Governo mandata NAV para estudar rotas de aproximação ao aeroporto de Lisboa

Ruído gerado com as alterações promovidas a 16 de maio será alvo de medidas de mitigação, a anunciar pelo Executivo “a seu tempo”.

O Governo mandatou a NAV para promover um estudo relativo a uma eventual alteração de rotas de aproximação e descolagem dos aviões no aeroporto Humberto Delgado, tendo esta entidade reunido uma equipa dedicada para esse fim, disse ao ECO/Local Online o Ministério das Infraestruturas e Habitação (MIH). “Só após a conclusão desses trabalhos estaremos em posição, juntamente com a NAV e também com a ANAC, de tomar a decisão de se ajustar, ou não, as referidas rotas, sendo a segurança e eficiência das operações sempre a prioridade”, frisou o ministério.

As alterações produzidas em maio pela NAV com o sistema Point Merge System estão a causar perturbação em localidades do concelho de Vila Franca de Xira, denunciou o presidente da autarquia, Fernando Ferreira. Sobre a análise a desenvolver pela NAV, o edil afirmou, em comunicado, que “mesmo compreendendo que o estudo possa ter complexidade, é necessário analisar alternativas à rota dos aviões, de forma a minorar o ruído que é sentido pelas populações”. Após a reunião com Miguel Pinto Luz, tinha denunciado “fortes incómodos aos moradores na zona sul do concelho”, na zona entre Póvoa de Santa Ira e Alverca.

Mesmo compreendendo que o estudo possa ter complexidade, é necessário analisar alternativas à rota dos aviões, de forma a minorar o ruído que é sentido pelas populações”

Fernando Ferreira

Presidente da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira

Ao ECO/Local Online, o Ministério realça que “qualquer eventual alteração é altamente complexa, tal como os estudos que precederam à implementação deste sistema, pelo que são processos que exigem algum tempo”. Ainda assim, o Governo admite que “está a estudar medidas de mitigação dos impactos do ruído nas zonas mais afetadas, que serão anunciadas a seu tempo”.

“É importante esclarecer que o sistema em vigor desde 16 de maio, tendo como prioridade a máxima segurança e sustentabilidade na gestão do espaço aéreo, permite uma gestão de rotas de modo mais disperso, trazendo vantagens para muitas zonas geográficas”, frisa a mesma fonte governamental.

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Temperaturas descem, mas chuva só chega ao Norte e Centro na sexta-feira

  • Lusa
  • 18 Setembro 2024

Temperaturas vão baixar e estão previstos aguaceiros em Portugal que, no entanto, só vão chegar na sexta-feira às regiões do Norte e Centro, as mais afetadas pelos incêndios florestais.

O perigo de incêndio rural vai começar a desagravar a partir de quinta-feira, dia em que são esperados aguaceiros, sendo mais prováveis nas regiões do Norte e Centro apenas na sexta-feira, disse a meteorologista Patrícia Gomes.

Em declarações à agência Lusa, a meteorologista do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), disse que a partir de hoje está prevista alguma entrada de humidade, as temperaturas vão baixar e estão previstos aguaceiros, que, no entanto, só vão chegar na sexta-feira às regiões do Norte e Centro, as mais afetadas pelos incêndios.

Segundo Patrícia Gomes, as temperaturas máximas vão começar a descer a partir da tarde de hoje, com uma variação de 04 a 06 graus Celsius, dependendo da região. Também começará a haver uma ligeira alteração da massa de ar que afeta o território do continente.

“Estes dias mais quentes têm sido consequência de uma corrente de leste muito intensa que transporta um ar quente e seco e a partir da tarde de hoje o vento terá uma componente mais de oeste, ou seja acaba também por ter alguma humidade, mas que pode não chegar às regiões do interior, pode ficar apenas na região do Litoral, mas ainda assim com alguma entrada de humidade”, afirmou.

De acordo com Patrícia Gomes, o tempo vai mudar a partir de quinta-feira, com o anticiclone a começar a deixar a sua influência.

“Vamos estar com uma depressão centrada a oeste da Península Ibérica com um vale depressionário nos níveis médios e altos. Esta situação vai originar aguaceiros um pouco por todo o território, que poderão ser acompanhados de trovoada. Amanhã [quinta-feira] ainda estamos a falar no campo das probabilidades e a ocorrer serão essencialmente na região Sul, no interior do Alentejo e interior do Algarve”, indicou.

No entanto, segundo a meteorologista, na sexta-feira estão previstos aguaceiros que vão ocorrer também nas regiões do Norte e Centro. Quanto à descida da temperatura, Patrícia Gomes exemplificou com a máxima de 29 graus para hoje em Aveiro, quando na sexta-feira são esperados 23.

“Tudo isto conjugado acaba por fazer com que o risco de incêndio comece a ter um desagravamento gradualmente. O parâmetro mais significativo não são as temperaturas. O mais significativo são a humidade e principalmente a intensidade do vento. As pessoas associam o aumento da temperatura com o risco de incêndio, mas este não é o parâmetro mais significativo para o risco de incêndio”, adiantou.

Sete pessoas morreram e cerca de 50 ficaram feridas nos incêndios que atingem desde domingo as regiões Norte e Centro do país, nos distritos de Aveiro, Porto, Vila Real, Braga e Viseu, e que destruíram dezenas de casas e obrigaram a cortar estradas e autoestradas.

A área ardida em Portugal continental desde domingo ultrapassa os 62 mil hectares, segundo o sistema europeu Copernicus, que mostra que nas regiões Norte e Centro, já arderam 47.376 hectares.

O Governo declarou situação de calamidade em todos os municípios afetados pelos incêndios nos últimos dias e alargou até quinta-feira a situação de alerta, face às previsões meteorológicas.

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Google Portugal condenada por permitir acesso a site de pirataria de filmes e séries

  • Lusa
  • 18 Setembro 2024

Ação contra Google Portugal por permitir a existência da página online eztv e de mais de 500 subdomínios associados, onde são partilhados ilegalmente conteúdos de entretenimento e informação.

A Google Portugal foi condenada pelo Tribunal da Propriedade Intelectual de Lisboa a bloquear o acesso a um site de partilha ilegal de conteúdos, como filmes e séries, mas vai recorrer da decisão, disse à Lusa fonte da empresa.

A condenação decorre de uma providência cautelar interposta pela GEDIPE – Associação para a Gestão Coletiva de Direitos de Autor de Produtores Cinematográficos e Audiovisuais contra a Google Portugal, por permitir a existência da página online eztv e de mais de 500 subdomínios associados, onde são partilhados ilegalmente conteúdos de entretenimento e informação.

De acordo com a sentença daquele tribunal, de 9 de setembro, a que a agência Lusa teve acesso, a Google Portugal foi condenada a bloquear a possibilidade de ligação dos seus clientes ao domínio e subdomínios daquele site, e a pagar uma multa de mil euros por cada dia “em que se verifique o incumprimento da decisão proferida, após trânsito em julgado, até ao efetivo bloqueio ordenado”.

Em nota de imprensa divulgada na terça-feira, a GEDIPE refere que este caso remonta a agosto de 2020, quando a associação informou a Google Portugal de que estava a permitir o acesso dos seus utilizadores àquela página e subdomínios, onde é possível fazer o descarregamento “de forma ilegal, de filmes e séries, mas também de jornais e livros”, sem a devida autorização dos autores.

Contactado pela agência Lusa, um porta-voz da Google explicou que a empresa vai recorrer da decisão por discordar “dos fundamentos jurídicos do caso”.

Em causa está a utilização do denominado “sistema de nomes de domínio”, ou DNS na sigla inglesa (Domain Name System) que regista e relaciona nomes de ‘sites’ e protocolos de internet (IP) e que permite a cada pessoa usar a Internet.

A GEDIPE informou a Google Portugal em agosto de 2020 da ilegalidade daquele ‘site’, e a Inspeção-Geral das Atividades Culturais notificou as operadoras que prestam serviço de Internet a bloquear esse acesso, mas cada utilizador pode contornar este bloqueio, através de DNS secundários, acessíveis pelo navegador da Google.

Aquele tribunal sustenta que ficou provado que a Google Portugal “age como intermediária quando fornece um DNS alternativo que dá acesso ao domínio https://eztv.yt, o qual permite contornar o bloqueio já decretado” e a aceder a outros ‘sites’ associados àquele domínio.

A empresa sustenta que a Google Portugal não tem capacidade para bloquear domínios, porque os DNS públicos da empresa são fornecidos pela Google Ireland e, à parte desse facto, o bloqueio de um DNS não remove o conteúdo ilegal, apenas dificulta o seu acesso.

Para o Tribunal da Propriedade Intelectual de Lisboa, a empresa “não provou que a Google Ireland é a única que presta esse serviço [de bloqueio] a nível europeu” e que “disponibiliza um DNS alternativo que permite a continuação ao acesso aos domínios e subdomínios bloqueados”, lê-se na sentença.

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Deputados chamam Miranda Sarmento ao Parlamento para explicar estratégia fiscal nos combustíveis

PS quer saber se Governo tem intenção de proceder nos próximos tempos a subidas das taxas unitárias de ISP.

Os deputados da Comissão de Orçamento, Finanças e Administração Pública (COFAP) aprovaram esta quarta-feira um requerimento do PS para ouvir o ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, sobre a estratégia fiscal para os combustíveis.

No requerimento, aprovado por unanimidade, os socialistas justificam o pedido de audição com pretenderem que o Executivo “seja claro e objetivo sobre as intervenções que pretende realizar futuramente, designadamente se tem a intenção de continuar a agravar o preço dos combustíveis pela via fiscal e até quando”.

O PS considera que está “em aberto se o Governo tem ou não a intenção de proceder nos próximos tempos a subidas das taxas unitárias de ISP, eliminando o efeito que a redução da taxa unitária de ISP que se encontra em vigor e que tem um peso muitíssimo significativo no valor final do combustível a pagar”.

No espaço de uma semana o Executivo decidiu reduzir o apoio aos combustíveis através da taxa de carbono por duas vezes, sendo o terceiro desde que tomou posse. Apesar de ter retomado “o processo de descongelamento gradual”, ainda se mantém “a suspensão parcial desta atualização face ao valor de 83,524 euros que seria aplicável em 2024”.

Por outro lado, o Governo decidiu prorrogar o regime transitório do reembolso parcial de ISP dos transportes públicos, alargando o prazo de reporte. Segundo a Portaria publicada na terça-feira em Diário da República, apesar dos esforços feitos na implementação deste regime, “um número avultado de operadores económicos continua sem ter a possibilidade de efetuar as comunicações dos abastecimentos, por se encontrar a aguardar a entrega e a instalação dos equipamentos adquiridos para efeitos do registo, controlo e comunicação dos abastecimentos”.

É por essa razão que o Governo decidiu alargar o prazo do reporte, definindo 31 de outubro como data limite para comunicar os abastecimentos feitos no primeiro semestre e no terceiro trimestre.

Em resposta a uma questão do PS sobre a estratégia fiscal para os combustíveis, o Ministério das Finanças indicou que irá manter inalterado o valor da taxa de imposto sobre o gasóleo agrícola.

O Governo adianta ainda, na resposta enviada aos deputados, que “no que respeita ao ISP aplicável ao gasóleo colorido e marcado, não existe nenhuma decisão no sentido da alteração do valor da taxa do imposto”.

Relativamente às restantes medidas de apoio nos combustíveis, o Ministério das Finanças recorda a decisão já anunciada sobre a redução do mecanismo de apoio ao gasóleo profissional de transportes de mercadorias a partir de 31 de agosto, explicando que “entre 1 de setembro e 13 de dezembro, os operadores irão beneficiar do reembolso” previsto “até ao limite máximo de 50.000 litros anuais por viatura”.

Audição a Pinto Luz sobre a TAP será em conjunto com COFAP

Após um longo debate, com PSD e CDS a defenderem que as audições sobre a auditoria da IGF à privatização da TAP deveriam ter lugar apenas na Comissão de Economia, Obras Públicas e Habitação — onde já foram aprovadas –, os deputados da COFAP votaram esta quarta-feira os requerimentos para que as audições fossem realizadas em conjunto entre as duas comissões.

À exceção da IL, que retirou o requerimento da COFAP (por já estar aprovado na Comissão de Economia), os requerimentos do Chega, do PAN, do Bloco de Esquerda e do PCP foram chumbados.

O único requerimento aprovado foi o do PS, que pede para ouvir o atual ministro das Infraestruturas e Habitação e secretário de Estado das Infraestruturas, Transportes e Comunicações no Governo de Pedro Passos Coelho, Miguel Pinto Luz, bem como a ex-ministra das Finanças Maria Luís Albuquerque, o ex-Presidente da Parpública, Pedro Ferreira Pinto, e o antigo secretário de Estado das Infraestruturas Sérgio Monteiro.

Desta forma, a generalidade das audições sobre a TAP serão realizadas apenas pelos deputados da Comissão de Economia, Obras Públicas e Habitação, mas estes quatro nomes terão de ter uma calendarização combinada entre as duas comissões, o que poderá levar a maior demora, uma vez que a COFAP a partir de outubro terá a braços os trabalhos relativos ao Orçamento do Estado para 2025 (OE2025).

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Mulheres ganham menos e têm menos oportunidades de emprego que os homens, mesmo com mais habilitações

Novo livro do Observatório das Desigualdades e pelo Observatório do Emprego Jovem mostra como as mulheres jovens continuam a ser discriminadas no trabalho face aos homens jovens, nos salários e vagas.

Mesmo com mais habilitações do que eles, elas não só recebem salários mais magros, como têm menos oportunidades de emprego, o que se reflete, depois, em menor proteção social. Esta conclusão consta do livro “Os jovens e o trabalho em Portugal“, que foi desenvolvido pelo Observatório das Desigualdades e pelo Observatório do Emprego Jovem, e será apresentado esta quarta-feira, data em que se assinala o Dia Internacional da Igualdade Salarial.

“Apesar de as mulheres jovens terem maiores níveis de escolaridade do que os homens da mesma idade, estas continuam a ser significativamente prejudicadas, tanto em termos salariais, como na sua inserção no mercado de trabalho“, lê-se na nota enviada às redações.

No que diz respeito especificamente à desigualdade nas oportunidades de emprego, Inês Tavares, uma das autoras do referido livro, explica ao ECO que “existem diferenças claras entre os homens e mulheres” que vivem e trabalham numa mesma região.

E esse fosso é ainda maior entre os homens dos centros urbanos e as mulheres de regiões fora das grandes cidades, alerta a especialista, que refere, assim, que as mulheres das regiões rurais são, portanto, “mais prejudicadas”.

“A conjugação de fatores como género, nível de escolaridade, origem social e local de residência cria um efeito cumulativo de desigualdade, em que as jovens mulheres de origens menos favorecidas são as mais vulneráveis”, explica Inês Tavares. “Estes grupos estão mais expostos a baixos rendimentos, contratos precários e maiores taxas de desemprego”, continua.

Já no que diz respeito aos salários, o livro que será apresentado esta quarta-feira à tarde realça que 48% das mulheres com 25 a 34 anos tinha um diploma de ensino superior, enquanto apenas 35% dos homens estavam nessa situação, mas isso não se tem traduzido em igualdade no mercado de trabalho. “Os homens licenciados têm rendimentos superiores aos das mulheres, mesmo quanto estas têm qualificações mais avançadas, como mestrados ou doutoramentos“, é explicado em comunicado.

Ora, perante este cenário, Inês Tavares adianta ao ECO que são precisas “medidas estruturais“, como penalizações para empresas que insistam num fosso salarial entre trabalhadoras e trabalhadores, quotas de género “mais equitativas”, e políticas públicas que apoiem as mulheres na parentalidade.

A propósito, o trabalho que deu à economista Claudia Goldin o Prémio Nobel da Economia mostrou precisamente que o grosso das diferenças salariais ocorre com o nascimento do primeiro filho.

Os dados revelam que enquanto, para o homem, ser pai resulta num reforço dos rendimentos — é a chamada “vantagem da paternidade” –, para a mulher, ser mãe equivale a mais responsabilidades familiares, mais interrupções na carreira e, à boleia, maior desvantagem salarial — é a “penalização pela maternidade”.

O dia 18 de setembro foi a data escolhida pela Organização das Nações Unidas (ONE) para colocar o holofote na desvalorização do trabalho tradicionalmente desempenhado por elas, no Dia Internacional da Igualdade Salarial.

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É um exit. Leiriense Xgeeks comprada pelo grupo alemão Synvert

Scaleup incubada na Startup Leiria tem como clientes marcas como Mercedes-Benz ou Coverflex. Tem também escritórios em Lisboa e Viseu, bem como colaboradores remotos na região do Porto.

É um exit. A portuguesa Xgeeks, scaleup especialista em AI e Cloud Native, acaba de ser comprada pelo grupo alemão Synvert, que com esta aquisição entra em Portugal. O valor da operação não foi divulgado.

“A equipa mantém-se e continua a crescer, de acordo com os objetivos da empresa. Neste momento, a equipa da Xgeeks conta com mais de uma centena de pessoas. O grupo — agora com a estrutura portuguesa — conta com 800 colaboradores”, adianta ao ECO Rita Gouveia, people experience lead.

A scaleup nacional “pertencia previamente ao KI Group, que criou a empresa, em 2019, em Leiria, com uma estratégia de crescimento baseada na descentralização de talento dos grandes centros. A equipa inicial contava com três pessoas e, agora, estamos a falar mais de 100″, precisa a responsável.

É uma das empresas incubadas na Startup Leiria tendo como clientes marcas como Mercedes-Benz ou Coverflex, mas também tem escritórios em Lisboa e Viseu, bem como colaboradores a trabalhar remotamente na Área Metropolitana do Porto.

A scaleup quer ainda fazer crescer a sua equipa de PEDD (Product, Engineering, Design e Data) até 30% e reforçar a sua presença a nível nacional, com especial foco na zona norte e centro do país, em especial no Porto e em Viseu.

Agora integra o grupo alemão de análise avançada de dados com presença na Alemanha, Croácia, Emirados Árabes Unidos, Espanha, Reino Unido e agora Portugal. Com esta operação, cujo valor não é divulgado, o grupo alemão pretende “aumentar a sua expertise e oportunidades de negócio, no espaço de AI e cloud native, tendo em conta que o seu background (da synvert) é em data. A Xgeeks surge como um complemento em termos de expertise”, aponta a people experience lead.

A operação é conhecida num momento em que a scaleup anuncia a realização, pela primeira vez em Portugal, do Kubernetes Community Days, um evento internacional especializado em cloud native, a decorrer nos dias 27 e 28 de setembro, na Alfândega do Porto, com 38 oradores internacionais e mais de 350 especialistas de todo o mundo.

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Tupperware declara falência com dívidas superiores a 700 milhões de dólares

  • Joana Abrantes Gomes
  • 18 Setembro 2024

Marketing dirigido a público mais jovem não salvou a marca de 78 anos de declarar insolvência após anos marcados por instabilidade financeira e dívidas que chegam aos 700 milhões de dólares.

Depois de anos marcados por instabilidade financeira, a Tupperware declarou falência esta quarta-feira. A fabricante norte-americana conhecida pelos recipientes de plástico para guardar alimentos iniciou o processo de insolvência ao abrigo do capítulo 11 dos EUA, com os proprietários a alegarem que as contas da empresa foram “gravemente afetadas” pela conjuntura económica.

A marca já tinha avisado há meses que tinha “dúvidas substanciais” de que conseguiria manter-se em atividade, tendo substituído vários membros do conselho de administração e nomeado Laurie Ann Goldman como nova diretora executiva para tentar relançar a empresa. Em junho, anunciou planos para encerrar a sua última fábrica nos Estados Unidos, transferindo a produção para o México, e despedir 148 funcionários.

Nos últimos anos, a situação financeira da empresa foi gravemente afetada por um ambiente macroeconómico difícil. Como resultado, explorámos várias opções estratégicas e determinámos que este é o melhor caminho a seguir”, afirmou Laurie Ann Goldman.

Entre essas estratégias, a empresa adotou recentemente um novo marketing dirigido a um público mais jovem, preocupada que os clientes já não se identificassem com a marca face à concorrência crescente de produtos semelhantes mais baratos.

De acordo com os pedidos de falência apresentados ao tribunal de falências do Delaware, a Tupperware tem um passivo entre mil milhões e 10 mil milhões de dólares, enquanto os ativos valem entre 500 milhões e mil milhões de dólares. Porém, o grupo não divulga as contas desde 2022, ano em que reportou uma queda de 42% do volume de negócios face a 2017, para 1,3 mil milhões de dólares.

Além disso, a empresa tem negociado com os credores sobre a forma de gerir as dívidas de mais de 700 milhões de dólares (cerca de 630 milhões de euros), que tem tido dificuldades em abater devido à subida das taxas de juro nos últimos anos.

Portugal é um dos mais de 100 países em que a Tupperware está presente. Em 2023, a fábrica em Montalvo, no concelho de Constância, contabilizava 220 trabalhadores efetivos. Para já, desconhecem-se os efeitos do processo de falência da marca nas fábricas da empresa em outros países.

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Atividade económica desacelera em julho

Já o indicador de clima económico, que sintetiza as questões relativas aos inquéritos qualitativos às empresas, estabilizou em agosto, após ter diminuído nos dois meses precedentes.

A atividade económica diminuiu em julho face ao mês anterior, mas o indicador de clima económico manteve-se em agosto face a julho, segundo dados divulgados esta quarta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).

“Os indicadores de curto prazo relativos à atividade económica na perspetiva da produção, disponíveis para julho, apontam, em termos homólogos, para diminuições na indústria e uma aceleração real na construção e nominal nos serviços”, revela o INE em comunicado.

“Na perspetiva da despesa, os indicadores de atividade económica, consumo privado e investimento desaceleraram em julho”, escreve o INE. Desde abril que este indicador, que sintetiza um conjunto de indicadores quantitativos que refletem a evolução da economia, está a abrandar.

A fotografia à conjuntura económica do país aponta para uma desaceleração homóloga. O índice de volume de negócios da indústria entrou em terreno negativo ao passar de uma progressão de 1,6% em junho para uma contração de 3,5% em julho. O índice da produção nas fábricas nacionais, também já em terreno negativo em junho (-2,7%), registou um agravamento no mês seguinte (-4%).

O volume de negócios do comércio abrandou fortemente, passando de um crescimento homólogo de 3,6% em junho para 1,4% em julho, enquanto a componente do comércio a retalho abrandou para 1,9% em julho face aos 3,4% do mês anterior.

o volume de negócios dos serviços acelerou de 3,9% em junho para 4,6% em julho. Mas, em pleno verão, com o expectável aumento de turistas, as dormidas nos estabelecimentos hoteleiros — dados que se referem aos três segmentos de alojamento: hotelaria, alojamento local com 10 ou mais camas e turismo no espaço rural e de habitação — abrandaram dos 5% registados em junho para 2,1% no ano seguinte.

Outro indicador de desaceleração da atividade económica é o dos consumos energéticos. O consumo de gasóleo afundou ainda mais em julho: passou de -0,9% para -5,7%. E o consumo de médio de energia elétrica, medido em dias úteis, desacelerou de 2,3% em julho para 0,3% em agosto.

Já o indicador de clima económico, que sintetiza as questões relativas aos inquéritos qualitativos às empresas, estabilizou em agosto, após ter diminuído nos dois meses precedentes.

Em pleno verão, a confiança no comércio acelerou uma décima para um crescimento de 0,3%. Ao nível da indústria transformadora e da construção e obras públicas, a confiança, apesar de se manter em terreno negativo, registou uma melhoria: de -7,7% para -5,8% e de -4,1% para -3,3%, respetivamente.

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Conselho Económico e Social só envia parecer às Grandes Opções do Plano em outubro

PSD e PS chegaram a acordo, após debate tenso, para que o agendamento para plenário da proposta do Governo sobre Grandes Opções 2024/2028 fique condicionado à conclusão do parecer do CES.

O presidente do Conselho Económico e Social (CES), Luís Pais Antunes, indicou esta quarta-feira que a instituição só terá o parecer à proposta do Governo das Grandes Opções do Plano (GOP) 2024-2028 pronto em outubro. As declarações de Pais Antunes ocorreram ao mesmo tempo que PSD e PS, noutra sala, chegaram a acordo, após debate tenso, para que o agendamento para plenário da proposta do Governo sobre Grandes Opções fique condicionado à conclusão do parecer do CES.

“Não vamos poder ter um parecer do CES [às Grandes Opções do Plano] antes do mês de outubro”, afirmou o presidente do CES, numa audição na Comissão de Orçamento, Finanças e Administração Pública (COFAP), quando questionado pelo PS relativamente ao tema.

O responsável do CES explicou que a comissão especializada da instituição tem o parecer pronto “há mais de um mês”, sendo que “já houve várias reuniões, mas ainda não foi possível chegar a um consenso”.

Luís Pais Antunes defendeu ainda “alterações urgentes na lei do CES”, para que seja “acionado mais cedo em relação a todos os procedimentos na definição de políticas públicas”, de modo a ser mais célere na emissão dos pareceres. “O CES continua a funcionar desse ponto de vista nos anos 90”, disse.

Enquanto decorria a audição de Pais Antunes, na reunião da Comissão de Assuntos Constitucionais, na apresentação do relatório sobre a área da Justiça da proposta de lei das GOP, por consenso entre o PSD e o PS, ficou assente que o agendamento da proposta do Governo à conclusão e entrega do parecer do CES.

Antes de chegarem a consenso, a deputada socialista Isabel Moreira alertou que, apesar de no diploma se referir especificamente a existência de um parecer do CES, esse mesmo parecer ainda não existe. Por seu lado, o dirigente da bancada social-democrata, António Rodrigues, retorquiu que o PSD votaria contra o relatório da deputada do PS caso se mantivesse a referência à ausência do parecer do CES – entidade que conhece sempre mudanças significativas em termos de composição no início das legislaturas, sobretudo quando há mudanças de Governo.

Em 21 de junho passado, o Parlamento elegeu à segunda tentativa o antigo secretário de Estado social-democrata, Luís Pais Antunes, para presidente do CES, conseguindo então ultrapassar a fasquia mínima de dois terços de votos favoráveis. Em 212 deputados que votaram, Pais Antunes obteve 150 votos favoráveis, 57 brancos e cinco nulos.

Na sua intervenção, António Rodrigues acusou a socialista Isabel Moreira de procurar “reduzir o papel do CES” e apontou que esse mesmo parecer do CES sobre a proposta de Grandes Opções, tal como agora acontece, também já tinha chegado tarde ao Parlamento em outras ocasiões, designadamente em outubro de 2020 e outubro de 2022.

Isabel Moreira reagiu, negando qualquer tentativa da sua parte de menorização do CES. E salientou o ponto central do problema: “A proposta de lei diz que foi objeto de parecer do CES, mas não foi”. Hugo Carneiro, também dirigente da bancada do PSD, explicou que a proposta do Governo foi entregue ao Parlamento em junho passado, em versão final, razão pela qual nessa altura se antecipa logo o futuro parecer do CES.

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Euribor a 12 meses renova mínimos de dezembro de 2022

  • Lusa
  • 18 Setembro 2024

Taxas que servem de base para o cálculo da prestação da casa continuem em queda. Euribor a 12 meses renovou mínimos de quase dois anos.

As Euribor, que servem de base para o cálculo da prestação mensal da casa, voltaram a cair esta quarta-feira, com a taxa a 12 meses a renovar mínimos desde dezembro de 2022.

  • A taxa Euribor a seis meses, que passou em janeiro a ser a mais utilizada em Portugal nos créditos à habitação com taxa variável e que esteve acima de 4% entre 14 de setembro e 01 de dezembro de 2023, recuou para 3,239%, menos 0,029 pontos que na anterior sessão.
  • No prazo de 12 meses, a taxa Euribor, que esteve acima de 4% entre 16 de junho e 29 de novembro, também desceu para 2,921%, menos 0,027 pontos e um novo mínimo desde 15 de dezembro de 2022.
  • No mesmo sentido, a Euribor a três meses caiu para 3,458%, menos 0,022 pontos.

Na mais recente reunião de política monetária, na passada quinta-feira, o BCE desceu a principal taxa diretora em 25 pontos base para 3,5%, depois de em 18 de julho ter mantido as taxas de juro diretoras.

Na reunião anterior, em junho, o BCE tinha descido as taxas de juro diretoras em 25 pontos base, depois de as ter mantido no nível mais alto desde 2001 em cinco reuniões e de ter efetuado 10 aumentos desde 21 de julho de 2022.

A próxima reunião de política monetária do BCE realiza-se em 17 de outubro na Eslovénia.

Os analistas antecipam que as taxas Euribor cheguem ao final do ano em torno de 3%.

A média da Euribor em agosto voltou a descer a três, a seis e a 12 meses, mas mais acentuadamente no prazo mais longo, tendo baixado 0,137 pontos para 3,548% a três meses (contra 3,685% em julho), 0,219 pontos para 3,425% a seis meses (contra 3,644%) e 0,360 pontos para 3,166% a 12 meses (contra 3,526%).

As Euribor são fixadas pela média das taxas às quais um conjunto de 19 bancos da Zona Euro está disposto a emprestar dinheiro entre si no mercado interbancário.

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Concorrência alega decisão “cristalina” do tribunal europeu para pedir condenação dos bancos

  • Lusa
  • 18 Setembro 2024

Autoridade da Concorrência defendeu a condenação dos bancos depois da "decisão cristalina" do tribunal europeu. Sentença sobre multas de mais de 200 milhões será conhecida na sexta-feira.

A Autoridade da Concorrência defendeu esta quarta-feira em tribunal que, após a decisão “cristalina” da Justiça europeia, devem ser confirmadas as coimas superiores a 200 milhões de euros aplicadas aos bancos por troca de informação sobre créditos.

O julgamento do processo conhecido por “cartel da banca” tem esta semana a sua fase final, estando hoje a decorrer, no Tribunal da Concorrência, Regulação e Supervisão (em Santarém), as alegações dos bancos sobre o acórdão do Tribunal de Justiça da União Europeia (TJUE). A leitura da sentença está agendada para sexta-feira.

Hoje, nas alegações após a decisão de julho do tribunal europeu, que admitiu que a troca de informações “pode constituir uma restrição à concorrência por objeto”, a Autoridade da Concorrência considerou que essa sentença foi “cristalina, assertiva”, sem ambiguidades, pelo que, perante isso, o tribunal nacional tem condições para confirmar as multas que aplicou em 2019.

“Perante estas conclusões irrefutáveis, o tribunal está em condições de confirmar na íntegra a decisão da Autoridade da Concorrência e não há como não secundar a Autoridade da Concorrência quanto à forma como a infração era configurada, por objeto. […] O tribunal tem todas as condições para confirmar na íntegra a decisão da Autoridade da Concorrência“, disse a defesa do regulador.

Desde outubro de 2021, decorre no Tribunal da Concorrência o julgamento de recurso de 11 bancos dos multados, em 2019, pela Autoridade da Concorrência (AdC) pela prática concertada de troca de informação sensível no crédito.

Segundo o regulador, entre 2002 e 2013, mais de dez bancos partilharam informação entre si, nomeadamente tabelas das taxas spreads (margem de lucro comercial) a aplicar aos créditos a clientes (habitação, consumo e a empresas) e os volumes de produção, tendo-os multado no total em 225 milhões de euros.

No processo, que teve origem num pedido de clemência apresentado em 2013 pelo Barclays, a AdC condenou a Caixa Geral de Depósitos (CGD) ao pagamento de 82 milhões de euros, o BCP de 60 milhões, o Santander Totta de 35,65 milhões, o BPI em 30 milhões, o Montepio em 13 milhões (coima reduzida em metade por ter aderido ao pedido de clemência), o Banco Bilbao Vizcaya Argentaria em 2,5 milhões, o BES em 700.000 euros, o Banco BIC em 500 mil euros, o Deutsche Bank (cuja infração prescreveu em outubro de 2020) e a Caixa Central de Crédito Agrícola Mútuo em 350.000 euros cada um. Já à Union de Créditos Inmobiliarios coube um pagamento de 150.000 e ao Banif (que não recorreu) de mil euros.

O Abanca, também visado no processo, viu a infração prescrever ainda na fase administrativa e o Barclays, que apresentou o pedido de clemência, viu suspensa a coima de oito milhões de euros.

Em abril de 2022, a juíza Mariana Gomes Machado deu factos como provados, que os bancos trocaram entre si informação sobre preços/taxas (atuais e futuras) que não eram do domínio público ou que eram de difícil acesso e sistematização, que partilhavam valores mensais de produção e que esta troca de informação, ocorrida num mercado relativamente concentrado, “facilitou o alinhamento” e permitiu o “estabelecimento de uma coordenação informal entre as instituições bancárias”.

Contudo, ao mesmo tempo, decidiu suspender a instância e remeter ao Tribunal de Justiça da União Europeia (TJUE) para que este se pronunciasse sobre se os factos constituíram restrição de concorrência por objeto, por não ter ficado provado se a troca de informação teve ou não efeito sobre os consumidores.

Em julho deste ano, o tribunal europeu admitiu que a troca de informações mantida pelos bancos durante mais de uma década “pode constituir uma restrição à concorrência por objeto” e que “basta que essa troca constitua uma forma de coordenação que, pela sua própria natureza, seja necessariamente (…) prejudicial ao correto e normal funcionamento da concorrência”.

Segundo o TJUE, para que um mercado funcione em condições normais, “os operadores têm de determinar de forma autónoma a política que tencionam seguir e têm de permanecer na incerteza quanto aos comportamentos futuros de outros participantes”.

Após esta interpretação do tribunal europeu, cabe agora ao Tribunal da Concorrência decidir se os factos são ou não uma “restrição por objeto” – geralmente os tribunais nacionais seguem o entendimento do tribunal europeu – e decidir as coimas a aplicar aos factos provados (se se mantêm ou são revistos os valores da Autoridade da Concorrência).

Ainda hoje, logo no início da sessão do julgamento, a juíza deu conta de que vários bancos (BBVA, BPI, BCP, Santander e CGD) apresentaram requerimentos para admissão de pareceres, sobretudo quanto a prescrições, tendo Mariana Gomes Machado dito que teria tempo de os ler até sexta-feira (data da sentença) mas que não haveria tempo para os contraditórios.

O procurador do Ministério Público, Paulo Vieira, considerou que “requerimentos entrados à 25ª hora”, num processo já longo, “são pouco compreensíveis” e que o objetivo parece ser “obstar a que Autoridade da Concorrência e o Ministério Público possam exercer o contraditório na sua plenitude”.

O advogado da CGD pediu a palavra para dizer que, no caso do banco público, “o objetivo não é evitar contraditório” mas acautelar que esses pareceres podem ser juntos ao processo mesmo que em fase de recurso da sentença de primeira instância e disse que o requerimento deste banco não é só sobre prescrições mas também sobre questões de direito.

Após troca de ideias com advogados dos bancos, a juíza decidiu admitiu os pareceres e que esses farão parte de eventuais recursos e que aí haverá lugar ao contraditório.

MP espera que julgamento reforce “reputação” do setor

Já o Ministério Público (MP) disse nas alegações em tribunal que espera que o julgamento do processo conhecido como ‘cartel da banca’ contribua para o reforço da confiança no setor bancário.

Na sessão do julgamento de hoje, que deverá ser a última antes da sentença, o procurador Paulo Vieira destacou o papel “importante da banca na economia” e como “a atividade económica assenta em relações de confiança” para manifestar a esperança de que este processo contribua para que as famílias e empresas tenham mais confiança no setor bancário.

“Esperamos que este processo venha a contribuir para o reforço da reputação do setor bancário no seu todo, através da visibilidade pública das suas condutas passadas, do papel fundamental da intervenção dos reguladores e do sistema judiciário, das condutas corretivas, entretanto, implementadas”, disse.

O Ministério Público considerou ainda que este processo demonstrou que a partilha de informação entre os bancos teve efeitos no mercado “com clientes prejudicados”, ao pagarem preços no crédito mais elevados. Ao mesmo tempo, a partilha de informação permitiu aos bancos “dar créditos com maior segurança” por conhecerem a posição competitiva dos concorrentes.

O procurador disse ainda que há bancos que “continuam, contra a evidência, a negar a motivação e conhecimento hierárquico dessas práticas” e aludiu aos “ótimos resultados” dos bancos, desde logo em 2023, para considerar que isso poderia “em abstrato levar a ponderar um agravamento das coimas porque grande parte desses proveitos estão diretamente relacionados com o crédito à habitação”, um segmento de crédito alvo das práticas pelas quais os bancos foram sancionados pela Autoridade da Concorrência.

O Ministério Público falou ainda das comissões bancárias para considerar que, na sequência da subida das taxas de juro “de forma substancial”, se esperava uma descida das comissões cobradas pelos bancos mas que isso não aconteceu e que, da informação existente, o único que reduziu marginalmente as comissões foi a Caixa Geral de Depósitos (CGD). “E isto diz tudo sobre este setor. É um setor que tem uma necessidade especial e aguda de intervenção quanto a estas matérias, de se tornar mais competitivo”, afirmou.

No fim da sua intervenção, o Ministério Público manifestou-se sobre as coimas aplicadas pela Autoridade da Concorrência em 2019, considerando genericamente adequadas até tendo em conta os resultados dos bancos em 2023.

Paulo Vieira referiu-se especificamente à situação do BCP, afirmando que nas alegações de 2022 defendeu que a coima não deveria afetar a sua solidez financeira (numa altura de recuperação pós-pandemia e em que banco tinha problemas na operação na Polónia) mas que hoje, e perante resultados do ano passado, “essa situação está perfeitamente esbatida”.

Assim, considerou adequadas e de manter as coimas de CGD (82 milhões de euros), BCP (60 milhões de euros), Santander Totta (35,6 milhões de euros). Quanto ao BPI, considerou adequada (30 milhões de euros) mas admitiu uma “redução marginal” face à postura do banco no processo e assunção de responsabilidades.

Considerou ainda adequadas as coimas de BBVA (2,5 milhões de euros), Caixa Central de Crédito Agrícola (350 mil euros) e de UCI (150 mil). Quanto à coima do BIC (500 mil euros) admitiu uma “redução marginal”.

No banco Montepio considerou que atendendo a ser uma entidade com componente social e mutualista, à postura no processo e à situação “algo débil” deve ter como máximo de coima os 4,8 milhões de euros.

Para o BES, defendeu uma coima “meramente simbólica” atendendo que está em liquidação.

O Barclays como foi o que divulgou a concertação de informação e pediu clemência deverá ser dispensado de qualquer coima.

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Trabalhadores do Fisco não receberam formação sobre mudanças nos recibos verdes

Os funcionários dos serviços do Fisco foram "surpreendidos" por mudanças na emissão de faturas dos trabalhadores independentes, não tendo recebido qualquer informação ou formação prévia sobre o tema.

Se é trabalhador independente e foi surpreendido pelas mudanças na emissão de faturas no portal da Autoridade Tributária, saiba que não está sozinho. Os próprios trabalhadores do Fisco foram apanhados de surpresa, não tendo recebido qualquer formação prévia sobre as novas funcionalidades. A denúncia é feita pelo presidente do Sindicato dos Trabalhadores dos Impostos (STI), Gonçalo Rodrigues.

“O que aconteceu foi uma alteração na maneira como os trabalhadores independentes emitem faturas. A evolução é positiva, mas devíamos ter sido informados sobre o que ia acontecer. Os serviços não sabiam de nada até ontem“, garante o sindicalista, em declarações ao ECO.

Esta semana, o Fisco reformulou a emissão de faturas dos trabalhadores independentes, acrescentando-lhe três novas funcionalidades: passa a ser possível ter serviços com taxas diferentes de IVA na mesma fatura, criar uma base de dados de clientes habituais e criar fichas de produtos e serviços que sejam regularmente faturados.

De acordo com uma apresentação da Autoridade Tributária, a que o ECO teve acesso, o objetivo foi tornar a emissão de faturas “mais completa e intuitiva”, mas, conforme já admitiu a Ordem dos Contabilistas Certificados, “é natural” que existam algumas dúvidas e dificuldades, nesta primeira fase, por parte dos contribuintes.

No entanto, se contactarem o Fisco através das várias vias disponíveis (como o centro de atendimento telefónico), encontrarão do outro lado trabalhadores que não foram formados sobre estas novas funcionalidades.

“Uma alteração destas garantidamente já era do conhecimento do Governo há uns meses. Há muito tempo que podiam ter informado os serviços. Podiam ter informado há duas semanas, para eventualmente tirarmos dúvidas. Mas não foi isso que aconteceu”, salienta o presidente do STI.

Sem formação ou esclarecimentos prévios, os trabalhadores que estão a atender os contribuintes estão, portanto, “a tentar desenrascar”, explica o mesmo. “Os serviços receberam ontem um panfleto explicativo, e nem foram todos os serviços. Os colegas começaram a tirar fotos do panfleto e a partilhar entre si. Começaram a desenrascar”, detalha Gonçalo Rodrigues.

Em conversa com o ECO, o dirigente realça ainda que as carreiras da Autoridade Tributária têm sido desvalorizadas, frisando que, enquanto antes os trabalhadores do Fisco tinham uma carreira especial e um curso profundo sobre as matérias em causas, hoje o Estado tem ido buscar funcionários às carreiras gerais. “Temos muitas pessoas a trabalhar na Autoridade Tributária sem formação nenhuma“, avisa.

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