Duas obras de Paula Rego em destaque em Downing Street

  • Lusa
  • 14 Outubro 2024

As duas obras de Paula Rego fazem parte de uma série de estudos para o mural de 10 metros de largura "O Jardim de Crivelli", encomendado para uma parede do restaurante da ala moderna da instituição.

Duas obras da pintora portuguesa Paula Rego foram recentemente penduradas numa das salas da residência oficial do primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, em Downing Street, Londres, usada para receber líderes internacionais. As duas telas estiveram em pano de fundo nas fotografias dos encontros de Starmer com o Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, e o secretário-geral da NATO, Mark Rutte, na quinta-feira, em Londres.

Propriedade da Coleção de Arte do Governo britânico, as telas “Study for Crivelli’s Garden” e “Study for Crivelli’s Garden (The Visitation)” foram produzidas entre 1990 e 1991, durante uma residência artística de Paula Rego no museu National Gallery. Ambas fazem parte de uma série de estudos para o mural de 10 metros de largura “O Jardim de Crivelli”, encomendado para uma parede do restaurante da ala moderna da instituição.

O mural foi inspirado pelo retábulo “La Madonna della Rondine”, elaborado no século XV por Carlo Crivelli. Segundo o jornal britânico Daily Telegraph, as duas obras substituíram retratos da rainha Isabel I (1533-1603) e do explorador Sir Walter Raleigh (1552-1618). “A mudança de obras de arte foi planeada há muito tempo, desde antes das eleições, e foi programada para assinalar os 125 anos da Coleção de Arte do Governo”, indicou um porta-voz do primeiro-ministro.

A Coleção de Arte do Governo britânico tem mais de 15 mil obras de arte desde o século XVI até à atualidade, sendo usada para “promover a arte, história e cultura britânica por todo o mundo”. Três outras gravuras de Paula Rego fazem parte da coleção: “Young Predators” encontra-se na residência e escritório da Ministra das Finanças, Rachel Reeves; “Crow [Corvus Corone]”, nas instalações da Autoridade Tributária HMRC; e “The Guardian”, no Consulado-Geral do Reino Unido em Chicago, nos Estados Unidos.

Recentemente, Keir Starmer foi criticado por remover retratos dos antigos primeiros-ministros William Ewart Gladstone (1809-1898) e Margaret Thatcher (1925-2013) do seu escritório. “Uso o escritório para ler em silêncio durante a maior parte das tardes (…). Não tem nada a ver com Margaret Thatcher. Não gosto de imagens e fotografias de pessoas a olhar para mim. Sempre senti isso na minha vida”, explicou, em declarações à BBC.

Nascida em Lisboa, Paula Rego (1935-2022) começou a desenhar ainda em criança e, com 17 anos, a conselho do pai, foi estudar para a Slade School of Fine Arts, em Londres, cidade onde viria a fixar residência e a conhecer o futuro marido, o artista inglês Victor Willing. Em 2010, a artista, que também tinha nacionalidade britânica, foi ordenada Dama Oficial da Ordem do Império Britânico pela Rainha Isabel II.

Paula Rego distinguiu-se pela singularidade da obra, inspirada na literatura e nas experiências pessoais, e marcada, ao longo das décadas, pela defesa dos direitos das mulheres, nomeadamente na série dedicada ao aborto e em outras sobre opressão e repressão feminina.

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Fim da publicidade na RTP ameaça profissionais do audiovisual, diz Associação de Imagem Portuguesa

  • Lusa
  • 14 Outubro 2024

A AIP entende que o fim da publicidade na RTP pode trazer "implicações profundas para a cultura e identidade portuguesa" e possíveis cortes de pessoal incluindo em produtoras independentes.

A Associação de Imagem Portuguesa (AIP) defendeu que o fim da publicidade na RTP pode afetar gravemente o serviço público, reduzir a produção de conteúdos nacionais e ameaçar o sustento dos profissionais do audiovisual.

A eliminação da publicidade na RTP pode afetar gravemente a sua função como serviço público, reduzir a produção de conteúdos nacionais e ameaçar o sustento de muitos profissionais ligados ao audiovisual“, apontou, em comunicado, a AIP.

O fim da publicidade na RTP, que será um processo gradual, é uma das 30 medidas do Plano de Ação para a Comunicação Social que foi apresentado, na semana passada, pelo ministro da tutela, Pedro Duarte, e uma das quatro relativas à empresa. A medida vai ter um impacto na redução de receita anual nos próximos três anos de aproximadamente 6,6 milhões de euros.

Para a associação, o fim da publicidade na estação pública pode trazer “implicações profundas para a cultura e identidade portuguesa“, bem como para a sustentabilidade do setor.

No que diz respeito ao impacto no serviço público, a AIP destacou que esta decisão vai ter como consequência uma redução dos recursos financeiros, o que, consequentemente, vai diminuir a capacidade de a emissora financiar a produção de conteúdos diversificados, podendo levar a cortes na oferta de programas.

“A RTP é uma emissora pública que serve toda a população, independentemente da sua localização ou condição socioeconómica. A redução de recursos pode afetar a capacidade de oferecer cobertura nacional e de manter serviços essenciais, como a RTP Açores e a RTP Madeira, que são cruciais para as regiões autónomas“, referiu.

Por outro lado, a associação disse que o investimento em produções nacionais também será reduzido e que vão existir menos oportunidades para novos talentos, como realizadores e argumentistas.

A direção da AIP alertou ainda para possíveis cortes de pessoal, que podem abranger os trabalhadores diretos, freelancers e profissionais que trabalham em produções associadas à emissora, e para o “efeito dominó” da redução da capacidade de financiamento de produções, que leva à perda de postos de trabalho em produtoras independentes, onde se incluem técnicos de cinema, atores, diretores de fotografia, entre outros.

“A RTP é também uma plataforma de formação para profissionais do setor audiovisual. A redução de investimento pode limitar oportunidades de formação e desenvolvimento contínuo, afetando a qualificação e a evolução de mão-de-obra no setor”, acrescentou.

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Dona da Visão quer pagar dívidas de 17 milhões ao Estado em 12 anos

Trust in News já submeteu o plano de recuperação no tribunal. Não prevê perdão na dívida de 32 milhões, mas quer tempo para pagar aos credores. Perspetiva saída de quadros e lucros a partir de 2025.

A Trust in News, proprietária dos títulos Visão ou Exame, entre outros, já submeteu o plano de recuperação no tribunal de Sintra. A proposta não prevê qualquer perdão na dívida que ascende a mais de 32 milhões de euros, mas pede-se mais de uma década para pagar ao seu maior credor, o Estado.

Em concreto, a empresa de media liderada por Luís Delgado – que em 2018 comprou o negócio das revistas ao grupo Impresa por mais de dez milhões — deve 8,98 milhões de euros à Segurança Social e 8,13 milhões à Autoridade Tributária, dívidas que quer pagar em 150 prestações mensais, ou seja, ao longo dos próximos 12 anos e meio, de acordo com o plano que o ECO consultou no portal Citius e que será votado pelos credores daqui a perto de um mês.

Em relação ao Novobanco e BCP, cujas dívidas ascendem a 4,3 milhões de euros, e outros credores, onde se inclui a própria Impresa (cerca de 4,1 milhões), a Trust in News pretende um prazo de pagamento de 15 anos (180 prestações mensais).

Para os trabalhadores, prevê pagar os salários e subsídios em atraso de quase meio milhão de euros em 12 meses.

Mais de dez milhões de euros em património com potencial para alienar

A Trust in News indica que tem registado no seu balanço património avaliado em 10,7 milhões de euros e que pode ser alienado para ajudar a abater as dívidas que acumulou nos últimos anos.

Estes ativos correspondem essencialmente às marcas das revistas e publicações de que é proprietária, incluindo a Visão, Exame, Exame Informática, TV Mais e Jornal de Letras, entre outros, títulos que faziam parte do grupo Impresa (dona da SIC e Expresso) até 2018.

Das marcas e títulos listados (mais de meia centena), “algumas encontram-se oneradas a favor da Autoridade Tributária e Aduaneira, Segurança Social e Novo Banco, ficando já definido neste presente plano que as mesmas poderão ser objeto de venda, ficando os interesses dos credores garantidos satisfeitos com o produto da mesma”, de acordo com a proposta.

Para a Trust in News, a venda das marcas visa ainda outro aspeto do seu plano: “a redução da sua estrutura de pessoal”.

Conta atualmente com 155 trabalhadores (eram 183 há um ano), mas “continuará a ser reestruturado nos próximos semestres”, prevendo-se uma redução de cerca de um milhão de euros com gastos com pessoal.

“O montante relativo a compensações por cessão de contratos de trabalho será financiado através de capitais a injetar na sociedade pela estrutura societária da Trust in News”, revela o documento. A empresa é detida a 100% por Luís Delgado.

Prejuízos de 1,4 milhões este ano, lucros a partir de 2025

A Trust in News avança para o PER perante a impossibilidade de “liquidar a curto prazo as suas responsabilidades” e porque é a melhor alternativa para os credores reverem os seus créditos.

“É benéfica não só para a empresa, mas também para todos os seus credores, na medida em que permitirá que todos os créditos sejam satisfeitos, contrariamente ao que aconteceria numa situação de liquidação”, justifica.

Este ano deverá terminar com prejuízos de 1,4 milhões de euros, mas prevê lucros a partir do próximo ano: 800 mil euros em 2025 e mais de um milhão em 2026, mantendo resultados positivos na década seguinte.

Para tal espera um crescimento das vendas de 2% em 2024 e em 2025, e um crescimento anual de 1% entre 2025 e 2036.

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À conta do caso BES, Tribunal cria salas de imprensa e regras para jornalistas cumprirem nos casos mediáticos

A sala escolhida para o caso BES vai receber, na primeira sessão de julgamento, na terça-feira, 67 advogados e assistentes, 16 arguidos (incluindo Ricardo Salgado) e ainda, no mínimo, 32 jornalistas.

A sala do julgamento do caso BES vai receber, na terça-feira, 67 advogados e assistentes, 16 arguidos (incluindo Ricardo Salgado) e ainda, no mínimo, 32 jornalistas. Para isso, o Campus de Justiça terá duas novas salas de impressa “preparadas para o início do julgamento do processo BES” e futuros julgamentos mediáticos.

Mais, para este julgamento e os futuros julgamentos mediáticos, o tribunal judicial da comarca de Lisboa criou o que chamou de “Regulamento de Acesso e Utilização das salas de imprensa do Campus de Justiça”, de nove páginas, em que definem regras para a presença de jornalistas que”deverá ser assegurada em espaços próprios com condições de segurança e conforto para os membros da comunicação social no exercício das suas funções profissionais, sem escamotear a necessidade de manter a necessária separação de tais espaços em relação aos destinados aos serviços”.

Assim, criou-se nos edifícios A e B do Campus de Justiça salas reservadas à comunicação social, “com espaços que integram áreas de trabalho, áreas de espera e áreas para acolher os equipamentos de maior dimensão, garantindo que os utilizadores têm as condições necessárias à sua atividade”, diz o mesmo regulamento.

Justiça. Campus de Justiça. Advocatus GenérioHugo Amaral/ECO

“Com a criação destas salas, o Conselho procurou ainda dar resposta aos problemas que foram comunicados pelos jornalistas em processos mediáticos anteriores”, refere o CSM em comunicado, em setembro. Estas salas foram equipadas com “os recursos técnicos indispensáveis, tal como foram sugeridos ao CSM pelos jornalistas que têm marcado presença nos encontros informais promovidos regularmente pelo Conselho”.

Para este julgamento que agora começa, também a sala de julgamento está a ser equipada com “toda a tecnologia considerada necessária” para este que é considerado o maior processo da justiça portuguesa. Para o planeamento destas necessidades, o coletivo contou com o apoio da estrutura ALTEC – Apoio Logístico à Tramitação de Elevada Complexidade.

O julgamento será transmitido em direto para duas salas de imprensa nos edifícios A e B do Campus de Justiça e estão a ser avaliados outros espaços para permitir o acompanhamento à distância por mais assistentes e público em geral.

Para o julgamento, presidido pela juíza Helena Susano, foi afeto, em exclusivo, um escrivão auxiliar, que será secundado, quando tal se revele necessário, por uma escrivã auxiliar e pelos demais oficiais de justiça em exercício de funções na unidade de processos em causa. Os sistemas de som, registo de prova e comunicações à distância têm vindo a ser testados, tendo sido disponibilizados equipamentos informáticos e tecnológicos, incluindo computadores e ecrãs para visualização de documentos. O sistema de videoconferência está em fase de finalização.

campus de justiça

 

Algumas regras de uso das salas de imprensa

  • O direito de acesso inclui o direito de circulação pelo edifício, desde a entrada até à sala de imprensa e da sala de imprensa até à saída;
  • Não é permitido o acesso nem a circulação dos jornalistas e demais membros da comunicação social nas áreas do edifício vedadas ao público;
  • Os serviços de segurança têm direito de acesso às salas de imprensa pelo tempo estritamente necessário para assegurar a segurança dos utilizadores da sala e/ou de terceiros, bem como dos seus pertences, e, ainda, por razões ponderosas de ordem ou de segurança públicas;
  • A sala de imprensa do edifício A tem a lotação de 12 (doze) lugares, utilizados, preferencialmente, por 8 (oito) jornalistas de órgão de comunicação credenciado e por 4 (quatro) repórteres de imagem, fotojornalistas, técnicos de imagem e de som de órgão de comunicação credenciado;
  • A sala de imprensa do edifício B tem a lotação de 20 (vinte) lugares, utilizados, preferencialmente, por 14 (catorze) jornalistas de órgão de comunicação credenciado e por 6 (seis) repórteres de imagem, fotojornalistas, técnicos de imagem e de som de órgão de comunicação credenciado;
  • O acesso às salas de imprensa do Campus de Justiça é limitado ao número de lugares existente e é feito por ordem de chegada, mediante a exibição da credencial atribuída ao órgão de comunicação social bem como do título profissional ou de
    documento equivalente.

Começa o mega julgamento, dez anos depois da queda do BES

O julgamento do processo principal do BES inicia-se na terça-feira e ninguém arrisca prever quando termina, pois envolve 18 arguidos, 733 testemunhas, 135 assistentes e mais de 300 crimes. Este megaprocesso, que já vai nos 215 volumes após uma acusação com mais de quatro mil páginas, começa a ser julgado mais de uma década após o colapso do Grupo Espírito Santo (GES), em agosto de 2014.

O caso tem como principal arguido o ex-presidente do BES Ricardo Salgado, que foi acusado de 65 crimes, entre os quais associação criminosa, corrupção ativa, falsificação de documento, burla qualificada e branqueamento.

O ex-banqueiro, que estava inicialmente acusado de um total de 65 crimes, vai agora ser julgado por 62 ilícitos criminais, após terem prescrito dois crimes de falsificação de documento e um de infidelidade. O levantamento dos crimes em risco de prescrição recentemente realizado pelo MP indica ainda que Ricardo Salgado pode ver cair, em finais de novembro próximo, mais um crime de falsificação e outros dois crimes no final de dezembro.

Em janeiro de 2025 prescrevem mais três crimes de falsificação de documento, no final de fevereiro cai um de infidelidade e até 28 de março tombam outros três de infidelidade.

Volvida mais de uma década sobre a derrocada do BES/GES e o início da investigação, há mais crimes em risco de prescrever até ao final do primeiro trimestre de 2025, nomeadamente dos arguidos Francisco Machado da Cruz, Amílcar Morais Pires, Pedro Góis Pinto, Pedro Almeida e Costa, Cláudia Boal Faria, Etienne Cadosch, Michel Creton, João Alexandre Silva e Nuno Escudeiro.

Apontado como um dos maiores processos judiciais da história da justiça portuguesa, este caso, investigado pelo Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) do MP, juntou no processo principal 242 inquéritos, (que foram sendo apensados) e reuniu queixas de mais de 300 pessoas, singulares e coletivas, residentes em Portugal e no estrangeiro.

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Stellantis de Mangualde diz que “não está previsto” encerramento da fábrica

  • Alexandre Batista
  • 14 Outubro 2024

“Não está previsto nenhum encerramento” da fábrica portuguesa da Stellantis, afirma fonte oficial, após as palavras de Carlos Tavares. O foco está nos elétricos, em produção desde o início do mês.

Fábrica da Stellantis em Portugal, anterior PSA Mangualde, está há mais de 60 anos nesta localidadeStellantis

A Stellantis Mangualde não tem o encerramento no horizonte, assegurou ao ECO/Local Online fonte oficial da fábrica do grupo que juntou as marcas dos grupo Fiat/Chrysler e Peugeot/Citroën.

“Não está previsto nenhum encerramento, pois a fábrica Stellantis de Mangualde produz viaturas comerciais ligeiras que são neste momento líderes de mercado europeu e também especificamente líderes no mercado português”, afirmou fonte da fábrica do distrito de Viseu.

A garantia surge no mesmo dia em que, como o ECO noticiou, o presidente da Stellantis, Carlos Tavares, disse, numa entrevista ao jornal francês Les Echos, citada pela AFP, que “nada deve ser excluído” perante a ofensiva dos construtores de automóveis chineses na frente elétrica. “Se os chineses conquistarem 10% da quota de mercado na Europa no final da sua ofensiva, isso significa que produzirão 1,5 milhões de automóveis. Isto representa sete fábricas de montagem. Os fabricantes europeus terão então de fechá-las ou transferi-las para os chineses”.

Em Mangualde, não se coloca a hipótese de encerramento. À liderança do mercado europeu referida ao ECO/Local Online pela Stellantis Mangualde, soma-se o facto de que “esta unidade de produção é uma das fábricas mais competitivas do grupo Stellantis e realizou recentemente importantes transformações para receber os veículos elétricos, que está a produzir em série desde o início deste mês”.

Esta unidade de produção é uma das fábricas mais competitivas do grupo Stellantis e realizou recentemente importantes transformações para receber os veículos elétricos, que está a produzir em série desde o início deste mês.

Fonte oficial

Stellantis Mangualde

A histórica fábrica sexagenária, que já montou carros como o Citroën 2 CV e mais tarde chegou a ser um satélite da fábrica de Vigo da PSA – Peugeot/Citroën, foi destacada em julho pelo presidente da companhia como “muito flexível”. Durante o evento de lançamento das versões 100% elétricas dos furgões da Citroën, Fiat, Opel e Peugeot ali produzidas, Carlos Tavares enalteceu a “fábrica que está muito flexível para ser capaz de absorver as variações de encomendas que são o resultado das políticas europeias em matéria de subsídios à compra de veículos elétricos”.

Para este ano é esperado novo recorde de produção nestes mais de 60 anos de operação, com um crescimento na ordem dos 5% face ao recorde do ano passado, para 87 mil veículos. Este número torna a Stellantis Mangualde a segunda fábrica mais importante em Portugal, apenas superada pela Autoeuropa.

Referindo-se aos 30 milhões de euros investidos para produção de veículos elétricos, o presidente da Stellantis — que já se sabe ter a saída do cargo agendada para 2026 – justificou a decisão de entregar à fábrica beirã a produção dos furgões elétricos com o “grande potencial em qualidade, uma boa competitividade de custos, que neste momento até é melhor do que a de Vigo. Portanto, não há razão para não dar à fábrica de Mangualde o fabrico dos veículos que representam o futuro”.

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Da função pública à habitação. Conheça o plano de reformas que o Governo promete a Bruxelas até 2028

Entre os compromissos assumidos junto de Bruxelas está uma reforma fiscal no campo do IRC e do IRS, o reforço das Forças Armadas, mas sobretudo o desafio de melhorar a eficiência do Estado.

O Plano Orçamental Estrutural de Médio Prazo para 2025-2028 que o Governo enviou para Bruxelas na sexta-feira assenta em excedentes orçamentais ao longo da legislatura e num crescimento económico abaixo de 2% a partir de 2027.

Na sua orientação estão também vários planos de reformas que o Governo pretende promover ao longo dos próximos quatro anos, com particular foco na redução da carga fiscal sobre empresas e famílias.

Uma das medidas mais significativas referidas neste plano é a redução gradual do IRC, com uma diminuição de 2 pontos percentuais por ano a partir de 2025. O objetivo é aliviar a carga fiscal sobre as empresas, promovendo o investimento e a criação de emprego. O primeiro passo será, caso o Orçamento de Estado para 2025 seja aprovado, baixar já no próximo ano a taxa geral de IRC em um ponto percentual, dos atuais 21% para 20%.

“A redução da taxa do imposto sobre o rendimento das pessoas coletivas permitirá aliviar a carga fiscal sobre as empresas e, por sua vez, contribuir para a criação de emprego e melhores condições salariais”, antecipa o Governo, notando ainda que “esta medida irá impulsionar o crescimento interno das empresas e tornar o mercado nacional mais atrativo para os investidores estrangeiros.”

Paralelamente, pretende simplificar e tornar mais atrativo o regime fiscal associado a operações de reestruturação e fusão de empresas. Segundo o documento, esta medida visa “tornar mais atrativas do ponto de vista fiscal as operações de fusão de empresas por aquisição de participações sociais e promover a redução dos encargos associados a estas operações para estimular a realização de operações de concentração e promover o ganho de escala das empresas nacionais.”

No que diz respeito às famílias, o plano destaca a adoção do IRS Jovem com o intuito de “aumentar o rendimento líquido dos jovens, incentivando os jovens cidadãos qualificados a permanecer em Portugal”. Segundo o Governo, esta medida procura combater a emigração de jovens qualificados, um problema que tem afetado o país nos últimos anos.

Inovação e competitividade

O plano orçamental estrutural de médio prazo entregue em Bruxelas prevê a criação de uma linha de coinvestimento para startups e capital de risco, visando “atenuar os problemas do crescimento económico e das exportações e promover o desenvolvimento da indústria de capital de risco em escala e profundidade, colmatando as falhas do mercado”. Esta medida será financiada através do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e do Portugal 2030.

Está também prevista a elaboração de uma estratégia “Digital Nacional”, que visa posicionar Portugal como uma referência internacional em inovação, competitividade e sustentabilidade no contexto digital.

Como revela o plano orçamental, esta estratégia “visa posicionar o país como uma referência internacional em matéria de inovação, competitividade e sustentabilidade no contexto digital, assegurando que todas as partes interessadas, desde o setor público ao setor privado e à sociedade civil, são envolvidas na sua conceção e implementação”.

Administração pública e justiça

Sob o desafio de melhorar a eficiência do Estado, o Governo comprometeu-se com Bruxelas a implementar o Sistema de Normalização Contabilística para as Administrações Públicas (SNC-AP) e a orçamentação por programas.

Estas medidas visam “facilitar a harmonização e a modernização da contabilidade pública” e contribuir para “uma gestão orçamental mais eficaz e orientada para os resultados”.

Isso passará, por exemplo, pela obrigatoriedade de as empresas relevantes reportarem as obrigações de serviço público e as compensações recebidas do Estado, incluindo informação de natureza não financeira, como dados ambientais, sociais e de governação.

“A reforma do Estado, promovida através da reorganização, modernização e digitalização, é essencial para criar uma administração pública mais ágil e próxima dos cidadãos, promovendo uma maior transparência e confiança nas instituições”, destaca o Governo no plano.

Na área da justiça, destacam-se as propostas de medidas urgentes para a jurisdição administrativa e fiscal, bem como a reforma dos regimes de insolvência e recuperação empresarial, ambas medidas que serão apoiadas financeiramente pelo PPR.

Neste último caso, o Governo destaca que será promovida uma reforma dos regimes de insolvência e de recuperação de empresas, “com o objetivo de acelerar o processamento e a decisão judicial neste domínio e anular ou atenuar os obstáculos à recuperação de créditos, melhorando assim as condições da atividade económica e o ambiente empresarial e de negócios.”

Transição energética e sustentabilidade

O “plano reformista” do Governo dá também ênfase à transição energética e à sustentabilidade ambiental, apontando para a prevista a operacionalização da Estrutura de Missão para o Licenciamento de Projetos de Energia Renovável (EMER 2030).

Este pacote faz parte de “um conjunto mais vasto de reformas, alinhadas com a iniciativa REPowerEU e integradas no PRR, que apoiarão a execução de projetos de energias renováveis de uma forma mais transparente, ágil e simplificada”, salienta o Governo no documento.

O Executivo de Luís Montenegro comprometeu-se também lançar procedimentos de concurso para leilões de produção de energia eólica offshore, com o objetivo de “instalar 2 gigawatts até 2030 para reforçar a estabilidade do sistema elétrico e atrair a cadeia de valor das tecnologias offshore”.

Está ainda prevista a revisão do Plano Nacional de Energia e Clima (PNEC 2030), que “estabelece uma quota de 51% de energias renováveis no consumo final bruto de energia em 2030” e “define a redução das emissões de gases com efeito de estufa para 55% em relação aos níveis de 2005 até 2030.”

No plano da sustentabilidade, o plano do Governo para os próximos quatro anos aponta para a necessidade de se desenvolverem instrumentos financeiros que incentivem mais investimentos e melhorem a utilização dos fundos existentes nos setores da agricultura, da silvicultura e das pescas.

Para esse efeito, comprometeu-se com a disponibilização de “linhas de crédito com juros bonificados/taxas de juro de 0%” para estes setores, além de serem “introduzidos períodos de amortização mais alargados e a dispensa de garantias”, lê-se no documento.

Mobilidade, infraestruturas e habitação

O plano prevê a execução do Programa Nacional de Investimentos 2030 (PNI2030), que inclui “a renovação da frota de material circulante, o aumento da capacidade nas áreas metropolitanas, a eletrificação e a reabilitação de troços ferroviários.”

Está também previsto o início da construção de infraestruturas de transporte, incluindo a linha de alta velocidade entre Porto e Lisboa. O primeiro troço desta linha (Porto-Oiã) já foi alvo de concurso e de respetiva adjudicação.

Na área da habitação, o Governo propõe-se a implementar as medidas que fazem parte do programa “Construir Portugal”.

O plano orçamental entregue à Comissão Europeia refere “a importância de fornecer apoio público e estímulos transitórios para resolver o problema mais premente da falta de habitação e da falta de acessibilidades”, mas sem avançar com mais nenhuma medida nova face ao que já se conhece.

Educação, cultura e defesa

Na educação, está prevista uma revisão abrangente do regime de carreira e avaliação dos professores do ensino básico e secundário, com o intuito de “tornar a profissão mais atrativa e aumentar a retenção de recursos humanos”.

O plano prevê também a implementação do Plano A+A “Aprender Mais Agora“, que foi recentemente apresentado, e que tem como intuito “recuperar a aprendizagem e promover o sucesso escolar dos alunos.”

Na área da cultura, o Governo propõe-se a rever os modelos de gestão e a legislação para “assegurar o funcionamento das instituições e dos diferentes órgãos do património”. O objetivo é modernizar e adaptar a legislação e os modelos de gestão do património cultural, estabelecendo uma rede territorial para a gestão do património.

No quadro da defesa e da segurança, o plano aponta ainda para o reforço do investimento nas Forças Armadas, que será garantido, por exemplo, através “do investimento em capacidades de ciberdefesa, reequipamento, materiais e modernização de instalações militares.”

Neste contexto, o Governo compromete-se a promover uma “reavaliação dos procedimentos de contratação pública específica nas áreas da Defesa, incrementando a construção de capacidades através de investimentos estruturantes traduzidos na Lei de Programação Militar.”

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Montenegro garante que “não está a fazer birra fiscal ou orçamental” no IRS Jovem e IRC

Primeiro-ministro refere que propostas do IRS Jovem e IRC "marcam uma diferença" face ao PS, mas admite que "terá de fazer uma aproximação aos outros partidos para conseguir executar o plano".

O primeiro-ministro, Luís Montenegro, garantiu esta segunda-feira que o Governo “não [está] a fazer uma birra fiscal ou orçamental” nas propostas do IRS Jovem e do IRC, inscritas no Orçamento do Estado para 2025 apresentado na semana passada e que estiveram nas últimas semanas no centro das negociações com o Partido Socialista.

“Quando falamos que queremos ter um país onde se pague menos impostos sobre o rendimento do trabalho, e em particular sobre o rendimento do trabalho dos jovens, quando falamos que é preciso ter um país onde se tribute menos o rendimento das empresas para que elas possam pagar melhor salários e ter mais meios para alavancar investimentos e para recorrer a outras fontes de financiamento porque não têm capitais próprios, quando falamos disso não estamos a fazer nenhuma birra fiscal ou orçamental. Estamos mesmo a marcar uma diferença”, disse Montenegro.

Ainda assim, durante uma intervenção na inauguração de uma unidade de transformação de pescado em Peniche, o primeiro-ministro destacou que “sabe que não tem uma maioria absoluta no Parlamento” e que, por causa disso, o Executivo terá de fazer uma “aproximação aos outros partidos para conseguir executar este plano”.

Na mesma ocasião, Luís Montenegro salientou que “para haver atividade económica é preciso que se dê uma boa retribuição pelo esforço de trabalho de cada um e que se retribua a capacidade empreendedora das empresas”. E deixou um apelo às empresas para não deixarem escapar o talento: “Portugal não pode contemplar a perda de capital humano para o estrangeiro”.

Polémica com Chega “não interessa a ninguém a não ser” a Ventura

Já esta manhã, falando na inauguração do Pavilhão Multiusos da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Peniche, o primeiro-ministro defendeu que “as questões menores” que têm sido levantadas nos últimos dias por outros dirigentes políticos só vão prejudicar e descredibilizar quem as tem suscitado.

Sem mencionar nomes, Luís Montenegro aproveitou este discurso para deixar um recado implícito e dirigido, pelo menos, ao presidente do Chega, André Ventura. “Tantos tentam distrair a opinião pública e publicada com questões menores, que não interessam a ninguém a não ser aos próprios e, mesmo assim, o tempo dirá que é no seu próprio prejuízo e na sua própria descredibilização”, criticou.

Nestes dias, acrescentou, em que “enquanto uns se distraem com aquilo que é completamento lateral e menor, o Governo mantém-se firme e empenhado em resolver os problemas das pessoas”. “É o que vai fazer nos próximos dias, nas próximas semanas e, como o senhor presidente da Câmara antecipou, nos próximos anos”, disse.

Na passada quinta-feira, em entrevista à TVI, o líder do Chega, André Ventura, alegou ter tido várias reuniões com o primeiro-ministro que não foram divulgadas à comunicação social com vista a um acordo sobre o Orçamento do Estado para 2025, que incluía a possibilidade de o partido vir integrar o Governo, num “contexto político diferente”.

Nesse dia, o primeiro-ministro assegurou, através da rede social X, que “nunca o Governo propôs um acordo ao Chega”, e acusou André Ventura de mentir. “Nunca o Governo propôs um acordo ao Chega. O que acaba de ser dito pelo Presidente desse partido é simplesmente mentira. É grave mas não passa de Mentira e Desespero”, disse, sem voltar ao tema sempre que foi questionado em público. Nos últimos dias, a acusação voltaria a ser repetida por André Ventura.

No sábado, num comício em Vila Nova de Famalicão (Braga), o secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, afirmou que a direita em Portugal “não é de confiança”, classificando como “uma vergonha” que os líderes do PSD e do Chega se acusem mutuamente de mentir. “Não sabemos quem mente, não vamos dirimir essa disputa. Mas para dizer ‘André, nós não confiámos em vocês e, portanto, não vamos negociar convosco’, bastava uma reunião”, disse Pedro Nuno Santos.

Para o líder socialista, esta é uma questão que precisa de ser clarificada, para os portugueses ficarem com a certeza de que “a palavra do primeiro-ministro é para levar a sério”.

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Ministra da Saúde disponível para diálogo mas alerta que há linhas intransponíveis

  • Lusa
  • 14 Outubro 2024

A ministra da Saúde assegurou que o Governo está disponível para "ouvir, para construir e para negociar" tudo o que "for para beneficiar os cidadãos".

A ministra da Saúde, Ana Paula Martins, reiterou esta segunda-feira que manterá o diálogo com os sindicatos do setor, mas alertou que há “linhas vermelhas que são intransponíveis” para se poder chegar a um consenso.

A Federação Nacional dos Médicos (Fnam) anunciou no sábado que irá “endurecer a luta” contra as políticas do Governo para a saúde e que irá reunir-se com os sindicatos das restantes classes profissionais do setor para definir um plano com esse objetivo.

Questionada sobre esta posição da Fnam à margem de uma visita à Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal, em Lisboa, a ministra disse respeitar “todas as formas de luta”.

“Estamos numa democracia mas não comentamos aquilo que é matéria dos sindicatos e das suas formas de luta. O que nos interessa (…) é que manteremos o diálogo sempre com os profissionais de saúde que queiram dialogar com o Governo e que queiram manter-se sentados na mesa de negociações, não colocando linhas vermelhas que são intransponíveis, porque a negociação é isso mesmo, é não colocarmos uns aos outros obstáculos tais que não consigamos chegar a um consenso”, salientou a governante.

Ana Paula Martins assegurou que o Governo está disponível para “ouvir, para construir e para negociar” tudo o que “for para beneficiar os cidadãos”, frisando que esse é o seu foco.

“Cada um assume as suas responsabilidades. O Governo e o Ministério da Saúde assumem a responsabilidade de negociar para ter um acordo”, sublinhou.

Neste momento, a negociação é com o Sindicato Independente dos Médicos (SIM), “o único sindicato” que “quis continuar sentado à mesa com este Governo para encontrar nos próximos dois meses, até ao final do ano, no máximo, melhores condições, concretamente para os médicos no Serviço Nacional de Saúde, quem tanto precisamos”.

A ministra recordou o acordo alcançado com a plataforma que inclui cinco sindicatos – Sindicato dos Enfermeiros, Sindicato Independente de Todos os Enfermeiros Unidos, Sindicato Nacional dos Enfermeiros, Sindicato Independente Profissionais Enfermagem e Sindicato Democrático dos Enfermeiros de Portugal – que prevê um aumento salarial de cerca de 20% até 2027, que começará a ser pago em novembro deste ano.

“Faremos também com certeza que os farmacêuticos e que os outros técnicos, porque a saúde é uma equipa multidisciplinar e nós precisamos todos”, declarou.

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Pagamento a agricultores afetados pelos incêndios já começou e pode atingir 8 mil pessoas

  • ECO
  • 14 Outubro 2024

Ministro adjunto e da Coesão Territorial diz que, agora que o processo iniciou, o pagamento de prejuízos até 6.000 euros vai fazer-se todos os dias. Os beneficiários são entre 5 mil e 8 mil, disse.

Os agricultores vítimas dos graves incêndios de meados de setembro no Centro e Norte do país já começaram a receber as indemnizações compensatórias pagas pelo Governo.

Manuel Castro Almeida, ministro adjunto e da Coesão Territorial, em declarações aos jornalistas nesta segunda-feira, afirmou que o processo está a decorrer e “a partir de agora, todos os dias haverá pagamentos”.

O processo é relativamente simples: “Alguém da câmara municipal e da CCDR vai ao local, confirma os prejuízos que o agricultor diz que teve, mesmo sem documentos, e havendo uma confirmação, com testemunhos da parte de vizinhos, ou do presidente da junta, e com confirmação do presidente da câmara, é pago o apoio”.

O número de agricultores nesta situação de perdas até 6.000 euros, não comprováveis com documentos, é estimado em 5 mil a 8 mil pessoas, afirmou Castro Almeida. Sem documentos de suporte “nós só pagamos até 6.000 euros. Se tiverem documentos comprovativos de despesas maiores, podemos pagar mais que isso”, disse o governante.

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Nobel da Economia foi coautor de artigo sobre Portugal que irritou Teixeira dos Santos e chegou aos tribunais

Simon Johnson, um dos galardoados com o Nobel da Economia, tem histórico com Portugal. Em 2010 foi coautor de um artigo sobre a dívida portuguesa que provocou a ira de Teixeira dos Santos.

“O Próximo Problema Global: Portugal”. Foi a 15 de abril de 2010 que no blogue Economix, do The New York Times, Simon Johnson, antigo economista-chefe do FMI e esta segunda-feira um dos laureados com o prémio Nobel da Economia, assinava em parceria com Peter Boone, investigador da London School of Economics, um artigo que iria causa polémica durante anos, chegando até aos tribunais.

O post, ilustrado com uma foto do então primeiro-ministro José Sócrates, provocou a ira do ministro das Finanças, Fernando Teixeira dos Santos, que disse no mesmo dia que “num mundo de expressão livre também se podem escrever disparates sem fundamentação sólida, reveladores de ignorância“.

Na base da reação do ministro estava a comparação de Portugal com a Grécia. Os economistas alertavam que “ambos estão, em termos económicos, na vertigem da bancarrota, e ambos parecem mais arriscados do que a Argentina em 2001, quando sucumbiu ao incumprimento”.

Adiantavam que a economia portuguesa teria estado protegida pelo facto de os holofotes dos investidores terem estado centrados na Grécia e que, inevitavelmente, Portugal seria o “próximo no radar” dos mercados. Uma previsão que acabou por se provar fundada nos meses seguintes, com o disparo do custo da dívida portuguesa e o pedido de resgate internacional em maio de 2011.

Leia aqui o artigo publicado por Boone e Johnson em 2010 a antecipar o resgate a Portugal (conteúdo em inglês)

Mas a polémica não ficou limitada a trocas de palavras entre dois economistas e um Governo português sob pressão intensa, acabando por chegar mesmo aos tribunais.

Terá sido um ganho de 820 mil euros com a venda a descoberto de dívida pública portuguesa que levou a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) a dar o alerta ao Ministério Público. O regulador do mercado português suspeitou que Peter Boone utilizou as publicações em blogues para influenciar o preço das obrigações portuguesas, levado à queda do valor dos títulos que, por sua vez, faria disparar os juros da dívida nacional nos mercados. Após um desses artigos, os juros a dez anos passaram de perto de 4,5% para mais de 6%.

O Ministério Público avançou, a 16 de outubro de 2015, com a acusação. Acusou o economista doutorado na Universidade de Harvard, suspeito de estar associado à Salute Capital, um hedge fund, e outros investidores, do crime de manipulação de mercado.

“Simplesmente ridícula”, diz Johnson

Simon Johnson não foi visado pela Justiça portuguesa, mas a 30 de outubro saiu em defesa do seu coautor. Em declarações ao Público, o ex-economista-chefe do FMI classificou a acusação de Peter Boone de “simplesmente ridícula” e “um absurdo”.

“Os investigadores envolvidos [no inquérito-crime a Peter Boone] deviam estar envergonhados”, sublinhou Simon Johnson.

Simon Johnson durante uma conferência organizada pelo Banco Mundial na Coreia do Sul, em Junho de 2009EPA/JEON HEON-KYUN

Boone foi ouvido pelo juiz. O Tribunal decidiu pela não pronúncia, o Ministério Púbico recorreu, mas, a 21 de junho de 2017, três juízes do Tribunal da Relação confirmaram a decisão de não pronúncia. E no dia 12 de julho desse mesmo ano, a decisão transitou em julgado, ou seja, Boone foi declarado inocente.

Na sequência dessa decisão, Boone declarou que estava muito feliz e aliviado com a conclusão do Tribunal da Relação. “Este processo nunca deveria ter existido. Foi uma caça às bruxas iniciada por uma declaração pública do antigo ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, que se sentiu ofendido por eu ter questionado algumas das más decisões económicas que ele e os seus pares estavam a prosseguir”, disse, num comunicado em que afirmava preparar-se para processar o Estado Português por “investigação grosseiramente incompetente e negligente conduzida pela CMVM e pelo Ministério Público”.

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Governo com maior margem orçamental em 2025 e 2026 deixa maior ajustamento para fim da legislatura

Governo compromete-se com a Comissão Europeia a um ajustamento orçamental maior em 2027, tendo maior margem na despesa em 2025 e 2026, altura de mais pressão devido aos empréstimos do PRR.

O Governo terá à sua disposição uma maior margem orçamental em 2025 e 2026, concentrando o maior aperto na despesa para a segunda metade da legislatura, com menor pressão do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). O objetivo está inscrito no Plano Orçamental Estrutural de Médio Prazo, divulgado esta segunda-feira pela Comissão Europeia, e que estipula o compromisso de Portugal para as contas públicas nos próximos quatro anos.

Com as novas regras europeias caíram os Programas de Estabilidade e o Plano Orçamental de Médio Prazo passou a ser o documento central nas negociações com a Comissão Europeia sobre os compromissos orçamentais e em matéria de reformas e de investimentos assumidos por um Estado-membro. Após ter sido negociado entre o Ministério das Finanças e o executivo comunitário durante o verão, o plano define qual deve ser a trajetória orçamental que o país deve seguir para reduzir o rácio da dívida pública face ao Produto Interno Bruto (PIB), uma vez que ainda se situa acima de 90%.

Para averiguar o cumprimento da trajetória passou a existir um indicador fundamental: a despesa líquida, isto é, o valor da despesa pública que exclui juros, medidas discricionárias em matéria de receitas, despesas suportadas por fundos da União Europeia, elementos cíclicos de despesas relativas a prestações de desemprego, e medidas pontuais e outras medidas temporárias. Na prática, os encargos que não resultam da evolução da economia e estão antes sob o controlo dos governos.

De acordo com o plano submetido pelo Ministério tutelado por Joaquim Miranda Sarmento, a trajetória plurianual das despesas líquidas definida pela Comissão Europeia é de em média 3,6% entre 2025 e 2028: em 2025 de 4,1%; em 2026 de 3,6%; em 2027 de 3,4% e em 2028 de 3,3%.

É precisamente a média que o país se propõe a cumprir. Contudo, com uma receita que passa pela despesa líquida a crescer em 2025 e 2026 acima dos valores definidos e em 2027 e 2028 reduzindo-se fortemente. Como o ECO explicou em julho, ao ser calculada como uma média a quatro anos (período do plano) permite que a despesa seja mais elevada em determinado período e no seguinte mais reduzida. Sendo calculada em percentagem do PIB, será também influenciada pelo crescimento da economia.

Assim, o Governo prevê um crescimento da despesa líquida de 5% no próximo ano e de 5,1% em 2026, seguindo-se uma taxa de 1,2% em 2027 e 3,3% em 2028. Com o crescimento potencial projetado, na prática, prevê um maior aperto da despesa e, consequentemente, da política orçamental na segunda metade da legislatura, com 2027 a ser o ano de maior consolidação: 2,7%.

Fonte: Plano Orçamental Estrutural de Médio Prazo

O Ministério das Finanças sublinha que nos próximos quatros anos o esforço orçamental é afetado pela execução de projetos do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), particularmente da componente de empréstimos do MRR, implicando uma deterioração do saldo primário estrutural em 2025 e 2026 e uma melhoria acentuada em 2027. “A correção deste efeito implica uma constante e esforço orçamental positivo no horizonte 2025-2028”, indica.

Segundo a tutela, o perfil de crescimento da despesa corrigido para este impacto está alinhado com o da trajetória de referência. Excluindo a execução de projetos financiados por empréstimos do PRR, “o crescimento anual da despesa líquida diminui consistentemente ao longo do horizonte do Plano (numa magnitude semelhante à Trajetória de Referência)”.

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Seguradoras estimam pagar mais de 17 milhões em indemnizações pelos incêndios de setembro

  • ECO Seguros
  • 14 Outubro 2024

Os dados serão novamente atualizados, mas comércio e serviços sofreram mais prejuízos que habitação. A APS acredita que as participações e prejuízos vão aumentar.

As seguradoras estimam pagar mais de 17 milhões de euros pelas 504 participações de sinistros decorrentes dos incêndios que assolaram o norte e centro do país entre os dias 15 e 19 de setembro, de acordo com os dados provisórios recolhidos pela Associação Portuguesa de Seguradores (APS).

Das respostas das seguradoras ao inquérito feito pela APS, concluí-se que Aveiro foi o distrito mais afetado pelos incêndios. Registou mais de metade dos sinistros reportados e quase um terço do volume de indemnizações que se estimam ser pagas aos segurados.

O Porto fica em segundo lugar dos distritos mais afetados, quer em número de participações, quer em volumes de perdas.

Quanto ao tipo de seguro que registou maiores prejuízos em termos de montantes destaca-se o seguro multirriscos, tanto de comércio e indústria (que representa 67% dos prejuízos), como de habitação (25%).

Os seguros de acidente pessoais e de trabalho apontam para indemnizações em 800 mil euros. Estes reportam “situações de morte e lesões corporais sofridas por pessoas afetadas por estes incêndios“, lê-se no comunicado da associação.

Os dados serão novamente atualizados. A APS acredita que as participações e prejuízos vão aumentar “com o aparecimento de novas participações e apuramento mais rigoroso dos danos”.

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