Lucros da CP caem para metade em 2024, gastos com pessoal disparam

Lucros da empresa de comboios caíram pelo segundo ano. 2024 ficou marcado pelo início do Passe Ferroviário de 20 euros, e por um aumento de 15 milhões nos custos com pessoal.

A CP – Comboios de Portugal fechou o ano passado com um resultado líquido de 1,8 milhões de euros, metade dos lucros de 3,6 milhões reportados em 2023, segundo dados provisionais a que o ECO teve acesso. Esta quebra de rentabilidade ocorreu num ano em que os gastos com pessoal aumentaram 15 milhões de euros, face ao período homólogo. Apesar da forte descida dos lucros, a empresa de comboios, que apresentou em 2022 o primeiro resultado positivo da sua história, conseguiu fechar o último exercício com rentabilidade positiva pelo terceiro ano.

As vendas da empresa aumentaram de 267,6 milhões de euros, em 2023, para 302,8 milhões, em 2024, num ano marcado pela entrada em vigor do chamado Passe Verde, no valor de 20 euros. A empresa será compensada pelo Governo pela quebra de receitas associadas ao novo título, que vendeu mais de 100 mil passes nos três primeiros meses, até um limite de 23,7 milhões de euros.

O novo passe ferroviário verde tem levado a um aumento do número de passageiros da empresa, mas, pelo menos para já, este crescimento não está a refletir-se em maiores lucros para a companhia. Uma situação que o Executivo espera que se reverta em breve.

Segundo defendeu recentemente o ministro das Infraestruturas, Miguel Pinto Luz, “a manter-se esta tendência, a CP não precisará dos 19 milhões de euros que o Governo lá colocou no Orçamento do Estado para precaver essa potencial perda de receita, a CP vai aumentar a sua receita e não vai precisar de um único euro daquele investimento extra”.

Custos com pessoal voltam a subir

Os gastos com pessoal foram a rubrica mais “pesada” nas contas da CP. Segundo os dados provisionais da transportadora, estes custos aumentaram 15 milhões de euros, passando de 160,5 para 175 milhões no final de 2024, colocando pressão nas contas da empresa de comboios.

Já este ano, a administração da CP, liderada por Pedro Moreira, decidiu aplicar unilateralmente aumentos de 34 euros nos salários até 2.631 euros e de 1,7% nos iguais ou superiores, decisão reprovada pelos sindicatos. Estes aumentos decididos unilateralmente estão, aliás, no centro da greve dos comboios que arrancou esta quarta, dia 7 de maio, e dura até dia 14 de maio.

Os sindicatos estão contra a imposição de aumentos salariais “que não repõem o poder de compra”, pela “negociação coletiva de aumentos salariais dignos” e pela “implementação do acordo de reestruturação das tabelas salariais, nos termos em que foi negociado e acordado”, segundo os sindicatos. A greve que está em curso paralisou a empresa afetando mais de 700 mil passageiros, apesar de o Governo ter comunicado formalmente aos sindicatos que estava limitado nas suas decisões por estar em gestão, aceitando um aumento correspondente ao valor fixado em devido tempo por despacho e que não poderia ultrapassar os 4,7%.

A CP fechou o ano de 2024 com capitais próprios positivos de 388 milhões de euros, face aos 362,7 milhões reportados no exercício anterior. Já o passivo baixou de 366,9 milhões para 269,5 milhões de euros.

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Mudanças na Adolfo Domínguez: Filha do fundador reforça poderes

  • ECO
  • 8 Maio 2025

Adriana Domínguez ficará com a todas as funções executivas da Adolfo Domínguez. Quadro da Inditex será o novo diretor-geral

A empresa têxtil espanhola Adolfo Domínguez anunciou esta quinta-feira mudanças na sua organização. Adriana, a filha mais velha do fundador, assumirá todas as funções executivas, após a saída de Antonio Puente do cargo do cargo de CEO. Foi também comunicada a nomeação de um novo diretor-geral, Iñigo de Llano, até agora na Inditex.

O CEO Antonio Puente apresentou a sua demissão do cargo “com efeitos imediatos”, de acordo com o comunicado da empresa galega à Comisión Nacional del Mercado de Valores (CNMV).

Na mesma nota, a empresa agradece o contributo de Antonio Puente durante os últimos anos e o “compromisso com a transformação da companhia”. Anunciou ainda a contratação de Iñigo de Llano como diretor-geral (encarregado da operação diária da empresa).

O novo diretor-geral trabalhava há mais de 20 anos na Inditex, onde foi diretor de negócio nos EUA, Austrália, Reino Unido e Irlanda, e, mais recentemente, diretor internacional da Inditex na Europa.

Adriana Domínguez, 49 anos, é presidente da empresa desde a saída do pai, Adolfo Domínguez Fernández, em 2020. É economista de formação e também presidente do Observatório de Têxteis e da Moda de Espanha.

A Adolfo Domínguez garante que, com as alterações, “inicia uma nova etapa para reimpulsionar a sua operação, continuando a reforçar o seu posicionamento de marca a nível global”.

De acordo com o jornal espanhol Expansión, a empresa conseguiu este anos a sua melhor faturação em 10 anos: 136, 5 milhões de euros – um crescimento de 7,8% entre março de 2024 e fevereiro de 2025. A tendência de crescimento verifica-se há três anos consecutivos. Cresceu 25,4% nas vendas online e abriu 25 novas lojas. A Europa é o seu principal mercado, com Espanha e Portugal a liderarem as vendas.

A Adolfo Domínguez começou como uma pequena alfaiataria em Ourense, Galiza, em 1950. Em 1976 transformou-se numa marca que, segundo os próprios, vestiram “ a vanguarda social que instaurou a democracia em Espanha”. Tem 19 lojas em Portugal.

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Sai de novo fumo negro no Vaticano. Ainda não foi eleito o novo Papa

  • Joana Abrantes Gomes
  • 8 Maio 2025

Os cardeais não conseguiram eleger o novo Papa durante a manhã do segundo dia do conclave. Escolha tem de obter dois terços de 133 votos.

Depois de um primeiro dia sem consenso, também ainda não foi na manhã desta quinta-feira que os 133 cardeais reunidos em conclave na Capela Sistina chegaram a acordo sobre o sucessor do Papa Francisco. À tarde haverá mais duas rondas de votações, se o novo Sumo Pontífice não for eleito na primeira delas.

As votações realizadas às 9h30 e às 11 horas não obtiveram os dois terços de votos necessários para eleger um novo Papa, estando previstas mais duas rondas para as 16 e as 18 horas.

Se ao fim de 33 votações não houver consenso, a 34.ª votação será limitada aos dois candidatos mais votados na última ronda, bastando então uma maioria simples.

Apenas 133 cardeais com menos de 80 anos têm direito a voto, dos quais 108 foram nomeados pelo Papa Francisco. Durante o processo, os cardeais permanecem em isolamento, sem qualquer contacto com o exterior.

António Marto (bispo emérito da Diocese de Leiria-Fátima), Américo Aguiar (bispo de Setúbal e principal responsável pela organização da Jornada Mundial da Juventude, em 2023, em Lisboa), Tolentino Mendonça (prefeito do Dicastério para a Cultura e a Educação da Santa Sé) e Manuel Clemente (patriarca emérito de Lisboa) são os cardeais portugueses presentes.

Recorde-se que após as votações os boletins são queimados e que, por cada votação falhada, é libertado fumo negro da Capela Sistina. Quando o próximo Papa for eleito com sucesso, sairá fumo branco.

(Notícia atualizada às 11h11)

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Euribor desce e a três meses para um novo mínimo desde dezembro de 2022

  • Lusa
  • 8 Maio 2025

Com as alterações desta quinta-feira, a taxa a três meses, que baixou para 2,138%, ficou acima da taxa a seis meses (2,134%) e da taxa a 12 meses (2,036%).

A Euribor desceu esta quinta-feira a três, a seis e a 12 meses em relação a quarta-feira, no prazo mais curto para um novo mínimo desde dezembro de 2022.

Com as alterações de hoje, a taxa a três meses, que baixou para 2,138%, ficou acima da taxa a seis meses (2,134%) e da taxa a 12 meses (2,036%).

A taxa Euribor a seis meses, que passou em janeiro de 2024 a ser a mais utilizada em Portugal nos créditos à habitação com taxa variável, caiu hoje, ao ser fixada em 2,134%, menos 0,012 pontos.

Dados do Banco de Portugal (BdP) referentes a março indicam que a Euribor a seis meses representava 37,65% do ‘stock’ de empréstimos para a habitação própria permanente com taxa variável.

Os mesmos dados indicam que as Euribor a 12 e a três meses representavam 32,39% e 25,67%, respetivamente.

No mesmo sentido, no prazo de 12 meses, a taxa Euribor recuou, ao ser fixada em 2,036%, menos 0,003 pontos do que na quarta-feira.

A Euribor a três meses, que está abaixo de 2,5% desde 14 de março passado, também desceu hoje, para 2,138%, menos 0,012 pontos e um novo mínimo desde 30 de dezembro de 2022.

Em abril, as médias mensais da Euribor caíram fortemente nos três prazos, mas mais intensamente do que nos meses anteriores e no prazo mais longo (12 meses).

A média da Euribor a três, seis e a 12 meses em abril desceu 0,193 pontos para 2,249% a três meses, 0,183 pontos para 2,202% a seis meses e 0,255 pontos para 2,143% a 12 meses.

Em 17 de abril, na última reunião de política monetária, o Banco Central Europeu (BCE) desceu a taxa diretora em um quarto de ponto para 2,25%.

A descida, antecipada pelos mercados, foi a sétima desde que o BCE iniciou este ciclo de cortes em junho de 2024.

A próxima reunião de política monetária do BCE realiza-se em 05 e 06 de junho em Frankfurt.

As Euribor são fixadas pela média das taxas às quais um conjunto de 19 bancos da zona euro está disposto a emprestar dinheiro entre si no mercado interbancário.

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Empresa portuguesa de bicicletas elétricas suspeita de ser epicentro de fraude aduaneira em larga escala

Procuradoria Europeia fez buscas em Portugal, Alemanha, Bélgica e Países Baixos. Em causa estão suspeitas de esquema de importação para evitar pagamentos de direitos antidumping.

A Procuradoria Europeia (EPPO) no Porto está a liderar uma investigação sobre suspeitas de uma fraude aduaneira em larga escala relacionada com a importação de bicicletas elétricas da China. Foram realizadas 16 buscas em escritórios e empresas em Portugal, na Bélgica, Alemanha e Países Baixos, na quarta-feira, com o objetivo de recolher provas.

De acordo com a informação divulgada esta quinta-feira pela Procuradoria-Europeia, a investigação, com o nome de código Pedelecs, revelou que, desde 2020, uma empresa portuguesa importa e-bikes de fornecedores chineses, em partes separadas, com o objetivo de contornar o pagamento de direitos antidumping aplicáveis ​​à importação de bicicletas elétricas totalmente montadas.

“Para esse efeito, as remessas foram deliberadamente declaradas incorretamente às autoridades aduaneiras”, refere a instituição com sede no Luxemburgo.

A Procuradoria, que corresponde ao Ministério Público da União Europeia, detalha que as bicicletas elétricas foram totalmente projetadas na China a pedido de vários revendedores europeus e, em seguida, enviadas desmontadas para a empresa portuguesa para montagem. “Uma vez montadas, as bicicletas elétricas foram revendidas aos revendedores europeus na Bélgica, Alemanha e Holanda, que haviam feito originalmente os pedidos aos fornecedores chineses“, explica.

A instituição estima prejuízos de 2,25 milhões de euros com o esquema para o orçamento da União Europeia.

As 16 buscas foram realizadas pela Autoridade Tributária e Aduaneira (Direção de Serviços Antifraude Aduaneira), pelo Serviço de Investigação Aduaneira Alemão (Zollfahndungsamt) em Munique, pela Polícia Federal Belga (OCDEFO/CGEFID) e pelo Serviço de Informação e Investigação Fiscal Holandês (FIOD).

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Carmo & Cerqueira é a primeira Listing Sponsor nacional na Euronext Dublin

  • Rita Atalaia
  • 8 Maio 2025

A Carmo & Cerqueira, sociedade de revisores oficiais de contas e consultora, vai apoiar as entidades emissoras, desde a reestruturação financeira mas também na adequação às exigências regulamentares.

A Carmo & Cerqueira, sociedade de revisores oficiais de contas e consultora especializada em corporate finance, fiscalidade e mercado de capitais, tornou-se na primeira empresa portuguesa a ser acreditada como Listing Sponsor da Euronext Dublin. Um passo que vem reforçar o seu papel enquanto parceira na ligação entre o mercado português e as principais praças europeias.

“Trata-se igualmente da primeira entidade estrangeira, fora do Reino Unido, a assumir esta posição junto da bolsa irlandesa”, adianta a sociedade num comunicado, explicando que, “enquanto Listing Sponsor, a Carmo & Cerqueira atua no apoio completo às entidades emissoras, desde a reestruturação financeira e adequação às exigências regulamentares até à organização do documento informativo para listagem”.

O apoio mantém-se mesmo após a admissão em bolsa, continuando a “garantir o suporte de compliance e divulgação obrigatória junto do mercado”.

“Este reconhecimento internacional resulta de um rigoroso processo de acreditação, que exige profundo conhecimento dos mercados de capitais e elevada capacidade técnica na assessoria de operações de bolsa. Em Dublin, o foco da atividade da Carmo & Cerqueira como Listing Sponsor centra-se na cotação de fundos de investimento abertos, uma alternativa cada vez mais procurada pelos investidores institucionais e particulares”, adianta ainda.

“A possibilidade de cotar fundos de investimento através da Euronext Dublin, com estruturas competitivas e internacionalmente acessíveis, permite que investidores adquiram unidades de participação diretamente a partir dos seus brokers no exterior”, refere José Carmo, Partner desta sociedade, citado no comunicado.

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Saco Azul: Luís Filipe Vieira ouvido esta quinta-feira em tribunal

  • ADVOCATUS
  • 8 Maio 2025

O ex-presidente do Benfica vai ser ouvido em tribunal na segunda sessão do julgamento do processo Saco Azul. É suspeito de três crimes de fraude fiscal qualificada e 19 de falsificação de documento.

O ex-presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira, vai ser ouvido esta quinta-feira em tribunal na segunda sessão do julgamento do processo Saco Azul. Neste processo é suspeito de três crimes de fraude fiscal qualificada e 19 de falsificação de documento.

Na chegada ao Campus de Justiça apenas centrou a atenção no dérbi de sábado, frente ao Sporting, que pode ser decisivo na luta pelo título. “Temos de ter uma grande onda vermelha lá. Apelo não, mas as pessoas têm de estar motivadas. Temos de ganhar, logicamente. Estou mais que confiante”, afirmou.

Na sessão de julgamento desta quinta-feira o empresário José Bernardes vai ser o primeiro a ser ouvido, seguindo-se depois Luís Filipe Vieira.

Neste processo está em causa um alegado esquema de pagamentos fictícios a uma empresa de informática externa ao grupo Benfica, a Questãoflexível, num valor que ultrapassa 1,8 milhões de euros.

De acordo com a acusação, confirmada em junho do ano passado por um juiz de instrução, o ex-presidente do Benfica Luís Filipe Vieira é suspeito de três crimes de fraude fiscal qualificada e 19 de falsificação de documento, assim como Domingos Soares de Oliveira, antigo administrador — que está fora do país e só marcará presença em tribunal em julho – e o ex-diretor financeiro do clube Miguel Moreira.

Os mesmos crimes são também imputados em coautoria com a empresa QuestãoFlexível, da qual é proprietário o empresário José Bernardes, que vai responder também pelo crime de branqueamento de capitais.

Num processo no qual são também arguidos Paulo Silva e José Raposo, a Benfica SAD está acusada de dois crimes de fraude fiscal qualificada e a Benfica Estádio de um crime de fraude fiscal e 19 de falsificação de documento.

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Estudo técnico para “substituição urgente” do SIRESP deve estar concluído até 29 de julho

Despacho conjunto da Administração Interna e das Infraestruturas determina a elaboração de um estudo técnico para substituir a rede de comunicações de emergência do Estado em 90 dias.

Já foi publicado no Diário da República o prometido despacho conjunto da Administração Interna e das Infraestruturas que dá início ao processo de “substituição urgente do SIRESP”. O despacho dos ministros Margarida Blasco e Miguel Pinto Luz foi assinado no dia 30 de abril, dois dias depois do ‘apagão’ ibérico na eletricidade, depois de o sistema que devia garantir as comunicações de emergência do Estado ter voltado a apresentar deficiências durante o colapso da rede elétrica do dia 28 de abril.

O SIRESP é uma rede de comunicações usada por entidades como os bombeiros, a proteção civil, as forças de segurança e até o INEM. Nos últimos anos, o sistema tem estado no centro de várias polémicas por registar falhas em momentos de crise, como a do passado dia 28 de abril, em que todo o país ficou sem eletricidade ao mesmo tempo que Espanha.

Destacando “as limitações estruturais e operacionais progressivamente evidenciadas” pelo SIRESP, “em especial perante cenários de elevada complexidade e exigência operacional”, os ministros determinam a constituição de uma equipa de trabalho para desenvolver “um estudo técnico-estratégico para a substituição urgente do SIRESP” pelo prazo de 90 dias, que coincide com o dia 29 de julho.

A equipa “técnica e multissetorial” integrará representantes de pelo menos 12 entidades, desde o Estado-Maior General das Forças Armadas ao Gabinete Nacional de Segurança, passando por vários reguladores, o próprio INEM, a GNR e a PSP, e a Secretaria-Geral do Ministério da Administração Interna. O coordenador do grupo será designado noutro despacho, bem como “peritos técnicos independentes”.

“A equipa de trabalho poderá, sempre que necessário, solicitar a colaboração de outras entidades públicas ou privadas, bem como consultar especialistas nas áreas relevantes”, determina o despacho da ministra Margarida Blasco e do ministro Miguel Pinto Luz. “Poderão ser criados subgrupos de trabalho para áreas específicas”, acrescenta o diploma.

Utilizadores queixam-se de falhas na rede do SIRESP, incluindo a perda de sinal dentro de alguns edifíciosNUNO ANDRÉ FERREIRA/LUSA

Durante o ‘apagão’ de 28 de abril, o SIRESP terá registado várias limitações, dificultando as comunicações, conforme disseram ao ECO várias pessoas com conhecimento sobre o funcionamento do sistema. O presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses, António Nunes, admitiu que “houve sítios com falências do sistema”, o que o levou “a concluir que não é uma rede tão resiliente” quanto deveria ser.

Já o presidente do Sindicato dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar (STEPH), Rui Lázaro, assegurou ao ECO que, durante a falha, os técnicos do INEM tiveram dificuldades em comunicar com os meios através do SIRESP, o que provocou constrangimentos no atendimento de emergência, pois a rede de redundância é a da Vodafone, que estava offline devido ao ‘apagão’: “Perdeu-se o contacto com os meios, com os telemóveis”, disse.

O sindicalista foi ainda mais longe e disse que “o SIRESP já habitualmente tem falhas”, nomeadamente quando os utilizadores dos terminais estão dentro de edifícios, como “dentro dos hospitais”. Nessas situações, os rádios, muitas vezes, perdem a rede, denunciou.

O SIRESP também causou polémica por ter praticamente colapsado durante os graves incêndios de 2017 que vitimaram dezenas de pessoas na região de Pedrógão Grande. Desde então, o sistema ganhou uma redundância por satélite, mas que, segundo avançou a TVI, terá igualmente falhado durante o ‘apagão’, por alegada falta de eletricidade num nó essencial para as comunicações.

O despacho de designação de uma equipa para elaborar um estudo com vista à substituição do SIRESP é publicado a dez dias das eleições antecipadas e pouco depois de o Governo já ter anunciado essa decisão num comunicado. “A decisão é sustentada pela relevância estratégica das comunicações de emergência da proteção civil para a segurança e resiliência do Estado, considerando as limitações estruturais e operacionais, que se constataram, entre outras situações, no passado dia 28 de abril, durante o ‘apagão'”, indicavam, a 2 de abril, os mesmos dois ministros.

Nesse comunicado, divulgado a 2 de maio, o Governo informou também que pediu ainda “três auditorias” aos reguladores das comunicações, da navegação aérea e dos transportes e mobilidade, sobre as operações decorridas durante a falha ibérica na eletricidade. No rescaldo do ‘apagão’, o próprio primeiro-ministro em gestão, Luís Montenegro, assumiu que o SIRESP é um problema.

No entanto, a 21 de abril, pouco antes do ‘apagão’, o mesmo Governo atribuiu uma “indemnização compensatória” à empresa pública que gere o SIRESP — a SIRESP, S. A. –, no valor de 26 milhões de euros (IVA incluído), proveniente do orçamento da Secretaria-Geral do Ministério da Administração Interna. Esta transferência foi necessária para garantir a continuidade do sistema, pois o Governo, devido à convocação de eleições antecipadas na sequência da polémica em torno da empresa familiar do primeiro-ministro, não foi capaz de concluir a política que tinha definido para esta entidade, que deveria ser extinta e abrangida numa “nova entidade de administração indireta do Estado”.

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Prazo para pagar IMI alargado até final de junho

Devido a constrangimentos no acesso ao portal da Finanças, provocados pelo apagão, o Governo decidiu também prorrogar até 16 de junho a entrega da declaração de IRC Modelo 22.

Contribuintes têm mais um mês para pagar a primeira ou única prestação do Impostos Municipal sobre Imóveis (IMI). Devido a falhas no acesso ao portal das Finanças, que se têm sentido desde o apagão, o Governo decidiu alargar o prazo de 31 de maio para 30 de junho. Também a data limite para a entrega da declaração de IRC Modelo 22 foi prorrogada até 16 de junho, segundo nota enviada esta quinta-feira pelo Ministério das Finanças às redações.

“A Autoridade Tributária informou o Governo da existência de constrangimentos técnicos que têm condicionado a emissão das notas de cobrança do Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI),referentes ao ano 2024. Considerando que estes constrangimentos impossibilitaram o envio atempado de um conjunto alargado de notas de cobrança do IMI, o qual se encontra a decorrer, o Governo decidiu prorrogar, para todos os contribuintes, o prazo para o pagamento da primeira prestação do IMI ou, se for o caso, da prestação única deste imposto até ao final do mês de junho”, de acordo com o comunicado do Ministério das Finanças.

Para além disso, e “tendo em conta as referidas dificuldades temporárias no acesso ao portal das Finanças e a proximidade dos novos prazos para o cumprimento das obrigações fiscais em matéria de IVA, que afetaram os trabalhos das empresas e dos contabilistas para o preenchimento da declaração de rendimentos do IRC (Modelo 22), o Governo decidiu, também, alargar o prazo para o cumprimento desta obrigação até ao dia 16 de junho“, indica o ministério, tutelado por Joaquim Miranda Sarmento. O prazo para a submissão deste formulário terminaria a 31 de maio. A extensão do período para o cumprimento desta obrigação declarativa era uma das exigências da Ordem dos Contabilistas Certificados (OCC).

O Ministério sublinha que, “tal como anunciou, logo no dia 29 de abril, o Governo tem vindo a acompanhar a evolução dos trabalhos para repor a normalidade no funcionamento dos sistemas informáticos da Autoridade Tributária (AT), na sequência da interrupção geral de fornecimento de energia elétrica que afetou toda a Península Ibérica, e a avaliar os respetivos efeitos para o cumprimento das obrigações fiscais, procedendo aos ajustamentos do calendário fiscal que se justificam”.

Neste sentido, o Governo já alargou o prazo para a comunicação de faturas de abril até esta sexta-feira, dia 9, depois da denúncia da Ordem dos Contabilistas relativamente a falhas persistentes no Portal das Finanças.

Adicionalmente, foram prorrogados “até 26 de maio os prazos relativos à entrega das declarações do IVA, referentes ao mês de março, pelos sujeitos passivos integrados no regime mensal, e ao 1.º trimestre, pelos contribuintes do regime trimestral” de forma a “permitir que o pagamento do respetivo IVA possa ser efetuado até 30 de maio, sem quaisquer acréscimos ou penalidades”, indicou o Ministério das Finanças numa resposta enviada ao ECO.

A Ordem dos Contabilistas Certificados tinha denunciado na segunda-feira falhas no Portal das Finanças, uma semana após o apagão do sistema elétrico, alertando para os impactos no cumprimento fiscal e exigindo compensação de prazos.

Um corte generalizado no abastecimento elétrico afetou no dia 28 de abril, durante cerca de 10 a 11 horas, Portugal e Espanha, continuando sem ter explicação por parte das autoridades.

A Rede Europeia de Gestores de Redes de Transporte de Eletricidade anunciou na semana passada a criação de um comité para investigar as causas do ‘apagão’ “excecional e grave” na Península Ibérica.

(Notícia atualizada às 10h31)

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Fraude abriu portas no SEF e na AIMA a pelo menos dez mil imigrantes

  • ECO
  • 8 Maio 2025

Imigrantes pagavam milhares de euros a rede que prometia, em troca, acesso a contrato de trabalho, NIF, número da Segurança Social e de utente do SNS, tradução e certificação de registos criminais.

Uma rede dedicada a prestar serviços de acesso fraudulento a documentação ajudou mais de dez mil imigrantes a receberem em Portugal a autorização de residência ou a beneficiarem de uma facilitação no seu processo, primeiro, no Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), e, após a extinção deste, na Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA).

Segundo o Público (acesso pago), a rede foi descoberta através de uma investigação conduzida pela Diretoria da Polícia Judiciária do Centro, que na quarta-feira deteve 13 pessoas pela suspeita da prática de vários crimes, nomeadamente de auxílio à imigração ilegal, falsificação de documentos, corrupção e branqueamento de capitais. Entre os detidos estão uma advogada e uma técnica superior do Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE).

Alguns imigrantes na origem pagavam 15 mil euros para ver todo o processo tratado por esta rede“, sendo que “muitos deles ficavam endividados”, disse Avelino Lima, que dirige a Diretoria da PJ do Centro. No grupo com uma atividade “devidamente estruturada”, suspeito de ter lucrado milhões de euros desde 2022, “os portugueses tinham uma preponderância”, mas também havia estrangeiros que operavam em Portugal, acrescentou. Aos imigrantes, era-lhes prometido contrato de trabalho e acesso com facilidade a número de identificação fiscal, número da Segurança Social, número de utente do Serviço Nacional de Saúde, tradução e certificação de registos criminais.

Sobre a técnica superior da Direção-Geral dos Assuntos Consulares e das Comunidades Portuguesas do Ministério dos Negócios Estrangeiros, a PJ descreve-a, de acordo com o Expresso (acesso pago), como uma “toupeira” que era importante neste esquema milionário que aliciava imigrantes da América do Sul e de países hindustânicos. A suspeita, que fazia atendimento ao público, mas cessou atividade na quarta-feira, usaria o denominado selo branco que dava um grau de fiabilidade superior a processos de nacionalidade, de autorização de residência e de vistos, com o qual “estaria a validar documentos que não eram verdadeiros, com o fim de legalizar imigrantes sem documentação”.

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A medida de João Miranda para o próximo Governo

  • ECO
  • 8 Maio 2025

O ECO pediu a várias personalidades uma medida essencial para o próximo Governo. A proposta de João Miranda, fundador da Frulact e presidente da Two4three, é um plano para reindustrializar o país.

O país necessita que o próximo governo promova um acordo entre os partidos do arco da governação, para a construção de uma estratégia para o país para os próximos 15 a 20 anos. Há áreas críticas como são a educação, a saúde, a competitividade e a justiça, às quais se podem juntar a transição energética ou a transformação digital e tecnológica, que não se compadece de medidas avulso, ou então, medidas que são revertidas a cada dois ou quatro anos, e que são os maiores causadores do atraso português em relação aos seus congéneres europeus.

Constrói-se e destrói-se novas estratégias ao ritmo da alternância política e governativa, que são o reflexo da irresponsabilidade partidária e cegueira ideológica, que vão condicionando a construção de um caminho e uma visão de futuro para o nosso país!

Na impossibilidade de haver esse acordo, e se tivesse de priorizar uma medida, gostava de ouvir falar de forma séria e consistente, num plano para a verdadeira re-industrialização do país!

Falou-se muito há uns anos dessa necessidade, mas nada se fez de relevante, e parece que esta necessidade deixou de ser prioritária, e a indústria deixou de ser sexy, tal como já foi apelidada.

O desenvolvimento tecnológico acontece agora de forma exponencial, e para além disso, acontece também de forma transversal. A vida útil dos recursos técnicos de produção é cada vez mais curta, atingindo a obsolescência num período cada vez mais curto, e um pequeno atraso na sua atualização ou reinvenção pode implicar perdas imediatas de produtividade e consequentemente de competitividade, que trará como reflexo a erosão gradual do nosso tecido empresarial e industrial.

Da indústria metalomecânica à têxtil, da indústria alimentar ao calçado, seja qual for a indústria, necessita dessa atualização constante para continuar a ser uma verdadeira alavanca na criação de emprego e riqueza, e recuperar o peso e relevância que já teve no PIB Português até ao início deste século.

João Miranda / Presidente da Two4three

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Maioria das suspeitas de corrupção que chegam ao MENAC são arquivadas

De acordo com o Relatório Anual de Atividades de 2024 do MENAC, já enviado para o Ministério da Justiça e Assembleia da República, os 405 arquivamentos estão “alinhados com as tendências”.

Das 504 denúncias de corrupção comunicadas ao Mecanismo Nacional Anticorrupção (MENAC) em 2024, 80% são arquivadas, revelando “dificuldades em investigar e o peso das denúncias anónimas”.

De acordo com os dados do Relatório Anual de Atividades de 2024 do MENAC, já enviado para o Ministério da Justiça e a Assembleia da República, os 405 arquivamentos estão “alinhados com as tendências” neste tipo de criminalidade, de “investigação particularmente complexa e difícil” e praticada por pessoas de “grande racionalidade e frieza”, que coloca “grandes cuidados na dissimulação dos seus atos e na ocultação ou destruição das provas” para evitar o sucesso de uma investigação.

“Não podem deixar de se incluir igualmente, nesta explicação para a tendência de arquivamento, algumas situações de denúncias, nomeadamente anónimas, que na realidade não se associam à ocorrência de qualquer crime, na medida em que têm unicamente o propósito de “incomodar”, por colocar sob suspeita, nomes de pessoas relativamente às quais existem outros diferendos, ou por meras inimizades, ou ainda por motivos tão fúteis como a inveja ou em circunstâncias de concorrência política ou contratual”, aponta ainda o relatório.

De acordo com este balanço, das 152 denúncias recebidas no ano passado, 118 diziam respeito a entidades públicas e 34 a entidades privadas. Dessas, apenas 19 denúncias foram encaminhadas para a PGR “por indícios de ilicitude criminal”, 66 foram encaminhadas para a entidade administrativa competente por ser apenas matéria contraordenacional e 67 foram arquivadas.

Nas decisões judiciais que são comunicadas ao MENAC, corrupção (34,3%), peculato (16,7%), prevaricação (12,7%), abuso de poder (10,5%), participação económica em negócio (8,9%), branqueamento (7,3%) são os principais tipos de crime associados aos processos.

Quanto a entidades associadas, a maioria (85%) das decisões diz respeito a autarquias e entidades municipais (261), mas na administração central, associada a 117 processos, 47 dizem respeito a forças e serviços de segurança, 14 à área da saúde, 11 à gestão patrimonial e de recursos, educação e área tributária têm nove casos cada e a área da justiça regista seis decisões judiciais.

O relatório destaca ainda que os procedimentos iniciados com base em denúncias anónimas “parecem tender fortemente para decisões finais de arquivamento”, por serem “geradoras de menor eficácia para o sucesso na recolha de elementos de prova dos crimes denunciados”, conclusão que o MENAC também retira para denúncias de autor identificado.

“Esta verificação, sobretudo para as situações de anonimato, pode explicar-se muito simplesmente pelo facto de as denúncias se apresentarem vagas ou muito escassas quanto a indicações concretas sobre a localização de elementos de probatórios ou, pelo menos, de linhas de pesquisa que permitam chegar a esses elementos”, lê-se no relatório.

O relatório identifica ainda como principais áreas de risco para a prática destes crimes, tendo em conta os processos com matéria probatória, “a decisão administrativa, o exercício de funções públicas delegadas, a gestão financeira e tesouraria, a gestão patrimonial e a contratação pública”.

“Os fatores de risco que mais lhes estão associados compreendem o deficiente controlo sobre: o exercício de poderes discricionários, o exercício de funções públicas delegadas, conflitos de interesses, e gestão de bens materiais e financeiros das entidades”, acrescenta-se.

O Mecanismo Nacional Anticorrupção (MENAC) é uma entidade administrativa independente, criada em 2021, e que tem por missão a promoção da transparência e da integridade na ação pública e de fiscalização das políticas de prevenção da corrupção e crimes económicos conexos (como lavagem de dinheiro, peculato, abuso de poder, entre outros). Tem como objetivo garantir que as políticas de prevenção da corrupção sejam eficazes.

Ministra da Justiça, Rita Alarcão JúdiceLusa

Alterações ao MENAC: a grande aposta de Rita Júdice

A 16 de abril, Marcelo Rebelo de Sousa promulgou o diploma que altera o Mecanismo Nacional Anticorrupção e estabelece o regime geral de prevenção da corrupção — a grande aposta da ministra da Justiça, Rita Júdice — mas com reservas por considerar que este órgão continua “demasiado governamentalizado”.

O Presidente decidiu promulgar o diploma, “apesar das dúvidas que ainda suscita, e, sobretudo do vício original de se tratar de Mecanismo demasiado governamentalizado”. A justificação deve-se “ao recuo do Governo no regime da liderança do referido Mecanismo, à necessidade de não adiar um sinal, mesmo insuficiente, no domínio do combate à corrupção e ao facto de o diploma só entrar em vigor depois das eleições parlamentares”, explica a nota divulgada no site da Presidência da República.

Em fevereiro, o Governo aprovou o diploma para a prevenção da corrupção que prevê que o MENAC passe a ter um conselho de administração com três elementos e um quadro de pessoal próprio.

Assim, a direção do MENAC passa a ser assegurada por um órgão colegial (um conselho de administração com três elementos, sendo um deles o presidente) que recebe as competências atualmente exercidas exclusivamente por um presidente. O CA recebe também as competências relativas à gestão interna, administrativa e de recursos humanos, financeira e patrimonial. Os membros do conselho de administração do MENAC são designados por Resolução do Conselho de Ministros, sob proposta do ministro da Justiça, ouvidos o presidente do Tribunal de Contas e o Procurador-Geral da República.

O mandato dos membros do CA tem a duração de quatro anos, renovável por igual período, bem como os do conselho consultivo, do secretário-geral (cujo estatuto é clarificado) e do fiscal único (que passa a existir). Os membros do CA só podem ser destituídos pelo Conselho de Ministros, com motivo justificado, após audições ao presidente do Tribunal de Contas e do Procurador-Geral da República. Por outro lado, é alargada a intervenção do conselho consultivo – a composição passa a incluir todos os órgãos de controlo setorial e regional, um representante do presidente do Tribunal de Contas e outro das organizações não governamentais da área da investigação de combate aos fenómenos da corrupção.

Passa a ser obrigatória a comunicação ao MENAC das decisões de arquivamento, de acusação, de pronúncia ou de não pronúncia e das decisões de absolvição ou condenação relativas aos crimes de corrupção (e crimes conexos) conforme anteriormente previsto em relação ao Conselho de Prevenção da Corrupção. Passa também a prever-se o envio à Assembleia da República do relatório anual do MENAC (e não apenas ao Governo).

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