Comboio tem de voltar a Barca d’Alva, recomenda CCDR-N

Reabertura de troço da Linha do Douro pode criar 6.455 empregos nos próximos 26 anos e tem benefícios em cerca de duas dezenas de municípios da região, conclui análise custo-benefício.

“É um projeto de interesse regional e nacional.” Esta é a conclusão da análise custo-benefício para a reabertura da Linha do Douro entre Pocinho e Barca d’Alva, elaborada pela CCDR-Norte. O regresso dos comboios ao troço permitirá criar 6.455 empregos no prazo de 26 anos e, “por cada euro investido, o PIB aumenta em 1,4 euros“, segundo o documento a que o ECO teve acesso.

Sem comboios em circulação desde 1 de janeiro de 1989, o troço entre Pocinho e Barca d’Alva conta com 27,11 quilómetros de extensão e é considerado um “investimento importante para o dinamismo do Douro“. Pressupõe-se que a linha seja reaberta em 2027, depois de um investimento de cerca de 75 milhões de euros, calcula a Infraestruturas de Portugal num estudo técnico de abril de 2022.

Figueira de Castelo Rodrigo, Vila Nova de Foz Côa, Torre de Moncorvo e Freixo de Espada à Cinta são os quatro municípios com ganhos diretos pela reabertura da linha. Os benefícios da reabertura estendem-se ainda a outros 17 concelhos, como Vila Real, Régua, Lamego, Tarouca, Alijó e Sabrosa.

O comboio permite poupar mais de meia-hora na viagem entre as duas localidades – passa de 50 para 19 minutos. O “choque positivo nas condições de mobilidade” permitirá captar passageiros que viajem de carro e de autocarro pela região, além de atrair pessoas que habitualmente não frequentam o local. A reabertura do troço permitirá baixar os custos gerais de transporte em 37%, de 24,3 para 15,4 euros. A poupança de tempo e de custos pode proporcionar benefícios para os consumidores de 20 milhões de euros no espaço de 26 anos.

Turistas valem reabertura

A vertente turística é a principal justificação económica para a reabertura da linha, tendo em conta que a população residente entre Pocinho e Barca d’Alva caiu 1,9% por ano na última década. “A atividade turística será importante, inclusive, para o crescimento de mobilidade de pessoas no território, mesmo num cenário caracterizado por um forte declínio populacional da população residente”, refere o documento.

Com o número de turistas a crescer, espera-se que sejam criados 6.455 empregos em toda a região, dos quais um terço (2.379) será nos quatro concelhos entre Pocinho e Barca d’Alva. Hotelaria e restauração e bebidas são os ramos de atividade que mais postos de trabalho poderão criar.

“Ao contribuir para a criação de emprego, o projeto está a dar um contributo para inverter o abandono do território com externalidades positivas importantes, como a preservação da natureza e limpeza das florestas“, destaca a análise. A Linha do Douro atravessa paisagem cultural considerada Património Mundial pela Unesco desde 2001.

O regresso dos comboios a Barca d’Alva poderá gerar benefícios de 94,094 milhões de euros, o que compara com custos de investimento de 44,66 milhões de euros. Em termos líquidos, o valor é de 49,433 milhões de euros. Contas feitas, a taxa de rentabilidade é de 8,37%, o que proporciona uma “margem de segurança importante num quadro em que a localização do investimento encontra-se num território com fortes problemas demográficos e com reduzidas oportunidades de investimento”. A CCDN-N vai mais longe e escreve: “Dada a rentabilidade económica do projeto, recomenda-se a sua execução“.

Mesmo em cenário de estagnação ou de diminuição de 50% dos turistas, a taxa de rentabilidade económica nunca é inferior a 2,85%, dentro dos patamares aceitáveis a nível económico.

Ao contribuir para a criação de emprego, o projeto está a dar um contributo para inverter o abandono do território com externalidades positivas importantes, como a preservação da natureza e limpeza das florestas

CCDR-N

Análise custo-benefício da reabertura da Linha do Douro

A reabertura do troço apenas não é positiva a nível financeiro porque o investimento é feito pelo Estado e os benefícios ficam por conta da região – e voltam indiretamente ao Estado por via de receita fiscal, por exemplo.

Mais de três meses de espera

Os estudos relativos à reabertura da Linha do Douro até Barca d’Alva deveriam ter sido apresentados dia 25 de maio na Régua, tendo estado prevista a presença do ministro das Infraestruturas e Habitação, Pedro Nuno Santos, e da ministra da Coesão Territorial. Contudo, a sessão foi cancelada, na véspera, pela CCDR-N, sem marcação de nova data, apesar das perguntas do ECO sobre a matéria.

Também não há qualquer referência a esta abertura no programa regional do Norte 2021-2027, da mesma entidade, que esteve em consulta até à semana passada. “A sucessão de decisões que não se compreendem nem são explicadas às populações e os constantes atrasos estão a mergulhar uma região, que poderia ser a primeira da Europa a atingir a neutralidade carbónica, num abismo económico e social profundo“, contesta ao ECO o presidente da Associação Vale d’Ouro, Luís Almeida.

Outrora porta-voz da região do Douro neste tema, o presidente da câmara da Régua não tem prestado declarações sobre o assunto nas últimas semanas. No final de abril, José Manuel Gonçalves (PSD) considerava como “demasiado óbvia a rentabilidade da linha” e que seria “seria mais difícil criar um cenário de não viabilidade do que o contrário”.

Bem perto da fronteira, o presidente da câmara de Freixo de Espada à Cinta destaca que a ligação “será um passo importante para o desenvolvimento de toda esta Região do Douro Superior e Vinhateiro, uma forma de potenciar o turismo e os negócios associados, como a indústria hoteleira, a economia local e os produtos endógenos, a divulgação do património cultural, arquitetónico e paisagístico, a mobilidade de pessoas e bens, a sustentabilidade e a coesão territorial”.

Em declarações ao ECO, Nuno Ferreira assinala que o estudo de viabilidade “comprova a rentabilidade desta linha e as suas mais-valias para as populações e toda a região. Acredito que em breve seja anunciada a reabertura deste troço ferroviário que, certamente, será benéfico para Freixo de Espada à Cinta, pela sua proximidade a Barca d’Alva”.

Também junto à fronteira, o presidente da câmara de Foz Côa, João Paulo Sousa (PSD), “aguarda com serenidade mas com sinais de preocupação, dado o tempo que já passou”, uma decisão política sobre a matéria.

[Reabertura] será um passo importante para o desenvolvimento de toda esta Região do Douro Superior e Vinhateiro, uma forma de potenciar o turismo e os negócios associados, como a indústria hoteleira, a economia local e os produtos endógenos, a divulgação do património cultural, arquitetónico e paisagístico, a mobilidade de pessoas e bens, a sustentabilidade e a coesão territorial

Nuno Ferreira

Presidente da câmara de Freixo de Espada à Cinta

PNS, Abrunhosa e Cadilhe entre defensores do Douro

O regresso dos comboios a Barca d’Alva é um tema com mais de uma década de promessas. A reabertura da Linha do Douro até à fronteira foi anunciada pela então secretária de Estado dos Transportes, Ana Paula Vitorino, no Pocinho, em 10 de setembro de 2009. Nunca chegou a acontecer.

O tema voltou à baila em fevereiro de 2017, quando foi noticiado que seriam necessários 43 milhões de euros para reabrir a Linha do Douro do lado português, noticiou o jornal Público. No ano seguinte, em outubro, o troço Pocinho-Barca d’Alva foi colocado como uma das 48 ligações com potencial para gerar mais-valias para a economia e o território.

Em junho de 2019, foi lançada a petição popular a pedir a reabertura da linha, que obteve um total de 13.999 assinaturas. O primeiro subscritor foi Miguel Cadilhe, ex-ministro das Finanças no Governo de Cavaco Silva que determinou o fecho da ligação e que mostrou arrependimento por ter validado a decisão, segundo declarações ao mesmo jornal. A petição foi aprovada por unanimidade pela Assembleia da República em março de 2021.

Dois meses depois, foi constituído o grupo de trabalho para a reabertura do troço, coordenado pela CCDR-N e que integrou autarcas em representação da Comunidade Intermunicipal do Douro (como a Régua) e membros da Infraestruturas de Portugal.

Em dezembro de 2021, na celebração dos 20 anos do Douro como património da Unesco, em Lamego, a ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa anunciou: “Vamos fazer a linha do Douro. É um desígnio deste território. Mal andariam os governos que não apoiassem o projeto”.

Em abril de 2022, o ministro das Infraestruturas e da Habitação, reafirmou a intenção de reabrir a ligação sobre carris: “A Linha do Douro é fundamental, pois a região do Douro é das mais bonitas do mundo. Um dia, temos de levar a linha até ao fim. O país tem restrições orçamentais e tem de definir prioridades mas não podemos desistir de ter toda a linha do Douro eletrificada e em uso”.

A decisão final sobre o regresso dos comboios a Barca d’Alva está nas mãos do Governo.

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Estudo: 82% dos inquiridos céticos sobre a forma como as marcas utilizam os dados

O estudo foi desenvolvido pela Ipsos para a Google. Foram ouvidas 20 mil pessoas, do Reino Unido, França, Alemanha, Holanda e Suécia.

Os marketeers devem ir além dos requisitos básicos de privacidade e proporcionar experiências que sejam éticas e eficazes – superando as expectativas de privacidade dos seus clientes ao mesmo tempo que geram melhores resultados de marketing”. A recomendação é do estudo Privacy by design: the benefits of putting people in control, produzido pela IPSOS para a Google, apresentado esta terça-feira pela na conferência DMEXCO, a decorrer em Colónia, Alemanha.

De acordo com as conclusões do estudo, que contou com uma amostra de 20 mil pessoas, do Reino Unido, França, Alemanha, Holanda e Suécia, 43% do inquiridos escolheriam mudar da sua marca preferida para a sua segunda marca preferida em resposta a uma experiência de privacidade positiva. Oitenta e dois por cento dos inquiridos descrevem-se como céticos sobre os dados que as marcas recolhem e a forma como os utilizam e 71% afirmam que preferem comprar marcas que são honestas sobre que dados recolhem e porquê. Após uma experiência de privacidade positiva 13% dos inquiridos dizem ter aumentado a confiança na marca em relação aos dados pessoais, subindo este valor para os 19% “entre os mais céticos sobre as formas como as marcas usam seus dados para marketing”.

O impacto negativo de uma má experiência de privacidade numa marca ao nível dos dados do utilizador é considerado tão grave quanto o de uma violação de dados (-35 pontos percentuais em comparação com -44 pontos percentuais)”, prossegue o estudo, alertando para que, nas empresas que possuem boas práticas de privacidade, um incentivo monetário para a partilha de dados pode não ter um efeito positivo.

Na recomendação de experiências de privacidade mais positivas, a Ipsos e a Google recomendam que as marcas perguntem às pessoas como e com que frequência gostariam de ser lembradas sobre as suas preferências, o envio de um resumo de privacidade por e-mail e que seja pedido consentimento para a personalização dos sites.

A combinação destas práticas provoca, dizem as empresas, maior confiança com os dados pessoais (+11%), aumento da resposta positiva aos anúncios (+27%) e aumento da relevância percebida dos anúncios exibidos (+11%).

“O nosso estudo sugere que as marcas que conseguem fazer as pessoas sentirem-se com maior controlo sobre os seus dados também podem aumentar a confiança na marca e aumentar a preferência pela marca”, resume citado em comunicado Kelly Beaver MBE, CEO da Ipsos UK and Ireland.

“O impacto de uma experiência de privacidade negativa supera o de uma positiva – por isso, após uma experiência negativa será difícil trazer os clientes de volta. Em vez disso, é importante acertar à primeira”, acrescenta Matt Brittin, presidente da Google EMEA, que apresentou o estudo.

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Wall Street em queda com investidores a antecipar decisão da Fed. Ford afunda 11%

Investidores já estão a descontar efeitos da subida das taxas de juro da Fed. Ações da Ford tombaram 11% porque a marca norte-americana vai gastar mil milhões de dólares a mais por conta da inflação.

Wall Street viveu um dia de nervos e fechou em baixa. Os principais índices norte-americanos caíram cerca de 1% na véspera do anúncio de nova subida das taxas de juro pela Reserva Federal dos Estados Unidos (Fed). No dia em que os investidores já descontaram, nas cotações, os efeitos negativos da decisão, os títulos da Ford tombaram 11%.

O índice S&P 500 foi o que mais travou, ao perder 1,12% (3.856,28 pontos); a praça industrial Dow Jones cedeu 0,99% (30.712,79 pontos; nas tecnologias, o índice Nasdaq caiu 0,94% (11.427,15).

Ao contrário do que aconteceu na véspera, os índices norte-americanos passaram a sessão em terreno negativo e de lá nunca saíram. “Há muitos ventos contrários a prevenir subidas sustentadas. É difícil esperar uma expansão quando a política da Fed está a apertar”, destaca Greg Boutle, estratega do BNP Paribas, citado pela Reuters.

Os sinais de abrandamento – se não mesmo recessão económica – estão à vista dos investidores: esta terça-feira foi revelado que as licenças de construção de casas para habitação caíram 10% no último mês, para 1,517 milhões, número mais baixo desde junho de 2020. Os juros das obrigações do Tesouro dos Estados Unidos a 10 anos atingiram 3,56%, patamar mais elevado desde abril de 2011, continuando a trajetória de subida registada nas últimas semanas.

O cenário deverá agravar-se na quarta-feira, depois de a Fed anunciar um novo aumento das taxas de juro, em 75 pontos base, para conter a subida da taxa de inflação – o que irá retirar dinheiro da economia.

Nota ainda para a descida de 11% das ações da Ford. A fabricante de carros norte-americana anunciou que a subida da inflação custou mais mil milhões de dólares (999,83 milhões de euros) do que o esperado e que vai ter de adiar as entregas de carros para o último trimestre do ano por falta de peças.

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Porsche nem precisou de um dia para preencher ações pré-IPO

  • ECO
  • 20 Setembro 2022

Naquela que será a principal entrada em bolsa deste ano, grupo Volkswagen conta arrecadar mais de 9,3 mil milhões de euros.

Nem foram necessárias 24 horas para o grupo Volkswagen ter encontrado investidores para a operação pública de venda em Bolsa (IPO) da Porsche. O grupo automóvel alemão terá conseguido colocar todas as ações que ficarão disponíveis no mercado a partir de 29 de setembro por 82,50 euros, o montante máximo definido.

Entre os investidores interessados, está o fundo soberano do Qatar, que pretende comprar 4,99% das ações da Porsche, refere o jornal Cinco Días, a partir dos dados da Bloomberg e do Financial Times. O fundo soberano da Noruega também vai participar na operação, comprando o equivalente a 750 milhões de euros em papéis.

Ao colocar todas as 911 milhões de ações no mercado – o número tem em conta o modelo 911 –, o grupo Volkswagen vai obter até 9,394 mil milhões de euros. Serão colocadas, no mercado, metade das ações sem direito de voto, que correspondem a 50% de todos os papéis da marca alemã.

Ao entrar em Bolsa, a Porsche ficará avaliada em 75,157 mil milhões de euros, valor próximo dos 78 mil milhões de euros que a troika emprestou a Portugal em 2011.

A entrada em bolsa da Porsche é o primeiro grande IPO do ano na Europa, numa altura em que o fim da política expansionista do Banco Central Europeu serve para diminuir o capital em circulação e, assim, travar a subida da taxa de inflação.

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Jerónimo acusa PS de alinhar nas conceções sobre pensões de Passos e Portas

  • Lusa
  • 20 Setembro 2022

O líder comunista considerou que “vale tudo” na maioria absoluta do PS, “inclusive manipular dados de estudos” para comprovarem que a sustentabilidade da Segurança Social é colocada em causa.

O secretário-geral comunista acusou esta terça-feira o Governo de regressar às “conceções com que Sócrates, Passos e Portas infernizaram” os portugueses, ao utilizar o argumento da sustentabilidade financeira da Segurança Social como justificação para cortar nas pensões.

Utilizar o argumento da sustentabilidade financeira [da Segurança Social] para cortar pensões e prestações sociais, além de constituir uma falsidade, constitui um retrocesso às conceções com que Sócrates, Passos e Portas infernizaram a vida a milhões de portugueses com as suas políticas do PEC [Pagamento Especial por Conta] e do ‘Pacto de Agressão da Troika‘”, argumentou Jerónimo de Sousa, durante uma sessão sobre a degradação das condições de vida, em Lisboa.

O dirigente comunista considerou que “vale tudo” na maioria absoluta do PS, “inclusive manipular dados de estudos” para comprovarem que a sustentabilidade da Segurança Social é colocada em causa se houver um aumento das pensões acima daquele que o Governo anunciou. É a “velha política do PS” que a maioria absoluta “trouxe de volta, em pleno”, completou Jerónimo de Sousa.

“[António Costa] quer resolver o problema da sustentabilidade? Então crie mais emprego, melhores salários, mais direitos e naturalmente que consegue manter a sustentabilidade da Segurança Social”, sustentou. E continuou: as decisões que o PS tomou com maioria absoluta contrastam com aquelas que, “por influência decisiva do PCP, permitiram o aumento extraordinário das pensões”.

A menos de dois meses da discussão do Orçamento do Estado para 2023, Jerónimo de Sousa recordou que há pouco mais de um ano “muitos não compreenderam” o voto contra do partido na proposta apresentada então pelo executivo socialista, cuja rejeição na generalidade espoletou a dissolução do parlamento e eleições legislativas antecipadas.

Hoje, prosseguiu o secretário-geral do PCP, a realidade das políticas do PS demonstra que os comunistas estavam certos quando recusaram as medidas vertidas no Orçamento do Estado e que os socialistas só olharam para os portugueses como “meras peças de um jogo eleitoral”. Para o membro do Comité Central comunista o PS está a fazer uma “política de ataque” aos direitos dos pensionistas e que a única convergência – promessa feita pelo primeiro-ministro no início da legislatura – foi com a direita.

A intervenção de 23 minutos no Largo da Graça foi também utilizada para recordar as propostas que o PCP considera basilares para mitigar os efeitos da inflação e repor o poder de compra dos portugueses: aumentar salários e pensões, incluindo o aumento do salário mínimo para 800 euros a curto prazo, a fixação de preços máximos em bens essenciais, combustíveis e energia, e a taxação dos lucros máximos dos grandes grupos económicos que vivem no “El Dorado” e contam com “a subserviência” dos partidos que estiveram no Governo desde sempre – PS e PSD.

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Colorado é o primeiro estado norte-americano a aceitar criptomoedas como pagamento de impostos

  • ECO
  • 20 Setembro 2022

Cidadãos que saldem os impostos com criptomoedas terão de pagar uma taxa de um dólar somado de 1,83% do valor do pagamento. 

Colorado tornou-se o primeiro estado norte-americano a aceitar criptomoedas como pagamento de impostos. De acordo com o site Bitcoin Magazine (conteúdo em inglês), para fazer este tipo de pagamentos, os cidadãos têm de usar uma conta PayPal.

O governador Jared Polis anunciou a implementação do novo método de pagamento na passada segunda-feira, na Denver Startup Week, de acordo com um relatório da Axios Denver, citado por aquele site. Os cidadãos podem usar criptomoedas para pagar impostos de rendimentos individuais, empresariais, impostos sobre vendas, retenções na fonte, etc.

O Departamento de Receitas do Governo do Colorado considera agora as criptomoedas como métodos de pagamento, assim como os cartões de débito e crédito. No entanto, os utilizadores precisam de usar uma conta PayPal para pagarem com criptomoedas.

“Apenas contas pessoais do PayPal podem ser usadas para pagar com criptomoedas”, explica o Departamento de Receitas do Colorado, acrescentando que os utilizadores precisam de ter o valor total da fatura numa única criptomoeda na conta do PayPal.

Os cidadãos que paguem os impostos com criptomoedas terão de pagar uma taxa de um dólar somado de 1,83% do valor do pagamento.

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Lourdes Afonso (IAP) : Riscos de clima, ciberataques e envelhecimento estão subsegurados

Lourdes Afonso, presidente do instituto dos atuários portugueses, alerta que os riscos a precisar de proteção estão a mudar e a forma de os avaliar também. Há grande défice nas coberturas.

Lourdes Afonso: “Para suportar o aumento do número de pensões pagas a cada reformado, devido ao aumento da esperança média de vida, é necessário gerar mais poupança na vida ativa”.

O que faz concretamente o atuariado e quais os motivos para as seguradoras dependerem tanto destes profissionais para estarem confortáveis sobre os riscos que aceitam cobrir e sobre o prémio que cobram aos clientes?

Lourdes Afonso é atuária e professora associada no Departamento de Matemática da FCT NOVA e membro da Comissão Científica do Mestrado em Atuariado. É também docente convidada na NOVA IMS e atuária responsável dos ramos não vida certificada pela ASF. É igualmente Presidente da Direção do Instituto de Atuários Portugueses desde janeiro de 2021 e conversou com ECOseguros.

O que faz um atuário/a?

É um profissional com conhecimentos base de matemática, com destaque para as probabilidades, estatística e finanças que avalia as probabilidades de ocorrência de acontecimentos futuros e incertos assim como o seu impacto financeiro. Um exemplo simples é o cálculo do preço de um seguro automóvel, de vida ou saúde.

O atuário tem de ter conhecimentos em diversas áreas e, usualmente, trabalha integrado numa equipa interdisciplinar. Para além de toda a modelização matemática, económica e financeira dos riscos terá de possuir bons conhecimentos a nível informático, de direito e de comunicação, o que lhe permite dar um contributo transversal à sociedade.

Exemplo das atividades de um atuário são: o cálculo de prémios de seguros, avaliar as provisões técnicas, ou seja, a quantidade e qualidade dos montantes financeiros que as empresas de seguros precisam de provisionar e gerir, para cumprir, com grande grau de fiabilidade com as suas obrigações, presentes e futuras; tratados de resseguro, isto é, o seguro das seguradoras, desenvolver novos produtos associados à proteção de riscos. Sendo estas as tarefas mais conhecidas, aos quais se associam as funções de gestão de alto nível, como sejam membros de conselhos de administração, incluindo CEO e Chairman.

Quais as tarefas mais urgentes na indústria seguradora para um atuário?

No âmbito da indústria seguradora, grande empregadora de atuários, o atuário está envolvido na avaliação global dos riscos imposta pelo regime de Solvência II, com um maior impacto no Pilar I (requisitos quantitativos), mas com envolvimento também nos Pilares II (requisitos qualitativos) e III (informação e reporte) e, mais recentemente, na avaliação de riscos imposta pela diretriz contabilística IFRS 17. Pode especializar-se nas áreas Vida, Não vida, Fundos de Pensões, Banca, auditoria, consultoria ou fora do mercado segurador e bancário na análise de riscos industriais, de Saúde, do Ambiente entre outros.

Que informações procura para os seus cálculos?

Dados sobre as variáveis de interesse para avaliar o risco, por forma a obter padrões de comportamento relativamente a frequências de sinistralidade e severidade da mesma. Quanto maior e de melhor qualidade for o volume de dados, melhor será a caracterização do risco. O atuário necessita estar a par de novos modelos matemáticos que melhor se adaptem às necessidades emergentes. O atuário está em constante formação.

Qual a importância dessa análise de risco para formular apólices e preços?

Conhecer, definir, caracterizar e mensurar os riscos é fundamental para elaborar uma apólice. A apólice deverá ser o mais clara possível para não subsistirem dúvidas sobre as contingências abrangidas, ou não, pela mesma. Da mesma forma, através dos modelos matemáticos o apuramento dos valores expectáveis de custo e frequência dessas contingências permite um apuramento do preço o mais próximo possível da realidade. Como se está a mensurar acontecimentos futuros e a componente aleatória está definitivamente presente, é necessário avaliar também a variabilidade dos resultados para se estimar, sempre que possível, um intervalo de confiança para o resultado. Como é sabido, o prémio de seguro é cobrado antes da ocorrência das contingências e em alguns seguros, como por exemplo Acidentes de Trabalho, o pagamento das indemnizações arrasta-se por vários anos. A solvência do produto, do ramo e em última análise da seguradora é de todo o interesse para a sociedade.

Qual a relação com outros intervenientes do mercado como autoridades e seguradoras?

Os atuários membros do IAP estão representados por membros da direção e colegas, nas associações europeia e internacional das associações profissionais de atuários (Actuarial Association of Europe, AAE, e a International Actuarial Association, IAA) onde existem diversos comités de trabalho sobre os mais diversos temas que contam com atuários das diversas instituições. Os atuários podem também representar as empresas de seguros onde trabalham junto dos comités de trabalho da Associação Portuguesa de Seguradores e na Associação Portuguesa de Fundos de Investimento, Pensões e Patrimónios. A Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões, enquanto entidade reguladora e de supervisão, certifica, via júri criado para o efeito, os atuários que elaboram o relatório atuarial a ser entregue anualmente, bem como avalia o fit and proper da função atuarial.

Os membros do IAP podem ser, também, consultados como peritos em tribunal ou participar como peritos noutras avaliações de risco de interesse social.

Quais as mudanças que está a detetar nos riscos?

As mudanças tecnológicas têm impacto considerável na avaliação do risco. O maior e melhor processamento de dados permite a utilização de mais informação e mais variáveis para explicar os riscos. O exemplo da introdução da telemática, há uns anos, no seguro automóvel, poderá levar, em breve, a uma tarifação individual quase instantânea. O reconhecimento de imagens pode levar a uma avaliação de peritagem realizada por um drone. A utilização de um relógio que recolhe dados biométricos pode levar a alterações na tarifa do seguro de saúde. O atuário tem de estar a par destes desenvolvimentos para os incorporar na avaliação de risco.

Quais os riscos que mais se estão a preocupar?

Alguns dos riscos emergentes com maior mediatismo e impacto são:

Os riscos climáticos, cujos danos podem ser ambientais (perda de biodiversidade em cheias e incêndios por exemplo), económicos (interrupção de atividades e meios de produção) e sociais (desalojamentos, ferimentos, morte). O atuário pode estar envolvido na identificação dos riscos, na avaliação e gestão dos mesmos, já existindo na Europa alguns atuários especializados nesta área.

Os riscos cibernéticos que são cada vez mais, mais sofisticados e com impactos por vezes consideráveis a nível reputacional e de funcionamento nas empresas e também a nível individual. Existem já alguns modelos de avaliação de risco mas a falta de dados para a sua calibração e a diversidade de ataques está a dificultar o desenvolvimento de produtos adequados às necessidades.

A demografia, embora não sendo um risco emergente, continua atual. É sempre uma boa notícia saber que a esperança média de vida aumenta, no entanto os impactos desse aumento são consideráveis na economia e na sociedade. Para suportar o aumento do número de pensões pagas a cada reformado, devido ao aumento da esperança média de vida, é necessário gerar mais poupança na vida ativa. É importante ter produtos adequados às características da população e é muito importante aumentar a poupança dos particulares em Portugal.

O que são riscos universais e mais locais, mais portugueses?

Os riscos avaliados pelo atuário são, de um modo geral, universais. As características específicas de cada país levam a um apuramento diferente do custo desses riscos. Por exemplo, a mortalidade é distinta em cada país, levando a um custo distinto do mesmo seguro. Atendendo a essa diferença um determinado produto, não obrigatório, pode ser mais atrativo num país do que noutro. A literacia económica e financeira das populações é importante para a perceção da importância de contratação de seguros. A capacidade financeira das famílias é um fator chave na aquisição das coberturas opcionais.

É importante conhecer as eventuais barreiras existentes que originam o protection gap (existência de alguns riscos para os quais pode não existir implantação adequada e suficiente cobertura de seguros). A recente pandemia foi um caso de risco não suficientemente coberto. Os ciberataques, o envelhecimento da população são outros exemplos. Os acontecimentos climáticos extremos estão a aumentar a sua frequência. É importante disponibilizar, divulgar e chamar a atenção para a necessidade de aquisição de produtos de proteção contra esses acontecimentos (indivíduos e empresas).

O que está a faltar aos atuários em Portugal e no mundo?

Não há dúvida de que o papel do atuário na sociedade é muito relevante. A avaliação e quantificação do impacto financeiro de acontecimentos futuros é muito importante. Quer se fale de seguros, pensões, banca, saúde ou indústria de um modo geral.

Nalguns países o reconhecimento desta importância é maior do que noutros. Estados Unidos, Canadá, Brasil, Reino Unido, Alemanha, Itália, Espanha, França são alguns países em que a profissão é bem reconhecida.

A nível internacional a IAA dá apoio às associações profissionais para o desenvolvimento da profissão. Portugal está a meio termo. Temos uma associação profissional com código de conduta e que disponibiliza normas técnicas atuariais mas não uma ordem profissional. Com a implicação de que não é necessário ser membro da associação profissional para exercer a profissão.

Como está a formação na área de atuariado?

Temos duas universidades nacionais (FCT-NOVA e ISEG-UL) que disponibilizam mestrados que abrangem a maioria da formação exigida pela AAE (e IAA) para que os detentores do grau possam ser atuários no IAP e dessa forma abrangidos pelo Mutual Recognition Agreement para poderem ser reconhecidos como atuários nas associações membros da AAE. Existem outros cursos que têm unidades curriculares sobre temas de atuariado.

A profissão já vai sendo mais conhecida a nível nacional. Existem novos desafios para os atuários a nível mundial com os riscos emergentes. Há quem entenda que os analistas de dados poderão ser uma ameaça à profissão. Por outro lado, com as novas normas contabilísticas temos quase uma figura de atuário contabilista.

É definitivamente uma profissão que tem evoluído muito e que terá de continuar a adaptar e evoluir como todas as outras. A investigação académica, as novas tecnologias, a vontade de aprender e a resiliência dos atuários garantem que estamos cá para acompanhar os novos desafios.

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Marcelo reafirma “compromisso total” de Portugal na NATO, “onde e quando for preciso”

  • Lusa
  • 20 Setembro 2022

“Nós estivemos, estamos e estaremos sempre preparados para cumprir [os compromissos da NATO], sem estados de espírito ou desculpas, até ao limite das nossas capacidades”, disse Marcelo.

O Presidente da República reafirmou esta terça-feira o “compromisso total” de Portugal na NATO, assegurando que o país irá cumprir as resoluções da Aliança “onde e quando for preciso”, sem “estados de espírito ou desculpas”.

“Em nome do povo português, eu reafirmo o compromisso total de Portugal enquanto membro da NATO, enquanto fundador da NATO, onde e quando for preciso”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa no Comando Aéreo da Força Aérea, em Monsanto (Lisboa), num discurso em inglês no âmbito da cerimónia comemorativa do 20.º aniversário do Centro Conjunto de Análise e Lições Aprendidas (JALLC, na sigla em inglês) da NATO, sediado naquele complexo.

Nesta cerimónia – em que também marcou presença a ministra da Defesa Nacional, Helena Carreiras –, o chefe de Estado garantiu que Portugal mantém os seus compromissos na ajuda ao “corajoso povo ucraniano”, mas também “nos Países Bálticos, na Roménia, no Oceano Atlântico, no mar Mediterrâneo, na melhoria da informação, em ações de prevenção de ciberataque, em análise geoestratégica”.

“Nós estivemos, estamos e estaremos sempre preparados para cumprir [os compromissos da NATO], sem estados de espírito ou desculpas, até ao limite das nossas capacidades”, reiterou Marcelo Rebelo de Sousa. O Presidente da República sublinhou que foi precisamente devido a esse compromisso que Portugal foi “um dos últimos – senão o último [país] – a deixar o Afeganistão”, recordando ainda que o próprio foi “o último chefe de Estado a estar em Cabul, mesmo antes do início da pandemia, no final de 2019”.

Permanecemos prontos e firmes, com os nossos soldados, nos campos de batalha mais difíceis, em todos os continentes, mas sobretudo na Europa”, frisou. Abordando os 20 anos do JALLC, Marcelo Rebelo de Sousa considerou que foram “20 anos de sucesso” e de “trabalho pela paz, liberdade, direitos humanos e democracia”.

“Estes 20 anos celebram-se numa altura de guerra na Europa, uma guerra que não é apenas europeias, é global, porque os valores que estão em causa são globais, porque a lei internacional – que foi violada pela Federação Russa na Ucrânia – é global”, realçou. O Presidente indicou assim que é “precisamente por isso que, nas últimas décadas, mais do que nunca”, a NATO se tornou “muito mais do que uma Aliança de Estados ou uma Aliança de povos”.

“A NATO é uma garantia crucial de paz, segurança e respeito pela Carta das Nações, [é uma garantia] de liberdade e de dignidade humana”, disse. Pouco antes de descerrar uma placa junto de uma oliveira para assinalar o 20.º aniversário do JALLC, Marcelo Rebelo de Sousa sublinhou que a placa em questão “retrata o tempo de vida do JALLC, mas simboliza também os últimos 20 anos de paz e amizade entre os países da Aliança”.

“É um período difícil e os desafios são enormes. No entanto, eu acredito na paz e na amizade, eu acredito que os nossos valores são duradouros e que a Aliança, tal como a oliveira, irá sempre perdurar e florescer”, perspetivou. Dirigindo-se ao Comandante Supremo do Comando Aliado da Transformação da NATO, o general Philippe Lavigne, que marcou presença na cerimónia, Marcelo Rebelo de Sousa desejou-lhe as “boas-vindas” a Portugal. “Você está num país fiável, amigável e caloroso, que partilha os valores que distinguem a democracia da ditadura, a liberdade da opressão, a paz da guerra”, referiu.

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Primeira-ministra britânica confirma que vai reduzir impostos

  • Lusa
  • 20 Setembro 2022

O novo governo vai ainda levantar o limite aos bónus dos banqueiros imposto após a crise financeira global de 2008.

A primeira-ministra do Reino Unido, Liz Truss, afirmou esta terça-feira que está pronta para tomar “decisões impopulares” como levantar o limite aos bónus a banqueiros e reverter o aumento de impostos, para fazer crescer a economia do país.

Falando em entrevistas que deu em Nova Iorque antes da apresentação pelo governo de medidas orçamentais de emergência no final da semana, Truss disse que a redução de impostos é fundamental para estimular o crescimento económico, apesar de beneficiar mais os mais ricos do que os mais pobres.

“Temos de tomar decisões difíceis para ‘endireitar’ a nossa economia bem”, justificou Truss, adiantando que o governo vai olhar “para todas as taxas de imposto” e que “o imposto sobre as empresas tem de ser competitivo com outros países para poder atrair esse investimento.”

Truss, que é primeira-ministra há apenas duas semanas, enfrenta uma pressão imediata para cumprir as suas promessas de enfrentar uma crise de custo de vida que abala o Reino Unido e uma economia que se encaminha para uma recessão potencialmente longa.

Os críticos dizem que as suas opções pelo livre mercado, pontos de vista económicos de baixos impostos, inspirados pela antiga chefe de governo britânica Margaret Thatcher e antigo Presidente norte-americano Ronald Reagan, são a resposta errada à crise.

Truss, que está em Nova Iorque para participar na Assembleia Geral das Nações Unidas, confirmou que a alteração orçamental vai reverter um aumento de impostos sobre o rendimento em vigor este ano para ajudar a financiar os cuidados de saúde e vai anular um plano para aumentar o imposto sobre as empresas.

Deixou também claro que o governo vai levantar um limite aos bónus dos banqueiros imposto após a crise financeira global de 2008. “Não aceito este argumento de que a redução dos impostos é de alguma forma injusta”, disse em entrevistas às emissoras britânicas no Empire State Building.

“Devemos definir a nossa política fiscal com base no que vai ajudar o nosso país a ter sucesso – o que vai trazer uma economia que beneficia toda a gente no nosso país. O que não aceito é a ideia de que a redução de impostos para as empresas não ajuda as pessoas em geral”, declarou.

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Lagarde admite inflação acima da meta por mais tempo

  • ECO
  • 20 Setembro 2022

Presidente do Banco Central Europeu prevê recessão económica para o ano de 2023 e reforça ideia de "fazer o que for preciso" para que a taxa de inflação volte ao patamar dos 2% no médio prazo.

A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, admite que a taxa de inflação na zona euro fique acima da meta por mais tempo do que estava inicialmente previsto. A responsável antecipou ainda mais subidas das taxas de juro, que poderão ser ainda mais expressivas do que os 75 pontos base anunciados no início de setembro.

“Espera-se que a inflação seja mais alta do que no final dos cenários projetados originalmente”, referiu Christine Lagarde num discurso proferido em Frankfurt, na Alemanha. A líder do BCE reforçou que a instituição “vai fazer o que for preciso” para repor a taxa de inflação no patamar dos 2% no médio prazo e garantir que não se “enraíze”.

Os produtos energéticos são o elemento que mais estão a contribuir para o aumento expressivo da taxa de inflação, “representando cerca de 30%” do aumento verificado desde o início do ano.

O BCE também prevê que a economia “vai contrair no próximo ano, antes de recuperar em 2024”, abrindo a porta a um cenário de recessão.

Christine Lagarde admitiu ainda que os choques gerados pela pandemia da Covid-19 e a guerra na Ucrânia criaram um “novo mapa global” nas relações económicas, que vão levar os constrangimentos de oferta de bens “a demorarem mais tempo do que no passado”.

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Estamos preparados para os desafios da cibersegurança? Ageas e convidados dizem que não

  • ECO Seguros
  • 20 Setembro 2022

A Ageas organizou uma conferência em parceria com a Ordem dos Economistas e com a Ordem dos Engenheiros, onde foram debatidos os desafios da segurança cibernética.

A seguradora promoveu uma análise do “Cyber Risk e os impactos na proteção da Sociedade” na 4.ª Conferência – Fórum Ordens Profissionais Ageas Seguros, que decorreu nos Montes Claros – Lisbon Secret Spot, e teve transmissão online.

Segundo Lino Santos, coordenador do Centro Nacional de Cibersegurança, ninguém está preparado para os riscos dos ciberataques. “Tivemos um aumento de 80% de incidência em relação a 2019″, partilhou. O especialista disse que “temos que trabalhar mais e desenvolver capacidades para prevenir quando acontecer, para que os ataques tenham o mínimo impacto possível”.

O coordenador apontou a importância de seguir o guia das melhores práticas para a cibersegurança, delineado de acordo com as referências internacionais. “Temos que nos preparar para um incidente, porque há uma assimetria entre as capacidades de proteção e as do atacante“, acrescentou.

Segundo o especialista, há, em Portugal, uma insuficiência nas áreas da literacia de cibersegurança e de recursos humanos, o que se torna ainda mais relevante num contexto em que “mais de metade dos ataques exploram o fator humano”, referiu Lino.A aposta em formação é essencial para a resiliência”, concluiu.

Pedro António, membro da Comissão Executiva do Grupo Ageas Portugal, afirmou que “ninguém está protegido. Isso é uma utopia”. E alertou que “se houver um ataque dirigido, é preciso grande capacidade de resistência”.

Cristina Siza Vieira, CEO e VP executiva da Associação da Hotelaria de Portugal, equiparou a preparação para ciberataques ao protocolo para incêndios. “Há uma série de protocolos, sabemos o que é preciso fazer mas é preciso testar e voltar a revalidar os procedimentos”. Ainda mais, numa altura em que importantes grupos hoteleiros, bem como empresas líderes como a TAP e a Uber já foram alvo de ataques digitais.

A representar a Ordem dos Economistas, Luís Sequeira apontou que este “é um problema de gestão e organização”. Para ele, a palavra-chave é organização e o essencial é “ter o cuidado de seguir as regras”.

O economista afirmou que “os casos que veem a público não são a totalidade. Apenas 10% dos ataques são do conhecimento público. 90% dos casos de ciberataques não são comunicados”. E disse que “a UE tem os mesmos problemas”.

Em representação da anfitriã Ageas Seguros, estiveram, nos Montes Claros, Gustavo Barreto, membro da Comissão Executiva Grupo Ageas Portugal, Fernando Santos, responsável das Ordens Profissionais do Grupo Ageas Portugal, Pedro António, membro da Comissão Executiva do Grupo Ageas Portugal e Pedro Machado, Data Protection Officer do Grupo Ageas Portugal.


Entre os especialistas que discutiram os desafios da segurança cibernética esteve o bastonário da Ordem dos Engenheiros, Fernando de Almeida Santos.

 Luís Sequeira é membro da Assembleia Representativa da Ordem dos Economistas e presidente da APCS (Associação Portuguesa de Consultores Seniores).

Ana Dias, CFO da Cofina, Pedro Ribeiro, CEO da Agile Information Security, e Vasco Amaral, presidente do Colégio Nacional Engenharia Informática também estiveram entre os oradores do evento.

A moderação da conferência esteve a cargo de Camilo Lourenço, jornalista, comentador, fundador e apresentador de “A Cor do Dinheiro”.

O programa da 4.ª Conferência – Fórum Ordens Profissionais da Ageas Seguros, pode ser consultado aqui.

A Ageas Seguros criou ainda um passatempo que irá selecionar vencedores de dois Apple Watch entre os participantes na conferência. O passatempo irá decorrer até ao dia 2 de outubro.

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Máscara em ambientes fechados com muitas pessoas deve ser “novo normal”

  • Lusa
  • 20 Setembro 2022

"É que também há a gripe, há outros vírus, o vírus sincicial respiratório. Portanto, é por uma melhor capacidade de prevenção”, justificou o presidente do Infarmed.

O presidente do Instituto Nacional Dr. Ricardo Jorge (INSA) considerou esta terça-feira que o uso de máscara em ambientes fechados com aglomerados de pessoas deve ser encarado como o “novo normal” para prevenir a transmissão de vírus como o SARS-Cov-2.

Fernando Almeida comentava desta forma à agência Lusa a recomendação da Direção-Geral da Saúde (DGS) para o uso de máscaras nas farmácias, nos transportes públicos e nos aeroportos, terminais marítimos e redes de metro e de comboio. “Acho importante [esta recomendação] e isto faz parte daquilo a que nós sempre chamámos do novo normal. E não é só por causa da covid-19. É que também há a gripe, há outros vírus, o vírus sincicial respiratório. Portanto, é por uma melhor capacidade de prevenção”, disse Fernando Almeida, à margem da conferência “Diagnóstico ‘In Vitro’: Mais Acesso, Melhor Saúde”, que decorreu no INSA, em Lisboa.

Por isso, prosseguiu, “em ambientes onde suspeitamos que vai haver muitas pessoas no estádio de futebol, uma viagem ou autocarro, comboio, naturalmente que aconselhamos, sobretudo as pessoas com deficiência, com mais idade, a usarem a máscara”. Relativamente à realização de testes à covid-19, Fernando Almeida disse que diariamente são realizados cerca de 20.000, 30.000 testes por dia.

Segundo o presidente do INSA, o teste está agora a adaptar-se à patologia que foi “totalmente modificada” com a vacinação. “As pessoas que hoje fazem testes são aquelas que têm sintomatologia ou suspeitam que estão infetados (…). Isso é aquilo que nós queremos”, disse. “Portanto, o teste hoje já não é tanto aquela questão de massificar, fazer a toda a gente. Hoje entramos numa utilização mais criteriosa do teste e diferente daquilo que são os objetivos da testagem”, rematou.

Na conferência, foi divulgado o estudo de avaliação do impacto dos diagnósticos ‘in vitro’(DIV) para a sustentabilidade do sistema de saúde, realizado pela NOVA IMS, que recomenda a criação de um modelo de ‘fast-track’(via verde) que possibilite uma rápida avaliação destes diagnósticos, tornando possível um maior acesso dos cidadãos à sua utilização, de forma a gerar poupança e a melhorar indicadores de saúde.

A criação desta autoridade independente para os DIV teria como objetivo regular e melhorar o acesso a testes de diagnóstico, operando de forma a garantir que existe um acesso qualificado a estes dispositivos, para dar acesso a cidadãos e profissionais de saúde a soluções de diagnóstico que durante anos não são disponibilizadas de forma equitativa no Serviço Nacional de Saúde, refere o estudo.

Para a realização do estudo, os investigadores falaram com peritos em sistemas de saúde, profissionais de saúde, associações de doentes para tentar perceber como é que todas estas entidades podem colaborar e articular-se para que – no caso de inovações que estejam cientificamente comprovadas, assim como o seu custo benefício – possam chegar às pessoas de forma rápida, disse à agência Lusa o coordenador do estudo, Guilherme Victorino.

Os peritos consideram que o DIV é uma componente fundamental do sistema de saúde, quer na prática clínica, quer para a saúde pública, sendo relevante para a gestão do doente, monitorização e rastreio populacional, bem como para a sustentabilidade global do Sistema.

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