X Encontro Anual APEG 2023: O gás como pilar na transição energética

  • ECO
  • 11 Julho 2023

O décimo encontro anual da APEG reuniu vários especialistas do setor de energia e indústria para debaterem os desafios e as oportunidades que a transição energética traz aos produtores e consumidores.

A Associação Portuguesa de Empresas de Gás (APEG) organizou, na Fundação Centro Cultural de Belém, o X Encontro Anual APEG 2023, que decorreu durante a manhã do dia 29 de junho. Nesta edição, os debates centraram-se nos desafios atuais e futuros, assim como nas oportunidades, que os gases renováveis, como o hidrogénio e o biometano, representam para o futuro do setor gasista, na ótica da descarbonização da economia.

Na abertura do evento, Jorge Lúcio, presidente da APEG, começou por enaltecer o trabalho feito no último ano em relação à gestão do gás na Europa, fruto da guerra entre a Rússia e a Ucrânia.

"Devido à agressão à Ucrânia, houve uma inflação de preços e uma dificuldade de fornecimento de gás. O gás foi utilizado como arma política e toda a Europa se viu confrontada com uma situação inimaginável em termos de segurança de fornecimento. Por isso, a UE e Portugal decidiram de uma forma solidária fazer um esforço que tornou possível ultrapassar o inverno. Hoje olhamos para o futuro de forma menos preocupada, mas temos de pensar o que aprendemos para evitar que situações semelhantes tornem a acontecer.”

Jorge Lúcio, presidente da APEG

Nesse sentido, o presidente da APEG destacou a necessidade de se avançar para a descarbonização da sociedade, “mas de forma controlada”. “O sistema de gás natural também está suportado por uma rede de infraestruturas em excelente estado e era interessante reaproveitar estas infraestruturas para outro tipo de gás, como o hidrogénio ou o biometano“, acrescentou.

Desafios regulatórios

No entanto, a introdução de hidrogénio na rede está dependente de vários processos regulatórios, que se tornam um desafio para a transição. “Isto é mais que uma transformação, isto é uma metamorfose energética. O modelo que teremos em 2050 não terá nada a ver com o que temos hoje e isso levanta questões como: A liberalização da concorrência será colocada nessa altura? Existirá mercado interno europeu? Como mudamos o modelo, como é que os consumidores são envolvidos?”, questionou Pedro Verdelho, presidente da ERSE. E como tudo isto se torna real? De acordo com o responsável da ERSE, do lado da procura, é necessário adaptar toda a tecnologia que vai substituir os combustíveis fósseis.

"Estas tecnologias também são motivadas por razões económicas porque elas são mais baratas. O acesso a capital é mais acessível, as taxas de financiamento são mais baratas em tecnologias renováveis.”

Pedro Verdelho, presidente da ERSE

Os passos para essa transição energética, segundo Pedro Verdelho, são a integração de sistemas energéticos e a economia circular de energia (como o Green Deal e H2 e Gás renovável; integração de sistemas; novos atores de tecnologias e negócio; sociedade neutra em carbono; e eficiência energética), a integração de proximidade e a economia circular local da energia (através do Pacote de Energia Limpa; do empoderamento dos consumidores; do auto consumo; das comunidades de energia; e do peer-to-peer), e do aprofundamento da integração de mercados e a economia global de energia (através dos 1º, 2º, 3º pacotes legislativos da UE; da liberalização; do unbundling; do mercado interno de energia; de novas entidades europeias e códigos de rede).

Os objetivos são, de acordo com o presidente da ERSE, “facilitar a integração de gases renováveis em redes existentes; fomentar o desenvolvimento de infraestruturas e mercado de hidrogénio; promover o planeamento integrado de eletricidade, gás e hidrogénio; melhorar a resiliência e a segurança de abastecimento, estendendo-as também aos gases renováveis; promover o envolvimento dos consumidores e alargar ao gás os direitos previstos na Diretiva de Eletricidade”.

Geopolítica e Energia

Por sua vez, Felipe Pathé Duarte, investigador e professor na Nova School of Law, apresentou o impacto que esta transição energética pode trazer ao sistema geopolítico: “Quando falamos de geopolítica, falamos de geografia e uma das formas de ter poder sobre as geografias é aproveitá-las para poder controlar recursos para favorecer a sua soberania“. O professor garantiu mesmo que “a geopolítica está indissociada da energia“, mas explico que nos últimos 10/15 anos há duas tendências que têm transformado a relação das duas, nomeadamente as alterações climáticas e a digitalização. “Com o game changer da invasão russa, estas duas tendências foram resfriadas”, acrescentou.

Felipe Pathé Duarte destacou, por isso, dois vetores que considera que terão um impacto nesta relação. O primeiro está relacionado com a alteração do comércio energético que, na sua opinião, vai estar cada vez mais regionalizado, e o segundo tem a ver com uma consequente alteração das tensões conflituais normais.

"A mudança mais profunda pode ocorrer numa regionalização da energia. Pode haver uma nova tendência que leve a que países com potencial abundante de produção de energia renovável possam tornar-se exportadores através de redes regionais de energia. Isto vai promover o aumento da interdependência energética. Por outro lado, isso pode dar origem a uma competição por recursos sustentáveis, o que pode ser igualmente um fator de instabilidade.”

Felipe Pathé Duarte, investigador e professor na Nova School of Law

Preços e competitividade

Depois das duas primeiras intervenções sobre os desafios regulatórios e geopolítica e energia, seguiu-se um painel de debate com o tema “Preços e Competitividade”, moderado por Rosália Amorim, diretora do Diário de Notícias. O debate, antecedido por uma breve apresentação do keynote speaker Eduardo Teixeira, diretor de mercados e concorrência da ERSE, contou com a presença deste responsável, mas também de Vítor Machado, responsável pelas áreas de produtos e serviços da DECO; José Costa Pereira, administrador da VEOLIA; e Vera Vicente, Head of Interprise Iberia da Galp.

“Quando nos perguntam se a crise já passou, temos que questionar: Qual crise? Temos que nos lembrar que nós também temos uma crise climática. E esta é o pano de fundo que nos faz mover para este processo transformacional e para esta transição energética. E esta é uma crise mais presente. Depois temos crises conjunturais, como a pandemia ou a guerra na Ucrânia, que são aquelas que não se podem prever. Ainda assim, eu acho que um elemento de esperança é o facto de que alguns fatores mostram que temos aprendido alguma coisa no caminho e há um grau de reorganização”, começou por dizer Eduardo Teixeira.

Quando questionada se o pior, em termos de preço, já tinha passado, Vera Vicente, Head of Interprise Iberia da Galp, explicou que, atualmente, os preços estão relativamente estáveis. “Temos os stocks europeus com um armazenamento de 76%, o que significa que estamos com um avanço de dois meses face ao que se verificou no ano passado. Por isso, eu diria que, no Verão, não havendo nenhuma alteração de circunstância inesperada, podemos esperar um nível de estabilização de preços nestes níveis que temos atualmente, o que não significa que isto seja um garante para os preços de inverno”, disse.

Já Vítor Machado realçou a oportunidade que foi dada aos consumidores para regressarem às tarifas reguladas para o gás que, no entanto, na sua perspetiva, não foi bem aproveitada: “A medida foi transitória, por 12 meses. Em setembro será reavaliada, mas ficou aquém das expectativas. Os últimos números apontam para cerca de 150 mil clientes, o que é pouco para aquilo que era expectável”.

Por sua vez, José Costa Pereira, administrador da VEOLIA, garantiu que não é possível não introduzir gases de origem renovável. “Para isso não acontecer, temos de conseguir ter a possibilidade de conseguir introduzir gás renovável num sistema circular dentro do processo industrial. Isto já está a acontecer nas cervejeiras e nas cidades. A má notícia é que parte disto não vai passar pelas redes de gás, vai ser consumido diretamente pela empresa que produz o resíduo”, explicou.

O papel do hidrogénio e do biometano na regeneração do futuro

Sérgio Goulart Machado, Head of Hydrogen na Galp, aprofundou o tema do hidrogénio e enalteceu que a Galp vê esta opção como um substituto de combustíveis fósseis tradicionais, que pode ser aplicado na mobilidade, “sempre e só quando não se conseguir uma melhor solução, ou seja quando a eletrificação não for a melhor solução”, na produção de calor, “sobretudo para processos industriais, em que são necessárias fontes calor de altas temperaturas que dificilmente se conseguem eletrificar”.

Nesse sentido, o responsável da Galp apresentou os vários projetos em que a empresa já está a apostar, com vista à descarbonização. A grande aposta tem sido a descarbonização da central de Sines, uma vez que esta é o maior emissor, enquanto unidade, de CO2 em Portugal. “Temos um projeto-piloto, de 2MW, no coração da refinaria de Sines. O objetivo é injetar este hidrogénio verde e utilizá-lo nas unidades onde hoje utilizamos hidrogénio. Temos, também, um projeto de 100MW, mais a longo prazo, também na refinaria de Sines, que visa substituir o hidrogénio cinzento pelo hidrogénio verde. Depois há, ainda, outro projeto de 100MW, desenvolvido num consórcio com mais cinco empresas e co-liderado com a EDP, nos terrenos da antiga central de carvão em Sines“.

Além do hidrogénio verde, há outras opções que podem ser usadas sem tantos desafios regulatórios, como é o caso do biometano, que substitui diretamente o gás natural. Paulo Preto dos Santos, diretor executivo da Dourogás Renovável, trouxe para a discussão os vários projetos que a empresa tem desenvolvido para a utilização de biometano em substituição de combustíveis fósseis.

“O primeiro projeto-piloto, iniciado em 2017 pela Dourogás, trata-se de um biogás de aterro. Aquilo que a Dourogás fez foi instalar uma purificação desse biometano e esse biometano está hoje a ser injetado na rede local. O segundo projeto, iniciado em 2022, faz a conversão de lamas de ETAR em biometano, na estação de tratamento de águas residuais de Loures”, disse.

De acordo com o responsável da Dourogás Renovável, esta é “uma energia renovável, armazenável, eco sustentável e economicamente viável“. Atualmente, a Dourogás tem em desenvolvimento mais nove projetos de desenvolvimento de biometano e Paulo Preto dos Santos apresentou os desafios e as oportunidades que têm observado neste percurso: “Os desafios estão relacionados com a complexidade do licenciamento, com a utilização de biogás para produção de eletricidade, com o pouco investimento e conhecimento no aproveitamento dos resíduos, sobretudo no setor agrícola; com a falta de cobertura de rede de distribuição de gás; e com os custos de produção. Já as oportunidades passam por um enquadramento legal cada vez mais favorável para a produção de gases renováveis; pela utilização de recursos endógenos para a produção de energia; pela segurança de abastecimento e independência energética; pela descarbonização e alargamento das redes de gás e pela descarbonização da mobilidade”.

Infraestruturas para gases renováveis

O último painel de debate do evento, moderado por António Costa, diretor do ECO, teve como tema “Infraestruturas para gases renováveis” e, à semelhança do que aconteceu no primeiro, também foi antecedido por um keynote speaker, nomeadamente Pedro Palencia, diretor de Relações Institucionais da Sedigas.

Além do keynote speaker, esta mesa-redonda também contou com a presença de Pedro Furtado, diretor de Regulação e Estatística da REN; Paulo Martins, da Divisão do Estudo de Investigação e Renováveis da Direção Geral de Energia e Geologia; e António Dias, diretor- geral do Centro Tecnológico da Cerâmica e do Vidro.

“O sistema só fará sentido se conseguirmos facilitar a competitividade e se houver uma digitalização do mesmo. A futura rede de hidrogénio será uma evolução da rede de gás”, começou por dizer Pedro Palencia.

A complementar a ideia do keynote speaker, Pedro Furtado também ressalvou a importância das redes enquanto pontes para o mercado, de forma a permitirem a livre escolha de produtores e consumidores. E, no mesmo âmbito, o responsável da REN também mencionou o papel da regulação: “A regulação tem um papel particular na regulação económica. Há a regulação técnica e há um quadro legal: no quadro legal, o governo português já teve a antecipação de colocar em lei a utilização do blending como solução de transição para o sistema nacional. Mas há todo um caminho para que se passe da produção e consumo locais e para perceber como será o acesso dos consumidores ao mercado e como o hidrogénio e gases renováveis entram na equação”.

“Neste momento temos muitas intenções de projetos, mas temos muito poucos projetos no terreno. A nossa estratégia nacional para o hidrogénio vai duplicar ou triplicar a nossa ambição em termos de capacidade, em função das intenções de investimento já conhecidas”, disse, por sua vez, Paulo Martins, da Divisão do Estudo de Investigação e Renováveis da Direção Geral de Energia e Geologia.

Do lado da indústria, António Dias, diretor-geral do Centro Tecnológico da Cerâmica e do Vidro, revelou que, por serem consumidores intensivos de energia, “há uma pressão muito grande para a descarbonização sobre indústria da cerâmica e do vidro“. E, na sua opinião, o caminho para conseguirem descarbonizar este setor passa pela eficiência energética e pela substituição dos combustíveis, no entanto, o responsável também ressalvou que uma substituição na medida que está a ser pensada poderá não ser suficiente.

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Mineiro Aires afirma que pressão sobre comissão do novo aeroporto “vai aumentar”

Carlos Mineiro Aires, presidente da comissão de acompanhamento da Avaliação Ambiental Estratégica do novo aeroporto, garantiu que a coordenadora foi escolhida de forma independente do Governo.

O presidente da comissão de acompanhamento da Avaliação Ambiental Estratégica (AAE) do novo aeroporto, Carlos Mineiro Aires, antecipa que a pressão sobre a Comissão Técnica Independente vai aumentar nos próximos meses. Garante também que a coordenadora, Rosário Partidário, “não foi escolha de nenhum ministro”.

Até ao período de finalização dos estudos a pressão vai aumentar”, afirmou Carlos Mineiros Alves no arranque da II Conferência sobre a AAE para o reforço da capacidade aeroportuária na região de Lisboa. “A pressão já existe”, acrescentou o presidente da comissão de acompanhamento.

No mês passado o ministro das Infraestruturas, João Galamba, pareceu descartar a opção Santarém, dizendo que ficava demasiado longe. O que suscitou protestos por parte dos promotores do projeto aeroportuário para aquela cidade, uma das opções que será estudada pela Comissão Técnica Independente (CTI).

O antigo bastonário da Ordem dos Engenheiros, Carlos Mineiro Aires, quis também deixar claro que a escolha de Rosário Partidário para liderar a CTI não teve intervenção do Governo, mas apenas das pessoas previstas na resolução de conselho de ministros: o presidente do Conselho Superior de Obras Públicas (CSOP), do Conselho Nacional do Ambiente e do Desenvolvimento Sustentável (CNADS) e do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP).

A coordenadora não foi escolha de nenhum ministro, foi escolha das três pessoas que referi“, garantiu o também presidente do Conselho Superior de Obras Públicas. “As mentiras é que não são aceitáveis. Estive na génese deste assunto com o primeiro-ministro no gabinete dele. Não posso aceitar que ponham em causa a idoneidade” das personalidades que escolheram Rosário Partidário.

Até ao fim o processo vai ser pautado por independência e transparência total“, assegurou Mineiro Alves, que antes já tinha elogiado e agradecido o trabalho que está a ser feito pela CTI.

O presidente da comissão de acompanhamento apontou ainda às críticas sobre a ausência dos custos nos critérios iniciais para a seleção das opções para o novo aeroporto. “Achar que se iriam esquecer de perguntar quanto é que custa é passar um atestado de menoridade às pessoas”, afirmou.

A CTI divulgou este fim de semana os fatores críticos de decisão para avaliar a melhor solução para o novo aeroporto, que vão estar em consulta pública até 4 de agosto. As opções em cima da mesa para o reforço da capacidade aeroportuária da região de Lisboa são: Portela + Montijo, Montijo + Portela, Campo de Tiro de Alcochete, Portela + Campo de Tiro de Alcochete, Santarém, Portela + Santarém, Vendas Novas, Portela + Vendas Novas e Rio Frio + Poceirão.

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Parlamento Europeu quer duplicar produção de semicondutores. Há 3,3 mil milhões para investir

Um novo regulamento, aprovado no Parlamento Europeu, prevê uma aposta reforçada da União Europeia nos semicondutores.

O Parlamento Europeu aprovou, esta terça-feira, o Regulamento para os Circuitos Integrados na União Europeia, um regulamento que pretende impulsionar esta indústria a nível europeu e que assegura 3,3 mil milhões de euros para investigação e inovação relacionadas com circuitos integrados.

Um circuito integrado é um conjunto de circuitos eletrónicos instalados numa pequena peça plana de material semicondutor. Pode captar, armazenar, processar e ter efeitos sobre os dados, e estão presentes em aparelhos do quotidiano como telemóveis, computadores, frigoríficos, máquinas de lavar a roupa ou luzes LED, mas também em equipamento médico, automóveis e aeronaves.

Para ilustrar, a Comissão Europeia indica que um telemóvel inteligente contém cerca de 160 circuitos integrados e um automóvel elétrico híbrido contém até 3 500 circuitos integrados. Além disso, integram infraestruturas fundamentais na área da energia, dados e comunicação.

O objetivo do Regulamento para os Circuitos Integrados na União Europeia é aumentar a capacidade de produção e semicondutores da UE de menos de 10% para 20%. Desta forma, procura-se criar capacidade em larga escala nos países do bloco, garantir que a UE tem abastecimento próprio a níveis muito superiores e que a União Europeia consegue reagir rapidamente em situações de crise de abastecimento.

Nesta proposta, os eurodeputados garantiram 3,3 mil milhões de euros para a investigação e inovação relacionadas com circuitos integrados, bem como a criação de uma rede de centros de competências.

Em paralelo, os eurodeputados defenderam um mecanismo de resposta a crises, assim como medidas de emergência que incluem priorizar o fornecimento de produtos afetados pela escassez e a realização de compras comuns para os Estados-Membros.

A legislação foi adotada com 587 votos a favor, 10 votos contra e 38 abstenções. Terá agora de ser aprovada pelo Conselho de Ministros para se tornar lei.

Mas porquê investir nestes circuitos?

No último ano, a Europa assistiu a perturbações no aprovisionamento de circuitos integrados, o que conduziu a uma escassez em vários setores económicos e teve consequências potencialmente graves para a sociedade, lê-se na proposta. Muitos setores europeus, incluindo a indústria automóvel, a energia, as comunicações e a saúde, bem como setores estratégicos como a defesa, a segurança e o espacial, encontram-se ameaçados por estas perturbações no aprovisionamento.

Prevê-se que a procura de circuitos integrados duplique entre 2022 e 2030, e estima-se que a indústria dos semicondutores tenha um valor de aproximadamente um bilião de dólares em 2030.

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5 perguntas e respostas sobre a OPA de mil milhões da EDP no Brasil

EDP tenta hoje ficar com 100% do negócio no Brasil. Mas quanto é que vale a operação brasileira? Qual o objetivo da OPA? E quanto é que a empresa portuguesa oferece?

Hoje é o Dia D na Oferta Pública de Aquisição (OPA) de mil milhões de euros que a EDP lançou sobre a EDP Brasil. Mas o que representa esta operação? Qual é o objetivo? Um guia com 5 perguntas e respostas por detrás de mais um negócio milionário da elétrica liderada por Stilwell d’Andrade.

O que é hoje a EDP Brasil?

A EDP Brasil é uma das maiores companhias elétricas privadas a operar no Brasil. Foi fundada em 2000 e, cinco anos depois, estreou-se na bolsa de São Paulo, no Novo Mercado da BM&F Bovespa (designada por B3).

Atualmente, a EDP detém 56% das ações da EDP Brasil, enquanto 41,3% estão dispersas na bolsa (free float) e 2,6% estão em tesouraria.

A elétrica liderada por João Marques da Cruz está presente em 15 Estados brasileiros. Opera no mercado da distribuição e transmissão e ainda na produção hídrica, térmica e solar. Tem uma capacidade instalada de 2,7 GW (menos de 10% do total do grupo).

Fechou 2022 com um EBITDA (resultado antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) de 5,3 mil milhões de reais, quase mil milhões de euros, representando mais de 20% do EBITDA gerado pelo grupo no ano passado.

Por que é que a EDP quer 100% do negócio no Brasil?

A EDP quer tirar a EDP Brasil da bolsa e justifica a OPA com o objetivo da “simplificação da estrutura corporativa e organizacional” do grupo, o que permitirá “maior flexibilidade na gestão financeira e operacional das suas operações no Brasil, e alinhado com a sua estratégia de foco em energias renováveis e redes de eletricidade”, segundo explicou no anúncio da oferta.

Qual é estratégia para o Brasil? Reduzir a contribuição do negócio para 14% em 2026 face ao peso de mais 20% do ano passado. A EDP pretende um reposicionamento da sua carteira de negócios, com a redução da exposição às hidroelétricas e a saída da produção térmica e concentrando-se mais no solar e nas eólica e no crescimento das redes reguladas.

Quanto é que oferece?

A EDP quer comprar os 41,45% de capital da EDP Brasil que não detém, isto é, mais de 240 milhões de ações que estão dispersas na bolsa.

Para convencer os investidores oferece uma contrapartida de 23,73 reais por ação (cerca de 4,4 euros por ação), com um prémio de 22,3% em relação à sessão de fecho anterior ao anúncio da OPA a 1 de março.

Entretanto, as ações da EDP Brasil encerraram esta segunda-feira nos 23,66 reais, o último dia em que os acionistas poderiam habilitar-se para participar no leilão. Conferindo aos investidores um prémio de apenas 0,29%.

Se for bem-sucedida na operação e adquirir os 41,45% da companhia brasileira, a EDP desembolsará 5,7 mil milhões de reais, o que dá cerca de mil milhões de euros.

Contas feitas, esta OPA tem subjacente uma avaliação da EDP Brasil na ordem dos 2,4 mil milhões de euros.

Quando termina a OPA?

Na verdade, o leilão realiza-se esta terça-feira. Mas só poderão participar na operação os acionistas da EDP Brasil que se habilitaram. A habilitação para o leilão decorreu entre 31 de maio e esta segunda-feira, dia 10 de julho, período durante o qual o investidor teve de se credenciar junto de uma sociedade corretora autorizada para operar na bolsa.

A contrapartida é de 23,73 reais por ação, mas a EDP, no decurso do leilão, poderá aumentar a oferta, sendo que o novo preço se estenderá automaticamente a todos os acionistas habilitados.

A liquidação da OPA tem lugar na sexta-feira, dia 14.

O que acontece a seguir?

Há duas metas (Quórum de aprovação) que a EDP terá de atingir para conseguir a Saída do Novo Mercado e a Conversão de Registo:

  • Em relação à Saída do Novo Mercado, a EDP precisa de adquirir, pelo menos, 1/3 das ações em circulação (consideradas aquelas detidas pelos acionistas habilitados para a oferta).
  • Para conseguir a Conversão de Registo da EDP Brasil na CVM de emissora de valores mobiliários categoria “A” para “B” e, consequentemente, a Saída do Novo Mercado, precisará da concordância dos acionistas titulares de mais de 2/3 das ações em circulação. Nota: um emitente de categoria B não pode ter as ações negociadas no mercado regulamentado.

Se a OPA tiver aprovação necessária para a Conversão de Registo, abre-se uma janela de 90 dias (até 11 de outubro) para os acionistas “resistentes” poderem vender as ações à EDP pelo mesmo preço da oferta — ainda que se tenham manifestado contrariamente a ela.

Por outro lado, caso tenha sido atingido o quórum de Saída do Novo Mercado e não o quórum para Conversão de Registo, os acionistas terão 30 dias (até 11 de agosto) para vender as suas ações nas mesmas condições.

A EDP poderá ainda avançar com uma espécie de OPA potestativa (Resgate das ações objeto da oferta) caso restem menos de 5% do total das ações da EDP Brasil após a conclusão da operação e caso se atinja o quórum para Conversão do Registo.

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Investimento privado nas PPP caiu 27% em 2022

Com várias PPP a terminar, os encargos líquidos suportados pelo setor público também recuaram 12,3% face ao ano passado.

Com as Parcerias Público-Privadas (PPP) a diminuir, o dinheiro que os privados colocam neste tipo de gestão também recua. Em 2022, o investimento dos parceiros privados em PPP caiu 27%, para 166 milhões de euros, de acordo com o mais recente relatório da Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO). Numa análise mais longa, revelam que o investimento em PPP tem caído desde 2011.

Enquanto o investimento realizado pelos parceiros privados ascendeu a 166 milhões de euros, a preços correntes, menos 61 milhões que em 2021, os encargos líquidos suportados pelo setor público ascenderam a 1.326 milhões de euros e os encargos brutos a 1.685 milhões, segundo a apreciação feita pela UTAO das Parcerias Público-Privadas em 2022.

Os encargos líquidos suportados pelo setor público também recuaram em 12,3% face ao ano passado e ficaram inclusivamente abaixo das previsões constantes no Relatório da POE/2022. O Governo projetava uma diminuição de 6,7% nos gastos com PPP, que acabou por ser maior.

A evolução do setor rodoviário tem bastante influência neste número, sendo que é o que tem maior expressão nas PPP atuais. Os encargos foram abaixo do previsto e as receitas com portagens melhores do que o esperado, permitindo também controlar os custos nesta rubrica.

Neste relatório, a UTAO decide também olhar para as últimas duas décadas, constatando que, “desde 1998 e até ao final de 2022, o investimento realizado sob a forma de PPP ascendeu a 16.137 milhões de euros”. Destes, 87,6% dizem respeito ao setor rodoviário.

Mas na verdade, o investimento em PPP já tem caído desde 2011. “Tanto em termos relativos como em valores absolutos, as maiores contrações acorreram no período 2012–2014”, nota a UTAO. Se em 2011 os fluxos de investimento atingiam os dois mil milhões de euros a preços constantes (2022), esse montante recuou para 166 milhões em 2022.

Ainda se registou um aumento em 2015, sobretudo devido ao facto de terem sido retomadas as obras nas subconcessões rodoviárias Baixo Alentejo e Algarve Litoral, mas têm-se registado quebras nos últimos tempos.

(Notícia atualizada às 15h25)

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Joana Coelho é a nova diretora de recursos humanos da ASF

  • ECO Seguros
  • 11 Julho 2023

Afirma que quer contribuir de forma muito positiva para o desenvolvimento da cultura e equipas da autoridade de supervisão dos seguros e passou pela Metlife, Banco CTT e Sonae MC.

A nova diretora de recursos humanos da Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF) já é Joana Gaudêncio Coelho após assumir o cargo no passado dia 5 de julho.

Joana Gaudêncio Coelho é licenciada em psicologia, tem mestrado em Gestão e traz experiência do setor privado para a ASF.

Psicóloga com MBA pelo INDEG/ISCTE, Joana Coelho tem um percurso profissional de mais de 20 anos em recursos humanos, tendo ocupado o cargo de Diretora de Recursos Humanos da MetLife Europe Limited, entre 2008 e 2014, tendo sido destacada para a operação desta seguradora no Reino Unido com o objetivo de
dinamizar a função de recursos humanos na operação inglesa e apoiar o processo de fusão entre
a MetLife e a Alico.

Entre 2015 e 2017, Joana Coelho foi diretora de Recursos Humanos do Banco CTT,
onde coordenou os projetos de recrutamento, seleção e integração da equipa do Banco, bem
como a definição e implementação de todos os processos de recursos humanos. Nos anos seguintes assumiu a função de Direção de Recursos Humanos na Sonae MC em diferentes áreas funcionais.

A nova Responsável do DRH, comentou a sua nomeação para área da supervisão e regulação dos seguros e fundos de pensões, afirmando que “é com muito entusiasmo e sentido de responsabilidade que vou liderar a Direção de Desenvolvimento de Recursos Humanos da prestigiada ASF”, acrescentando que com a experiência adquirida ao longo da carreira “em empresas de referência nacional e internacional, aliada aos profissionais de excelência com os quais irei ter o prazer de trabalhar, posso contribuir de forma muito positiva para o desenvolvimento da cultura e equipas da ASF”, concluiu Joana Coelho que sucede no cargo a Armando Pinheiro Santos.

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Startup portuense cria tecnologia para limpar lixo espacial

A startup aeroespacial 100% portuguesa tem um orçamento de 212 mil euros para desenvolver uma tecnologia que tem como objetivo recolher satélites cinco anos após o fim de missão.

Protótipo em ambiente espacial. Eptune Engineering

A Eptune Engineering, startup incubada no Parque de Ciência e Tecnologia da Universidade do Porto (UPTEC), está a desenvolver um paraquedas espacial insuflável com o objetivo de recolher satélites cinco anos após o fim de missão, reduzindo, entre cinco a dez vezes, o tempo de saída da órbita dos satélites em fim de vida. O projeto é cofinanciado em 212 mil euros pelo Programa Operacional Regional do Norte (Norte 2020).

O fundador e CEO da Eptune Engineering, João Pedro Loureiro, pretende que esta solução passe a ser implementada em todos os satélites que partam para órbita, podendo, no futuro, e através de um meio de transporte, recolher os satélites mais antigos. “Nesta primeira fase, pretendemos que esta tecnologia esteja acoplada nos novos satélites que serão colocados em órbita, sendo que a médio prazo, a nossa solução poderá ser transportada para o espaço e, aí, acoplada ao satélite em fim de vida que pretendemos trazer de volta à Terra”, explica o CEO da startup, citado em comunicado.

João Pedro Loureiro, fundador e CEO da Eptune Engineering

O paraquedas espacial insuflável torna-se rígido após o enchimento e reduz a utilização de combustível na manobra de reentrada em órbita. João Pedro Loureiro acredita no potencial da solução, apontando a um possível uso na entrada em órbita de Marte. “Da folha em branco até à produção e testes de protótipos, foi possível criar as bases tecnológicas para o desenvolvimento dos produtos que realizarão missões específicas de acordo com diferentes dimensões dos satélites. Esta tecnologia permitirá, também, efetuar manobras de entrada em órbita de um planeta como Marte sem consumir qualquer combustível”, realça o líder da Eptune Engineering.

Nesta primeira fase, pretendemos que esta tecnologia esteja acoplada nos novos satélites que serão colocados em órbita, sendo que a médio prazo, a nossa solução poderá ser transportada para o espaço e, aí, acoplada ao satélite em fim de vida que pretendemos trazer de volta à Terra.

João Pedro Loureiro

Fundador e CEO da Eptune Engineering

A solução da Eptune Engineering pretende responder ao crescimento exponencial de satélites lançados ao longo dos últimos anos para a órbita terrestre baixa, potenciados pelos baixos custos praticados pela SpaceX, empresa aeroespacial controlada por Elon Musk. Estas órbitas mais próximas da Terra contam com oito mil satélites ativos e não-ativos, sendo que 25% desses satélites foram lançados só no ano de 2022. Por esta razão, os Estados Unidos da América já impuseram um limite para que os satélites saiam do espaço cinco anos após o fim da missão. Uma restrição que a Agência espacial Europeia (ESA) também vai adotar em breve.

Os diversos protótipos e componentes produzidos pela Eptune Engineering foram testados pelo Centro de Engenharia e Desenvolvimento de Produto (CEiiA), que testou materiais têxteis com propriedades especiais, desenvolvendo sistemas de fixação e ferramentas para estes testes, o que permitiu validar as propriedades dos materiais, costuras, soldaduras, bem como processos de fabrico e a resposta estrutural dos insufláveis, de acordo com a startup.

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Governo e política continuaram a ser em junho o que mais preocupava os gestores

  • Lusa
  • 11 Julho 2023

Embora tenha diminuído face a maio, de 51,5% para 36% como primeira preocupação, o "Governo e Política" continuaram a ser a principal preocupação dos gestores em junho.

O “Governo e a Política” continuaram em junho a ser a questão que mais preocupava os gestores, embora com menos peso que em maio, indica uma análise da FAE, Fórum de Administradores e Gestores de Empresas, hoje divulgada.

O barómetro dos gestores de junho da FAE, divulgado esta terça-feira, destaca que, ao contrário do mês de maio, o “Governo e a Política” baixaram nas preocupações dos gestores, por contrapartida de um aumento da questão da “Contratação e Retenção de Talentos” e da “Taxa de Inflação”.

A preocupação com “Governo e Política” teve uma descida considerável, de 51,5% para 36% como primeira preocupação, mas essa percentagem distribui-se em junho numa crescente preocupação com a “Taxa de Inflação” (12% para 18%), seguida da “Taxa de Juro” (6% para 10%).

Contudo, destaca a análise, em segundo lugar nas preocupações dos gestores mantém-se a “Contratação e Retenção de Talentos” com 18,8%.

O barómetro revela ainda que os “Impostos e Tributação” voltaram a ter lugar de destaque nas preocupações e ultrapassaram este mês a “Legislação e Regulação”.

Em relação à “Corrupção”, o barómetro indica que a mesma teve uma descida surpreendente em junho.

O documento precisa que “o Otimismo mantém-se negativo com 2,84 pontos, mas, apesar da conjuntura, cresceu, muito ligeiramente, em relação ao mês anterior (2,83), encontrando-se com pontuação negativa há um ano, desde junho de 2022.

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PJ faz mais de 20 buscas no Norte em investigação a esquema de fraude fiscal

  • Lusa
  • 11 Julho 2023

A Polícia Judiciária realizou mais de 20 buscas na região Norte no âmbito de uma investigação a um esquema de fraude fiscal e branqueamento de capitais que terá lesado o Estado em milhões de euros.

A Polícia Judiciária (PJ) realizou mais de 20 buscas na região Norte no âmbito de uma investigação a um esquema de fraude fiscal e branqueamento de capitais que terá lesado o Estado em milhões de euros, foi anunciado esta terça-feira.

Em comunicado, aquela força de investigação criminal refere que as mais de 20 buscas, domiciliárias e não domiciliarias, foram realizadas em Viana do Castelo, Porto e Vila Nova de Gaia, dando cumprimento a mandados emitidos no âmbito de uma investigação a um grupo de empresas que agrega um vasto número de sociedades comerciais.

A PJ acredita que aquelas sociedades são controladas por um contabilista certificado que atua como “testa de ferro” num “complexo esquema de fraude fiscal e de branqueamento que, nomeadamente através da aquisição de empresas em dificuldades económicas ou em pré-insolvência, recorrendo à emissão de faturação falsa”, terá lesado o Estado em milhões de euros.

O contabilista, de acordo com a PJ, é “empresário e sócio gerente de inúmeras empresas”.

Das buscas, a cargo do Departamento de Investigação Criminal de Braga, com a colaboração da Autoridade Tributária – Direção de Finanças de Viana do Castelo, resultou a apreensão de um “considerável acervo documental (contabilístico, financeiro e bancário), material informático e dinheiro em numerário”.

As investigações continuam a cargo da Polícia Judiciária e da Autoridade Tributária, no âmbito de equipa mista constituída entre ambas.

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Unicórnio Sword Health procura soluções de IA. Inscrições fecham esta quinta-feira

O "Sword AI Challenge"desafia os concorrentes a apresentarem soluções inovadoras na área da inteligência artificial, mais precisamente em grandes modelos de linguagem, uma das áreas prementes da IA.

As inscrições para o “Sword AI Challenge”, promovido pelo unicórnio nacional Sword Health, terminam já esta quinta-feira às 23h59. Os interessados em participar no concurso — que pretende promover a criatividade e a habilidade dos participantes em utilizar LLM – Large Language Models (“Grandes Modelos de Linguagem”) — têm apenas três dias para submeter a sua candidatura. Há três prémios em jogo, sendo que o maior é de cinco mil euros.

“Para a equipa da Sword, é crucial manter a janela aberta à comunidade e dar palco e oportunidade para que a inovação aconteça. Queremos que este seja o primeiro de muitos eventos que a Sword organiza para estimular a criatividade e inovação nesta área em Portugal”, afirma Luís Ungaro, VP of algorithms & AI da Sword e também um dos júris e mentores do concurso, em comunicado.

O concurso está aberto a todos os entusiastas, estudantes e profissionais — residentes em Portugal e maiores de idades –, que tenham conhecimentos em programação em Python e saibam utilizar LLM. As equipas podem ser compostas por até três pessoas, e a diversidade de habilidades e perspetivas é encorajada.

Ao trazerem ideias e soluções originais para o cenário dos LLM, os participantes terão a oportunidade de demonstrar tanto a sua criatividade como as suas competências técnicas, sendo ambas consideradas na avaliação. A apreciação das soluções submetidas será realizada por um painel de jurados e mentores especializados, composto por membros das equipas de tecnologia, algoritmos & inteligência artificial e inovação de produto da Sword.

As ideias vencedoras têm à sua espera um dos três prémios: cinco mil euros (para o primeiro lugar), três mil euros (para o segundo lugar) e dois mil euros (para o terceiro lugar).

No dia 15 de julho, próximo sábado, haverá uma sessão de abertura no escritório da Sword Health, no Porto, durante a qual o desafio será explicado ao detalhe, bem como esclarecidas eventuais dúvidas. A sessão será também transmitida ao vivo por Zoom e conta ainda com um workshop de LangChain dado por Sophia Yang, senior data scientist da Anaconda.

A Sword Health, liderada por Virgílio Bento, desenvolveu uma solução digital que permite fazer fisioterapia acompanhada a partir de casa e criou uma plataforma holística para prever, prevenir e tratar a dor. Atualmente, o unicórnio nacional está avaliado em dois mil milhões de euros.

Para mais informações sobre o “Sword AI Challenge” clique aqui.

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Alterações do PS ao relatório da CPI ignoram queixas da oposição

PS apresentou cinco alterações ao relatório preliminar da comissão parlamentar de inquérito à TAP e duas recomendações para reforçar a comunicação das indemnizações pagas.

O Partido Socialista quer obrigar à comunicação de indemnizações pagas na cessação de funções de administradores públicos, quer por parte dos gestores quer das empresas. A recomendação consta das propostas de alteração ao relatório preliminar da comissão parlamentar de inquérito (CPI) à TAP, que ignoram as queixas que têm sido feitas pela oposição.

Os grupo parlamentar do PS avança com cinco alterações, essencialmente de pormenor, e duas mudanças na lista de recomendações do relatório relacionadas com o caso da indemnização de 500 mil euros brutos paga a Alexandra Reis, antiga administradora executiva da TAP, e que esteve na origem da CPI.

Os socialistas defendem que os gestores públicos passem a ter “o dever de comunicação a uma entidade pública de todos os valores recebidos a título de indemnização por cessação de funções de direção ou gestão noutras entidades ao abrigo” do Estatuto do Gestor Público (EGP), diz o documento avançado pelo Observador e a que o ECO também teve acesso. Sobre as empresas públicas recai “o dever de comunicação a uma entidade pública de todos os valores pagos”.

Duas das mudanças às conclusões do relatório prendem-se com este tema. O PS quer que fique explícito que “aquando do seu regresso ao exercício de funções públicas, com a sua nomeação para a presidência do donselho de administração da NAV, quatro meses depois, Alexandra Reis não procedeu à devolução da parte da indemnização prevista nos termos do EGP“. Pretende também que fique registado que “nenhuma entidade pública detetou o incumprimento da devolução da parte da indemnização prevista nos termos do EGP”.

O PS propõe ainda que fiquem mais explícitas as responsabilidades da tutela na ausência de contratos de gestão na TAP, como determina o EGP. “A CPI não encontrou quaisquer evidências de iniciativas por parte das tutelas, e mais concretamente da UTAM, no sentido de sinalizar ao conselho de administração a necessidade de cumprimento dos prazos para a celebração dos contratos de gestão, ainda que tenha ficado demonstrado que as tutelas tivessem informação do incumprimento em apreço“. Quer também que fique sublinhado que “não existe um mecanismo de fiscalização que garanta a efetividade da lei, nomeadamente, para o cumprimento do prazo legal”.

A última alteração proposta diz respeito a um dos temas polémicos da CPI e que motivou críticas da oposição: a declaração da ex-CEO de que recebeu indicações do antigo secretário de Estado das Infraestruturas para que a articulação da TAP fosse feita apenas com o ministério das Infraestruturas, o que Hugo Mendes negou, demonstrando-o com a troca de mensagens tida com Christine Ourmières-Widener. “Ficou demonstrado que a tutela setorial não impediu a empresa de se articular com a tutela financeira“, quer o PS juntar ao relatório.

De resto, não há qualquer proposta de alteração que vá ao encontro daquilo que têm sido as queixas da oposição sobre o relatório preliminar. O Bloco de Esquerda pretende que o chamado caso Galamba, que envolveu desacatos no Ministério das Infraestruturas e a intervenção do SIS na recuperação do computador do ex-adjunto Frederico Pinheiro, conste do relatório.

“O Chega propõe que fique claro que a interferência política durante o Governo de António Costa aconteceu, foi desejada, deliberada e consciente”, afirmou ontem André Ventura, referindo que “há três grandes responsáveis governativos por ela”, o ex-ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santo, o atual, João Galamba, e o ex-secretário de Estado das Infraestruturas, Hugo Mendes.

O PCP apresentou 46 propostas de alteração ao relatório preliminar da CPI, com as quais pretende “resolver omissões graves, inverdades e falsidades que resultam da leitura do documento”, nomeadamente quanto ao impacto negativo das privatizações e da gestão privada da TAP.

A deputada socialista Ana Paula Bernardo, relatora da comissão parlamentar de inquérito à TAP, apresentou na quarta-feira passada o relatório preliminar com as conclusões. O documento foi muito contestado pelos restantes partidos, por ilibar de responsabilidades antigos e atuais membros do Governo.

A apresentação e discussão da versão final está agendada para dia 13. Segue-se a apreciação do documento no plenário da Assembleia da República, prevista para dia 19.

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Nove anos depois da queda do BES, Salgado vai continuar à espera de saber se vai ou não a julgamento

Ainda não é desta que Salgado saberá se vai ou não a julgamento pelo processo BES. Decisão instrutória adiada para 31 de julho.

O juiz de instrução do processo BES/GES adiou para 31 de julho a leitura da decisão instrutória agendada para sexta-feira por não estar ainda concluída. Ou seja: a decisão se Salgado vai ou não a julgamento.

“Em face do atual estado de elaboração da decisão instrutória nos presentes autos, não se afigurando que a mesma esteja concluída na data já agendada para a respetiva leitura, importa dar sem efeito a mencionada data, assim obviando aos inconvenientes associados à deslocação de todos os intervenientes processuais e à logística necessária para aquele efeito”, referiu o juiz Pedro Santos Correia no despacho a que a Lusa teve acesso.

A realização do debate instrutório ocorreu um ano após o arranque da fase de instrução no Tribunal Central de Instrução Criminal, no dia 26 de abril de 2022, então ainda nas mãos do juiz Ivo Rosa, que foi substituído por Pedro Santos Correia em setembro, por decisão do Conselho Superior da Magistratura, e quase três anos depois de ser conhecida a acusação do Ministério Público (MP).

No dia 14 de julho de 2020, a investigação do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) traduziu-se na acusação a 25 arguidos (18 pessoas e sete empresas), entre os quais o antigo presidente do Grupo Espírito Santo (GES), Ricardo Salgado.

Foram imputados 65 crimes ao ex-banqueiro, nomeadamente associação criminosa, corrupção ativa, falsificação de documento, burla qualificada, branqueamento, infidelidade e manipulação de mercado.

Considerado um dos maiores processos da história da justiça portuguesa, este caso agrega no processo principal 242 inquéritos, que foram sendo apensados, e queixas de mais de 300 pessoas, singulares e coletivas, residentes em Portugal e no estrangeiro. Segundo o MP, cuja acusação contabilizou cerca de quatro mil páginas, a derrocada do Grupo Espírito Santo (GES), em 2014, terá causado prejuízos superiores a 11,8 mil milhões de euros.

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