Temido saiu do Governo por ser “mais parte do problema que da solução”

Ex-ministra demitiu-se após morte de uma grávida, que "exigia que houvesse uma responsabilidade pessoal”. Abandona o cargo com “marcas negras no coração” e por não ter confiança dos agentes do setor.

Marta Temido confirmou este sábado que se demitiu do cargo de ministra da Saúde devido à morte de uma grávida no processo de transferência do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, por falta de vagas na neonatologia, que foi “um episódio de gravidade tal que era necessário que houvesse uma responsabilização”.

“A primeira responsável pelas coisas que correm bem ou mal é a ministra. Entendi que estava criado o ambiente que exigia que houvesse uma responsabilidade pessoal — e entendi que ela devia ser minha”, adiantou a ex-governante, em declarações aos jornalistas no Palácio de Belém.

Temido mostrou-se “grata por cada um dos dias em que [teve] oportunidade de servir o país”, mas diz ter “consciência de que há momentos na vida política em que a forma como [se é] encarado é de fazermos parte da solução ou do problema”. “Considerei que a forma como o setor perspetivava a ministra da Saúde era como fazendo mais parte do problema do que da solução”, acrescentou.

Considerei que a forma como o setor perspetivava a ministra da Saúde era como fazendo mais parte do problema do que da solução.

Marta Temido

Ex-ministra da Saúde

Poucos minutos depois da tomada de posse de Manuel Pizarro, a ex-ministra recusou uma saída do cargo ministerial com amargos de boca por causa das críticas reiteradas dos médicos ao seu trabalho – “todos temos algumas marcas mais negras no coração”, desabafou – e adiantou que vai assumir o lugar de deputada na Assembleia da República.

É o fim da sua carreira política? “A política não é um exercício que se faça só no palco ou na exposição. É um exercício de cidadania. Não acredito em quem diz que não é político. Tenho a política dentro de mim porque isso significa escolhas públicas”, respondeu Marta Temido, em declarações transmitidas pela RTP3.

Poucos minutos após a concretização da troca de ministro, António Costa revelou que Manuel Pizarro poderá contar com um reforço de verbas no Orçamento do Estado para 2023, cuja proposta vai ser entregue em outubro na Assembleia da República. Este ano, a despesa do SNS cresceu para um valor recorde de 13,321 mil milhões de euros, com o setor a pesar 13,2% na despesa das Administrações Públicas.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Consulado virtual vai entrar em funcionamento em junho de 2023

  • Lusa
  • 10 Setembro 2022

Projeto do consulado virtual avança no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e deve estar operacional três anos antes do previsto, avança secretário de Estado das Comunidades Portuguesas.

O secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, Paulo Cafofo, disse hoje que o consulado virtual deverá estar em funcionamento no próximo dia 10 de junho e garantiu que as comunidades portuguesas “são a prioridade número 1 do Ministério”.

“Tínhamos planeado, no âmbito do PRR [Plano de Recuperação e Resiliência], o consulado virtual estar em funcionamento em 2026, mas estamos a antecipar e queremos que no próximo dia 10 de junho este consulado virtual esteja já operacional e ao serviço dos portugueses e portuguesas que vivem no estrangeiro“, disse Paulo Cafofo.

Durante uma entrevista ao programa “Decisão Nacional”, da RTP Internacional, o governante admitiu que esta reorganização “implica diversas áreas governativas, que precisam de estar articuladas”, mas assegurou que “é um trabalho muito útil para não requerer a presença física no consulado e permitir que determinados assuntos possam ser tratados pela via digital”, entre os quais estão vários pagamentos.

Na entrevista, Paulo Cafofo assegurou que as comunidades portuguesas espalhadas pelo mundo são a principal prioridade do Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) e confirmou que o relatório sobre a reorganização da rede consular está já feito.

“Temos o trabalho de casa feito, dentro do MNE, sobre as necessidades e o número de funcionários consulares de que necessitamos, temos já uma revisão das tabelas salariais”, afirmou, explicando que a aprovação da implementação do relatório está dependente do Orçamento do Estado para o próximo ano.

“No âmbito do MNE, esta é a prioridade número 1, o que significa que para a política externa as questões das comunidades não são questões marginais, secundários ou anexas, portanto a prioridade estabelecida pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, João Cravinho, foi precisamente esta questão do funcionamento e reorganização e reforma consular“, concluiu.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Da gestão às carreiras, quais os desafios de Manuel Pizarro aos “olhos” da saúde?

Novo ministro já tomou posse. Representantes dos médicos defendem ao ECO mudança de políticas no setor, ao nível da gestão e atratividade do SNS. Enfermeiros pedem que "corrija erro" nas carreiras.

Manuel Pizarro tomou posse este sábado como ministro da Saúde, substituindo Marta Temido, que se demitiu no final de agosto. Ao ECO, o bastonário da Ordem dos Médicos e o presidente da Associação Nacional de Médicos de Saúde Pública (ANMSP) consideram que esta é uma escolha “sensata” e “equilibrada”, mas reforçam que é preciso mudar as políticas na Saúde, nomeadamente ao nível da gestão e da atratividade do Serviço Nacional de Saúde (SNS). Já a bastonária da Ordem dos Enfermeiros lembra que o governante foi o responsável pelo fim da carreira destes profissionais, pelo que diz que é uma “oportunidade para corrigir essa questão”.

Com um currículo político extenso e formado em Medicina, Manuel Pizarro foi escolhido pelo primeiro-ministro para liderar a pasta da Saúde. Ao ECO, o bastonário da Ordem dos Médicos diz que esta foi “uma escolha sensata”, dado que o novo ministro “conhece bem o sistema de saúde português, não só o SNS, mas também o setor privado e social”. Bem como os sistemas de saúde na União Europeia devido à passagem pelo Parlamento Europeu. “Tem a noção daquilo que está a acontecer e a fazer-se noutros países, o que é importante porque não estamos sozinhos no mundo, nem na Europa”, sinaliza.

Miguel Guimarães enaltece ainda a “relação mais empática” e “fácil” de Manuel Pizarro com as pessoas, o que lhe permite ser, acredita o bastonário, “um bom gestor de recursos humanos”. “Além disso, tem poder político porque é um homem que se dedica à política há muitos anos”, acrescenta o mesmo responsável, sublinhando que isso “significa que tem peso político dentro do próprio Governo“, o que “pode ser um aspeto positivo”.

Por outro lado, o presidente da ANMSP aponta a nomeação de Pizarro para ministro como “uma escolha equilibrada” entre a manutenção das políticas de António Costa “e uma aproximação às vontades e às reclamações dos profissionais de saúde”. “É alguém próximo do Dr. António Costa e, portanto, vai, claramente, seguir a linha que o Governo já traçou. Mas pode trazer uma oportunidade aos restantes profissionais de saúde, coisa que não existia no tempo da Dra. Marta Temido“, atira Gustavo Tato Borges.

O primeiro-ministro disse que as políticas de saúde são aquelas que estão definidas independentemente do ministro que vem. Se for assim, nada será resolvido ou pouca coisa será resolvida.

Miguel Guimarães

Bastonário da Ordem dos Médicos

Não obstante, tanto o bastonário da Ordem dos Médicos como o presidente da ANMSP admitem, à partida, que o primeiro-ministro e o ministro das Finanças poderão travar algumas mudanças na área da Saúde. “É preciso lembrar que o primeiro-ministro disse que as políticas de saúde são aquelas que estão definidas independentemente do ministro que vem. Se for assim, nada será resolvido ou pouca coisa será resolvida”, afirma Miguel Guimarães, pedindo ao chefe de Governo que adapte essas políticas ao novo titular da pasta.

Já Gustavo Tato Borges avisa que Manuel Pizarro pode “trazer um consenso aprimorado [com] algumas das soluções que vão sendo apontadas pelo setor”. Desde que António Costa e Fernando Medina “lhe deem as condições e o espaço” necessários”, acrescenta.

Menos otimista está a bastonária da Ordem dos Enfermeiros, que prefere esperar que o ministro diga quais as políticas que quer implementar. Mas insta, desde já, o governante a corrigir o erro nas carreiras. “Quando, em 2009, o Dr. Pizarro foi secretário de Estado, terminou com a nossa carreira, que tinha precisamente o risco, a penosidade, fazia a distinção e a valorização de graus académicos de todos os profissionais, uma idade de reforma mais baixa”, explica Ana Rita Cavaco. A bastonária lembra que na altura ficou acordado criar um outro, em substituição, que nunca entrou em vigor. “Portanto, agora o Dr. Pizarro tem oportunidade de corrigir essa questão”, confia.

Quando, em 2009, o Dr. Pizarro foi secretário de Estado, terminou com a nossa carreira, que tinha precisamente o risco, a penosidade, fazia a distinção e a valorização de graus académicos de todos os profissionais, uma idade de reforma mais baixa.

Ana Rita Cavaco

Bastonária da Ordem dos Enfermeiros

No rescaldo da demissão de Marta Temido, os partidos com assento parlamentar exigiram transformações profundas no SNS. A posição é partilhada pelos responsáveis ligados ao setor, ouvidos pelo ECO depois do anúncio do sucessor de Marta Temido. Para o bastonário da Ordem dos Médicos, o novo ministro terá dois grandes desafios pela frente.

O primeiro diz respeito ao capital humano. “Temos muitos médicos em Portugal, mas cerca de 50% está fora do SNS. E, portanto, o ministro tem o desafio de criar as condições adequadas para que os médicos possam optar por ficar no SNS e não irem trabalhar para o setor privado ou para o estrangeiro”, aponta Miguel Guimarães. A opinião é, aliás, partilhada por Gustavo Tato Borges, que estende esta necessidade a outras categorias profissionais do setor, como os enfermeiros.

Por outro lado, o bastonário da Ordem dos Médicos defende que é “urgente” criar um novo modelo de gestão do SNS que valorize a flexibilidade de processos e procedimentos para contratar pessoas, para comprar equipamentos”, que dê autonomia às unidades de saúde — quer sejam hospitais quer sejam agrupamentos de centros de saúde (ACES) — e que permita que o financiamento destas unidades de saúde seja feito “de acordo com as necessidades que têm perante a sua população de referência”. Isto é, que sejam “orçamentos reais e não orçamentos fictícios, como tem acontecido até agora”, critica.

É preciso tornar o SNS mais atrativo naquilo que às carreiras médicas e também de enfermagem e dos restantes profissionais diz respeito, criando condições para cativar e manter os profissionais no SNS.<br />

Gustavo Tato Borges

Presidente da Associação Nacional de Médicos de Saúde Pública (ANMSP)

Gustavo Tato Borges insiste igualmente na “autonomização das diferentes entidades funcionais do SNS”, dotando-as de “um financiamento adequado e dando-lhes competências e ferramentas”. Recorde-se que o novo estatuto do SNS, aprovado em julho, pretende, entre outras medidas, dar mais autonomia aos ACES, nomeadamente nas contratações.

Centros de saúde, carreiras e juntas médicas

Na sexta-feira, o Presidente da República associou a escolha de Manuel Pizarro para novo ministro da Saúde ao decreto-lei que cria uma direção executiva do SNS, enquadrado no novo estatuto do SNS, e que Marcelo Rebelo de Sousa considerou ser uma aproximação à sua opinião sobre esta matéria. “Tudo indica que é uma solução que evolui para uma posição próxima daquela que tinha defendido, no sentido de haver uma separação clara entre as decisões políticas ao nível de ministro e ministério e a gestão mais independente, mais autónoma, mais isenta através de outra instituição que não diretamente o Ministério”, explicou o chefe de Estado.

Além do capital humano e do novo modelo de gestão, o bastonário da Ordem dos Médicos elenca ainda outros problemas a resolver no que concerne aos serviços de urgência e aos cuidados de saúde primários. “Não temos atualmente médicos de família para todos os portugueses e é importante atingir este objetivo. E existem meios para o fazer porque existem médicos de família suficientes no país para que cada doente possa ter médico de família”, conclui.

Numa altura em que o SNS enfrenta maiores debilidades na sequência da pandemia de Covid-19, especialmente na área da obstetrícia, com encerramentos de urgências, Gustavo Tato Borges sublinha que o desafio “mais urgente a ser resolvido é a questão da organização dos dos serviços de urgência hospitalares e a maneira como eles se articulam uns com os outros e com os cuidados de saúde primários”.

Por outro lado, e no que toca especificamente à área da saúde pública, o presidente da ANMSP refere ainda a urgência de acabar com as juntas médicas nas unidades de saúde públicas, para que estas “possam desenvolver o seu trabalho adequadamente”. Bem como dotar estas unidades do financiamento necessário para possam responder às necessidades. Gustavo Tato Borges dramatiza ainda a necessidade de criar um sistema de informação em saúde pública, que permita aos médicos analisar os dados e “servir melhor a população”.

Da equipa de Sócrates até Bruxelas

O socialista Manuel Pizarro foi empossado este sábado ministro da Saúde pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, numa cerimónia no Palácio de Belém que aconteceu pouco depois das 18h. O sucessor de Marta Temido tem 58 anos e foi secretário de Estado da Saúde no segundo executivo de José Sócrates, quando Ana Jorge tutelava a pasta.

Licenciado em Medicina pela Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, Manuel Pizarro foi especialista em Medicina Interna no Hospital de São João, no Porto, e diretor clínico do Hospital da Ordem da Trindade, também na cidade Invicta.

No panorama político, Pizarro foi por duas vezes candidato a presidente da Câmara Municipal do Porto, derrotado pelo independente Rui Moreira. É o líder da Federação do Porto do PS e foi o nono nome na lista de candidatos a eurodeputados socialistas nas últimas eleições para o Parlamento Europeu, tendo recentemente substituído Carlos Zorrinho na liderança dos eurodeputados do PS em Bruxelas.

Na sexta-feira, o ministro indigitado elogiou a titular cessante da pasta, Marta Temido, tendo dito que regressa a Portugal “cheio de determinação” para defender o Serviço Nacional de Saúde. À direita, a oposição criticou a escolha de um ministro que pertence ao aparelho do PS, enquanto à esquerda os partidos pediram que a mudança de ministro seja acompanha por políticas diferentes e de reforço do SNS.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Douro representa 70% das exportações de vinhos DOP

Região Demarcada do Douro representa 70% das exportações de vinhos com denominação de origem e 44% das exportações totais. Conheça os projetos premiados no Dia Internacional do Vinho do Porto.

“Se Portugal é o 9º país na exportação de vinhos, ficamos orgulhosos por vermos a Região Demarcada do Douro a representar 70% das exportações de vinhos com denominação de origem e 44% das exportações de vinho”. Os números foram lembrados pelo presidente do Instituto de Vinhos do Douro e Porto (IVDP) durante as comemorações dos 266 anos da região, em Vila Nova de Gaia.

Segundo Gilberto Igrejas, “o Vinho do Porto representa 58% das exportações de vinhos com denominação de origem protegida (DOP) e 36% das exportações totais de vinho”. Tendo em conta estes números que colocam o Douro nas bocas do mundo, o presidente do IVDP apelou à união entre as associações durienses: “Teremos de agregar as instituições que contribuam para o progresso do Douro, tragam riqueza e a distribuam de forma justa”.

Teremos de agregar as instituições que contribuam para o progresso do Douro, tragam riqueza e a distribuam de forma justa.

Gilberto Igrejas

Presidente o IVDP

O nascimento, a 10 de setembro de 1756, da Região Demarcada do Douro “foi de grande arrojo e de uma visão invulgar, de longo prazo, com olhos foçados no futuro”. Mais, realçou Gilberto Igrejas antes da entrega das distinções do melhor que se faz em viticultura, enologia e enoturismo no dia do Vinho do Porto: “Nascia em 1756 com esta iniciativa pioneira a primeira marca coletiva portuguesa”.

Para Gilberto Igrejas, “este modelo, por ser uma forma eficaz de estruturar a economia local e de acrescentar valor aos vinhos que aqui eram produzidos, permitiu que se estivesse na génese, na inspiração do que foram as denominações de origem vitivinícolas por todo o mundo, que hoje tão fervorosamente preservamos e defendemos”.

Durante a celebração do Dia Internacional do Vinho do Porto, foram distinguidos a Quinta das Murças, o enólogo João Rosa Alves, a Quinta do Portal e a Comissão Intermunicipal (CIM) Douro pelo trabalho desenvolvido na região com o Projeto “Douro+Sustentável”. Foram homenageados pelos “projetos que contribuem para o desenvolvimento economicamente viável, com boas práticas ambientais e promovendo a elaboração de projetos consistentes que valorizem a proteção da região e do seu património”, frisou o líder do IVDP.

A Quinta dos Murças foi distinguida na categoria de Viticultura pelo Plano de Gestão de Biodiversidade e Ecossistemas. “Um projeto que envolve vários parceiros dos meios académicos e científicos e teve início em 2017, centrando-se na avaliação de vários indicadores de biodiversidade e do estado ecológico das vinhas e sua área envolvente, de forma a compreender o impacto das boas práticas de gestão agroecológica na biodiversidade da fauna e flora, e na dinâmica das interações entre potenciais pragas e fauna auxiliar”, descreve o IVDP.

João Rosa Alves, da Menin Wine Company, arrecadou o prémio na área da enologia, sendo considerado “um dos mais promissores enólogos da nova geração”, sublinha o IVDP, realçando que “Wine Company lançou recentemente um programa de apoio que visa contribuir para o desenvolvimento da comunidade local e dirige-se a instituições que tenham um papel ativo na comunidade, com projetos de comprovado valor em prol do desenvolvimento social, económico e cultural da região”.

Já a Quinta do Portal arrecadou o prémio na área do enoturismo como o “projeto único que reúne, num só local, a dupla essência do Douro: a vinha e o vinho”. Destaque para o monumental armazém de envelhecimento de vinhos desenhado pelo arquiteto Siza Vieira, vencedor do Prémio de Arquitetura do Douro.

Por fim, a Comunidade Intermunicipal do Douro foi distinguida na categoria Revelação, na sequência da “forma como promoveu a região internacionalmente, tendo sido reconhecida além-fronteiras ao ser escolhida para Cidade Europeia do Vinho em 2023, numa candidatura conjunta de 19 municípios, que teve a virtude e a visão de unir terras distintas num só território, sob o lema All Around Wine, All Around Douro”, resume o IVDP.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Medidas de apoio iguais para todos os concelhos afetados por incêndios

  • Lusa
  • 10 Setembro 2022

Medidas de apoio para a habitação, equipamentos, infraestruturas municipais, agricultura e floresta “serão iguais em todos os territórios”, referiu a ministra da Coesão, Ana Abrunhosa.

A ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, garantiu este sábado que as medidas de apoio governamentais que estão a ser trabalhadas para repor os danos dos incêndios ocorridos no território nacional vão ser iguais para todos os municípios.

“As medidas a desenhar de compensação dos danos e prejuízos serão iguais para todas as pessoas”, disse a governante, que esta manhã visitou o município de Alvaiázere, no distrito de Leiria, onde em julho ardeu 20% da área florestal e cinco casas de primeira habitação, além de arrumos e alfaias agrícolas.

Segundo a ministra da Coesão Territorial, as medidas de apoio para a habitação, equipamentos, infraestruturas municipais, agricultura e floresta “serão iguais em todos os territórios” nacionais, desde “que se incluam nos critérios de elegibilidade”.

“A única diferença em relação ao Parque Natural da Serra da Estrela – para o qual o Governo declarou o estado de calamidade, devido ao impacto terrível na biodiversidade – é que naquele território vai ser desenvolvido um plano de revitalização”, enfatizou.

O relatório dos prejuízos dos incêndios [deste ano] fará parte da ordem de trabalhos do próximo Conselho de Ministros e que estamos a trabalhar para que seja aprovado nessa reunião.

Ana Abrunhosa

Ministra da Coesão Territorial

O conjunto de medidas, “que não discrimina território”, deverá ser apresentado no próximo Conselho de Ministro, “se tudo correr como planeado”, juntamente com o relatório dos prejuízos, que esteve previsto ser apresentado na última quinta-feira.

“Posso garantir que o relatório dos prejuízos dos incêndios [deste ano] fará parte da ordem de trabalhos do próximo Conselho de Ministros e que estamos a trabalhar para que seja aprovado nessa reunião”, frisou Ana Abrunhosa, que não levantou o véu sobre os montantes estimados, referindo que primeiro serão informadas as autarquias.

O presidente da Câmara de Alvaiázere, João Guerreiro, que chegou a pedir que também fosse declarado o estado de calamidade para o concelho, mostrou-se satisfeito com as garantidas dadas pela ministra da Coesão Territorial.

“Com esta reunião de trabalho conseguimos perceber que, não sendo através da situação de calamidade, o Governo está a fazer propostas em cada uma das áreas para dar resposta àquilo que são as ansiedades da nossa população”, disse.

O autarca salientou que sai satisfeito “porque se percebe que existe esta vontade e dedicação” para que haja “ao dispor meios que vão permitir ajudar a população que tão atingida foi neste incêndio”.

Instado a pronunciar-se sobre as estimativas dos prejuízos no concelho, João Guerreiro de Alvaiázere não quis revelar montantes, salientando que o apuramento dos valores foi efetuado através de índices “que são indicativos e que depois, caso a caso, terão de ser reajustados, e, nessa altura”, conseguir-se-á “ter, com certeza, esse detalhe”. “São valores elevados, mas não temos um número redondo para atribuir”, sublinhou.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

📹 Do cheque às rendas. O que tem o pacote de ajuda às famílias?

Está tudo mais caro. Na hora de atestar o carro ou de ir à mercearia, os portugueses sentem bem o impacto da escalada da inflação. O Governo apresentou um pacote de medidas para ajudar as famílias.

Está tudo mais caro por causa da escalada da inflação e a tendência deverá continuar. Criticado por esperar pelo fim das férias, o Governo lá apresentou um pacote de medidas de 2.400 milhões de euros para ajudar as famílias portuguesas. Saiba como vão ser os apoios — e quais se aplicam a si.

http://videos.sapo.pt/dmnvda03BocdLjtf2m60

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Bruxelas pede prudência orçamental em “período intensamente exigente” de inflação

  • Lusa
  • 10 Setembro 2022

Valdis Dombrovski avisa países da UE que a política orçamental em 2023 tem de ser "prudente” e "dar prioridade à sustentabilidade orçamental e ser coerente com a tarefa do BCE de reduzir a inflação”.

O vice-presidente executivo da Comissão Europeia Valdis Dombrovskis pediu este sábado aos Estados-membros da União Europeia (UE) prudência orçamental perante o atual “período intensamente exigente”, dada a elevada inflação e a acentuada crise energética.

“Todas as economias da UE estão a atravessar um período intensamente exigente. Como sabemos, as pressões vêm de muitos lados: inflação recorde e questões de fornecimento de energia, entre outras, que estão a travar o crescimento e a restringir o espaço de manobra política e, por isso, é importante que atravessemos o período difícil com as políticas corretas e de forma coordenada”, declarou Valdis Dombrovskis.

Falando em conferência de imprensa no final de uma reunião informal dos ministros das Finanças da UE, em Praga, no âmbito da presidência checa do Conselho, o responsável europeu vincou que, “no próximo ano, a política orçamental tem de ser prudente”.

“Tem de dar prioridade à sustentabilidade orçamental e ser coerente com a tarefa do Banco Central Europeu de reduzir a inflação”, acrescentou Valdis Dombrovskis, depois de o BCE ter decidido aumentar em 75 pontos base as suas três taxas de juro diretoras, o segundo aumento consecutivo deste ano.

Tem de dar prioridade à sustentabilidade orçamental e ser coerente com a tarefa do Banco Central Europeu de reduzir a inflação.

Valdis Dombrovskis

Vice-presidente executivo da Comissão Europeia

E após os governos da zona euro terem admitido já na sexta-feira que a guerra na Ucrânia e a crise energética aumentaram o risco de recessão, o vice-presidente executivo da Comissão Europeia disse, ao mesmo tempo, ser necessário “ajudar as pessoas e empresas que mais sofrem, pelo que as medidas de apoio têm de ser bem direcionadas e temporárias”.

“Isto é importante para conter os impactos orçamentais, tendo em conta a grande escala do choque e os limitados meios disponíveis”, adiantou.

Valdis Dombrovskis exortou ainda a “progressos na revisão do futuro quadro de governação económica da UE”, apontando que a Comissão Europeia irá avançar com orientações sobre essa matéria este outono e que “parece haver uma ampla convergência sobre estas prioridades”.

Em concreto, o responsável afirmou ser necessário “assegurar que a dívida pública está efetivamente a diminuir”, prestar “a devida atenção à composição e qualidade das finanças públicas”, bem como reduzir “a complexidade e melhorando o cumprimento” das regras orçamentais.

Os governos da zona euro já vieram admitir que a guerra na Ucrânia aumentou o risco de recessão, mas descartam que a economia esteja inevitavelmente condenada a cair e prometem tomar medidas para combater a inflação e mitigar o seu impacto.

A subida dos preços da energia agravada pela invasão empurrou a inflação na zona euro para um recorde de 9,1% em agosto e obrigou a baixar as previsões de crescimento para os 19 países, a ponto de o BCE antecipar uma recessão no caso de um corte total do gás russo.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Casalinho alerta socialistas para “alguma dor” no controlo da inflação

  • Lusa
  • 10 Setembro 2022

Perante uma plateia de jovens socialistas, a antiga presidente do IGCP avisou que na atual conjuntura a prioridade máxima é “evitar que a inflação fique entrincheirada e se enraíze”.

A ex-presidente da Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP), Cristina Casalinho, avisou este sábado os socialistas que evitar o “entrincheiramento” da inflação terá custos ao nível do produto e provocará dor social.

“Para controlar a inflação vamos ter custos ao nível do PIB (Produto Interno Bruto), ou seja, vamos ter alguma dor”, declarou Cristina Casalinho, atual administradora da Fundação Calouste Gulbenkian, durante a Academia Socialista, uma iniciativa do PS que decorre na Batalha, no distrito de Leiria.

De acordo com Cristina Casalinho, a prioridade máxima, na atual conjuntura, passa por “evitar – é isso que os bancos centrais estão a fazer – que a inflação fique entrincheirada e se enraíze”.

“Temos de evitar a espiral preços salários”, apontou, a título de exemplo, tendo pela sua frente uma plateia de jovens socialistas, num debate moderado pelo dirigente do PS Porfírio Silva e que também teve como orador o eurodeputado e ex-ministro Pedro Marques.

Para a ex-presidente da IGCP, a partir dos aumentos registados na energia e no setor alimentar, “os preços começam a ter efeitos secundários relevantes e as pessoas começam a ter comportamentos que reforçam a ideia de indexação para reposição do seu poder de compra, o que se deve evitar”.

“Estamos num ponto de inflexão, em risco de uma mudança de paradigma”, advertiu, antes de apontar uma via em termos de resposta pública: “A prioridade deve ser a contenção da inflação e isso deve ser feito através de políticas que protejam o impacto nos cidadãos mais vulneráveis”.

As taxas de juro estão a subir, é verdade, mas em Portugal estamos ainda longe de alguns máximos, por exemplo se pensarmos na taxa a 10 anos.

Cristina Casalinho

Ex-presidente da IGCP

Durante a sua intervenção, Cristina Casalinho apontou que “o aumento dos juros por via do aumento das taxas de juro é menor do que as componentes da inflação, do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) e do agravamento da despesa pública”.

“As taxas de juro estão a subir, é verdade, mas em Portugal estamos ainda longe de alguns máximos, por exemplo se pensarmos na taxa a 10 anos”, observou, antes de aludir ao fator mercado de trabalho para manifestar aqui alguma apreensão.

“O mercado de trabalho, hoje, sobretudo nos Estados Unidos, encerra algumas incertezas, porque está muito apertado, o que significa que o crescimento dos salários nominais está a acontecer e então provoca uma espiral inflacionista”, disse ainda.

No caso de Portugal, a economista assinalou a previsão de um nível de dívida pública no final do ano menor do que 120% do Produto Interno Bruto (PIB). “Quando comparamos a fatura dos juros com o efeito do crescimento do PIB nominal, verificamos que o PIB nominal cresce mais do que o efeito dos juros. Por outro lado, como havia previsões de um saldo primário positivo, isso dá folga orçamental para medidas de aumento da despesa para facilitar que a reposição de rendimentos seja alcançada”, afirmou.

Numa primeira fase, segundo Cristina Casalinho, o facto de a inflação aumentar é favorável à receita pública, dando flexibilidade orçamental.

Cristina Casalinho apresentou igualmente alguns dados sobre a evolução das principais economias mundiais quando confrontadas com os choques petrolíferos de 1973 e de 1979. A subida de preços agora é menor do que nesses dois anos, embora se tenha partido de uma base mais baixa. “Mas o ritmo de aceleração tem sido agora mais elevado. As taxas de juro reais são atualmente bem mais baixas do que na década de 70”, completou.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Fabricantes de carros elétricos desmentem Governo no acordo com Nissan

  • ECO
  • 10 Setembro 2022

Citroën e Peugeot negam ter recebido contacto do Governo para a cedência gratuita de veículos elétricos, como resultou do acordo assinado com a Nissan. BMW alega que violaria as regras de compliance.

O primeiro-ministro e o ministro do Ambiente fazem deslocações oficiais em veículos elétricos cedidos gratuitamente pela Nissan, ao abrigo de um protocolo celebrado em 2018 que suscita dúvidas aos especialistas em Direito Administrativo no que toca ao respeito pelos princípios da concorrência e da transparência.

O Governo garante que também contactou por telefone a Citroën, a Peugeot, a Tesla e a BMW para assinar acordos semelhantes. No entanto, segundo noticia o semanário Novo na edição deste sábado, as duas primeiras marcas não têm registo de qualquer contacto, enquanto a BMW, que diz não conseguir confirmar essa informação, partilha o entendimento de que ceder veículos gratuitamente ao Governo violaria as regras de compliance.

Em 2021, a Nissan foi a marca que mais ganhou com o cheque do Estado para a compra de veículos 100% elétricos. Das 849 candidaturas de pessoas singulares que receberam o incentivo de três mil euros, 158 adquiriram automóveis da fabricante japonesa. Com carros elétricos a partir dos 29.400 euros, liderou também a compra de veículos ligeiros de mercadorias 100% elétricos no ano passado, representando 23 em 77 candidaturas apoiadas pelo Fundo Ambiental.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Carlos III foi proclamado oficialmente Rei do Reino Unido

  • Lusa
  • 10 Setembro 2022

Sucessor de Isabel II comprometeu-se a "seguir o exemplo inspirador" da mãe, manifestando-se "profundamente consciente da grande herança, deveres e pesada responsabilidade" da monarquia.

O Rei Carlos III foi proclamado em público como novo monarca do Reino Unido às 11h em ponto, um ritual precedido pelo toque de trombetas na varanda do palácio de St. James, em Londres.

Foi nesse local que o rei de armas da Jarreteira anunciou a Proclamação Principal redigida no interior do palácio pelo Conselho de Adesão, um órgão que se reúne com o fim expresso de confirmar o novo soberano do Reino Unido.

A seguir à leitura, uma companhia de guardas reais saudou com três “vivas” o novo Rei, depois de se ouvir o hino do Reino Unido, “God Save the King” (“Deus salve o Rei”), tocada pela banda do regimento dos Guardas de Coldstream, o mais antigo regimento das forças armadas britânicas.

Junto à Torre de Londres, soaram salvas de canhão, bem como nas outras capitais do reino, como Edimburgo e Cardiff, onde se lia igualmente em público a proclamação em cerimónias semelhantes.

Lutarei por seguir o exemplo inspirador que me precede, mantendo o governo constitucional, e procurando a paz, harmonia e prosperidade dos povos destas ilhas.

Carlos III

Novo monarca do Reino Unido

Ao assinar o juramento pelo qual se torna Rei, Carlos III comprometeu-se a “seguir o exemplo inspirador” da sua mãe, manifestando-se “profundamente consciente da grande herança, deveres e pesada responsabilidade” da monarquia.

“Ao tomar estas responsabilidades, lutarei por seguir o exemplo inspirador que me precede, mantendo o governo constitucional, e procurando a paz, harmonia e prosperidade dos povos destas ilhas”, declarou o novo Rei.

A Rainha Isabel II morreu aos 96 anos no Castelo de Balmoral, na Escócia, após mais de 70 anos do mais longo reinado da história do Reino Unido.

Elizabeth Alexandra Mary Windsor nasceu em 21 de abril de 1926, em Londres, e tornou-se Rainha de Inglaterra em 1952, aos 25 anos, na sequência da morte do pai, George VI, que passou a reinar quando o seu irmão abdicou.

Após a morte da monarca, o seu filho primogénito assume aos 73 anos as funções de rei como Carlos III.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Escalada de preços na energia “não se resolve com taxas” sobre lucros das empresas

  • Lusa
  • 10 Setembro 2022

Numa altura em que a Comissão Europeia tenciona destinar lucros inesperados das energéticas para apoios sociais, Fernando Medina avisa que "a questão dos preços da energia não é resolvida com taxas”.

O ministro das Finanças, Fernando Medina, defendeu hoje que a escalada dos preços da energia “não se resolve com taxas”, numa altura em que a Comissão Europeia tenciona destinar lucros inesperados das energéticas para apoios sociais.

“A questão dos preços da energia não é resolvida com taxas”, disse Fernando Medina, em declarações à chegada ao segundo dia de uma reunião informal dos ministros das Finanças da União Europeia (UE), no âmbito da presidência checa do Conselho, em Praga.

Um dia depois de os ministros da Energia da UE terem discutido em Bruxelas medidas de emergência a aplicar a nível comunitário para mitigar os efeitos da escalada de preços no setor energético, o responsável português pela tutela das Finanças apontou que “as taxas são uma forma de utilizar receitas excecionais para um determinado fim de política pública, [mas] a questão central é como é que se colocam os preços” da energia, dada a atual crise, agravada pela guerra da Ucrânia.

“A questão central que está em debate nestes Conselhos é o problema de como é que se encontra uma solução – na medida em que a Europa tomou uma decisão de se preparar e de se precaver para a suspensão do fornecimento do gás que vem na Rússia. E todo este quadro coloca uma necessidade de encontrar outros fornecedores, que tem colocado uma pressão sobre os preços da energia e do gás”, elencou Fernando Medina.

Para o governante, “esta é a área mais importante, em que é preciso agir, porque, aliás, quando esses preços forem controlados e se conseguirem diminuir também as receitas extraordinárias, diminuem as receitas extraordinárias dessas empresas”.

Nas declarações aos jornalistas portugueses, Fernando Medina referiu ainda que “duas medidas que constam da proposta do fundo, da decisão dos ministros de pedir à Comissão agora para desenvolver as propostas legislativas, são medidas que já estão a ser executadas em Portugal”.

“Em primeiro lugar, a separação do gás na determinação do preço da eletricidade” através do mecanismo ibérico temporário e, em segundo lugar, “a existência de um mercado de uma tarifa regulada do gás, isto é, conseguir fazer uma tarifa que no fundo fique protegida por contratos”, concluiu.

Os ministros da Energia da UE realizaram na sexta-feira um Conselho extraordinário, em Bruxelas, para discutirem possíveis medidas de emergência a aplicar a nível comunitário para mitigar os efeitos da escalada de preços no setor energético.

No final, a Comissão Europeia prometeu “medidas sem precedentes para uma situação sem precedentes” na UE de crise energética, que abrangerão “todas as frentes” e serão apresentadas na próxima semana para aliviar os preços dos serviços energéticos.

Já Portugal concordou de forma genérica com as medidas de emergência discutidas em Bruxelas para fazer face aos preços no setor da Energia, embora considerando que algumas ainda podem ser “afinadas”, disse o ministro do Ambiente e Ação Climática, Duarte Cordeiro.

Antes, na quarta-feira, a Comissão Europeia já colocou algumas ideias sobre a mesa, entre as quais a imposição de um teto máximo para os lucros das empresas produtoras de eletricidade com baixos custos e uma “contribuição solidária” das empresas de combustíveis fósseis, assim como estabelecer um limite de preços para importações de gás por gasoduto da Rússia para a União Europeia.

As tensões geopolíticas devido à guerra da Ucrânia têm afetado o mercado energético europeu, já que a UE importa 90% do gás que consome, sendo a Rússia responsável por cerca de 45% dessas importações, em níveis variáveis entre os Estados-membros. Em Portugal, o gás russo representou, em 2021, menos de 10% do total importado.

Pedro Marques vê margem para aprofundar tributação de lucros excessivos

Já o eurodeputado do PS, Pedro Marques, considerou este sábado que Portugal tem margem para aprofundar a tributação às empresas de energia com lucros excessivos, apesar de entender que o Governo já deu uma “primeira machadada” nesse sentido.

Esta posição foi transmitida pelo ex-ministro das Infraestruturas e cabeça de lista do PS nas últimas eleições europeias na iniciativa Academia Socialista, na Batalha, distrito de Leiria, durante a abertura de um debate em que também participou a ex-presidente da IGCP (Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública) Cristina Casalinho e que foi moderado pelo dirigente socialista Porfírio Silva.

Se não houver nada para cobrar, é porque não houve lucro excessivo; se houver lucro excessivo, então deve ser carreado para o financiamento de apoio às famílias.

Pedro Marques

Eurodeputado do PS

“Temos defendido a tributação de lucros excessivos na nossa família política de forma muito significativa desde há meses. No nosso caso, em Portugal, já conseguimos conter particularmente esses lucros excessivos, mas temos margem para ir mais longe e implementarmos uma contribuição extraordinária desta natureza”, sustentou Pedro Marques perante uma plateia de jovens socialistas. “Estamos a defender na Europa e é claro que também defenderia aqui em Portugal”, frisou.

Depois, procurou desdramatizar as consequências económicas e jurídicas se essa medida avançar no país e respondeu a alguns argumentos que têm sido invocados em sentido contrário. “É verdade que temos menor margem para tributar lucros excessivos, porque já tomámos duas medidas para os diminuir. Mas devemos aprovar a contribuição. Se não houver nada para cobrar, é porque não houve lucro excessivo; se houver lucro excessivo, então deve ser carreado para o financiamento de apoio às famílias”, justificou o eurodeputado.

(Notícia atualizada às 12h50 para acrescentar declarações de Pedro Marques)

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

RTP fecha acordo com SportTV para dar futebol português aos emigrantes

Canais internacionais vão transmitir um jogo por jornada da liga portuguesa de futebol nos próximos dois anos. Cumpridos "objetivos de sustentabilidade da situação económica e financeira da RTP".

A RTP e a SportTV chegaram a acordo para a continuidade da transmissão de um jogo por jornada da Liga Bwin para os próximos dois anos, nos canais internacionais da RTP (RTP internacional e RTP África), de acordo com um comunicado enviado este sábado às redações.

O presidente da estação de televisão pública, Nicolau Santos, fala num “acordo importante [que] permite satisfazer as comunidades de emigrantes em todo o mundo e todos os que seguem a partir de África a transmissão dos jogos das equipas portuguesas, cumprindo ao mesmo tempo os objetivos de sustentabilidade da situação económica e financeira da RTP”.

Garantimos uma solução concreta e realista aos desafios financeiros apresentados pela RTP que pudesse cumprir o objetivo de levar o melhor do futebol nacional a todos os emigrantes.

Nuno Ferreira Pires

CEO da SportTV

“A SportTV fez todos os esforços para assegurar que os pedidos dos emigrantes não ficassem sem resposta, garantindo uma solução concreta e realista aos desafios financeiros apresentados pela RTP que pudesse cumprir o objetivo de levar o melhor do futebol nacional a todos os portugueses emigrantes espalhados pelo mundo”, acrescentou o CEO do canal de desporto, Nuno Ferreira Pires.

Em junho, durante uma audição parlamentar, o presidente do conselho de administração da RTP admitiu que “provavelmente” a empresa “vai ter prejuízos” este ano, sublinhando que os encargos “têm vindo a crescer”. Na altura, Nicolau Santos garantiu, no entanto, que o grupo público “não está à beira do cataclismo”.

O gestor aludiu a um “aumento brutal dos custos de energia”, três milhões de euros acima do previsto e três vezes mais do que inicialmente tinha orçamentado. Outro fator de pressão sobre os custos é a guerra na Ucrânia, em que as “diversas equipas de rádio e de televisão presentes [naquele país] têm obviamente de ser apoiadas financeiramente pela RTP”. “A situação, como calculam, é de enorme custo”, disse.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.