João Massano pede apoio para candidatura a bastonário dos advogados

O Conselho Geral da Ordem dos Advogados já marcou as próximas eleições para os vários órgãos da instituição: 18 e 19 de março para a primeira volta e, caso aconteça, 31 de março para a segunda volta.

O atual presidente do Conselho Regional de Lisboa (CRL) da Ordem dos Advogados pondera a candidatura a bastonário dos advogados. A intenção foi divulgada pelo próprio João Massano – nas redes sociais – assumindo que ainda não tomou uma “decisão definitiva, devido às implicações para o meu escritório e clientes” mas que se vê forçado a solicitar que “subscrevam a minha proposta de candidatura a Bastonário desde já”.

Esta solicitação deve-se ao curto espaço de tempo concedido pelo Conselho Geral (CG) e pela atual bastonária para a preparação da documentação necessária à apresentação de uma candidatura: entrega de candidaturas até 17 de janeiro e eleições a 18 e 19 de março, em que pelo meio será o período festivo de Natal e passagem de ano.

O Conselho Geral da Ordem dos Advogados já marcou as próximas eleições para os vários órgãos da instituição: 18 e 19 de março para a primeira volta e, caso aconteça, 31 de março para a segunda volta. As propostas de candidatura deverão ser apresentadas à Comissão Eleitoral até às 18h00 do dia 17 de janeiro de 2025.

No dia 27 de novembro, a bastonária Fernanda de Almeida Pinheiro, anunciou a convocação de eleições antecipadas para todos os órgãos da instituição, incluindo o que lidera, o Conselho Geral (CG). “Este novo estatuto impunha a criação de novos órgãos e naturalmente esses dois órgãos tinha um regime transitório da norma previa duas opções: podíamos designar o órgão ou convocar eleições antecipadas até 31 de março de 2025”, diz a bastonária. A OA optou, à data, designar e dar posse ao Conselho de Supervisão e ao Provedor do Beneficiário dos Serviços.

“É importante salientar que esta manobra da senhora Bastonária e do seu CG revela um profundo desrespeito pelos princípios democráticos, na medida em que limita significativamente as possibilidades de preparação de candidaturas por parte dos seus potenciais adversários. Esta situação não é séria e é pouco aceitável! Contudo, reforça a minha determinação de contribuir para a mudança que todos ambicionamos na nossa Classe e a vontade de contribuir para a dignificação da Advocacia! Agradeço antecipadamente a vossa compreensão e apoio neste momento tão crucial para a nossa Ordem”, conclui o advogado.

Licenciado em Direito desde 1994, ano em que concluiu a licenciatura, na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa. Inscrito na Ordem dos Advogados pelo Conselho Distrital de Lisboa com a cédula profissional desde 19 de fevereiro de 1997.

Em 2004 tornou-me sócio fundador da ATMJ. Mestre em Direito em 2006, na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa manteve uma carreira académica durante cerca de 17 anos, como docente universitário na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, na Universidade Lusófona e na Universidade Moderna.

Ligado ao Conselho Regional de Lisboa da Ordem dos Advogados desde 2011. Primeiro, como Vogal-Tesoureiro do Conselho Distrital de Lisboa da Ordem dos Advogados, para o triénio 2011-2013, e, nos dois mandatos seguintes, como Vice-Presidente responsável pelo pelouro da Formação, nos triénios 2014-2016 e 2017-2019. Em novembro de 2019, foi eleito Presidente do Conselho Regional de Lisboa da Ordem dos Advogados. Mandato que foi renovado há quase dois anos.

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Dona do Jornal de Notícias sobe salário mínimo para 910 euros

A decisão do grupo liderado por Domingos de Andrade pretende traduzir "a confiança da administração e acionistas na recuperação das empresas e construção de um grupo de comunicação social sólido".

A Notícias Ilimitadas, dona do Jornal de Notícias e d’O Jogo, vai aumentar os ordenados mínimos de todos os trabalhadores do grupo para 910 euros. Assim, a partir de 1 de janeiro, em vez dos 870 euros de salário mínimo aprovado pelo Governo, um aumento de 50 euros em relação ao valor atual, os trabalhadores da Notícias Ilimitadas e da TSF ficam com um rendimento mínimo de 910 euros.

A decisão, que foi comunicada esta sexta-feira, pretende traduzir a confiança da administração e acionistas no grupo, segundo a empresa. “No quadro da ainda difícil condição económico-financeira da empresa, esta decisão tem como objetivo melhorar o rendimento dos trabalhadores com salários mais baixos e traduz a confiança da administração e dos acionistas na capacidade de todos nós recuperarmos as Empresas e construirmos um grupo de comunicação social sólido, assente na força dos nossos títulos, que, apesar de todas as vicissitudes por que passámos, continuam a ser referências de topo no panorama da comunicação social portuguesa”, lê-se no comunicado interno ao qual o +M teve acesso.

Acreditamos que esta decisão é apenas a primeira e que, com o empenho de todos, teremos condições de, a breve prazo, reforçar com outras medidas a valorização das pessoas e das suas condições remuneratórias“, conclui a administração liderada por Domingos de Andrade.

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Agendas mobilizadoras do PRR vão poder ser executadas até junho de 2026

Com a inteligência artificial vai ser possível acelerar a análise das 80 mil candidaturas de eficiência energética. Montante deve ficar atribuído até ao final do ano.

O Governo vai rever no âmbito da reprogramação do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) o prazo limite para a execução das agendas mobilizadoras, anunciou esta sexta-feira o ministro Adjunto e da Coesão Territorial. “Na reprogramação vamos propor à Comissão Europeia que as agendas mobilizadoras possam ser executadas até 30 de junho de 2026“, anunciou Manuel Castro Almeida.

As agendas mobilizadoras “foram uma excelente ideia” — “gostaria de ter sido eu a tê-la”, admitiu Castro Almeida. Mas, “há agendas a correr muito bem e outras nem por isso”, caracterizou. O processo “começou muito lento”, as “assinaturas de contratos demoraram”, “há consórcios muito grandes”, elencou, contando que lhe têm chegado vários pedidos das para alargar o prazo de execução. Todas as agendas têm de estar concluídas até dezembro de 2025. Mas o ministro revelou que, no âmbito da reprogramação, vai propor a Bruxelas que o prazo de execução seja estendido até 30 de junho de 2026, o limite de execução de todos os projetos do PRR.

“A reprogramação está num trabalho intenso”, revelou o ministro Adjunto. “A ver se no próximo mês a podemos submeter à Comissão Europeia”, sublinhou. O presidente da estrutura de missão Recuperar Portugal, Fernando Alfaiate, já tinha revelado no Parlamento que a reprogramação do PRR será entregue em janeiro, a tempo de travar a análise do sexto pedido de pagamento da bazuca, entre com quatro marcos por cumprir e que serão objeto de reprogramação.

Castro Almeida recordou que Portugal foi o segundo país da Europa a apresentar o sexto pedido de pagamento, logo a seguir à Itália. “A ideia do atraso dos fundos começa a esbater-se”, disse, sublinhando que o “PRR começa agora a entrar em fase de cruzeiro”.

Para acelerar a execução dos fundos “foi preciso alterar uma série de coisas”, explicou. “O PRR e o PT2020 eram executados quase pelas mesmas pessoas”, por isso “está a ser criada uma bolsa de 50 técnicos itinerantes que vão andar de serviço em serviço a resolver picos de trabalho”. “E estamos a introduzir inteligência artificial que já está a fazer análise de candidaturas”, uma ferramenta que já está a ser utilizada há quatro ou cinco meses.

O ministro Adjunto deu o exemplo das cerca de 80 mil candidaturas de eficiência energética, para apoiar a substituição de portas e janelas, nas quais está a ser utilizada inteligência artificial para acelerar as análises. “Espero que no final do ano toda a dotação esteja distribuída”, antecipou. “Estejam descansados que não será nenhum algoritmo a decidir”, ressalvou.

Castro Almeida assumiu o compromisso de que, até ao final do ano, as candidaturas serão decidas a 60 dias e os pedidos de pagamento pagos a 30 dias, um compromisso assumido pelo Executivo aquando da tomada de posse. “Pode haver um programa em que não será assim, mas no início do ano será”, disse sem revelar qual o programa em causa. “Vai mudar a vida das empresas”, assegurou.

Com o objetivo de “ser mais amigáveis com as empresas”, Castro Almeida revelou que o Governo criou um grupo de trabalho, dirigido por ele, “para acompanhar as dificuldades que existem em investimentos privados”. O objetivo é identificar essas situações com os secretários de Estado e funcionar como “uma pequena central para desbloquear o investimento privado”. “É uma prova de que o Governo está apostado em promover o investimento” e em “garantir que o Estado não é embaraço a esses investimentos”, concluiu.

(Notícia atualizada com mais informação)

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Operação Marquês: Relação manda processo imediatamente para julgamento

A decisão foi tomada esta quinta-feira pelo juiz Francisco Henriques e o processo vai assim descer, na próxima semana, para o tribunal que vai julgar Sócrates por 22 crimes.

O Tribunal da Relação de Lisboa ordenou que o processo da Operação Marquês vá, no imediato, para a primeira instância, sem recursos, que ficam agora separados do processo para serem analisados à parte.

A decisão foi tomada esta quinta-feira pelo juiz Francisco Henriques e o processo vai assim descer, na próxima semana, para o tribunal que o vai julgar em primeira instância.

A 11 de outubro de 2017, o Ministério Público acusa José Sócrates de corrupção passiva de titular de cargo político, 16 de branqueamento de capitais, nove de falsificação de documentos e três de fraude fiscal qualificada. No total, foram 28 arguidos acusados de um total de 189 crimes. Para além do nome sonante do ex-secretário geral do PS (que em 2018 decide desfiliar-se), o PGR acusou ainda o ex-banqueiro Ricardo Salgado, o antigo presidente da PT Zeinal Bava, Henrique Granadeiro, ex-administrador da PT e o ex-ministro e antigo administrador da CGD Armando Vara.

O caso que se tornou um dos mais mediáticos da história da Justiça portuguesa ocupou manchetes e aberturas de telejornais durante anos. Mas só nove anos depois, a 25 de janeiro de 2024, é que o Tribunal da Relação decidiu que, sim, José Sócrates será julgado por 22 crimes, incluindo corrupção. Dez meses depois desta decisão, ainda nada aconteceu.

No processo Operação Marquês, Sócrates foi acusado pelo Ministério Público, em 2017, de 31 crimes, designadamente corrupção passiva, branqueamento de capitais, falsificação de documentos e fraude fiscal, mas na decisão instrutória, a 9 de abril de 2021, o juiz Ivo Rosa decidiu ilibar o ex-governante de 25 dos 31 crimes, pronunciando-o para julgamento apenas por três crimes de branqueamento e três de falsificação.

Uma decisão posterior do Tribunal da Relação de Lisboa viria a dar razão a um recurso do MP, e em janeiro determinou a ida a julgamento de um total de 22 arguidos por 118 crimes económico-financeiros, revogando a decisão instrutória, que remeteu para julgamento apenas José Sócrates, Carlos Santos Silva, o ex-ministro Armando Vara, Ricardo Salgado e o antigo motorista de Sócrates, João Perna.

O que está no centro da investigação?

A Operação Marquês iniciou-se em 2014, depois de uma denúncia, no ano anterior, feita pela Caixa-Geral de Depósitos (CGD) à Unidade de Informação Financeira da Polícia Judiciária, que dava conta de um possível esquema que teria rendido quase mais de meio milhão de euros a José Sócrates.

A investigação começou com os mais de 23 milhões de euros reunidos por Carlos Santos Silva, transferidos da Suíça para Portugal, primeiro em 2004 e, depois, em 2010 e 2011. O empresário – amigo próximo de Sócrates – tinha uma conta no Banco Espírito Santo (BES), em seu nome, que o Ministério Público (MP) acreditava servir para cobrir despesas feitas em nome de Sócrates. Além disso, o MP dizia na acusação que o ex-primeiro ministro recebia dinheiro em mãos e dispunha de verbas para pagar férias ou ter à sua disposição a casa de Carlos Santos Silva em Paris.

As suspeitas iniciais de corrupção recaíam apenas sobre o grupo Lena, pois o MP acreditava que o dinheiro na Suíça eram contrapartidas pelo favorecimento que Sócrates teria feito à construtora, enquanto responsável político, em obras ligadas ao TGV e à Parque Escolar. A investigação acabou por conseguir encontrar aquilo que considerou ser a origem do dinheiro, mantendo suspeitas de corrupção ligadas apenas a 2,9 milhões de euros de euros, que terão tido origem no grupo Lena, passando pela conta do administrador Joaquim Barroca. Foram também descobertos 12 milhões de euros que também passaram por contas na Suíça, controladas por Hélder Bataglia, administrador de uma empresa do Grupo Espírito Santo (GES), relacionada com o empreendimento de Vale do Lobo, no Algarve.

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Ministro da Agricultura ganha novos poderes de tutela nas CCDR

  • Lusa
  • 6 Dezembro 2024

Está oficializada, em Diário da República, a alteração que dará poderes ao ministro da Agricultura para fazer nomeações nos departamentos de agricultura, desenvolvimento rural e pescas das CCDR.

A orgânica das Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) foi alterada nesta sexta-feira, passando a conferir ao ministro da Agricultura poderes para nomeação de vice-presidentes que terão a seu cargo os departamentos regionais da agricultura, desenvolvimento rural e pescas.

Com o decreto-lei, publicado no Diário da República, o Governo pretende que a administração central volte a ter controlo sobre esta área, depois da integração das antigas Direções Regionais de Agricultura e Pescas nas CCDR, na sequência da reestruturação das comissões regionais, em 2023.

Com a reestruturação, as CCDR receberam competências de serviços periféricos da administração direta e indireta do Estado em diferentes áreas de governação, para facilitar a sua articulação, “tendo em vista um desenvolvimento regional harmonioso”.

Entre essas atribuições recebeu as das anteriores Direções Regionais de Agricultura e Pescas, “onde exerciam funções centenas de funcionários, mais do que duplicando o número de trabalhadores das CCDR”.

“Em consequência, o ministro da Agricultura e Pescas ficou desprovido de capacidade de intervenção no território dado que não ficou prevista a sua participação na tutela da CCDR, onde ficam localizados os departamentos da agricultura e pescas à escala regional ou sub-regional”, justificou o executivo no diploma hoje publicado.

Por isso, o Governo vem agora “corrigir tal situação, reconhecendo, não só a importância central da agricultura e pescas nas políticas de desenvolvimento regional, como também a necessidade de atuação no âmbito da política agrícola e das pescas junto dos agentes económicos”.

É assim atribuído ao ministro da Agricultura e das Pescas “os poderes de superintendência e tutela na área” em cada CCDR, através da designação de um vice-presidente para cada comissão, que terá a seu cargo os departamentos dedicados à agricultura, desenvolvimento rural e pescas.

O diploma estabelece também que o ministro Adjunto e da Coesão Territorial exerce “os poderes de superintendência e tutela” das CCDR, sem prejuízo da “coordenação com os ministros competentes nas matérias setoriais”, “salvo nas áreas da agricultura e pescas em que a superintendência e tutela pertence ao ministro da Agricultura e Pescas”.

A Lusa pediu aos dois ministérios explicações mais concretas sobre como serão operacionalizadas estas alterações ao funcionamento das CCDR, mas não recebeu resposta até ao momento.

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Gestores dos hospitais públicos escaparam ao corte salarial. Finanças exigem devolução do dinheiro

Despacho interno da era Marta Temido dispensou a redução de 5% sobre os ordenados brutos. Fernando Medina teve outro entendimento e as Finanças querem agora a correção com efeitos retroativos.

Os administradores dos hospitais públicos escaparam ao corte salarial de 5% desde, pelo menos, 2020, durante a tutela de Marta Temido, ao abrigo de uma instrução interna da Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS), a que o ECO teve acesso. Já na era do Governo de maioria absoluta socialista, entre 2022 e 2024, o entendimento do então ministro das Finanças, Fernando Medina, foi outro: a lei teria de ser cumprida.

O Executivo da Aliança Democrática (AD), de Luís Montenegro, deu seguimento a essa mesma interpretação e, esta quarta-feira, a Direção-Geral do Tesouro e Finanças (DGTF), sob a tutela do ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, e a ACSS enviaram uma missiva a todas as entidades para que apliquem a redução salarial com efeitos retroativos. O ECO tem questionado o Ministério das Finanças e a ACSS desde quarta-feira sobre o ponto de situação deste processo e aguarda respostas. O despacho das Finanças, consultado pelo ECO, determina que devem “ser regularizadas todas as situações que estejam em desconformidade com esta determinação, designadamente através do ajustamento retroativo das remunerações entretanto processadas”.

Quando a circular da ACSS foi endereçada aos hospitais públicos, a 15 de julho de 2020, para eliminar de forma progressiva os cortes salariais de 5% que estão em vigor desde 1 de junho de 2010, no âmbito do Programa de Estabilidade e Crescimento (PEC) de José Sócrates, o Ministério da Saúde era comandado por Marta Temido, ministra de um governo socialista de António Costa que não tinha maioria absoluta no Parlamento.

O despacho, assinado por Pedro Alexandre, então vogal do conselho diretivo da ACSS, sustentava a sua decisão num parecer da Direção-Geral da Administração e do Emprego Público (DGAEP), de 2019, e numa norma do decreto-lei de execução do Orçamento do Estado para 2018, segundo o qual “os efeitos temporários das normas e medidas” relativas à redução dos vencimentos brutos em 5%, são “progressivamente eliminados”.

“Assim, e obtido o parecer da Direção-Geral da Administração e do Emprego Público, e em ordem à uniformidade de procedimentos, informa-se […] que a redução da remuneração fixa mensal ilíquida […] deve ser progressivamente eliminada”, lê-se na mesma carta. Ao que o ECO apurou, este despacho interno poderá ser ilegal porque não se pode sobrepor a uma lei emanada da Assembleia da República.

Com Fernando Medina ao leme das Finanças, a interpretação foi totalmente diferente: aos gestores das agora designadas Unidades Locais de Saúde EPE também deveria incidir o corte salarial. Detetadas situações irregulares, o ministro das Finanças da altura pediu à Inspeção-Geral das Finanças (IGF) um ponto de situação sobre o cumprimento da lei, sabe o ECO. A IGF fez uma inspeção e verificou que a redução dos vencimentos não estava a ser aplicada, tendo emitido um alerta para a Finanças sobre a aproximação do fim do prazo para a regularização dos cortes.

Como os processos estão em risco de prescrever, a DGTF e a ACSS enviaram, esta quarta-feira, dia 4, uma carta a todos os hospitais EPE para corrigir a situação com efeitos retroativos. A prescrição não está relacionada com o Orçamento do Estado para 2025 (OE2025), que aprovou o fim desta redução dos vencimentos dos titulares de cargos políticos e gestores públicos como efeitos imediatos a 1 de janeiro do próximo ano, sabe o ECO.

Na missiva, a DGTF e a ACSS reconhecem que “a proposta de Orçamento do Estado para 2025 […] revoga o n.º 1 do artigo 12.º da Lei n.º 12-A/2010, de 30 de junho, que determinava a redução, a título excecional, em 5% da remuneração fixa mensal ilíquida dos gestores públicos, executivos e não executivos, com produção de efeitos desde 1 de junho de 2010”. “Assim, a partir de 1 de janeiro de 2025, deve […] diligenciar pelo ajustamento dos vencimentos dos gestores públicos, eliminando o corte dos 5% que a referida norma previa”, segundo o mesmo documento.

“Contudo, dado que tal previsão se mantém vigente até 31 de dezembro de 2024, reitera-se […] necessidade de […] aplicação da redução de 5% da remuneração fixa mensal ilíquida dos gestores públicos, até à referida data, devendo ser regularizadas todas as situações que estejam em desconformidade com esta determinação, designadamente através do ajustamento retroativo das remunerações entretanto processadas”, remata a missiva assinada pela diretora-geral da DGTF, Maria João Dias Pessoa de Araújo, e pelo presidente do conselho diretivo da ACSS, André Filipe Trindade Ferreira.

Para o presidente da Associação dos Administradores Hospitalares, Xavier Barreto, “esta situação poderá gerar algum desconforto e descontentemente juntos dos gestores que vierem a ser obrigados a devolver salário”. Além disso, considera que “o despacho de 2020, que indicava a eliminação progressiva do corte salarial é bastante claro”, pelo que não entende agora “a mudança de posição e de interpretação”. “É contraditório”, critica.

As irregularidades na aplicação do corte dos ordenados têm vindo a ser detetadas mesmo antes do despacho de julho de 2020. Logo em 2010, no primeiro ano de aplicação da medida, a Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) tinha “identificado casos em que as entidades inquiridas não procederam à redução de 5% da remuneração dos gestores públicos”. Num sentido mais amplo e sem apenas se cingir aos hospitais públicos, o relatório da Conta Geral do Estado de 2011 concluiu que não foi aplicada qualquer redução salarial a 25 gestores e 13 entidades.

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Tribunal Constitucional romeno anula resultados das eleições presidenciais

  • Lusa
  • 6 Dezembro 2024

Tribunal Constitucional romeno anulou os resultados da primeira volta das eleições presidenciais, a dois dias da segunda volta. Nova data para será anunciada.

O Tribunal Constitucional romeno anulou esta sexta-feira os resultados da primeira volta das eleições presidenciais, realizadas a 24 de novembro, a dois dias da segunda volta.

A decisão sem precedentes do Tribunal Constitucional – que tem carácter definitivo – foi tomada depois de o Presidente Klaus Iohannis ter desclassificado, na quarta-feira, informações que alegavam que a Rússia tinha levado a cabo uma campanha em grande escala, com milhares de contas nas redes sociais, para promover o ultranacionalista Calin Georgescu, vencedor da primeira volta, em plataformas como o TikTok e o Telegram.

Contra as expectativas e o que indicavam as sondagens, que lhe davam 6% de intenções de voto, Georgescu emergiu como o principal candidato em 24 de novembro, com 23% dos votos.

O candidato, considerado pró-russo, declarou não ter gasto nada na campanha.

Os romenos deveriam ir às urnas no domingo para a segunda volta das eleições presidenciais, para escolher entre Calin Georgescu e a conservadora e pró-europeia Elena Lasconi.

O Tribunal Constitucional da Roménia havia validado na segunda-feira, após nova contagem, os resultados da primeira volta das eleições presidenciais, realizadas em 24 de novembro e marcadas pela surpreendente vitória de Georgescu.

Num país em clima de turbulência política, a decisão do Tribunal Constitucional tinha clarificado a situação e permitido uma segunda volta das eleições presidenciais no domingo, nas condições inicialmente previstas.

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A febre da Fórmula 1, página a página

  • Rita Ibérico Nogueira
  • 6 Dezembro 2024

A pensar na crescente popularidade deste desporto automóvel, a editora Familiam lançou “Formula 1: Os Rivais”, leitura obrigatória para todos os fãs da modalidade.

Andamos todos meio inebriados com os roncos do motor do McLaren magistralmente conduzido à chuva por Ayrton Senna, a matar saudades deste que foi um dos mais espetaculares pilotos de Formula 1 de todos os tempos. A mini-série produzida e estreada pela Netflix no final de Novembro ilustra bem a nova febre saudosista que se abate sobre este desporto automóvel, com a popularidade a crescer a pique desde que a plataforma de streamming lançou Fórmula 1: Drive to Survive”, seguida de “Schumacher” e agora “Senna”.

A fórmula é simples (passemos a redundância): a Fórmula 1 mudou muito desde o tempo em que o piloto do capacete amarelo que glorificou as cores do Brasil pelos autódromos do mundo e que desafiava a morte em cada curva morreu. Mudaram as equipas, os carros e os protagonistas. Mudaram as regras, os construtores e os patrocinadores. Mas não mudou a paixão que continuamos a ter pelas histórias humanas e o estilo de vida do desporto automóvel. A curiosidade com que sentimos ao assistir às disputas em pista dos grandes rivais da história da Formula 1 – de James Hunt vs. Niki Lauda a Nigel Mansell vs. Nelson Piquet; de Ayrton Senna vs. Alain Prost a Schumacher vs. Senna/Hill/Villeneuve/Alonso/Hakkinen, terminando em Carlos Sainz vs. Lando Norris e Lewis Hamilton vs. Max Verstappen – agarra-nos ao ecrã, ao youtube, às redes sociais, e a todas as plataformas onde agora vibramos com a Formula 1. Mas… e os livros? Em que outra “plataforma” conseguimos levar conosco (ou oferecer) todas as emoções do desporto automóvel e recordar as histórias por detrás destes protagonistas?

A pensar nisso – e nesta época festiva de troca de presentes –, a editora Familiam lançou “Formula 1: Os Rivais”, leitura obrigatória para todos os fãs da modalidade. Escrito a partir da visão brilhante do veterano jornalista de Fórmula 1 Tony Dodgins, e com prefácio de Mark Webber, este livro explora os duelos mais icónicos desde o início do Campeonato do Mundo em 1950, destacando-se a animosidade intensa mantida em lume brando entre Ayrton Senna e Alain Prost (tão bem retratada na série da Netflix), à troca de palavras cortante entre Nigel Mansell e Nelson Piquet, ou o choque entre James Hunt e Niki Lauda, entre muitas outras histórias apaixonantes. De certeza que vai ter vários candidatos para ficarem com ele.

Fórmula 1: Os Rivais

Ed. Familiam
Preço: 26,91€)

 

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Eleições na Ordem dos Advogados já estão marcadas: 18 e 19 de março

O comunicado - publicado no site da OA- refere-se apenas às eleições para bastonário, Conselho Geral, Conselho Superior e dos membros eletivos do Conselho de Supervisão e do Conselho Fiscal.

O Conselho Geral da Ordem dos Advogados já marcou as próximas eleições para os vários órgãos da instituição: 18 e 19 de março para a primeira volta e, caso aconteça, 31 de março para a segunda volta. As propostas de candidatura deverão ser apresentadas à Comissão Eleitoral até às 18h00 do dia 17 de janeiro de 2025.

O comunicado – publicado no site da OA – refere-se apenas às eleições para bastonário, Conselho Geral, Conselho Superior e dos membros eletivos do Conselho de Supervisão e do Conselho Fiscal.

Mas o ECO sabe que as datas para a eleição dos Conselhos Regionais (Lisboa, Porto, Évora, Coimbra, Faro, Madeira e Açores) serão as mesmas.

No dia 27 de novembro, a bastonária Fernanda de Almeida Pinheiro, anunciou a convocação de eleições antecipadas para todos os órgãos da instituição, incluindo o que lidera, o Conselho Geral (CG). “Este novo estatuto impunha a criação de novos órgãos e naturalmente esses dois órgãos tinha um regime transitório da norma previa duas opções: podíamos designar o órgão ou convocar eleições antecipadas até 31 de março de 2025”, diz a bastonária. A OA optou, à data, designar e dar posse ao Conselho de Supervisão e ao Provedor do Beneficiário dos Serviços.

Tomada de posse da nova bastonária da Ordem dos Advogados, Fernanda de Almeida Pinheiro - 09JAN23
Fernanda de Almeida Pinheiro, bastonária da Ordem dos AdvogadosHugo Amaral/ECO

“Como é de conhecimento público, o novo Estatuto da Ordem dos Advogados, aprovado pela Lei n.º 6/2024, de 19 de janeiro, trouxe mudanças estruturais profundas, incluindo a criação de novos órgãos e a necessidade de adaptação regulamentar. Perante o curto prazo imposto para a implementação do novo Estatuto, o Conselho Geral deliberou designar o Conselho de Supervisão, para cumprir a obrigação legal de criação deste órgão. Esta deliberação foi tomada no enquadramento da norma transitória do Estatuto, não só com o objetivo de permitir que os mandatos em curso chegassem tranquilamente ao fim, como também de evitar a entrada imediata de membros externos para outros órgãos, de acordo com a nova composição estatutariamente prevista”, explica a bastonária, em comunicado.

“Porém, tal decisão gerou alguma divisão na nossa classe, com críticas públicas àquela designação (incluindo de titulares de órgãos da Ordem), apresentação de recursos daquela deliberação e ameaças públicas de ações judiciais. A Ordem dos Advogados não pode viver refém de controvérsias internas, litígios judiciais ou debates infindáveis sobre a regularidade de atos administrativos. O cenário atual não só cria desconfiança e insegurança quanto aos atos praticados pelo Conselho de Supervisão, como compromete a capacidade da Ordem de se focar nos verdadeiros desafios da advocacia”, acrescenta.

O artigo 5.º, n.º 5, das disposições transitórias da Lei n.º 6/2024 permite à Ordem optar, no prazo de um ano, por antecipar o calendário eleitoral. Esta possibilidade visa assegurar a designação simultânea de todos os órgãos. Perante este contexto, o Conselho Geral deliberou convocar eleições antecipadas (a realizar em data a anunciar posteriormente), “por entender ser atualmente a única solução possível para clarificar e estabilizar a nossa Ordem”, disse a líder dos advogados.

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Não há tempo para morrer e por isso precisamos deste relógio do agente 007

  • Rita Ibérico Nogueira
  • 6 Dezembro 2024

Daniel Craig – ator que dá vida ao atual James Bond – causou sensação no último verão ao surgir nos Jogos Olímpicos de Paris trazendo no pulso o mais recente Omega Seamaster Diver 300M.

Craig, que é embaixador da Omega, despertou nesta altura a curiosidade dos fãs de relógios de todo o mundo, que aguardavam com expectativa a nova coleção deste modelo (que desde 1993 continua a ser o mais popular dos relógios de mergulho da marca suíça, um verdadeiro clássico subaquático com detalhes distintos como o mostrador com padrão de ondas, os ponteiros esqueletizados e a válvula de escape de hélio às 10 horas). Mas a espera terminou e os modelos desta coleção, que traz uma série de versões em diferentes estilos metálicos, semelhantes ao Seamaster Diver 300M 007 Edition, utilizado no filme “James Bond: No Time to Die”, já estão disponíveis para levar para casa.

Afastando-se do estilo cerâmico dos últimos anos, esta nova linha apresenta uma estética mais vintage, visível nas braceletes em malha metálica e no vidro de safira abaulado. É possível ainda escolher entre quatro opções diferentes: 1. e 2. Modelo em aço inoxidável com bisel em alumínio preto e mostrador em alumínio preto com ondas gravadas a laser, com bracelete em malha ou em borracha; 3. e 4. Modelo em aço inoxidável com bisel em titânio de grau 5 e mostrador em aço inoxidável escovado, com bracelete em malha ou em borracha.

Dando continuidade ao elevado padrão de precisão, desempenho e resistência magnética da Omega, cada relógio é alimentado por um calibre Co-Axial Master Chronometer 8806, visível no fundo da caixa. Desportivo mas elegante em qualquer lugar, ao estilo inconfundível de James Bond, o agente secreto mais carismático do MI6 .

Omega Seamaster Diver 300M

Preço: Entre 6.700€ e 7.300€ na Boutique dos Relógios

 

 

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União Europeia fecha acordo comercial com Mercosul ao fim de duas décadas

  • ECO
  • 6 Dezembro 2024

"É uma vitória para a Europa. 30 mil empresas já exportam para o Mercosul, muitas mais seguirão", anunciou a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.

A União Europeia (UE) e os países Mercosul concluíram o acordo comercial que começou a ser negociado há mais de duas décadas. “É uma vitória para a Europa. 30 mil empresas já exportam para o Mercosul, muitas mais seguirão“, anunciou a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.

O acordo comercial que será o maior do mundo foi anunciado na cimeira entre os dois blocos que decorre em Montevideu e que junta a presidente da Comissão Europeia e os homólogos de quatro países do Mercosul – Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai.

“Este é um acordo vantajoso para todas as partes, que trará benefícios significativos para os consumidores e as empresas, de ambos os lados. Estamos focados na justiça e nos benefícios mútuos”, disse a presidente da Comissão Europeia, acrescentando que este “é o maior acordo de sempre, no que diz respeito à proteção dos produtos alimentares e bebidas da UE”.

Segundo a responsável do executivo comunitário, mais de 350 produtos da UE estão agora protegidos por uma indicação geográfica. “As nossas normas europeias em matéria de saúde e alimentação permanecem inalteradas. Os exportadores do Mercosul terão de cumprir rigorosamente estas normas para aceder ao mercado da UE. Esta é a realidade de um acordo que irá poupar às empresas da UE quatro mil milhões de euros em direitos de exportação por ano“, acrescentou.

As negociações para o acordo comercial arrancaram em junho de 1999. Após terem sido suspensas, foram reiniciadas em 2010, tendo ganho novo ímpeto em 2016. Em 2019, os dois blocos a União Europeia e o Mercosul concluíram as negociações após novas cedências para cortar tarifas, mas o aval acabou não ter seguimento. Esta sexta-feira, o acordo político traz avanços face ao texto de 2019, contendo novas disposições sobre compras públicas, impostos de exportação e veículos.

No entanto, a aprovação do acordo pelos Estados-Membros da UE ainda não está fechada, com França a opor-se veementemente. De acordo com a Reuters, para os franceses o acordo é “inaceitável” e a Comissão Europeia assumiu um “grande risco”, mas também os italianos consideraram, na quinta-feira, que não havia condições para assinar um acordo. Uma posição semelhante à da Polónia, que indicou na semana passada que se opunha ao documento no seu atual texto.

Por outro lado, países como a Alemanha e Espanha defendem que o acordo é vital para a UE, à medida que o bloco procura diversificar o comércio após o quase encerramento do mercado russo e o desconforto com a dependência chinesa, nomeadamente no que toca a automóveis, maquinaria e produtos químicos da UE. Por outro lado, consideram que o Mercosul pode ser uma fonte de importações para matérias como o lítio metálico para baterias, necessários para a transição verde da Europa.

Para que o acordo passe é necessária a aprovação de 15 dos 27 membros da UE e a maioria simples no Parlamento Europeu.

As empresas da UE exportaram para os quatro países fundadores do Mercosul 56 mil milhões de euros em bens, em 2023, e 28 mil milhões de euros em serviços, em 2022. O bloco europeu é o segundo maior parceiro comercial de bens do Mercosul, depois da China e à frente dos Estados Unidos, tendo representado 16,9% do comércio total do bloco latino-americano em 2023, de acordo com dados da Comissão Europeia.

Segundo a Comissão de Ursula von der Leyen, estes são os principais pontos do acordo:

  • acabar com barreiras comerciais e facilitar a venda de bens e serviços por parte de empresas europeias ao Mercosul, bem como facilitar o investimento;
  • ajudar a garantir o acesso sustentável às matérias-primas, reforçando a segurança económica e apoiando a dupla transição;
  • ajudar a UE e o Mercosul a definirem regras comerciais globais em conformidade com os mais elevados padrões da UE;
  • “enviar um poderoso sinal ao Mundo” a favor do comércio baseado em regras, rejeitando o protecionismo;
  • integrar “ainda mais” as cadeias de valor entre as nossas duas regiões

(Notícia atualizada às 14h45)

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Guardian Media Group vende o jornal The Observer ao grupo digital Tortoise

  • Lusa
  • 6 Dezembro 2024

A transferência do jornal fundado em 1791 é confirmada após dois dias de greve dos funcionários, que se opuseram ao negócio.

O britânico Guardian Media Group (GMG), controlado pela organização sem fins lucrativos Scott Trust e proprietário do jornal The Guardian, acertou a venda do The Observer ao grupo digital Tortoise Group, anunciaram esta sexta-feira as duas empresas em comunicado.

A transferência do jornal fundado em 1791, considerado o mais antigo do mundo, é confirmada após dois dias de greve dos funcionários, que se opuseram ao negócio, considerando que a Tortoise Media não pode garantir a sustentabilidade a longo prazo do The Observer.

A diretora do Guardian News & Media, Katharine Viner, reconheceu “o quão angustiante este período tem sido para os funcionários do Observer”. “Estamos confiantes de que chegámos a um acordo sobre o melhor caminho a seguir para os seus jornalistas, para os seus leitores e para o futuro do Observer e do Guardian“, afirmou a diretora.

A presidente executiva do GMG, Anna Bateson, disse que o investimento de 25 milhões de libras (30 milhões de euros) prometido pela Tortoise Media, junto com uma participação a ser adquirida pelo Scott Trust, “preservará o legado de 233 anos do Observer e protegerá o seu futuro, garantindo que ele possa continuar a produzir o seu excecional jornalismo liberal, ‘online’ e impresso”.

James Harding, ex-editor do Times e ex-diretor da BBC News, e fundador, em 2018, da Tortoise, disse estar “honrado e entusiasmado” com a perspetiva de relançar o jornal de domingo como uma grande marca ‘online’ e prometeu “fazer […] o melhor para estar à altura da sua história como defensor da dignidade humana”.

Um grande número de jornalistas do The Guardian e do The Observer (os dois principais jornais progressistas do Reino Unido) fizeram greve na quarta e na quinta-feira, a primeira em mais de 50 anos, na esperança de travar a venda.

Tortoise é dirigida por James Harding, ex-editor do Times e ex-diretor da BBC News. “Apresentou planos para continuar a publicar o Observer aos domingos e construir a presença digital do título, combinaria o Observer com podcasts, boletins informativos e eventos ao vivo do Tortoise” e “as notícias da abordagem do Tortoise ao Observer surgiram em setembro”, referia o The Guardian, na sua página online.

“Reconhecemos a força do sentimento sobre a proposta de venda do Observer e apreciamos que os membros do NUJ [National Union of Journalists – Sindicato Nacional dos Jornalistas] desejem fazer com que as suas opiniões sejam ouvidas. Embora respeitemos o direito à greve, não acreditamos que uma greve seja a melhor forma de ação neste caso e as nossas conversações com o NUJ continuam“, afirma um porta-voz do Guardian.

“Temos um plano em vigor para minimizar o impacto da greve sobre funcionários, leitores e assinantes e continuaremos a publicar online e a produzir a edição impressa como de costume”, acrescenta a mesma fonte, citada no site do título.

Os membros do Sindicato Nacional de Jornalistas aprovaram uma moção no mês passado afirmando que vender o jornal de domingo ao Tortoise seria uma “traição” ao compromisso do Scott Trust [proprietário final do Guardan Media Group] com o Observer.

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