD)”, esclarece Galamba de Oliveira.

A ASF alerta que as alterações introduzidas pela Norma Regulamentar n.8/2023-R “serão apenas aplicáveis aos pedidos de acesso à informação apresentados após a sua entrada em vigor”.

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Infarmed revoga autorização a colombianos para produzir canábis em Portugal

Revogada autorização à Clever Leaves para o cultivo, fabrico, importação e exportação de canábis para fins medicinais. Multinacional encerrou todas as operações em Portugal.

O Infarmed – Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde revogou as autorizações que tinham sido concedidas à Clever Leaves Portugal para o cultivo, fabrico, importação e exportação a partir da planta canábis para fins medicinais”. O aviso, assinado pela diretora de Inspeção e Licenciamentos, Fernanda Ralha, foi publicado em Diário da República esta quinta-feira.

Depois de ter entrado em 2019 em Portugal, onde instalou o primeiro centro de produção de canábis medicinal na Europa, a colombiana Clever Leaves anunciou no início deste ano o encerramento de todas as operações em Portugal, como parte de um plano de restruturação, e o despedimento dos 63 trabalhadores.

A decisão surgiu cerca de um ano depois de ter enviado a primeira remessa de flor seca para os Estados Unidos. Em janeiro, a empresa referiu que estava a “reduzir a produção agrícola em Portugal” e que, a partir do segundo trimestre, cultivaria “exclusivamente as suas variedades de flores nas estufas colombianas”, cessando o cultivo, os processos pós-colheita e o fabrico no país.

A Clever Leaves detinha uma propriedade com 84 hectares em São Teotónio (Odemira), com 10 mil metros quadrados de cultivo em estufa. Além disso, em 2021 tinha aberto uma unidade de transformação no BlueBiz – Parque Empresarial da Península de Setúbal. Com o encerramento em Portugal, estimou um corte de custos na ordem dos sete milhões de euros em 2023.

Citado em comunicado, Andres Fajardo, CEO da Clever Leaves, disse na altura que, embora a decisão de deixar Portugal tenha sido “extremamente difícil”, era para “o melhor interesse da empresa”. Frisando que “os baixos custos de mão-de-obra” e o “clima agrícola ideal” na Colômbia eram uma “vantagem competitiva extremamente importante” para a multinacional.

A saída da operação de Portugal custou à empresa entre 19 e 21 milhões de dólares, calculou o grupo colombiano. A despesa incluiu o pagamento de indemnizações e remunerações a funcionários, gastos com a retirada e abandono de equipamento e com a saída das propriedades antes do tempo previsto, e ainda com inventários que não seriam vendidos.

Segundo dados do Infarmed, até ao final do primeiro semestre deste ano estavam emitidas 76 autorizações finais para quatro tipos de negócio de canábis: cultivo, importação/exportação, fabrico e distribuição por grosso. Em 2022, as exportações portuguesas aumentaram 63% em termos homólogos, para um total de cerca de dez toneladas. Alemanha, Polónia e Austrália foram os maiores compradores, destronando Israel, que liderava no ano anterior.

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Banca privada duplica lucros com BCE, rentabilidade dispara

Já foram renegociados 80 mil empréstimos da casa. Subida dos juros catapulta banca privada para lucros de 2,3 mil milhões nos primeiros nove meses do ano.

Um antigo banqueiro apelidou os atuais resultados dos bancos como “lucros de porta aberta”, pois um banco pouco mais precisa do que ter o balcão aberto para ganhar dinheiro por conta das elevadas taxas de juro. Até setembro, as quatro principais instituições privadas em Portugal registaram lucros de 2,3 mil milhões de euros, ao ritmo de 8,5 milhões por dia, com uma rentabilidade superior 16% dos capitais investidos. Mas já estão a avisar que o pico dos resultados pode estar aí ao virar da esquina.

Não é muito difícil de explicar a razão pela qual BCP, Santander Totta, BPI e Novobanco, no seu conjunto, praticamente duplicaram os lucros nos primeiros nove meses do ano em comparação com o mesmo período do ano passado: com a subida das taxas de juro do Banco Central Europeu (BCE), os bancos estão a cobrar mais pelos empréstimos às famílias e empresas, enquanto pouco pagam pelos depósitos.

Essa é a chamada margem financeira dos bancos, que corresponde em grande medida à diferença entre os juros cobrados nos créditos e os juros pagos aos depositantes. Os quatro grandes bancos privados em Portugal – a Caixa só apresenta as contas na próxima semana, mas também se esperam resultados históricos do banco público – viram a margem de juros disparar 62,5% para 4,7 mil milhões de euros entre janeiro e setembro, ainda que a carteira de crédito tenha permanecido na casa dos 140 mil milhões de euros.

De resto, como apontou recentemente a DBRS, Portugal é dos países onde os bancos mais ganham com a margem financeira.

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Rally da margem com fim à vista

Mas este rally pode estar prestes a terminar como já avisaram os presidentes dos principais bancos, à medida que a guerra de spreads no crédito e a luta pelos depósitos vão pressionando cada vez mais a margem. “É difícil estimar o momento de pico da margem financeira, mas não deveremos estar muito longe do seu pico”, adiantou o Santander Totta ao ECO. “Contamos que a estabilização [da margem] aconteça neste trimestre ou no próximo. Em 2024 irá reduzir”, referiu o presidente do BPI apontando para o aumento do clima concorrencial na banca portuguesa.

Em todo o caso, o desempenho da margem compensou largamente a ligeira descida nas comissões, cujas receitas ascenderam a 1,36 mil milhões de euros (-0,6% em termos homólogos), e ainda o aumento dos custos operacionais para quase dois mil milhões de euros (+8,7%).

Por outro lado, também permitiu que os bancos se libertassem definitivamente de um dos seus calcanhares de Aquiles nos últimos anos: a rentabilidade dos capitais próprios (ROE). Para o Santander Totta e Novobanco, o ROE superou mesmo os 20%, o dobro do que a indústria tem como referência para cobrir o custo do capital. Já o BCP deu um salto de rentabilidade, passando de uns reduzidos 2,3% de ROE em setembro de 2022 para 16,7% em setembro de 2023.

Fuga para os certificados e amortizações tiram 5% aos depósitos

Nem tudo correu bem aos bancos. Em parte, foram eles os próprios responsáveis por isso, como na perda de depósitos: o stock de depósitos dos quatro maiores bancos privados caiu quase 5% para 142,4 mil milhões de euros face a setembro de 2022.

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Uma das razões teve a ver com a fuga para os Certificados de Aforro na primeira metade do ano: muitas famílias tiraram as suas poupanças pouco rentáveis do banco para apostar neste produto do Estado. Entretanto, a situação inverteu-se a partir de junho: os bancos passaram a pagar mais pelos depósitos e os certificados menos depois da polémica decisão do Governo de cortar a taxa de juro de 3,5% para 2,5%.

A outra razão teve a ver com os reembolsos antecipados: para contrariar o impacto da subida das taxas de juro, as famílias usaram as poupanças para abaterem o crédito mais rapidamente e assim atenuarem a subida da prestação mensal.

O Santander foi o banco que teve a queda mais pronunciada, perdendo quase 10% dos depósitos para 35,5 mil milhões de euros. BCP e Novobanco conseguiram gerir a fuga de poupanças e viram os depósitos caírem apenas 1,7% para 50,4 mil milhões e 28,1 mil milhões, respetivamente.

Quase 80 mil empréstimos da casa renegociados

Enquanto o crédito malparado continuou a cair no último trimestre, os bancos realizaram quase 80 mil reestruturações de empréstimos à habitação de famílias em situações de maior vulnerabilidade financeira.

No Santander, houve lugar a 36 mil renegociações, segundo indicou a instituição ao ECO. No BCP, realizaram-se cerca de 20 mil reestruturações desde o início da subida dos juros, e o Novobanco adiantou ao ECO que “já foram renegociados cerca de 17.700 contratos, principalmente com reduções de spread/taxa de juro com reflexo na respetiva prestação”. O BPI só deu números relativos às renegociações ao abrigo do decreto-lei do governo: 3.400 contratos renegociados.

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Governo promete abrir 72 lojas e espaços cidadão em 2024

O secretário de Estado da Digitalização e da Modernização Administrativa anunciou a abertura de mais 72 balcões face aos atuais 948. Em 2025, deverão existir 1.327 locais de atendimento.

O Governo vai abrir mais 72 lojas e espaços cidadão no próximo ano, totalizando 1.020 balcões em todo o país, quando atualmente existem 948, anunciou esta quinta-feira o secretário de Estado da Digitalização e da Modernização Administrativa, Mário Campolargo, durante uma audição parlamentar no âmbito do debate na especialidade do Orçamento do Estado (OE) para 2024.

Neste momento, temos uma rede de 948 lojas e espaços cidadão que passarão a 1.020 em 2024 e a 1.327 no ano seguinte”, afirmou o governante, indicando que tem “um sonho de que todas as juntas de freguesia possam ter um espaço cidadão, de existir um espaço junto das populações mais remotas”. “É um desígnio com o qual estamos a trabalhar”, acrescentou.

O secretário de Estado indicou ainda que o Governo irá criar “uma lei de atendimento público, digitalmente inclusiva, para fortalecer os serviços da Administração Pública”.

A proposta do OE para 2024 indica que os municípios que sejam entidades gestoras de lojas de cidadão terão direito até seis milhões de euros por ano, a título de reembolso das despesas suportadas.

Os pedidos de instalação de lojas de cidadão junto da Estamo, empresa pública que gere o património imobiliário do Estado, devem ser feitos pela Agência para a Modernização Administrativa (AMA) “em representação das entidades envolvidas, acompanhada da
respetiva avaliação e identificando a componente do preço que corresponde à utilização
do espaço, quando aplicável”, de acordo com o diploma.

Entidades gestoras, como as autarquias, que disponibilizem gratuitamente o espaço para a instalação de lojas de cidadão estão dispensadas do parecer da Estamo.

(Notícia atualizada às 15h37)

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Metade dos jovens desempregados não está inscrita nos centros de emprego

Observatório do Emprego Jovem recomenda, num estudo feito para o IEFP, que se lancem campanhas que incentivem os jovens a registarem-se no IEFP. Hoje metade dos jovens desempregados não está inscrita.

Cerca de metade dos jovens desempregados não está inscrita nos serviços públicos de emprego. Tal significa que, ainda que não tenham um posto de trabalho, esses indivíduos não estão a receber subsídios. A conclusão consta de um estudo feito pelo Observatório do Emprego Jovem para o Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP), que adianta a principal causa de desemprego entre os trabalhadores com idades mais tenras é o fim dos contratos a termo certo.

“Existe uma elevada percentagem de jovens desempregados que não está inscrita no serviço público de emprego. Em 2022, cerca de metade dos jovens desempregados não estava inscrita, correspondente a 50,5% dos jovens à procura de primeiro emprego e 50,7% dos que procuram novo emprego“, lê-se no estudo, que será apresentado esta quinta-feira.

Essa análise pretende caracterizar o jovem desempregado português, considerando que “as características educacionais são muito importantes” para descrever estes jovens com 15 a 29 anos, que estão à procura do primeiro emprego ou à procura de um novo emprego.

Assim, o estudo começa logo por destacar que, entre os jovens desempregados, “existe uma percentagem elevada de menos escolarizados“. Em detalhe, cerca de três em cada dez tinham concluído no máximo o terceiro ciclo do ensino básico, ou seja, o 9.º ano.

Por outro lado, cerca de metade dos jovens desempregados tem o secundário concluído (47%), “com maior presença da via profissionalizante (28,5%)”. Já 13,9% do total de jovens desempregados completou o ensino secundário nas vias gerais.

Quanto aos desempregados com formação superior (licenciatura), há algumas áreas que se destacam pela maior incidência de desemprego, aponta o estudo feito para o IEFP. São elas as artes e humanidades, as ciências sociais, informação e jornalismo, e as ciências empresariais e direito.

“Na formação relativa a mestrados ou doutoramentos, surgem também as áreas da educação, ciências naturais, matemática, engenharias e saúde e proteção social”, salienta o Observatório do Emprego Jovem, que é uma unidade de investigação do ISCTE.

Pior, as habilitações académicas têm um impacto direto na experiência de desemprego desses jovens. Os menos qualificados são os que procuram emprego durante mais tempo. E a diferença de tempo de procura entre os menos e os mais qualificados “tem vindo a aumentar”, denuncia o estudo.

Perante este retrato, o Observatório do Emprego Jovem faz uma série de recomendações. Aconselha, por exemplo, a criação de oportunidades de formação em contexto de trabalho para os menos qualificados, mas também a melhorar a atratividade dos cursos profissionais. Recomenda ainda a aposta em programas de reskilling, que permitam aos jovens mudar de área profissional.

E para responder à grande fatia de desempregados que não estão inscritos no IEFP, os investigadores do ISCTE sublinham que é preciso desenvolver campanhas que incentivem os jovens a fazer esse registo. “A prioridade devem ser os jovens à procura do primeiro emprego”, frisam os especialistas, que defendem ainda que as políticas de emprego devem privilegiar cada vez mais as relações de trabalho estáveis. Isto de modo a desincentivar a precariedade que tantos jovens atira hoje para o desemprego.

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