Houve mais de 19 mil mortes em excesso em Portugal nos primeiros dois anos da pandemia de Covid-19

  • Lusa
  • 6 Dezembro 2024

Estudo do Instituto Ricardo Jorge estima que entre março de 2020 e 31 de dezembro de 2021 tenham ocorrido 21.243 óbitos em excesso, 90% dos quais atribuíveis à Covid-19.

A Covid-19 provocou nos primeiros dois anos da pandemia mais 19.119 mortes do que era esperado para o mesmo período e o excesso de mortalidade afetou sobretudo os mais velhos e doentes crónicos, segundo o Instituto Ricardo Jorge.

O estudo pedido pela ex-ministra Marta Temido, que tutelava a pasta da Saúde quando a pandemia chegou a Portugal, em março de 2020, estima que entre essa altura e 31 de dezembro de 2021 tenham ocorrido 21.243 óbitos em excesso, 90% dos quais (19.119) atribuíveis à Covid-19.

O trabalho do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA), a que a Lusa teve acesso, concluiu que a pandemia teve um impacte de muito elevada intensidade na mortalidade, principalmente devido às mortes por Covid-19, e que estes impactes não foram iguais para toda a população, sendo mais intensos nos grupos etários mais idosos e nas pessoas com doenças crónicas.

“Tal reforça a necessidade de dar prioridade a estes grupos populacionais na preparação e resposta a futuras pandemias, quer na proteção em relação à infeção e suas complicações, quer na prevenção e mitigação dos efeitos secundários das medidas não farmacológicas”, refere o estudo.

Em declarações à Lusa, a investigadora Ana Paula Rodrigues, responsável por este trabalho, disse não ser surpreendente que a Covid-19 tenha sido a principal causa do excesso de mortalidade naquele período, lembrando: “era uma infeção nova, nenhum de nós tinha imunidade e todos nós estávamos em grande risco”. “Os dados estão próximos das estatísticas oficiais, o que valida o estudo e indica que Portugal teve a capacidade, na maior parte do período (… ), de diagnosticar”, acrescentou.

Para a investigadora, é normal que os mais afetados tenham sido os mais velhos, porque a idade é um fator de risco para a Covid-19 e pode ser fatal nos mais idosos, ao que acresce a longa esperança de vida da população portuguesa, mas com o final de vida vivida “com incapacidade e doença”. “São estes, os mais vulneráveis, que devem ser valorizados e protegidos, mas também as forças de trabalho, porque senão não temos ninguém que responda à pandemia”, disse.

A investigadora lembrou que já na vacinação os mais idosos e doentes crónicos foram priorizados, mas disse que, no futuro, Portugal “tem de ter a capacidade de identificar outras medidas, dentro das não farmacológicas, que protejam especificamente estes grupos etários”.

“Ainda por cima alguns estão institucionalizados e a institucionalização em si é um fator acrescido para doenças infecciosas, pela proximidade das pessoas”, constatou a especialista, lembrando também que, os que não estão em instituições, “estão muito isolados”.

Olhando para as características da população portuguesa, afirmou: “Temos que olhar para todo este contexto social e, além das medidas específicas de proteção, numa próxima pandemia, desenvolver outras medidas sociais e no âmbito da saúde para os proteger também de outros efeitos, não os colocando em risco de agravamento de outras patologias que já tenham”.

O estudo apontou para um excesso de mortalidade por todas as causas nos grupos etários acima dos 65 anos, aumentando com a idade, mas sublinhou que o efeito direto da Covid-19 foi diminuindo com a idade, admitindo que a população mais idosa possa ter sido “a que mais sentiu os efeitos secundários das alterações sociais e da organização e acesso aos serviços de saúde durante a pandemia”.

Os investigadores referem mesmo que as mudanças nas condições económicas e sociais decorrentes da concretização das medidas não farmacológicas, além da reorganização dos serviços de saúde, “podem ter contribuído para o aumento indireto de algumas causas de mortes durante a pandemia”, seja devido a atrasos ou evicção de cuidados médicos, ao aumento do consumo de substâncias ilícitas e ideação suicida, ou até o aumento na violência interpessoal.

À semelhança do que aconteceu noutros países, também em Portugal a população com maior nível de privação económica foi aquela em que se observou uma estimativa pontual do excesso de mortalidade diretamente atribuível à Vovid-19 mais elevada (89 %).

Investigadores admitem que SARS-CoV-2 circulou em Portugal antes de março de 2020

O Instituto Ricardo Jorge admite que o vírus SARS-CoV-2 pode ter circulado em Portugal antes de março de 2020, quando foi identificado o primeiro caso, pois nesse mês ocorreu um dos picos de mortalidade por causas desconhecidas.

O estudo sobre o impacte direto e indireto da pandemia de covid-19 na mortalidade em Portugal entre março de 2020 e 31 de dezembro de 2021 indica que as causas de morte mal-definidas ou desconhecidas foram a segunda causa de morte diretamente mais afetada pela covid-19 nos dois primeiros anos da pandemia e sugere que, no futuro, qualquer aumento inesperado nesta causa de morte funcione como um “sinal de alerta precoce”.

“As primeiras manifestações que acontecem, e foi assim que a pandemia, por exemplo, em Wuhan [China] foi descoberta, aparecem um conjunto de casos de doenças que não conseguem ser explicadas”, disse à Lusa Ana Paula Rodrigues, a investigadora que coordenou o estudo do INSA, que tinha sido pedido pela antiga ministra Marta Temido, que tutelava a pasta da Saúde quando a pandemia chegou a Portugal.

A investigação do INSA indica que os dois períodos de excesso de mortalidade mais elevados por causa mal-definida ou desconhecida ocorreram em março de 2020 e em janeiro-fevereiro de 2021. No primeiro caso, de menor intensidade, os investigadores admitem que esteja associado à menor capacidade de testagem e à escassez de recursos existentes nesse período. “O facto de o aumento desta causa de morte ter tido início antes da primeira morte por Covid-19 no país pode ser um indício de uma circulação prévia de SARS-CoV-2 que não foi possível identificar”, refere a investigação.

Já o segundo maior excesso de mortalidade por esta causa coincidiu com o período durante o qual os serviços e profissionais de saúde estavam sob elevada pressão na resposta à Covid-19, sendo plausível, sob essas condições, “uma menor capacidade de diagnóstico e esclarecimento de todas as mortes”, admitem os investigadores.

Este fenómeno foi identificado noutros países, como os EUA, Brasil e Itália e por isso sugerem: “Do ponto de vista da preparação da resposta a uma próxima crise de saúde pública, estes resultados sugerem que mudanças inesperadas na frequência de mortes de causa mal-definidas ou desconhecidas possam ser usadas como um sinal de alerta precoce”.

O primeiro caso confirmado de covid-19 em Portugal foi notificado no dia 04 de março de 2020 e o primeiro óbito a 16 de março. Até 31 de dezembro de 2021 – final do intervalo do estudo do INSA – foram notificados 1.408.420 casos confirmados de infeção por SARS-CoV-2 e 18.977 óbitos por covid-19.

Entre março de 2020 e o final de 2021, ocorreram quatro ondas pandémicas, a mais grave das quais entre outubro de 2020 e fevereiro de 2021, com um número máximo de 296 óbitos no dia 27 de janeiro de 2021. A vacinação por COVID-19 teve início a 27 de dezembro de 2020.

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Hoje nas notícias: Padaria à venda, CMVM e bitcoin

  • ECO
  • 6 Dezembro 2024

Dos jornais aos sites, passando pelas rádios e televisões, leia as notícias que vão marcar o dia.

A Padaria Portuguesa foi posta à venda e o processo, assessorado pelo Haitong Bank, já se encontra na fase de receber propostas não vinculativas. O presidente da CMVM, Luís Laginha de Sousa, admite em entrevista que o regulador dos mercados tem um quadro de pessoal “claramente deficitário. Conheça as notícias em destaque na imprensa nacional esta sexta-feira.

Acionistas da Padaria Portuguesa colocam empresa à venda

A Padaria Portuguesa está à venda e que os acionistas já contrataram o Haitong Bank para assessorar o processo, que está na fase de receber propostas não vinculativas (non-binding offers). O capital da empresa divide-se entre dois maiores acionistas, Nuno Carvalho (que é também o CEO) e o primo e humorista José Diogo Quintela; e outros pequenos acionistas da família. Segundo fontes do mercado, o negócio que nasceu há 14 anos é atraente para fundos de capital de risco e fundos de private equity. Além das 78 lojas, a empresa tem duas fábricas de produção própria, prevendo abrir 40 novas lojas e criar 600 empregos até 2028.

Leia a notícia completa no Jornal Económico (acesso pago)

CMVM dispensa avaliar gestores e tem quadro de pessoal “claramente deficitário”

O presidente da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) admite que o quadro de pessoal da entidade é “claramente deficitário”, sendo que a necessidade de recursos se coloca especialmente em “áreas de ponta, mais sofisticadas”. Luís Laginha de Sousa considera que a CMVM deveria ter orçamentos plurianuais, pois “investimentos de tecnologia não são compagináveis com um horizonte de um ano, têm que ser feitos com um horizonte temporal mais largo”. Por outro lado, o antigo administrador do Banco de Portugal dispensa um papel na avaliação de gestores, acreditando que os órgãos das empresas é que devem assumir essas competências.

Leia a entrevista completa no Expresso (acesso pago)

Impulso de Trump à bitcoin ameaça paraíso português

A bitcoin fez história na quinta-feira, ao ultrapassar os 100 mil dólares. Este “marco” deve-se, em grande parte, à eleição de Trump e de vários legisladores para o Congresso americano, vistos como mais favoráveis aos criptoativos do que a Administração cessante. No entanto, hubs europeus, como é o caso de Portugal, temem ser penalizados se o republicano cumprir as suas promessas eleitorais para tornar os EUA a “capital mundial” das criptomoedas. “Os EUA estão a olhar com muita força para esta realidade, e os planos vão colocar em causa a competência de Portugal como um centro de excelência, ou um hub, desta tecnologia”, diz Hugo Volz de Oliveira, porta-voz da Federação Portuguesa de Associações de Cripto Economia (FACE).

Leia a notícia completa no Jornal de Negócios (acesso pago)

IL admite chamar Isabel dos Santos para explicar negócio da Efacec

A Iniciativa Liberal quer explicações “claras” sobre o “absoluto desastre” na gestão dos processos de nacionalização e reprivatização da Efacec, assinalando que pretende chamar “todos os envolvidos” à comissão parlamentar de inquérito. Além dos governantes que tomaram as decisões, os liberais admitem chamar também Isabel dos Santos. No entanto, como não é portuguesa, não é obrigada a dar explicações ao Parlamento numa comissão parlamentar de inquérito, devendo antes ser “convidada” a explicar “factos” sobre o tempo em que era “a principal acionista” da empresa. Mas dificilmente dará um testemunho presencial devido ao mandado de detenção internacional emitido pela PGR de Angola.

Leia a notícia completa no Diário de Notícias (acesso pago)

Presidente do INE soube que já não estava em funções no próprio dia em que saiu

Francisco Lima já sabia que não continuaria à frente do Instituto Nacional de Estatística (INE), mas só tomou conhecimento de que a resolução do Conselho de Ministros que formalizava a decisão já tinha sido publicada no próprio dia em que entrou em vigor. “Fui avisado por funcionários, enquanto tomava o pequeno-almoço”, conta, lamentando a forma como o Governo conduziu o processo. Outra decisão que causou surpresa foi a fusão do Centro de Competências para o Envelhecimento Ativo (CCEA), instalado em Loulé (Algarve), com o Centro para a Economia e Inovação Social (CEIS), na Guarda. Neste caso, os dirigentes destes organismos nem sabiam que a fusão estava a ser equacionada, tendo um deles tomado conhecimento pela RTP e o outro num evento público em que participava a ministra da tutela, Maria do Rosário Ramalho.

Leia a notícia completa no Público (acesso pago)

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Função pública em greve com saúde e educação entre setores mais afetados

  • Lusa
  • 6 Dezembro 2024

Paralisação dos trabalhadores da função pública começou à meia-noite e prolonga-se até às 23h59, abrangendo a administração central, regional e local. Até às 7h suprimidos 79 comboios por greve na CP.

Os trabalhadores da função pública cumprem esta sexta-feira uma greve de 24 horas e a saúde e a educação deverão ser os setores mais afetados, segundo antecipou o vice-secretário-geral da Fesinap à Lusa.

A greve, convocada pela Federação Nacional de Sindicatos Independentes da Administração Pública e de Entidades com Fins Públicos (Fesinap), começou à meia-noite e prolonga-se até às 23:59, abrangendo a administração central, regional e local.

Em declarações à agência Lusa, o vice-secretário-geral da Fesinap já tinha antecipado que “a educação, incluindo professores, e a saúde, incluindo médicos e enfermeiros”, poderão ser os setores mais afetados, “como acontece recorrentemente”.

Helder Sá preferiu, no entanto, não antecipar expectativas de adesão e lembrou ainda que “para os hospitais há serviços mínimos”, tal como obrigatório por lei.

Segundo o vice-secretário-geral Fesinap, um dos motivos que levaram à convocação desta greve diz respeito às declarações do ministro da Educação, na passada sexta-feira, quando o governante afastou a hipótese de ser criada uma carreira especial para os trabalhadores não docentes das escolas, uma das principais reivindicações dos assistentes operacionais.

“Isto está a causar grande desconforto”, apontou, acusando ainda Fernando Alexandre de “desconhecimento do que se passa nas escolas”, ao ter referido que a proposta do Governo pretende que os trabalhadores que lidam diretamente com os alunos possam dedicar-se, em exclusivo, às funções educativas, deixando as restantes tarefas para outros assistentes operacionais.

Por outro lado, Helder Sá indicou ainda que, apesar de a carreira de técnico auxiliar de saúde ter entrado em vigor em janeiro, há Unidades Locais de Saúde que não integraram os profissionais na lista.

Entre as principais reivindicações desta federação está “a subida de um nível remuneratório para todos os trabalhadores com, pelo menos, 10 anos de serviço com vínculo de emprego público integralmente realizado, independentemente do tipo de contrato” e “desde que não tenha progredido via Sistema Integrado de Gestão e Avaliação do Desempenho na Administração Pública (SIADAP)”.

A revisão deste sistema de avaliação, bem como a reposição dos pontos perdidos para efeitos de progressão de carreira, e a instituição do cartão refeição na Administração Pública “através de negociação em Acordo Coletivo de Empregador Público (ACEP), para o valor diário de 10,20 euros, livre de imposto”, também estão entre as reivindicações.

Para hoje estão também previstas greves setoriais, entre as quais dos trabalhadores em funções em estabelecimentos de saúde, convocada pela Federação Nacional dos Sindicatos dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais (FNSTFPS), afeta à CGTP.

Saúde em greve pela valorização da carreira

Os trabalhadores da saúde estão em greve pela valorização da carreira e contratação de trabalhadores, acusando o Governo de adiar “a resolução dos problemas” por estar cerca de meio ano sem negociar com o sindicato representativo. A paralisação dos trabalhadores em funções em estabelecimentos de saúde vai decorrer entre as 00:00 e as 24:00 do dia 06 de dezembro, estando assegurados os serviços mínimos.

Em declarações à agência Lusa, Elisabete Gonçalves, dirigente da Federação Nacional dos Sindicatos dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais (FNSTFPS), lembrou que o último encontro com a tutela foi em julho deste ano. “Fizemos uma reunião com a secretária de Estado da Gestão da Saúde [Cristina Vaz Tomé] em julho e deixámos um conjunto de reivindicações vastas que ficou por analisar. Estamos em dezembro e continuamos a aguardar que a secretária de Estado da Gestão da Saúde nos diga alguma coisa sobre o nosso processo reivindicativo”, salientou.

De acordo com Elisabete, há um “protelar constante” para resolver os problemas no setor. “Desde julho nunca mais reunimos com o Governo. Temos feito sucessivos pedidos de reunião, em que vamos sempre elencando o conjunto de reivindicações que temos e não temos agendamento de reunião”, lamentou.

A sindicalista admitiu que a FNSTFPS foi convocada para uma reunião na próxima semana “por causa da carreira dos técnicos de emergência pré-hospitalar”. Mas sublinhou que essa é apenas uma entre várias carreiras que o sindicato tem “para negociar e valorizar”.

Além da carreira dos técnicos de emergência pré-hospitalar, estão por negociar as dos técnicos auxiliares de saúde, técnicos superiores de saúde na área da psicologia, na área da nutrição, na área da farmácia, técnicos superiores de diagnóstico e terapêutica.

À Lusa, Elisabete Gonçalves disse ainda que não há “nenhuma concentração agendada” devido aos serviços mínimos. Os serviços mínimos serão assegurados nos serviços que funcionem ininterruptamente 24 horas por dia, nos sete dias da semana. Serão também assegurados os tratamentos de quimioterapia e hemodiálise já anteriormente iniciados.

Suprimidos 79 comboios até às 07h

A greve dos maquinistas da CP levou à supressão de 79 comboios dos 145 programados (54,5%) entre as 00:00 e as 07:00, indicam dados da CP – Comboios de Portugal enviados à Lusa. Nas ligações urbanas de Lisboa, dos 62 comboios previstos foram suprimidos 34, e nos de longo curso estavam programados seis e foram suprimidos três. Nos urbanos do Porto, estavam programados 30 e foram suprimidos 14. Quanto aos comboios regionais, dos 41 programados, foram suprimidos 24 e realizados 17, disse a transportadora.

O Sindicato Nacional dos Maquinistas dos Caminhos de Ferro Portugueses (SMAQ) convocou uma greve geral, face à ausência de clarificação do Governo sobre relação entre sinistralidade ferroviária e taxa de álcool destes trabalhadores e para exigir condições de segurança adequadas.

comboioLusa

Em causa estão as declarações do ministro da Presidência, António Leitão Amaro, após o Conselho de Ministros de 14 de novembro, quando afirmou que “não é muito conhecido, mas Portugal tem o segundo pior desempenho ao nível do número por quilómetro de ferrovia de acidentes que ocorrem” e tem “um desempenho cerca de sete vezes pior do que a primeira metade dos países europeus”.

O Governo aprovou uma proposta de lei que reforça “as medidas de contraordenação para os maquinistas deste transporte ferroviário, criando uma proibição de condução sob o efeito de álcool”, referiu ainda o ministro. “Estando Portugal numa das piores situações em termos de nível de acidentes, tem do quadro contraordenacional mais leve e mais baixo da Europa”, rematou então o governante.

No dia em que emitiu o comunicado sobre a greve, o SMAQ adiantou que não obteve qualquer resposta à exigência feita ao ministro para que clarificasse e retificasse publicamente as declarações. Na quinta-feira, em comunicado, o Ministério das Infraestruturas e Habitação (MIH) anunciou que vai avançar com várias medidas para reforçar a segurança ferroviária, que disse darem resposta às reivindicações dos maquinistas.

Na nota, o ministro das Infraestruturas e Habitação, Miguel Pinto Luz, “lamenta a decisão do SMAQ em manter a greve geral de maquinistas para o dia 06 de dezembro de 2024, que terá um impacto negativo na circulação de comboios e consequentemente na vida de milhares de cidadãos que utilizam o transporte público”.

De acordo com a tutela, as medidas passam pelo “reforço da utilização do sistema ATP (Automatic Train Protection) nos veículos que circulam na Rede Ferroviária Nacional”, pela “diminuição do recurso à utilização das Limitações de Velocidade Temporárias, privilegiando um maior recurso aos períodos azuis previsto no Diretório de Rede” e pela “melhoria contínua dos Sistemas de Gestão de Segurança do Gestor da Infraestrutura e dos operadores ferroviários”.

O Ministério vai ainda avançar com a “definição de indicadores de desempenho para monitorizar o progresso e eficácia das medidas” e com o “reforço das condições de segurança respeitantes à sinalização e proteção de Limitações de Velocidade Temporárias, através da revisão e clarificação dos regulamentos de segurança em vigor”.

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O dia em direto nos mercados e na economia – 6 de dezembro

  • ECO
  • 6 Dezembro 2024

Ao longo desta sexta-feira, 6 de dezembro, o ECO traz-lhe as principais notícias com impacto nos mercados e nas economias. Acompanhe aqui em direto.

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Construtora Casais transfere equipa da subsidiária alemã para projeto de energia em Sines

Grupo de construção de Braga decidiu suspender, pela primeira vez, a atividade da subsidiária alemã na construção tradicional devido à crise que o setor enfrenta no país. "Não há edificação".

A crise que se vive no mercado imobiliário alemão, com grande impacto no setor da construção tradicional, levou o Grupo Casais a suspender, pela primeira vez em 30 anos, a atividade nesta área na Alemanha, mobilizando estes recursos para um projeto de transição energética em Sines.

Apesar da suspensão do seu negócio tradicional, através da subsidiária CNT Europe, o grupo de Braga mantém a operação da CNT Bau, especializada em construção sustentável, antecipando uma faturação de 30 milhões de euros no próximo ano naquele país.

“Vamos suspender a nossa atividade na Alemanha pela primeira vez em 30 anos”, adiantou António Carlos Rodrigues, CEO do Grupo Casais, esta semana, numa intervenção durante a 7.ª edição da Fábrica 2030, uma conferência organizada pelo ECO na Alfândega do Porto.

Em resposta à quebra no mercado de construção tradicional, o Grupo Casais mobilizará temporariamente os recursos da CNT Europe para um projeto de transição energética em Portugal, mais especificamente numa unidade em Sines.

António Carlos Rodrigues

CEO do Grupo Casais

O empresário justificou a decisão de abandonar temporariamente este mercado devido ao facto de não haver “edificação” no país que foi o “berço da internacionalização” para o grupo, em 1994. A crise que se vive no mercado alemão, “com setores como o automóvel e a construção tradicional em forte contração nos últimos 18 meses, fenómeno que se espera prolongar até 2025″, levou a empresa a repensar a atividade no país.

“A atividade imobiliária, em particular, foi significativamente impactada pelo aumento das taxas de juro e isso levou à quebra na construção de edifícios em betão armado, área em que a CNT Europe, subsidiária da Casais, operava com destaque”, justifica agora o grupo bracarense, em comunicado. Esta unidade contribuiu para projetos emblemáticos, como a Chancelaria do Governo Alemão, “mas a elevada dependência de mão-de-obra qualificada e a menor procura por obras tradicionais” levaram a empresa “a reconfigurar a estratégia no imediato”.

Em resposta à quebra no mercado de construção tradicional, o Grupo Casais mobilizará temporariamente os recursos da CNT Europe para um projeto de transição energética em Portugal, mais especificamente numa unidade em Sines”, explica a empresa. “Este ajuste operacional reflete a flexibilidade da nossa estratégia e a visão de longo prazo para os mercados europeus”, remata.

António Carlos Rodrigues, CEO da CasaisRicardo Castelo

A operar há 30 anos no mercado alemão, o grupo lançou em 2014 a CNT Bau, “com a qual procurou implementar na Alemanha uma estratégia complementar àquela que a empresa vinha a desenvolver desde o início da sua atividade nesta geografia”. Garante ainda que, ao contrário do negócio tradicional, “apresenta um crescimento robusto, posicionando-se como a unidade responsável pela implementação de princípios de construção off-site e soluções sustentáveis.”

“O Grupo Casais mantém uma perspetiva otimista para o mercado alemão. Em 2025, espera-se que a CNT Bau alcance uma faturação próxima de 30 milhões de euros, alinhando-se com as crescentes necessidades de sustentabilidade e descarbonização”, prevê o CEO da empresa. “A nossa diferenciação, baseada na industrialização, sustentabilidade e digitalização, coloca-nos numa posição atrativa para capturar as oportunidades que o mercado alemão continua a oferecer”, acrescenta.

O líder da companhia minhota realça ainda, na mesma nota enviada ao ECO, que o ajuste no mercado alemão reforça a estratégia global do grupo, que passa por integrar a sustentabilidade e a industrialização na conceção e execução dos projetos.

“O Grupo Casais mantém-se firme na visão de construir um futuro sustentável, adaptando-se às circunstâncias de mercado sem perder de vista o compromisso com a excelência e inovação. O mercado alemão é, há 30 anos, e continuará a ser um pilar estratégico no crescimento global do grupo”, remata António Carlos Rodrigues.

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Morientes e Paul Ferrer inscrevem-se no jogo LALIGA EA SPORTS X FC 25 RUSH na Gamergy

  • Servimedia
  • 6 Dezembro 2024

O primeiro jogo histórico que combina videojogo e realidade, LALIGA EA SPORTS X FC 25 RUSH, que terá lugar no dia 13 de dezembro no evento Gamergy, adicionou dois novos membros às equipas.

O antigo jogador do Real Madrid, Valencia CF e Real Zaragoza, Fernando Morientes, juntar-se-á às lendas da LALIGA, enquanto o popular youtuber Paul Ferrer será a nova adição à equipa dos gamers.

Estas duas novas adições ao LALIGA EA SPORTS X FC 25 RUSH juntar-se-ão a lendas e futebolistas como Luis Figo, Carles Puyol e Vero Boquete, e a um elenco de criadores de conteúdos populares como Mercedes Roa, xBuyer e Spursito. Os membros finais de ambas as equipas serão anunciados nos próximos dias.

O formato deste jogo será composto por duas partes. A primeira parte terá lugar no videojogo EA SPORTS FC 25 no modo Rush. Mas a segunda parte do jogo será transferida para a vida real, num campo de futebol que respeita as medidas e as regras do Rush.

Assim, o EA SPORTS FC 25 no modo Rush representa a experiência do futebol urbano social dos jogos de cinco contra cinco num campo mais pequeno, mas com balizas de dimensões semelhantes às do futebol de 11 e regras próprias que tornam o ritmo dos jogos acelerado.

Este jogo pode ser seguido em direto nos canais das redes sociais da LALIGA e dos criadores de conteúdos participantes, bem como noutras plataformas digitais.

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5 coisas que vão marcar o dia

  • ECO
  • 6 Dezembro 2024

Comemora-se esta sexta-feira o centenário de Mário Soares. Já a Administração Pública está em greve geral e acontece o encontro "Contadores Inteligentes - um pilar da transição energética".

No dia em que decorre a sessão solene evocativa dos “100 Anos do nascimento de Mário Soares” na assembleia da República, a Administração Pública está em greve geral e o Instituto Nacional de Estatística divulga indicadores sobre a atividade dos transportes referente ao terceiro trimestre deste ano. Assinala-se ainda a conclusão da campanha de instalação de contadores inteligentes em Portugal Continental, fundamental para a transição energética.

Greve geral da Função Pública

Esta sexta-feira há greve geral dos trabalhadores da Administração Pública. A educação e saúde podem ser os serviços mais afetados, segundo afirmou à Lusa Hélder Sá, vice secretário-geral da Federação Nacional de Sindicatos Independentes da Administração Pública e de Entidades com Fins Públicos (Fesinap). Entre as reivindicações consta a subida de um nível remuneratório para todos os trabalhadores com, pelo menos, 10 anos de serviço com vínculo emprego público integralmente realizado.

Castro Almeida debate “Fundos Europeus – Gastar ou Investir”

Esta sexta-feira o ministro Adjunto e da Coesão Territorial, Manuel Castro Almeida, aborda o tema “Fundos Europeus – Gastar ou Investir”, durante um almoço-debate, no Sheraton Lisboa Hotel & Spa, numa iniciativa do International Club of Portugal.

Centenário do nascimento de Mário Soares

A Assembleia da República serve de cenário, pelas 11h, para a sessão solene evocativa dos “100 Anos do nascimento de Mário Soares”, com a presença do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, do presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar-Branco, do primeiro-ministro, Luís Montenegro. Participa ainda a ministra da Justiça, Rita Alarcão Júdice, entre outras individualidades. A propósito desta efeméride o Presidente cabo-verdiano encontra-se em Portugal até sábado.

INE divulga atividade dos transportes

O Instituto Nacional de Estatística (INE) apresenta esta sexta-feira indicadores sobre a atividade dos transportes referente ao terceiro trimestre deste ano.

Encontro “Contadores inteligentes – um pilar da transição energética”

Numa iniciativa da E-REDES, o Encontro “Contadores inteligentes – um pilar da transição energética” assinala a conclusão da campanha de instalação de contadores inteligentes em Portugal Continental, considerado um passo fulcral para a transição energética. O evento, que acontece no auditório da sede da EDP, em Lisboa, conta com a presença da secretária de Estado da Energia, Maria João Pereira, e de José Ferrari Careto, presidente do conselho de administração E-REDES.

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Barómetro ACEGE: Empresários mais otimistas sobre futuro do país

Maioria dos empresários considera que as empresas portuguesas deveriam apostar na Defesa como área de negócio. E quase todos querem simplificação dos licenciamentos.

A confiança dos empresários sobre o futuro do país voltou a aumentar face ao último Barómetro ACEGE, com 63% a afirmarem-se otimistas, contra 62% em outubro. É preciso recuar a maio de 2014 para encontrar uma leitura mais elevada (68%).

A opinião dos empresários foi expressa entre os dias 28 de novembro e 2 de dezembro já depois de aprovada a proposta de Orçamento do Estado para 2025 e dissipados os receios de uma crise política. Em detalhe, 62,14% estão moderadamente otimistas (eram 58,28% no anterior barómetro) e 0,97% francamente otimistas (vs 4,91%). Já 15,53% não está nem pessimista, nem otimista, um aumento face aos cerca de 12% da anterior consulta. Por outro lado, 17,48% indicam estar moderadamente pessimistas (vs 17,79%) e 3,88% estão francamente pessimistas, uma descida face aos 6,13% anteriores.

O nível de confiança em relação ao futuro das respetivas empresas deteriorou-se ligeiramente face ao mês anterior. Quase sete em cada dez empresários estão na globalidade otimistas — com 9,71% francamente otimistas e 57,28% moderadamente otimistas, uma descida face aos dados do barómetro anterior (10,43% e 60,12%, respetivamente). Já 9,71% estão moderadamente pessimistas, mais do que os 6,75% do barómetro anterior e 0,75% francamente pessimistas, uma descida clara face aos dados de outubro (2,45%). Os empresários parecem claramente mais indecisos já que 22,33% não estão nem pessimistas, nem otimistas, uma subida vertiginosa face aos 2,45% da consulta anterior.

Os 1.094 associados da ACEGE já se pronunciaram depois de conhecidos os resultados das eleições nos Estados Unidos que deram a vitória a Donald Trump. Apesar de só tomar posse a 20 de janeiro, o Presidente eleito já fez saber, através das redes sociais, que pretende impor novas taxas sobre importações do México, Canadá e China, assim que tomar posse.

“A 20 de janeiro, como uma das minhas muitas primeiras ordens executivas, assinarei todos os documentos necessários para impor ao México e ao Canadá uma taxa de 25% sobre todos os produtos que entram nos Estados Unidos e as suas ridículas fronteiras abertas”, escreveu. E anunciou que vai “cobrar à China uma taxa extra de 10%, acima de quaisquer tarifas adicionais, em todos os seus muitos produtos que entram nos Estados Unidos da América”, acrescentou.

A larga maioria dos empresários (67,96%) acredita que Trump vai prejudicar a economia europeia – apenas 18% responderam ‘não’ –, mas são mais aqueles que pensam que as suas empresas estão imunes às ameaças do Presidente eleito. Quando questionados sobre se o agravamento de tarifas, ou a imposição de novas pode afetar a sua empresa, 48,54% respondeu ‘não’ e 39,81% respondeu afirmativamente. De sublinhar que cerca de 11% não sabe ou não responde.

Portugal precisa de simplificar os licenciamentos

A questão que parece inequivocamente unir os empresários é a necessidade de simplificar os licenciamentos em Portugal. Com 93,2% de respostas positivas este é um problema que reúne largo consenso. Só 0,97% respondeu negativamente à questão.

O presidente da Aicep, em entrevista ao ECO, elegeu “o acesso à rede elétrica” como o “principal custo de contexto” de Portugal. “Está longe de ser perfeito”, criticou Ricardo Arroja, em entrevista ao ECO. “Há um trabalho a desenvolver entre as autoridades locais, centrais, a REN, entre outros”, diz para que a capacidade do país de atrair projetos de “muitos milhares de milhões de euros de investimento” não seja comprometida.

Ricardo Arroja, na mesma entrevista, identificava a oportunidade que a Defesa representa para as empresas nacionais. “No domínio da defesa começam a surgir várias empresas que estão a adaptar tecnologias que são utilizadas para efeito civil, mas que podem também ser utilizadas para efeito militar. Nesta tendência do dual use, que cada vez mais é comum na Europa”, disse o responsável.

Questionadas sobre se as empresas portuguesas deveriam apostar na Defesa como área de negócio, 64% respondeu afirmativamente. Os que não sabem ou não respondem são quase os mesmos que consideram que essa não deve ser uma área de aposta para as empresas nacionais.

Outro dos temas que reúne um larguíssimo consenso é o da tributação das fortunas acima dos três milhões de euros. A esmagadora maioria (87,38%) respondeu ‘não’ a esta iniciativa do Bloco de Esquerda. Só 5,83% disse concordar em aplicar uma taxa entre os três milhões de euros e os cinco milhões de 1,7%, entre cinco milhões e dez milhões de 2,1%, e a partir dos dez milhões a taxa a aplicar seria de 3,5%.

Maria Mortágua quando apresentou a proposta, no início de novembro, sublinhou que não existe risco de dupla tributação, porque é possível deduzir o adicional ao IMI por património imobiliário de luxo, e “há ainda um teto que faz com que, quando somado a este imposto com o IRS, não se possa ultrapassar mais de 60% do rendimento”. Para o cálculo do montante sobre o qual iria incidir o imposto é contabilizado todo o património em causa, incluindo “imobiliário, participações financeiras ou criptoativos”.

Os empresários foram ainda questionados se as suas empresas já tinham iniciado a transição para os veículos elétricos e a resposta é um quase empate: 45,6% disse ‘sim’ e 46,6% disse ‘não’.

Nota: O Barómetro é uma iniciativa mensal realizada em colaboração com o Jornal ECO, Rádio Renascença e Netsonda, e tem como objetivo saber a opinião dos Associados da ACEGE sobre temas da atualidade, não sendo por isso uma sondagem de opinião. Foi enviado por email a 1.094 associados da ACEGE, através de uma plataforma da Netsonda, e esteve aberto entre os dias 28 de novembro e 2 de dezembro, tendo respondido 103 pessoas.

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Portugal é o sexto país com mais reformas cumpridas do PRR

Bazuca vai impulsionar economia da zona euro entre 0,2% e 0,6% até 2031, segundo cálculos do BCE. Até 2023 acrescentou entre 0,1% a 0,2% ao PIB da zona euro e não os 0,5% esperados.

Portugal é o sexto país com mais reformas cumpridas da bazuca europeia, revela um estudo do Banco Central Europeu. As contas dos economistas da instituição apontam que o Mecanismo de Recuperação e Resiliência vai aumentar o PIB da Zona Euro entre 0,2% e 0,6% até 2031.

Até 2023, a bazuca acrescentou 0,1% a 0,2% às economias da Zona Euro e não os 0,5% que se esperava inicialmente, porque a implementação dos Planos de Recuperação e Resiliência nos diferentes Estados-membros está atrasada, aponta um estudo ocasional do BCE sobre os impactos na economia da Zona Euro do NextGenererationEU, passados quatro anos.

Em muitos casos foi necessário rever em baixa os concursos públicos devido aos constrangimentos criados pela falta de matérias-primas e de mão-de-obra, mas também à espiral inflacionista, consequências da guerra na Ucrânia. Acresce que muitos países não tinham capacidade administrativa do Estado (central ou local) para implementar um montante tão avultado de apoios num espaço de tempo tão curto.

Os PRR nacionais vão aumentar o PIB da Zona Euro, através do canal orçamental, em cerca de 0,3% a 0,8% no período até 2026, e entre 0,2% e 0,6% até 2031, preveem os economistas Krzysztof Bańkowski, Nicholai Benalal, Othman Bouabdallah, Roberta De Stefani, Ettore Dorrucci, Christian Huber, Pascal Jacquinot, Wolfgang Modery, Carolin Nerlich, Marta Rodríguez-Vives, Bela Szörfi, Nico Zorell e Christoph Zwick. Os efeitos na economia italiana e espanhola são significativamente maiores: para o período até 2026: 1,3-1,9% em Itália e 1,2-1,7% em Espanha. Em economias mais pequenas como a Grécia e a Croácia o impacto rondará os mesmos valores.

Cerca de metade das verbas a fundo perdido ainda não foram pagas, alerta o BCE, apesar de terem de ser investidas até agosto de 2026. Muitos países ainda têm de implementar mais de metade das medidas e reformas com que se comprometeram com Bruxelas.

Portugal é o sexto país com mais reformas cumpridas. Os primeiros lugares são ocupados por França, Espanha e Irlanda. Já ao nível dos investimentos cumpridos a liderança é assegurada também por França, com grande distância face aos restantes Estados-membros, seguida de Itália e Luxemburgo. Portugal está a meio da tabela.

Portugal é o sexto país com mais reformas cumpridas da bazuca europeia, revela um estudo do BCE

Perante os atrasos já começam a surgir dúvidas sobre a capacidade de os países da Zona Euro conseguirem implementar os mais de três mil marcos e metas e cerca de 1.700 reformas estruturais a que se comprometeram com a Comissão Europeia.

Noutro capítulo do estudo, que se centra sobretudo em Itália e Espanha, os dois maiores beneficiários da bazuca, Portugal surge como o país onde o PRR deverá ter menos impacto na melhoria da qualidade institucional.

O BCE recorda que o impacto das reformas implementadas no âmbito dos PRR nacionais vai demorar algum tempo a materializar-se. “No entanto, alguns efeitos já são observáveis, sobretudo ao nível dos indicadores de qualidade institucional.”

A melhoria da qualidade institucional, por sua vez, vai “aumentar o PIB potencial a longo prazo, sobretudo ao promover, no setor privado, investimentos que aumentam a produtividade e a inovação”, explica o estudo. Numa comparação entre cinco países, é em Itália que a bazuca mais contribuirá para a melhoria da qualidade institucional, seguindo da Croácia, Espanha, Portugal e Grécia. Mas quando a comparação é feita ao nível do aumento do PIB potencial, então Portugal cai para último lugar com quase um ponto percentual de distância face à Grécia, que lidera ao acrescentar quase 1,2 pontos percentuais no crescimento médio num período de 15 anos.

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Centros de inspeção reclamam 30 milhões de perdas por fim das inspeções às motos

O recuo nas inspeções a motociclos desperdiça investimentos de 150 mil euros em cada centro que seguiu a lei, acusam empresários. PSD diz que a aquisição de equipamentos não era obrigatória.

O PSD levou ao Parlamento a revogação da lei que impôs a inspeção aos motociclos, conseguindo o apoio generalizado dos deputados. Há três meses, o Governo, apoiado pelo mesmo partido, aprovou o regulamento que determinava o tipo de formação necessária para os inspetores e a classificação das deficiências que teriam de ser analisadas nos centros de inspeção a partir de 1 de janeiro, acusa a associação de centros de inspeção, ANCIA.

Nesta quinta-feira, no Parlamento, o investimento em instalações e equipamentos, que a associação assegura ao ECO ter sido de 30 milhões de euros, tornou-se obsoleto. Não haverá inspeções. A ANCIA fala de populismo, para satisfazer motociclistas. O PSD assegura que prefere promover a segurança dos motociclistas a “um simples olhar para um pneu ou olhar para um pisca”.

O processo de inspeções a motociclos em Portugal iniciou-se em 2012, com o primeiro passo da transposição de uma diretiva europeia. Os países poderiam optar entre montar uma rede de centros ou estabelecer um pacote de medidas de segurança para os motociclistas. O Governo de Pedro Passos Coelho escolheu a opção técnica. De então para cá, o processo arrastou-se e, apesar de já terem sido anunciadas, ao longo dos anos, várias datas para início da obrigatoriedade, isso nunca se verificou.

De cada vez que apareciam eleições, o Governo do PS decidia adiar. Sempre que foi adiado foi por motivos eleitorais do PS”, diz ao ECO Gonçalo Lage, deputado social-democrata que encerrou o debate na discussão desta quinta-feira. Pelo contrário, assegura, o PSD não está a olhar para o eleitoralismo nas autárquicas de 2025 e decide agora avançar para a revogação da lei por uma questão de segurança, matéria que considera não ser garantida pelas inspeções.

Nesse mesmo debate, o CDS-PP apoiou o fim da inspeção obrigatória, com o deputado Paulo Núncio a reforçar que “é só mais um custo para quem escolhe andar de mota, sem contribuir para aumentar a segurança”, destacando que “nas últimas décadas Portugal teve as menores taxas de mortalidade da Europa nos motociclos mesmo sem inspeção”.

O deputado do PSD afirma que a discussão sobre esta revogação da lei de 2012 foi iniciada no seio do grupo parlamentar do PSD e junto de entidades como a própria ANCIA, para lá da Federação Portuguesa de Motociclismo e clubes de motociclistas em maio e junho. Isto, apesar de o Governo ter avançado com regulamentação em agosto que dava prosseguimento ao processo, em colisão com o trabalho dos deputados do principal partido que o apoia.

“A nossa iniciativa ainda não tinha dado entrada na Assembleia da República. Tínhamos as propostas elaboradas. Apresentámos quando considerámos que havia condições”, diz Gonçalo Lage. Agora, diz, o próprio Governo já tem nos gabinetes a informação de que a inspeção, sobre a qual legislou há três meses, não será para avançar.

“Nos anos anteriores, nunca houve fundamentação como agora. Era urgente neste momento que fosse tomada decisão. Queremos aprovar medidas de segurança precisamente para obviar essa questão. Estamos a cumprir com a diretiva e a implementar medidas de segurança”, acrescenta.

São 12 as ações propostas pelo PSD para reforçar a segurança para motociclistas, entre as quais eliminar lombas nas curvas e materiais derrapantes no asfalto, aplicar juntas de dilatação em material não derrapante nos viadutos e pontes, criar sinais próprios para motociclistas, apostar na reformulação de conteúdos de formação, eliminar balizadores metálicos ou pilaretes junto às vias, criar caixas de segurança junto aos semáforos e acabar com rails sem guardas de segurança.

Quanto ao investimento efetuado pelos centros de inspeção foi uma opção dos empresários, já que faltava a publicação dos requisitos técnicos que determinariam o tipo de equipamento a usar, considera o deputado. “Compreendemos a posição dos centros de inspeção, andaram anos a comprar material sem que fosse referenciado pelo Governo. Compraram material sem saber os requisitos”, diz o deputado, admitindo que possa haver interesses económicos por detrás do avanço dos empresários.

“Eles próprios não sabiam o que fazer. Não tinham dados do que teriam de verificar, porque não havia dados. Houve alguém, ou empresas, que puseram a carroça à frente dos bois e quiseram andar a vender material para uma coisa que ninguém sabia como seria. Se eu fosse empresário, nunca iria adquirir material para uma coisa que não sei como será”, avança o deputado.

A 26 de setembro de 2016 tinha de estar tudo pronto”, assegura, por sua vez, o presidente da ANCIA, Paulo Areal. “A portaria faz referência a requisitos técnicos. Ter as linhas de inspeção prontas pressupõe ter espaço físico, os equipamentos, e até essa data até obrigava à calibração dos equipamentos. Os empresários tiveram de enviar para o IMT (Instituto de Mobilidade e Transportes) a calibração dos equipamentos. Se assim fosse, poderia haver um que não tivesse montado o equipamento”, nota Paulo Areal.

Pelo contrário, todos os 200 centros com linhas de inspeção de motociclos já montadas – de cerca de 250 existentes no país – já têm o equipamento. Cada um deles investiu cerca de 150 mil euros em equipamento, obras e até aquisição de imóveis, para lá da formação dos técnicos, a qual custa cerca de 250 euros. Acresce a necessidade de tirar a carta de condução de moto, diz ao ECO um técnico num dos centros de inspeção visitados durante esta quinta-feira.

“Acho mal esta medida ter sido afastada pelo PSD porque houve algum investimento por parte dos centros de inspeções, tanto em maquinaria como em formações. Eu cheguei a tirar o curso de motos que custou cerca de 190 euros. Neste centro, três pessoas tiraram esse curso”, diz André Garcia, diretor técnico da Zuir, localizada na zona industrial do Porto.

“Todas as empresas devem sentir-se enganadas pelo Governo porque investiram bastante“, afirma o diretor técnico da Zuir, destacando que “os equipamentos para fazer uma linha são caros e depois tem a manutenção e calibração dos equipamentos, a própria formação e as cartas de condução”. André Garcia recorda ainda que “os funcionários que não tinham carta de condução de moto tiveram que tirar até porque estava tudo previsto para começar em janeiro”, exemplificando com a sua própria situação.

Todas as empresas devem sentir-se enganadas pelo Governo porque investiram bastante.

André Garcia

Diretor técnico da Zuir

Por seu lado, Luís Neto, diretor técnico da Central de São Dinis, também na Invicta, considera que “alguma fiscalização tem que existir no setor dos motociclos, mas nos moldes em que estava previsto também era um exagero. Por exemplo, ia ser obrigatório fazer inspeção às motos a partir dos 125cc e iam deixar de fora aquelas que que são as que mais infringem os regulamentos”, afirma, referindo-se a ciclomotores.

“Os centros não têm experiência nenhuma no setor e considero que se a medida chegasse a avançar deveria existir um período de transição. Um dono de uma moto não vai deixar um inspetor pegar na moto de qualquer jeito”, considera o técnico da Central de São Dinis.

Luís Neto, diretor técnico da Central de São DinisFátima Castro/ECO

Gonçalo Lage assegura que “os inspetores dizem, eles próprios, não saberem o que fazer”. O deputado garante que “foi dito numa reunião que os inspetores diziam que só iam verificar piscas e faróis. Cada proprietário dos motociclos é que seria responsável pelos danos que pudesse haver na moto. Os seguros também não se queriam atravessar por isso”, diz.

“Os centros de inspeção têm obrigatoriamente, por lei, seguro de responsabilidade civil”, contesta Paulo Areal. “Toda e qualquer anomalia que ocorra dentro dos centros de inspeções tem cobertura”. Ainda assim, admite que iriam existir problemas, porque “determinados motociclistas não autorizavam que os técnicos se sentassem nas motos”.

“Politicamente, não quiseram avançar. Nos Açores há inspeções há muito” explica. Agora, os centros de inspeção, embora respeitem as decisões tomadas pelo Parlamento, esperam ser ressarcidos dos investimentos que a lei obrigou a fazer. Paulo Areal diz ainda, sobre o fim das inspeções, que tinha sido comunicado à União Europeia pelo país, e que agora será substituído por medidas de segurança, que a Comissão Europeia não aceitará essa alteração, por estar inscrito na lei que o país tinha de comunicar o caminho escolhido até 2016.

E que esse caminho era, até agora, o das inspeções. “Não sei o que CE irá dizer. Ainda há muito processo a decorrer”.

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Bitcoin ganha “legitimidade” como alternativa ao ouro junto de investidores institucionais

Presidente da Fed comparou a bitcoin a ouro virtual horas antes de atingir a meta dos 100 mil dólares. A posição ajuda a dar "legitimidade" à criptomoeda como ativo de investimento.

A bitcoin nasceu para ser uma moeda alternativa, mas é cada vez mais vista como um ativo de investimento. A sua chegada aos 100 mil dólares durante a madrugada desta quinta-feira ajudará a consolidar ainda mais essa visão de uma bitcoin mais semelhante ao ouro do que ao dólar.

O ano de 2024 já estava a ser positivo para a criptomoeda mais popular do mundo, depois da aprovação, em janeiro, dos primeiros fundos com exposição direta à bitcoin. Mas a reeleição de Donald Trump como Presidente dos EUA em novembro ajudou a catapultar a bitcoin para valores nunca antes vistos.

O republicano, que se aliou a outros entusiastas das criptomoedas, como Elon Musk, fez campanha com a promessa de tornar os EUA num país mais amigo dos criptoativos. E, na quarta-feira, ao final da tarde, cumpriu uma delas, anunciando a escolha de Paul Atkins, um cripto-adepto, para futuro líder da Securities and Exchange Commission (SEC), o regulador dos mercados financeiros.

A nomeação, que ainda terá de ser confirmada pelo Congresso, serviu de catalisador para a bitcoin, mas não foi o único fator a contribuir para a escalada final rumo aos 100 mil dólares (chegou aos 103.900). Nesse mesmo final de tarde, Jerome Powell, presidente da Reserva Federal norte-americana, disse numa conferência que “a bitcoin é como o ouro, só que digital”.

“As pessoas não a estão a usar como meio de pagamento ou como reserva de valor. É altamente volátil. Não é um concorrente para o dólar, é verdadeiramente um concorrente para o ouro”, disse o presidente da Fed.

O caminho estava assim traçado. “Powell ajudou muito à subida da bitcoin”, considera Filipe Garcia, presidente e economista da consultora IMF – Informação de Mercados Financeiros. “Ao meter a bitcoin na mesma prateleira do ouro, não sei se de propósito ou se para dizer que não estava na prateleira do dólar, deu-lhe uma legitimidade enquanto ativo de investimento”, nota o analista.

Uma opinião com a qual tende a concordar: “No início da bitcoin em particular, o argumento principal era que isto era uma moeda alternativa. É muito discutível que cumpra com boa fiabilidade todas as funções de uma moeda. Tem-se transformado de um projeto de moeda num ativo de investimento.”

Para Filipe Garcia, a grande diferença para a bitcoin e para os criptoativos no último ano e meio é precisamente essa entrada cada vez maior de “participantes mais institucionais e mais ligados à finança tradicional”. O lançamento dos primeiros fundos cotados de bitcoin foi um acontecimento “relevante” para puxar as criptomoedas para dentro do “sistema”, diz.

“À medida que muitos consultores de investimento de todos os tamanhos vão introduzindo na sua análise a bitcoin, há aqui uma entrada do mundo financeiro convencional neste mercado. É um mercado de oferta e procura: há uma procura adicional que está a fazer o preço subir”, explica o presidente da IMF.

Essa tendência vai continuar por mais algum tempo, vaticina, o que poderá levar a bitcoin a novos recordes. Mas ninguém sabe ao certo o que vai acontecer. “É um ativo com características muito próprias, com participantes diferentes e condições regulatórias diferentes. Estamos a pisar num terreno novo”, afirma o consultor, que apela à responsabilidade: “Não se pode colocar aqui o dinheiro da prestação da casa”, recorda.

Além da entrada e reforço dos investidores institucionais, Filipe Garcia aponta para um terceiro fator que está a contribuir para a maior popularidade desta e doutras criptomoedas: a maior acessibilidade do mercado aos investidores de retalho. Uma diferença substancial face a outros tempos, como quando o Santander Totta era notícia em Portugal, em 2018, por impedir os seus clientes de transferirem dinheiro para a Coinbase, uma popular corretora de criptomoedas.

Com esta confluência de fatores, a chegada da bitcoin aos 100 mil dólares foi vista por muitos analistas com naturalidade, depois de ter enfrentado alguma resistência nas últimas semanas. “É inevitável [para] um bem tão escasso como é a bitcoin, ainda mais escasso do que o ouro”, comentava ao ECO, esta quarta-feira, Nuno Lima da Luz, presidente da Associação Portuguesa de Blockchain e Criptomoedas (APBC), horas antes de se saber da nomeação de Trump para a SEC ou que esse marco iria ser atingido nessa mesma noite.

Um dos próximos testes poderá vir a ser a próxima reunião da Fed, que será também a última do ano, marcada para 17 e 18 de dezembro. Espera-se que o presidente, Jerome Powell, anuncie um novo corte de 25 pontos base nas taxas de juro, o que, para o responsável da APBC, poderá alimentar o apetite pelo risco: “Normalmente, os cortes das taxas de juro afetam os mercados financeiros na medida em que começa a haver menos aversão ao risco e começa a ser também menos rentável [investir] noutro tipo de produtos, como obrigações do tesouro.”

Mas se para uns as criptomoedas são agora ativos legítimos de investimento — a MicroStrategy, empresa de software que foi um dos primeiros investidores institucionais em bitcoin, detém agora mais de 400 mil unidades da moeda –, para outros continuará a ser sempre fonte de instabilidade para o sistema financeiro, um risco insustentável para as carteiras ou um paraíso para os criminosos.

Aliás, nesta última quarta-feira, também foi anunciado que as autoridades britânicas desmantelaram uma operação de branqueamento de capitais com sede em Moscovo que ajudava a trocar dinheiro sujo por criptomoedas. A rede seria usada por traficantes de droga, mas também por espiões ao serviço do Kremlin, noticiou a BBC.

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Fim de projeto da Foundever para cliente em França leva a despedimento de 300 pessoas em Portugal

O grupo tem em Portugal cerca de 3.700 colaboradores e justifica a caducidade dos contratos com a conclusão de projeto de suporte ao mercado francês para um cliente.

A empresa de call centers Foundever, que conta com cerca de 3.700 colaboradores em Portugal, dispensou 300 trabalhadores com contratos a termo incerto, após a conclusão de um projeto de suporte ao mercado francês. A empresa justifica a decisão com a necessidade de “uma constante adaptação” ao mercado.

“A Foundever confirma que este ano concluiu um projeto de suporte ao mercado francês para um dos seus clientes“, adiantou fonte oficial da empresa ao ECO. A mesma fonte explica que “este término resultou na caducidade de cerca de 300 contratos a termo incerto dos colaboradores alocados a este projeto, conforme esteve sempre definido nos respetivos contratos”.

A multinacional, cujo country leader em Portugal é Pedro Santos e que até ao ano passado respondia pelo nome Sitel Group, conta com escritórios em Lisboa e no Porto e presta serviços na área dos centros de contacto especializada em suporte a clientes multilingue, prestando serviços em mais de 20 línguas.

A empresa realça que “o seu setor de atividade exige uma constante adaptação às dinâmicas de mercado, de forma a garantir a sustentabilidade a longo prazo do seu negócio e a continuidade da entrega de valor aos seus clientes.”

As saídas na multinacional levaram o PCP a questionar o Governo sobre este plano, citando 500 despedimentos. No entanto, segundo a informação concedida pela empresa, está em causa a saída de menos 200 pessoas.

“No entendimento do PCP, trata-se de despedimentos que não cumprem a legislação em vigor, tendo em conta, designadamente, que os trabalhadores foram ‘avisados’ do seu despedimento com dois dias de antecedência”, escreve o partido comunista numa pergunta direcionada ao Executivo.

Também o Sindicato Nacional dos Trabalhadores das Telecomunicações e Audiovisuais (SINTTAV) refere que “inúmeras denúncias chegam ao SINTTAV de que serão umas ‘centenas’ de trabalhadores que abruptamente receberam a notícia por videoconferência de que o seu contrato de trabalho estava ‘condenado’ a terminar”, acrescentando que estes “despedimentos” poderão configurar uma ilegalidade.

“Os trabalhadores visados neste despedimento abrupto a asfixiar as suas vidas, seguiram a orientação de também passarem a denúncia para a DGERT e ACT e já obtiveram a informação de que este processo de despedimento a não serem cumpridos todos os formalismos legais, estará a incorrer numa contraordenação grave nos termos do disposto na legislação do trabalho“, indica o sindicato.

Sobre este assunto, a empresa garante que cumpriu a lei. “A Foundever reforça que toda a legislação aplicável foi, como sempre, rigorosamente cumprida, tendo a empresa prestado todo o apoio necessário às pessoas envolvidas neste processo.”

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