UE não foi notificada sobre medidas de restrição à exportação de medicamentos

  • Lusa
  • 2 Fevereiro 2024

A notificação prévia é uma imposição da Comissão que pretende assegurar que qualquer regulamento técnico que um Estado-membro pretenda introduzir é compatível com a legislação europeia.

A Associação Portuguesa de Importadores e Exportadores de Medicamentos (APIEM) alertou esta sexta-feira que medidas de restrição à exportação de medicamentos poderão ser declaradas inaplicáveis porque o Infarmed não notificou a Comissão Europeia antes da entrada em vigor.

Em causa está o regulamento sobre notificação prévia de transações de medicamentos para o exterior do país, em vigor desde 2021, explicou à Lusa o secretário-geral da APIEM, que diz ter tomado conhecimento da situação depois de o Infarmed ter notificado a Comissão Europeia sobre alterações ao regulamento, em novembro. “Foi nessa altura que detetamos que não tinha sido notificado em 2021”, referiu.

A notificação prévia é uma imposição da Comissão Europeia que pretende assegurar que qualquer regulamento técnico que um Estado-membro pretenda introduzir é compatível com a legislação europeia e evitar entraves ao mercado interno e medidas protecionistas, explicou José Tavares de Almeida.

No entanto, se esse requisito não for cumprido, as medidas podem ser declaradas inaplicáveis pelos tribunais nacionais e é isso que, segundo o secretário-geral da APIEM, poderá acontecer no caso das medidas de restrição à exportação de medicamentos. “Neste contexto, a APIEM está a estudar quais os próximos passos a tomar do ponto de vista legal nas instâncias portuguesas e europeias”, disse o responsável, sem explicar que hipóteses estão em cima da mesa.

José Tavares de Almeida manifestou-se ainda contra as restrições impostas pelo Infarmed, sublinhando que desde setembro de 2022 o número de produtos incluídos na lista de notificação prévia – que só podem ser exportados com autorização do Infarmed – cresceu mais de 400%, sem efeito, no entanto, na resolução dos problemas de abastecimento em Portugal.

No nosso entender, (a exportação) não é o problema”, argumentou, apontando antes o facto de “não entrarem medicamentos em quantidade suficiente para as necessidades do mercado”. Referindo-se novamente ao regulamento do Infarmed, o secretário-geral da APIEM acrescentou que “mesmo a versão que foi notificada em novembro tem vários problemas de falta de proporcionalidade e falta de transparência”, posição a associação transmitiu em parecer à Comissão Europeia.

A Lusa questionou o Infarmed sobre a posição da APIEM e aguarda resposta.

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Francisco Assis: “Com esta subida do Chega, PS deve preparar-se para governar em minoria com acordos com PSD e CDS”

  • ECO
  • 2 Fevereiro 2024

Francisco Assis é o convidado de mais um episódio do podcast 'Mistério das Finanças', com os jornalistas Pedro Santos Guerreiro e António Costa.

Em entrevista ao podcast “O Mistério das Finanças”, do ECO, Francisco Assis admite “uma reconfiguração radical do sistema partidário” que sugere outros cenários além do da geringonça (se houver maioria de esquerda) ou de aliança AD e IL (se houver maioria de direita sem o Chega): O de um Governo do PS semelhante ao de Guterres de há mais de duas décadas, minoritário, monopartidário, com acordos ao centro com CDS e PSD. Até por isso, o PS deve deixar de chamar “diabo” ao PSD. E vice-versa: para manterem pontes que poderão ter de usar depois.

Assis é o cabeça-de-lista do PS às eleições de 10 de março pelo círculo do Porto e o primeiro socialista de destaque a analisar os resultados da sondagem da SIC/Expresso, que mostra intenções de voto de 21% no Chega, próximo dos 27% na AD e 29% no PS. Em entrevista esta quinta-feira de manhã no podcast “O Mistério das Finanças” (que pode ouvir na íntegra), Assis abre assim um cenário de centro que não tem ocupado o discurso oficial, que tende a dividir-se numa luta de esquerda contra direita.

Nós podemos estar de novo confrontados com uma situação em que tenha de haver um diálogo muito maior entre o PS e o PSD e o CDS”, diz Francisco Assis. “Isso foi uma coisa que caracterizou as primeiras décadas da nossa vida democrática e é algo que se poderá ter de recuperar. E olho para isso não com preocupação mas, pelo contrário, acho que é próprio de uma democracia madura, de uma democracia estabilizada, ter encontrado as melhores soluções em cada momento.” Ou seja, não um bloco central (aliança formal entre PS e AD), mas governar em minoria fazendo acordos parlamentares ao centro, como aconteceu nos tempos de António Guterres: “Essa é uma possibilidade que claramente já foi testada no passado e funcionou”, responde Francisco Assis. E sabe do que fala: foi líder parlamentar no governo de Guterres.

Esta sondagem aponta para uma reconfiguração radical do sistema partidário, com consequências ao nível do funcionamento do sistema política em geral. A concretizar-se, significará uma alteração profunda do panorama político português”, reconhece.

E que reconfiguração é essa, se se confirmar nas eleições de 10 de março? Francisco Assis defende “um compromisso que entre os partidos demoliberais, ou seja, os que se reconhecem “neste modelo de regime em que vivemos, com todas as suas lacunas e dificuldades, mas que é sem sombra de dúvidas o melhor modelo de regime que a humanidade já foi capaz de conceber”: conversarem “uns com os outros”.

“Não vou dizer se devemos viabilizar o governo deste ou daquele, ou se os outros devem estar obrigados a viabilizar um governo do PS”, mas “nenhum partido está acima do regime democrático” e todos “têm a obrigação de concorrer para a preservação do regime democrático e para a qualificação da nossa democracia”.

Não culpar os eleitores…

Um resultado semelhante ao das últimas sondagens, com crescimento muito pronunciado do Chega, significaria em primeiro lugar “um profundo descontentamento de largos sectores da sociedade portuguesa em relação a aspetos importantes do próprio funcionamento do regime”, admite Assis. Que recomenda: “Nós não podemos cair na tentação de culpabilizar as pessoas, de ir a correr dizer que aqueles que votam neste ou naquele estão todos errados, não compreendem minimamente a realidade, e são pessoas quase incapazes de exercer democraticamente e de forma responsável o seu direito de voto. Não, isso é a pior forma de tratar dos assuntos, há que ter respeito pelos eleitores, mesmo quando combatemos os partidos em que eles votam”. Até porque “essas pessoas no passado votaram noutros partidos e nessa altura não dizíamos que votavam mal”.

Mas “é evidente que isto também aumenta a responsabilidade”, diz. “Esta campanha eleitoral decorre num contexto excecional, tem de haver um particular respeito pelos nossos adversários e deles para connosco, uns com os outros, não somos inimigos uns dos outros, esta campanha tem de se travar com elevação, até para prestigiar as instituições democráticas. Temos de dizer com clareza o que pensamos sobre o país – o que está mal, o que está bem, o que queremos mudar e o que queremos continuar -, cada partido político, cada coligação tem o dever de apresentar com toda a clareza ao país o que se propõe fazer, que programa eleitoral é que tem, mas sempre com um grande respeito, uma grande preocupação em manter um nível muito elevado no debate pré-eleitoral.”

… nem dinamitar pontes

Ou seja, o próprio PS não deve tratar o PSD como inimigo mas como adversário, até porque ambos podem acabar por terem de falar um com o outro. “Penso que o PS, nos últimos anos, nalguns momentos, dirigiu-se ao PSD e ao CDS de uma forma que não era a forma mais adequada. Com uma cedência à tentação de demonização dos partidos de direita democrática.” Ora foi isso que aconteceu no Congresso do PS de janeiro, quando António Costa disse que “o diabo é a direita” no seu discurso. “É uma frase em que obviamente não me reconheço, nunca me reconheci nesse tipo de declarações e disse-o em privado e publicamente várias vezes. Julgo que isso foi um erro”, responde Assis.

Quem chamou a troika? “É preciso verdade”

Os ataques entre PS e PSD passam amiúde pela disputa sobre a assinatura da austeridade. Assis apela a que se fale a verdade.

“Em 2010, 2011 quem teve de negociar com a troika o Programa de Assistência Financeira ao Estado Português foi o governo do Partido Socialista. Quem iniciou uma política de austeridade na altura foi um governo do Partido Socialista – eu era líder parlamentar nessa ocasião histórica, recordo-me bem do que foi e das circunstâncias em que o tivemos de fazer. E se considero que uma parte significativa da direita portuguesa faz uma apreciação pouco séria do se passou então no que levou a essa situação, também devo dizer que em muitos momentos o Partido Socialista não agiu da forma mais correta na forma como tentou imputar em absoluto ao PSD e ao CDS a responsabilidade do que se estava a passar”.

Assis exemplifica com o seu próprio caso: durante o governo de Passos e Portas, criticou muitas vezes “mas nunca cometi o erro de lhes atribuir determinados intuitos que notoriamente não tinham. E o PS entretanto regressou ao poder em 2015 e a partir de certa altura também pareceu exagerado e errado estar sistematicamente a insistir nos males dos quatro anos da governação da direita e portanto todas as responsabilidades pelo que de maus existia no nosso país.”

É pois preciso “falar verdade”, é isso que as pessoas esperam. “Falar verdade não é transportar consigo uma verdade absoluta, é não deturpar os factos, é fazer uma descrição exata da realidade e assumir as nossas posições”.

Cenário 1: acordos ao centro

Portugal não está condenado ou a um governo de direita ou a ter um governo com uma geringonça, defende Assis, “não creio que a situação seja assim tão simples e estas sondagens apontam para isso”.

Quando foi líder parlamentar com António Guterres, o PS não tinha maioria absoluta, “pelo contrário, nós não conseguíamos aprovar nada sozinhos”, recorda. Guterres foi primeiro-ministro “nunca tendo tido maioria absoluta e com um governo monopartidário, [e] foi possível estabelecer entendimentos no plano parlamentar com outros partidos políticos, umas vezes com o CDS, noutros casos com o PSD. Esses entendimentos incidiam sobre o documento fundamental que anualmente é aprovado – que é o Orçamento do Estado”.

Ou seja, infere-se, no cenário de PS ganhar e a maioria ser de direita, o PS, o PSD e o CDS devem estar disponíveis para negociar as aprovações de Orçamento do Estado.

Cenário 2: geringonça

Se o PS ganhar e houver maioria de esquerda, não há grandes segredos escondidos: renegocei-se uma geringonça à esquerda. Até porque “já temos uma experiência histórica”.

Assis foi um crítico da geringonça, mas agora vê nela virtudes. E explica a mudança: “tive um grande receio que, de alguma maneira, alguns dos nossos compromissos no plano europeu viessem a ser postos em causa por esse acordo. Até porque, numa certa altura [houve] um momento Syriza no Partido Socialista, em que alguns dos mais altos dirigentes do PS faziam declarações e manifestavam até algum fascínio por esse momento Syrisa, até que ele se desvaneceu completamente quando o próprio Syrisa se reorientou politicamente e praticamente se tornou a dada atura partido centrista, um partido de centro-esquerda”.

Mas “as minhas preocupações maiores em relação à geringonça não se verificaram. Foi um período de estabilidade política. Há que reconhecer até que a existência de dois partidos política a acompanhar o PS de alguma maneira acabou até por favorecer essa mesma estabilidade política, porque o PS de certa maneira tinha a obrigação de estar permanentemente a prestar contas no plano parlamentar. E foi um período até mais estável do que o período em que o governo governou agora, recentemente, com maioria absoluta.”

Agora, “os portugueses já sabem, quando votarem no dia 10 de março no PS, que essa é uma possibilidade, ninguém vai ser enganado”.

Cenário 3: maioria AD + IL

E se houver uma maioria da direita democrática? Que posição deve assumir o PS?

“Isso seria uma situação nova do ponto de vista da política”, responde Assis, realçando que essa solução nunca foi testada. Mas “pela mesma razão que entendo que, em relação ao PS, a direita democrática não pode estar absolutamente fechada, a esquerda democrática também não pode estar absolutamente fechada” a uma governo AD e IL, se esta combinação tiver maioria sem o Chega.

Conclusão: “Temos de ter noção de que a realidade política portuguesa sofreu ou pode sofrer uma alteração de tal ordem que os partidos têm de estar disponíveis para dialogar uns com os outros, todos os partidos democráticos”, sintetiza Assis.

“Nós neste momento não devemos dizer ‘vamos viabilizar isto ou aquilo’, porque não sabemos até em que termos é que os partidos estariam dispostos a negociar uns com os outros; mas há uma obrigação que temos de dizer, a de dizer que, por definição e por princípio, ‘nós não vamos inviabilizar qualquer solução que seja uma solução democrática’ e que seja uma solução que concorra para a salvaguarda do regime democrático em Portugal”.

“O Mistério das Finanças” é um podcast semanal do Eco, apresentado pelos jornalistas António Costa e Pedro Santos Guerreiro. Ouça este e outros episódios nas plataformas habituais de podcasts.

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Açores vão às urnas no domingo com o Chega à porta do Governo

  • Joana Abrantes Gomes
  • 2 Fevereiro 2024

Sem uma maioria absoluta, a chave para o próximo governo regional pode estar no Chega, a terceira força política. Efeitos a nível nacional, para já, só se sentem na campanha para 10 de março.

Onze forças políticas, entre as quais três coligações, vão a votos no domingo, dia 4 de fevereiro, nos Açores. É a primeira de três idas às urnas em Portugal este ano – que poderão ser quatro, se se confirmarem eleições antecipadas também na Madeira. No arquipélago com nove ilhas, a votação ocorre cerca de oito meses antes do previsto, depois de o último orçamento regional ter sido chumbado e, consequentemente, o Presidente da República optar pela dissolução do Parlamento açoriano.

A mais recente sondagem da Universidade Católica apontava para o PS ser o partido mais votado, numa estimativa de 39% das intenções de voto, contra 36% da coligação formada pelo PSD, o CDS-PP e o PPM. No entanto, embora os socialistas tenham tido o melhor resultado (39%) nas eleições anteriores, em 2020, foi o PSD, com 33% dos votos, que formou governo, coligado com o CDS e com o apoio parlamentar da Iniciativa Liberal (IL) e do Chega.

Aquilo que desencadeou eleições antecipadas foi a própria configuração desta fórmula governativa, que desde o primeiro dia apresentou o seu prazo de validade. Não sabíamos é qual era a validade.

Teresa Ruel

Professora de Ciência Política no ISCSP-UL

Foi a primeira vez que o partido liderado por André Ventura (e a Iniciativa Liberal) fez parte de um acordo parlamentar para a formação de um executivo, ainda que tenha sido ao nível regional. Desde então, a hipótese de a fórmula se repetir – ou de fazer mesmo parte de um governo – quer a nível nacional, quer novamente nos Açores ou na Madeira, tem sido sempre equacionada nos debates pré e pós-eleitorais.

“Já estamos em campanha para as eleições legislativas de 10 de março e os tópicos sobre potenciais parceiros de apoio parlamentar, caso o Governo necessite desse apoio, estão fortemente presentes”, até porque “os partidos são de âmbito nacional e não regional”, apontou Teresa Ruel, professora de Ciência Política, em declarações ao ECO.

Os olhares centram-se nos partidos pequenos, mas mais sobre o Chega do que em qualquer outro. Surgindo em terceiro lugar nas sondagens (9%), pode ser a chave para desbloquear uma solução governativa depois de domingo, visto que dificilmente existirá uma maioria absoluta. Para o PS, o cenário é uma linha vermelha, mas o cabeça-de-lista da coligação do PSD/CDS-PP/PPM, José Manuel Bolieiro, já disse que “não abre nem fecha a porta ao Chega”.

Embora o líder do PSD/Açores tenha sido “muito equívoco” em dizer se considera o Chega para formar governo, também o próprio André Ventura já disse que, desta vez, não quer acordos de incidência parlamentar e admitiu discutir uma posição no governo da região, notou Teresa Ruel. No entanto, acrescentou, “o próprio posicionamento do Chega já foi muitas coisas ao longo dos últimos três anos”, tendo ameaçado várias vezes romper o acordo.

A experiência governativa inédita que resultou das eleições regionais de outubro de 2020 não aguentou a constante instabilidade, provocada tanto pelos partidos que suportavam o Executivo de José Manuel Bolieiro – com a demissão do secretário regional da Saúde, que alegava “divergências insanáveis” –, como pelo apoio parlamentar na Assembleia Legislativa. A IL que, desde o primeiro momento, foi fazendo as suas exigências para manter o apoio parlamentar, acabou por romper o acordo em março de 2023. Em novembro, o deputado Nuno Barata juntou-se ao PS e ao BE e votou contra as propostas de Plano e Orçamento da região para este ano, cujo chumbo levou à dissolução do Parlamento.

O Chega, que havia elegido dois deputados, viu o seu líder regional, Carlos Furtado, abandonar o partido e passar a deputado independente, passados apenas nove meses das eleições. José Pacheco, o outro parlamentar, ameaçou por várias vezes rasgar o entendimento. Pela primeira vez, absteve-se na votação da proposta orçamental em novembro, mas o seu voto favorável não teria sido suficiente para aprovar o documento.

Aquilo que desencadeou eleições antecipadas foi a própria configuração desta fórmula governativa, que desde o primeiro dia apresentou o seu prazo de validade. Não sabíamos é qual era a validade“, afirmou Teresa Ruel. A docente do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa (ISCSP-UL) lembrou quando, logo em 2021, houve o risco de a região ser governada por duodécimos devido à ameaça dos liberais de que não aprovariam o orçamento.

O Executivo regional liderado por José Manuel Bolieiro pôs fim a 24 anos de governação socialista nos Açores.Lusa

Outro caso relacionado com o acesso às agendas mobilizadoras do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) também fez tremer um pouco o Governo açoriano, tendo chegado a ser criada uma comissão de inquérito parlamentar para investigar as candidaturas das empresas da região às verbas dos fundos comunitários. “Terá sido esse o problema que tenha prevalecido nesta iniciativa: falta de informação, comunicação e de tempo para o envolvimento geral de todos os atores e coautores desta oportunidade”, admitiu, na altura, José Manuel Bolieiro.

No domingo, os 10 círculos eleitorais (um por cada ilha e um de compensação) elegem os 57 lugares do Parlamento açoriano, onde a coligação encabeçada pelo PSD deseja alcançar uma maioria. A Alternativa Democrática Nacional (ADN), a nova sigla do antigo Partido Democrático Republicano (PDR), e o Juntos Pelo Povo, partido que nasceu na Madeira, são as novidades no boletim de voto.

A CDU, por sua vez, vai tentar regressar à assembleia regional, enquanto o PS tem em jogo o regresso ao governo, novamente sob a liderança de Vasco Cordeiro. O PAN, a IL, o Chega e o Bloco de Esquerda procuram a reeleição dos mandatos alcançados em 2020, indo ainda a votos o Livre e a coligação Alternativa 21, formada pelo Aliança e o Partido da Terra, que viram a candidatura rejeitada e só concorrem em Santa Maria.

Foco em apoios sociais deixa de fora propostas para crescimento económico da região

A criação de um fundo de garantia para os produtores de leite e a implementação do “Preço Açores” são as principais novidades do programa económico apresentado por José Manuel Bolieiro. O ainda presidente do Governo dos Açores destaca esta última como uma “medida de caráter transitório” que visa regular o preço do cabaz de bens alimentares essenciais, cujo objetivo é poder aplicar, mediante determinadas condições, um desconto até 20% nos produtos da região.

Por outro lado, a coligação PSD/CDS-PP/PPM promete dar continuidade a medidas como a Tarifa Açores (que permite a residentes no arquipélago viajar de avião entre ilhas por um valor máximo de 60 euros, ida e volta) e avaliar o seu alargamento, enquanto ao nível dos impostos quer manter “a redução das taxas do IVA, do IRS e do IRC, nos limites máximos permitidos pela Lei das Finanças das Regiões Autónomas” e “explorar novas competências no domínio fiscal”.

As áreas da saúde e da habitação não foram esquecidas nas propostas da coligação de centro-direita. Na primeira, propõe “a renovação automática da medicação crónica nas farmácias, a cada dois meses, sem necessidade de marcação de consulta médica a doentes crónicos, que tomam medicação habitual e regular”, como também o aumento do COMPAMID (aquisição de medicamentos), do Complemento Especial para o Doente Oncológico e da comparticipação diária atribuída aos doentes deslocados e seus acompanhantes; para a habitação, quer criar um “programa de casas acessíveis”.

As medidas incluem ainda a apresentação de uma iniciativa legislativa à República “para antecipar a idade da reforma dos açorianos“; a valorização das carreiras profissionais gerais dos trabalhadores na Função Pública; e o aumento do complemento ao abono de família.

De fora do debate público tem ficado a estratégia para o crescimento da economia e do incremento da capacidade económica e fiscal própria da região. Para além disso, o debate tem omitido o que é preciso fazer para melhorar as nossas instituições sociais e económicas (…). Com instituições mal preparadas, esta volatilidade prejudica sobremaneira o bom funcionamento de muitas instituições e, consequentemente, da economia.”

Mário Fortuna

Presidente da Câmara do Comércio e Indústria de Ponta Delgada

Do lado do PS, é proposto retomar o transporte marítimo de passageiros e viaturas, tendo como base a Tarifa Açores, que é para manter. O líder dos socialistas nos Açores, Vasco Cordeiro, defende que esta medida contribuirá para estimular o desenvolvimento do mercado interno e criar as condições para uma melhor mobilidade de pessoas e bens entre as ilhas da região.

Ainda ao nível dos transportes, nomeadamente da privatização da Azores Airlines, que “é algo do interesse da própria companhia, da sua vitalidade, da sua sustentabilidade”, Vasco Cordeiro declarou que “é um compromisso assumido pela região junto da Comissão Europeia que o Governo Regional do PS honrará”.

À semelhança da experiência no continente, o também presidente do Comité das Regiões pretende encetar a semana de trabalho de quatro dias na administração regional, argumentando ser “preciso voltar a respeitar os funcionários públicos, para que não sejam alvo de perseguições e de joguetes políticos e de promoções pessoais”. Não obstante, garante que, com o PS, os lugares de nomeação política na administração regional vão diminuir, assim como se compromete a “cortar nas nomeações para os gabinetes dos membros do governo”.

Vasco Cordeiro promete ainda a criação de um mecanismo financeiro para garantir às empresas pagamentos a tempo e horas. Após uma reunião com a direção da Câmara de Comércio e Indústria de Ponta Delgada, sublinhando “o risco que os Açores têm de perder fundos comunitários”, defendeu “a existência de uma carta estratégica que dê previsibilidade aos empresários das diversas áreas quanto à forma, ao tempo e ao modo” como as verbas do PRR e do Programa 2030 serão aplicados.

No entanto, em declarações ao ECO, o presidente da Câmara do Comércio e Indústria de Ponta Delgada criticou “a continuidade das políticas que ambas as forças vinham seguindo enquanto governaram”. “Não há qualquer proposta que se possa considerar estruturalmente disruptiva das políticas anteriormente seguidas”, afirmou Mário Fortuna.

No que toca às propostas para os transportes marítimos, o também professor catedrático da Universidade dos Açores nota que quer o PS quer a coligação apostam na melhoria do tráfego inter-ilhas, mas não referem o que se preconiza para fazer baixar custos ou para as ligações com o resto do país, enquanto na aplicação dos fundos comunitários apontam para um melhor aproveitamento sem especificar como isso se pode fazer.

As questões económicas têm sido secundarizadas a favor das questões sociais e da habitação, que se transformaram em bandeiras transversais a todas as forças políticas”, apontou Mário Fortuna, especificando que, embora o controlo do endividamento público seja assumido como um propósito dos vários partidos, o problema dos pagamentos em atraso às empresas não é abordado de forma aprofundada, e “a privatização da SATA é um assunto remetido para as exigências de Bruxelas”.

Assim, continuou, a estratégia para o crescimento da economia e do incremento da capacidade económica e fiscal própria dos Açores “tem ficado fora do debate público”, que tem igualmente omitido propostas para melhorar as instituições sociais e económicas. “Com instituições mal preparadas, esta volatilidade prejudica sobremaneira o bom funcionamento de muitas instituições e, consequentemente, da economia”, assinalou, ao ECO, o responsável.

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CTT: um universo de serviços inovadores e soluções transformadoras

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  • 2 Fevereiro 2024

Milhares de colaboradores, parceiros e clientes dos CTT estiveram reunidos, durante dois dias, no Centro de Congressos do Estoril, para conhecerem a estratégia da empresa para 2024.

Os CTT juntaram, ao longo de dois dias, no Centro de Congressos do Estoril, milhares de colaboradores, parceiros e clientes, onde foi feita uma retrospetiva de 2023 e apresentadas as principais prioridades e desafios para este ano, em Portugal e Espanha.

A empresa, que é hoje muito mais do que uma empresa de correio, apresentou o seu alargado portefólio e debateu vários temas importantes no mercado em várias sessões, onde foram apresentadas algumas das tendências para este ano nos setores de Publicidade, Soluções Digitais, Business Process Outsourcing (BPO), Contact Centers, E-Commerce, Administração Pública e Inovação.

Publicidade

Na sessão relacionada com o tema “Publicidade”, que teve como orador convidado Pedro Graça, da agência Havas, foram relembradas as vantagens e a eficácia do correio publicitário num mundo sobrecarregado de mensagens digitais. Partindo do insight “No passado, os emails estavam vazios e as caixas de correio cheias. Hoje, os emails estão cheios e as caixas de correio vazias”, Pedro Graça relembrou a necessidade de quebrar a distração digital com um momento “mágico” que um suporte físico pode proporcionar, envolvendo os cinco sentidos e muita criatividade, para além da importância da personalização das mensagens. No painel, moderado por Ricardo Luz, dos CTT, estiveram ainda presentes Andreia Paulo, da JCDecaux, Miguel Cal, dos CTT, e Nuno Antunes, da agência Milford, que reforçaram e debateram a importância da complementaridade entre o físico e o digital.

Soluções Digitais Empresariais

Já relativamente ao tema das soluções digitais empresariais, os CTT comprometem-se a ajudar as organizações na sua transformação digital. Foi convidado Bruno Padinha, do Grupo Impresa, que apresentou a expansão digital do jornal: “No Expresso, cedo percebemos a urgência de explorar como oportunidade a «ameaça digital» que concretizámos numa oferta digital que inova e expande a clássica em papel”. No painel, moderado por Mário Sousa, dos CTT, foram convidados André Ferreira, dos CTT, Javier Roca Navarro, da Digitel, e José Henriques, da Reisswolf, que apresentaram ofertas que complementam os produtos físicos com serviços digitais nas áreas de Gestão de Arquivo, Digitalização e Destruição Certificada, Certificação Digital e Correio Híbrido e Digital, entre outras.

Business Process Outsourcing – BPO

Além disto, nos últimos anos tem-se verificado um forte crescimento do outsourcing, muito suportado na transformação digital, na flexibilidade do trabalho e na forte pressão para a eficiência e eficácia dos processos. Por essa razão, houve também uma sessão sobre BPO, que contou com a presença de Francisco Cal, da Deloitte, que partilhou as principais tendências, desde a consolidação de fornecedores e integração de serviços end-to-end com redução de custos, passando pela evolução de modelos de contratação focados nos resultados e inovação com relação colaborativa, até à qualificação de fornecedores com requisitos de sustentabilidade, segurança e compliance. No painel, moderado por Jorge Frois, da Newspring, foram convidados Cláudia Borges, da Moneris, Cláudia Castro, da Tranquilidade, João Libório, da CGD, e Rui Rosado, da EDP, que partilharam as suas experiências, onde a relação próxima com os CTT/NewSpring tem reforçado a qualidade do serviço e aumentado a eficiência e inovação.

Contact Centers

Nuno Almeida, da EY Consulting Portugal, reforçou, ainda, a importância da Inteligência Artificial Generativa no customer service e das soluções de assistente virtual. Hoje, os CTT contam com o chatbot “Helena”, que oferece aos clientes assistência em tempo real, a nível informativo e transacional. No painel, moderado por Liliana Pereira, da Newspring, Armando Trivelatto, da Five9, apresentou as soluções Agent Assist – acesso em tempo real de informação dos clientes com personalização do atendimento -, e o Agente Virtual Inteligente – Atendimento por Bots. Ana Pinto, da Generali/Tranquilidade, partilhou, por sua vez, o desafio da centralização das várias marcas do grupo num único contact center e a aposta na evolução tecnológica com a utilização de IVR de voz natural e outras soluções self-service. Luís Ferreira, da Worten, reforçou a importância de ter um parceiro de confiança que garanta a flexibilidade, tecnologia e qualidade das equipas, e referiu o grande desafio, com balanço positivo, da transição do contact center para a Newspring, em plena peak season.

E-commerce

Como líder do e-commerce em Portugal, os CTT asseguraram este tema com Francisco Travassos, dos CTT, como orador. A importância dos pontos de entrega alternativos, o crescimento da venda/compra de produtos em segunda mão, a relevância das devoluções e a sustentabilidade foram algumas das tendências abordadas. No painel, moderado por Pedro Faraústo, dos CTT, Alexandre Branco, Catarina Costa e Pedro Sousa Neves, dos CTT, apresentaram algumas das várias soluções que a empresa detém ao longo de toda a cadeia de valor, respetivamente nas áreas de Logística, Pagamentos e criação de Lojas Online. Já o cliente convidado, Rui Gonçalves, do El Corte Inglês, partilhou os vários desafios que o e-commerce coloca e a experiência muito positiva de utilização do CTT Now (entregas no próprio dia).

Administração Pública

Sobre a descentralização na Administração Pública Local e a transição digital, foi abordada a necessidade de reforço das suas valências para otimizarem processos e inovarem na forma como comunicam com cidadãos e stakeholders. Rui Lavado, da Management & Capital Advisors, focou a importância da digitalização para melhorar a eficiência, eficácia, e proximidade às populações, reduzindo custos e impacto ambiental. Na sessão, moderada por Telmo Silva, dos CTT, foram apresentadas soluções nas áreas já descentralizadas da Educação, com Amaral Carvalho da Edubox, e na área da Gestão de Contraordenações Rodoviárias, com Pedro Furtado Pereira, dos CTT, onde também Sónia Correia, da Cascais Próxima, deixou o seu testemunho.

No âmbito da iniciativa do PRR, “Bairros Comerciais Digitais”, Ricardo Fernandes, da Wavecom, apresentou ainda a proposta de valor conjunta com os CTT para a transição digital sustentada do setor do comércio e serviços locais, com aumento dos negócios e resiliência via e-Commerce e tecnologia.

Inovação

O tema inovação fechou o encontro com uma sessão que contou com a presença de Rita Casimiro, da Maze Impact, que apresentou o Desenvolvimento Sustentável como oportunidade para novos projetos e deu a conhecer a sua abordagem com o conceito de caixa de ferramentas da inovação. O painel de debate, moderado por Carlos Bhatt, dos CTT, recebeu Teresa Fiúza, da Portugal Ventures, Inês Gonçalves, da Flour, Pedro Martins, da Singularity, e Miguel Freire, da Neuralshift, e abordou a importância do Venture Capital e de outros instrumentos de financiamento na inovação em Portugal, bem como referenciou alguns projetos com os CTT na área da Inteligência artificial generativa, com o chatbot “Helena” de atendimento ao cliente e na inovação ao nível do design thinking e service design com a App CTT. O debate, encerrado pelo Nuno Matos dos CTT, abarcou ainda os desafios e riscos transversais que se vivem no curto e longo prazo e como é que as parcerias podem ajudar a ultrapassar com sucesso esta turbulência.

Além dos debates, a Convenção dos CTT incluiu uma área de exposição de conteúdos, onde se mostrou a atuação da empresa nas diferentes vertentes, e contou ainda com a presença de parceiros de diversas áreas: Adsalsa, Edubox / Inovar, Globalbox, Go Wifi, Iberinform, Inforlandia, Inn Aroma / Digitel, Intimus, IT Gest, Mygon, Newvision, Reisswolf, Wavecom, Wiremaze e Zetes.

 

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CNE recebeu 47 “queixas/processos” e enviou 10 ao Ministério Público sobre as eleições nos Açores

  • Lusa
  • 2 Fevereiro 2024

Das "47 queixas/processos" registados até esta sexta, 20 foram por iniciativa do Partido Socialista (PS) e 18 apresentados por cidadãos.

A Comissão Nacional de Eleições (CNE) recebeu 47 “queixas/processos” relativos às eleições para a Assembleia Legislativa Regional dos Açores, marcadas para domingo, tendo decidido enviar 10 para o Ministério Público, disse esta sexta-feira o seu porta-voz.

Das “47 queixas/processos” registados até esta sexta, 20 foram por iniciativa do Partido Socialista (PS) e 18 apresentados por cidadãos, informou o porta-voz, Fernando Anastácio. Há também três processos por iniciativa dos órgãos de comunicação social, dois por entidades públicas, um pelo partido Iniciativa Liberal (IL), um pelo Partido Popular Monárquico (PPM), um pelo CDS – Partido Popular (CDS–PP) e um por órgãos das autarquias locais, de acordo com a mesma fonte.

A maioria dos processos, precisamente 39, tem como tema a “neutralidade e imparcialidade das entidades públicas”, refere este órgão independente que funciona junto da Assembleia da República e exerce a sua competência relativamente a todos os atos de recenseamento e de eleições para os órgãos de soberania, das regiões autónomas e do poder local.

Segundo a CNE, registam-se ainda dois processos relacionados com suspensão de mandato, dois sobre tratamento jornalístico das candidaturas, um sobre propaganda, um relativo a assembleias de voto, um sobre o evento na véspera ou dia da eleição e um sobre publicidade comercial. Relativamente aos visados, 32 dos processos são dirigidos a entidades públicas, cinco a órgãos das autarquias locais e um a órgãos de comunicação social, revelou o porta-voz da CNE, em resposta escrita enviada à agência Lusa.

Em relação ao tipo de deliberação, 17 processos foram arquivados, 10 foram enviados ao Ministério Público (MP), nove ficaram em procedimento de injunção, cinco foram encaminhados para parecer/esclarecimentos, cinco resultaram em advertência e um em recomendação.

Estes dados sobre o último dia de campanha para as eleições legislativas regionais dos Açores, e o relatório síntese da CNE sobre os processos recebidos (queixas/pedidos de parecer) será atualizado com os dados até às 24:00 desta sexta-feira, para ser publicado no sábado no seu site deste órgão independente.

No domingo, 4 de fevereiro, quase 230 mil eleitores vão votar para escolher os 57 lugares do parlamento regional, após a primeira legislatura com fim antecipado na história do arquipélago, na sequência do chumbo do Plano e Orçamento Regional para este ano e da dissolução da Assembleia Legislativa pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.

Onze candidaturas concorrem às legislativas regionais: PSD/CDS-PP/PPM, ADN, CDU (PCP/PEV), PAN, Alternativa 21 (MPT/Aliança), IL, Chega, BE, PS, JPP e Livre.

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Preço do gasóleo agrícola desce até segunda-feira, garante Medina

  • Capital Verde
  • 2 Fevereiro 2024

Fernando Medina admite que o plano de 439 milhões de apoio aos agricultores não vai resolver todos os problemas, mas garante que até segunda-feira o preço do gasóleo agrícola estará mais barato.

O ministro das Finanças anunciou que a partir da próxima segunda-feira, 5 de fevereiro, o preço do gasóleo marcado e colorido, mais conhecido por gasóleo agrícola, vai baixar.

Em entrevista à rádio Renascença, esta sexta-feira, Fernando Medina admite que o plano de 439 milhões de apoio aos agricultores, anunciado pelo Governo esta semana, não vai resolver todos os problemas, mas “há um conjunto de soluções que respondem aos problemas colocados”. Entre elas, exemplifica, está a redução fiscal de 55% no gasóleo agrícola, que estará em vigor até segunda-feira.

“Relativamente à diminuição da tributação sobre o gasóleo marcado ela entrará em vigor, o mais tardar, na próxima segunda-feira. Nessa altura os preços estarão ajustados nas gasolineiras”, garantiu o ainda ministro das Finanças, considerando que esse é “um sinal de confiança para todos de que o Governo está a fazer a sua parte“.

A promessa de Medina chega numa altura em que os agricultores continuam os protestos em vários pontos do país, nomeadamente Coimbra, Alcochete e Vila Franca de Xira, por considerarem que os apoios estatais são insuficientes face às dificuldades sentidas pelo setor. Após a reunião desta quinta-feira com o Ministério da Agricultura, representantes do setor voltaram a reunir-se com o gabinete de Maria do Céu Antunes, em Alcochete.

Na quarta-feira, o Governo avançou com um pacote de ajuda aos agricultores, destinado a mitigar o impacto provocado pela seca e a reforçar o Plano Estratégico da Política Agrícola Comum (PEPAC).

A nível europeu os protestos também são sentidos. A Comissão Europeia vai preparar com a presidência semestral belga do Conselho da UE uma proposta para a redução de encargos administrativos dos agricultores, que será debatida pelos ministros da Agricultura dos 27 Estados-membros do bloco europeu no próximo dia 26 de fevereiro.

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Parlamento federal alemão simplifica deportações e naturalizações

  • Lusa
  • 2 Fevereiro 2024

O número de repatriamentos em 2023 foi cerca de 25% superior ao do ano anterior, "mas ainda há uma necessidade significativa de alterações" na lei.

O parlamento federal alemão, Bundesrat, aprovou esta sexta-feira dois projetos de lei do Governo, um que simplifica os procedimentos de naturalização de estrangeiros e outro que visa facilitar a deportação de imigrantes a quem foi negado o direito de asilo. Ambos os projetos foram previamente aprovados pelo Bundestag, ou câmara baixa.

Congratulo-me com o facto de o Bundesrat ter aprovado o projeto de lei para melhorar o repatriamento. Com este pacote legislativo, estamos a garantir que as pessoas sem direito a permanecer [na Alemanha] tenham de deixar o nosso país mais rapidamente”, afirmou a ministra do Interior alemã, Nancy Faeser.

Segundo a ministra, o número de repatriamentos em 2023 foi cerca de 25% superior ao do ano anterior, “mas ainda há uma necessidade significativa de alterações” na lei. “As medidas restritivas são necessárias para que possamos continuar a cumprir a nossa responsabilidade humanitária para com as pessoas que temos de proteger da guerra e do terrorismo, como os 1,1 milhões de refugiados da Ucrânia”, sublinhou.

As novas regras em matéria de asilo aumentam o tempo máximo de detenção antes de uma expulsão de 10 para 28 dias, a fim de reduzir a possibilidade de as pessoas em causa, uma vez libertadas, escaparem ao controlo das autoridades. Além disso, serão possíveis expulsões sem aviso prévio, desde que as famílias e as crianças com menos de 12 anos não sejam afetadas.

O projeto de lei prevê ainda novos motivos de expulsão, como a prática de crimes antissemitas ou a entrada na Alemanha com documentos falsos. O outro texto aprovado pelo Bundesrat permitirá que os estrangeiros obtenham a cidadania alemã após cinco anos de residência legal, em vez dos oito anos anteriormente exigidos, e mantenham a sua cidadania de origem. No caso de uma integração bem-sucedida, a cidadania alemã poderá mesmo ser obtida após três anos.

Há requisitos que, contudo, se manterão em vigor, como o apoio à ordem democrática. A reforma da lei da nacionalidade foi criticada pela oposição e, por exemplo, o vice-presidente do grupo parlamentar da União Democrata-Cristã (CDU), Jens Spahn, afirmou que a nova legislação vai dar origem a milhões de pessoas com dupla nacionalidade e a conflitos de lealdade, precisamente numa altura em que existe tensão na Alemanha.

Segundo Spahn, a lei da nacionalidade contraria os esforços de redução da pressão migratória que conduziram à reforma da lei do asilo, que a CDU considera, de qualquer modo, demasiado pouco restritiva.

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Passageiros transportados pelo Grupo SATA aumentam 25% para 2,4 milhões em 2023

  • Lusa
  • 2 Fevereiro 2024

A SATA Air Açores transportou cerca de 952.000 passageiros e a Azores Airlines aproximadamente 1,4 milhões de passageiros, o que se traduz em aumentos de, respetivamente, 39,7% e 60,3%, em 2023.

O Grupo SATA transportou 2,4 milhões de passageiros em 2023, um aumento de quase 25% face ao ano passado, com a taxa de ocupação dos voos a ultrapassar os 79%. “Em 2023, as companhias aéreas do Grupo SATA registaram um crescimento consistente no número de passageiros transportados, totalizando 2,4 milhões de passageiros, o que representa um aumento de 40%, comparado com o ano de 2019 (pré-pandemia) e de 24,8% em relação a 2022″, indicou, em comunicado.

Conforme precisou, neste período, a SATA Air Açores transportou cerca de 952.000 passageiros e a Azores Airlines aproximadamente 1,4 milhões de passageiros, o que se traduz em aumentos de, respetivamente, 39,7% e 60,3%. No ano passado, a taxa de ocupação dos voos fixou-se em 79,1%, mais 5,6 pontos percentuais face a 2022.

Só no terceiro trimestre, a taxa de ocupação ascendeu a 83,7%, um máximo desde 2019. Por sua vez, o índice de regularidade das companhias aéreas situou-se acima dos 95%, com 4,5% dos voos cancelados, “a maioria devido a condições atmosféricas adversas às operações”, num total de 28.437 voos realizados.

“Este aumento significativo no número de passageiros transportados em 2023, reflete não só a confiança renovada nas companhias aéreas do Grupo SATA, mas também destaca a importância fundamental do trabalho coletivo que tem permitido que as interações com os passageiros, desde a reserva ao desembarque, tenham contribuído para uma experiência positiva na SATA Air Açores e na Azores Airlines”, afirmou, na mesma nota, a presidente do Grupo SATA, Teresa Gonçalves.

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Juiz recusou libertação dos três arguidos detidos há 10 dias no processo da Madeira

O ECO sabe que, na quarta-feira, os advogados de Pedro Calado, Avelino Farinha e Custódio Correia pediram a libertação dos arguidos mas o juiz não concordou. Prazo de detenção é de apenas 48 horas.

O juiz de instrução criminal, que está a liderar os interrogatórios aos três arguidos detidos no caso de alegada corrupção na Madeira, recusou o pedido de libertação imediata feito pelos advogados de defesa, por falta de fundamento legal, sabe o ECO.

Pedro Calado, Avelino Farinha e Custódio Correia estão detidos há 10 dias, quando a lei diz expressamente que só em casos excecionais os arguidos podem ficar mais de 48 horas até serem apresentados ao juiz de instrução criminal. Por este andar, tendo em conta que na sexta-feira ainda decorre o interrogatório ao primeiro arguido – que já vai no terceiro dia –, o empresário madeirense Custódio Correia, essas mesmas medidas de coação só serão conhecidas na próxima semana. Quando os suspeitos já estarão detidos há 15 dias.

Na quinta-feira, os advogados de dois dos suspeitos de corrupção na Madeira foram chamados “de urgência” ao tribunal. Isto porque o Ministério Público não tinha feito chegar ao chamado Ticão algumas das provas apreendidas, nomeadamente as relativas à construção do hospital do Funchal – e não só – que também fazem parte do inquérito. E só se apercebeu já com os arguidos detidos há vários dias.

O ECO sabe que, na quarta-feira, os advogados Paulo de Sá e Cunha, Raul Soares da Veiga e André Navarro pediram a libertação dos arguidos mas o juiz não concordou.

Na quinta-feira, começaram os interrogatórios aos três detidos no âmbito da operação por suspeitas de corrupção na Madeira: Pedro Calado, presidente demissionário da Câmara do Funchal, Custódio Correia, empresário e principal acionista do grupo ligado à construção civil Socicorreia, e Avelino Farinha, líder do grupo de construção AFA.

Em causa estão cerca de 30 crimes que vão desde corrupção a prevaricação. Segundo o Ministério Público, Pedro Calado é suspeito de sete crimes de corrupção passiva. Já Custódio Correia é suspeito de três crimes de corrupção ativa e Avelino Farinha de quatro. Mas a lista de crimes não fica por aqui. O Ministério Público sublinha ainda que “são ainda suscetíveis de integrar a prática pelos arguidos dos crimes de prevaricação, recebimento ou oferta indevidos de vantagem, participação económica em negócio, abuso de poder e tráfico de influência”. Ou seja: poderão ser cerca de cinco crimes por cada um dos arguidos.

O presidente demissionário da Câmara Municipal do Funchal, Pedro Calado. LUSAHOMEM DE GOUVEIA/LUSA

Advogados e juízes contra detenção de oito dias

Esta quarta-feira, mais de uma centena de advogados exigiram que os detidos possam ser presentes a um juiz de instrução criminal e conhecerem as medidas de coação no prazo “máximo e inultrapassável de 48 horas”, cumprindo a Constituição.

Segundo os subscritores de uma carta enviada à Lusa, o prazo só poderá ultrapassar as 48 horas “em casos excecionais devidamente fundamentados e observando princípios de estrita necessidade e proporcionalidade”, sublinhando que a prática nos últimos anos tem sido a de manter os cidadãos detidos por vários dias, após a sua identificação nas primeiras 48 horas, sem conhecerem as medidas de coação.

Os advogados argumentam que é necessário que “todos os cidadãos detidos possam ser presentes a um juiz de instrução criminal e terem conhecimento das medidas de coação aplicadas no prazo máximo e inultrapassável de 48 horas, salvo em casos excecionais devidamente fundamentados e observando princípios de estrita necessidade e proporcionalidade”.

A Ordem dos Advogados também já reagiu dizendo que “tem constatado com preocupação a existência de detenção de cidadãs para serem submetidos a primeiro interrogatório judicial, ficando detidos por vários dias sem que o interrogatório seja concluído num prazo razoável e proporcional”, diz o comunicado da bastonária Fernanda de Almeida Pinheiro. Independentemente dos entendimentos jurídicos que possam existir quanto a esta matéria, “não é aceitável que este tipo de atuação se torne frequente e banalizada, seja em casos mediáticos seja em processos contra o cidadão anónimo”. A Ordem dos Advogados espera que este tipo de atuação “seja revisto rapidamente e todos os agentes da justiça percebam, como percebem os advogados, que situações como estas não podem continuar a existir”.

Neste contexto, também o Conselho Superior da Magistratura (CSM) já assumiu estar “preocupado” com a demora nos primeiros interrogatórios judiciais e admitiu estudar “soluções práticas” para fazer face à limitação de um direito constitucional dos arguidos e sugeriu mudanças na lei. “Naturalmente, o CSM está preocupado com esta questão, uma vez que está em causa a limitação de um direito constitucionalmente protegido. Por conseguinte, o CSM admite estudar a articulação de soluções práticas para atenuar os efeitos limitativos apontados, designadamente quando a complexidade do processo não permite outra solução. O legislador, do ponto de vista do CSM, deverá também ter, naturalmente, uma palavra a dizer”, adiantou esta quarta-feira o CSM, numa resposta à Lusa.

O que diz a lei relativamente ao prazo de detenção?

Os três arguidos estão detidos há dez dias, apesar de a lei impor o prazo máximo de 48 horas de detenção até serem presentes a juiz. É suposto que todos os cidadãos detidos possam ser presentes a um juiz de instrução criminal e terem conhecimento das medidas de coação aplicadas no prazo máximo de 48 horas, “salvo em casos excecionais devidamente fundamentados e observando princípios de estrita necessidade e proporcionalidade”.

Segundo a Constituição da República Portuguesa, “a detenção será submetida, no prazo máximo de 48 horas, a apreciação judicial, para restituição à liberdade ou imposição de medida de coação adequada, devendo o juiz conhecer das causas que a determinaram e comunicá-las ao detido, interrogá-lo e dar-lhe oportunidade de defesa”.

Determina ainda que “a prisão preventiva tem natureza excecional, não sendo decretada nem mantida sempre que possa ser aplicada caução ou outra medida mais favorável prevista na lei”.

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Guerras e redução de voos no topo das preocupações dos hoteleiros para 2024

  • Ana Petronilho
  • 2 Fevereiro 2024

Hoteleiros frisam que, ano passado, Lisboa recusou voos com um total de 1,3 milhões de lugares por "incapacidade da infraestrutura". Guerras e juros levam setor a olhar com "prudência" para 2024.

Depois de um ano em que o turismo fez “brilharete” e “impulsionou a economia do país”, os hoteleiros veem 2024 com um “olhar confiante e positivo” ainda que com “alguma prudência”, tendo em conta que estão em curso duas guerras e “as taxas de juro estão ao dobro dos níveis da pandemia”, salienta Bernardo Trindade, presidente da Associação de Hotelaria de Portugal (AHP).

E é neste contexto que a instabilidade política, a subida dos juros e a redução do número de voos ocupam, este ano, o topo das preocupações dos hoteleiros, aponta ainda Cristina Siza Vieira, vice-presidente executiva da AHP, durante a apresentação dos resultados do inquérito que faz um balanço de 2023 e dá as perspetivas para 2024 do setor.

Entre os 476 estabelecimentos hoteleiros de todo o país, inquiridos entre 2 e 21 de janeiro de 2024, a guerra é apontada por 78% como o principal desafio para o turismo este ano, tendo subido “sem surpresa” como indicador de preocupação, face aos 55% registados no ano passado. Segue-se o aumento das taxas de juro que é apontado por 59% dos inquiridos como principal desafio para 2024 e 40% aponta a redução do número de voos.

Cristina Siza Vieira acrescenta ainda que a AHP “não tem nenhum sinal” de que o número de voos venha a ser reduzido, mas que este é um cenário que preocupa os hoteleiros que temem uma quebra no tráfego aéreo tanto “por causa da instabilidade geopolítica” como pela “capacidade aeroportuária” em Lisboa. A redução do número de voos é apontada como o principal desafio de 90% dos hoteleiros inquiridos nos Açores, por 73% na Madeira e por 58% no Algarve, sendo “regiões que são mais dependentes do espaço aéreo”.

Já Bernardo Trindade vinca que a capacidade do aeroporto de Lisboa “preocupa de forma generalizada todos os hoteleiros”, tendo em conta que a infraestrutura “serve todo o país”. E o dirigente vinca que, em 2023, o aeroporto de Lisboa “recusou 1,3 milhões de lugares de avião por incapacidade da infraestrutura” e que companhias, como a Saudi Arabia Airlines ou a Qatar Airways, não conseguem ter espaço para operar em Portugal, nem é “possível fazer um reforço da operação de companhias dos Estados Unidos”. Cenário que impede o transporte de “passageiros com elevada capacidade financeira” para Portugal, salienta o presidente da AHP.

Ainda dentro dos desafios do setor para 2024, Cristina Siza Vieira salienta que a escassez de água só não surge no topo da tabela porque o inquérito decorreu em janeiro. Caso fosse hoje realizado a falta de água “seria o ponto hipercrítico” apontado pelos hoteleiros, sobretudo nos que têm atividade no Algarve.

Preços e hóspedes continuam a subir em 2024

A fechar 2023 com um preço médio por noite a atingir os 141 euros, subindo 18%, e com uma taxa de ocupação média de 68% – com o Algarve a ficar abaixo de 2019 e os Açores a descer cinco pontos percentuais para 64% –, os hoteleiros preveem que em 2024 tanto os preços das estadias como o número de hóspedes continuem a subir.

De acordo com o inquérito da AHP, a maioria dos inquiridos (entre 58% e 66%) antecipam um preço médio por quarto melhor que 2023. Sendo que os hoteleiros da Área Metropolitana de Lisboa e do Norte “esperam um primeiro trimestre pior ou igual, mas o resto do ano igual ou melhor” em termos de preços. Já o Alentejo “espera um 2024 melhor que 2023 em todos os trimestres” do ano e a Madeira, Algarve e Centro “aguardam 2024 igual ou melhor”.

E o mesmo é esperado com as taxas de ocupação, com a maioria dos inquiridos, entre 43% e 54%, a antecipar uma taxa de ocupação em 2024 “pelo menos igual ou melhor que a de 2023”, refere ainda o inquérito.

À boleia da subida de preços, também a maioria dos inquiridos, entre 59% e 73%, antecipa encaixar “melhores” receitas em 2024 do que em 2023, sobretudo nos que operam nas regiões da Madeira e do Algarve.

Quanto aos mercados, os hoteleiros inquiridos acreditam que em 2024 vão receber menos turistas portugueses que deverão ficar em 74% do total de hóspedes, descendo dois pontos percentuais face a 2023. Entre os turistas estrangeiros, destaca-se o Reino Unido com 48%, e os turistas americanos vão continuar a crescer, estando previsto que atinjam os 42%, acima de Espanha com 41% do total de hóspedes.

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Ministério Público admite amnistia em 134 dos 377 crimes imputados a Rui Pinto

  • Lusa
  • 2 Fevereiro 2024

O Ministério Público admitiu no debate instrutório, a aplicação da lei da amnistia a 134 dos 377 crimes imputados a Rui Pinto, remetendo essa decisão para a juíza de instrução.

O Ministério Público (MP) admitiu esta sexta-feira, em debate instrutório, a aplicação da lei da amnistia a 134 dos 377 crimes imputados ao criador do Football Leaks, Rui Pinto, remetendo essa decisão para a juíza de instrução.

No Tribunal Central de Instrução Criminal, a procuradora Vera Camacho considerou, no final da sua intervenção, que “não há decisões de tribunais superiores que respondam com assertividade à aplicabilidade da lei da amnistia”, embora “a argumentação válida pelos assistentes permita suscitar dúvidas” em relação à aplicabilidade neste processo.

Assim, o MP defende que o arguido “deverá ser pronunciado pelos factos que lhe são imputados, deixando em consideração do tribunal a aplicabilidade da lei da amnistia”.

A defesa de Rui Pinto entende que a lei da amnistia “é aplicável ao presente caso e aos crimes concretos de acesso indevido e violação de correspondência”, lembrando que a amnistia foi aplicada no outro processo, sendo “uma continuação e uma fragmentação de processos, estando em causa exatamente as mesmas situações e factos temporais”.

Não temos a menor dúvida de que há uma estratégia de fragmentação de processos. Por factos cometidos já a partir de 2015 a 2019, podemos chegar a 2050 com o MP entretido a fazer processos novos sobre factos que já estão há muito tempo apurados. Isso é inaceitável”, afirmou aos jornalistas o advogado Francisco Teixeira da Mota, à saída do tribunal.

Desta forma, a defesa realçou que o arguido “não deverá ser pronunciado por 310 dos 377 crimes” presentes na acusação, ao passo que os assistentes presentes no debate instrutório afirmam que “deverá ser pronunciado por todos os crimes que é acusado”, como explicaram os advogados do Benfica Rui Patrício e João Medeiros aos jornalistas.

“O arguido deve ser pronunciado porque ele próprio admite que cometeu os crimes. A única coisa que contesta é o número de crimes e a qualificação dos crimes. Levou um conjunto de razões jurídicas para tentar reduzir o número de crimes e nós entendemos que não tem razão. Deve ser pronunciado em qualquer circunstância. O resultado será inevitavelmente, estamos em crer, a sua submissão a julgamento”, indicou Rui Patrício.

Em relação à lei da amnistia, aprovada no âmbito da vinda do Papa a Portugal, para a Jornada Mundial da Juventude, em agosto do ano passado, esta “é apenas residual relativamente ao número global de crimes”, sendo ainda uma questão “juridicamente muito discutível” e que os advogados do Benfica entendem que “não se aplica neste caso” em concreto.

“Se alguns dos crimes caírem por força da amnistia, sobra tudo o mais. Esse tudo o mais é suficientemente crime e suficientemente grave para se ir a julgamento e discutirmos de uma vez por todas este assunto, sem subterfúgios processuais como aconteceu em outros processos”, disse ainda a equipa de advogados que representa o clube lisboeta.

De acordo com Rui Patrício e João Medeiros, a lei da amnistia não se deve aplicar por duas razões: “A lei sujeita a amnistia a determinada pena, mas também a determinada tipologia relativamente a multa. No caso concreto, verificar-se-ia o requisito alusivo à pena, mas não o respeitante aos dias de multa, que seria o dobro do previsto na lei da amnistia. Há depois uma segunda razão, relacionada com a data da prática dos crimes. Há crimes que continuam para além da idade e é uma questão que afasta a amnistia”.

No final do debate instrutório, no qual Rui Pinto não esteve presente por se encontrar em França a colaborar com autoridades europeias num processo, a juíza de instrução agendou para o dia 22 de fevereiro, a partir das 14:00, a leitura da decisão instrutória.

Rui Pinto, de 35 anos, já tinha colaborado anteriormente com a justiça francesa ainda antes do julgamento do processo Football Leaks, no qual acabou condenado, em setembro do ano passado, pelo Juízo Central Criminal de Lisboa, a quatro anos de prisão com pena suspensa, por um crime de extorsão na forma tentada, três de violação de correspondência agravado e cinco de acesso ilegítimo.

Já em novembro, o criador do Football Leaks, de 35 anos, foi também condenado em França a seis meses de prisão, com pena suspensa, pelo Tribunal Judiciário de Paris, por aceder ilegalmente a emails do Paris Saint-Germain.

Em relação a este processo, Rui Pinto responde por 377 crimes relacionados com o acesso aos emails do Benfica e de outros clubes, Liga de clubes, empresas, advogados, juízes, procuradores, Autoridade Tributária e Rede Nacional de Segurança Interna.

Segundo a acusação, estão em causa 202 crimes de acesso ilegítimo, 134 de violação de correspondência, 23 de violação de correspondência agravado e 18 de dano agravado.

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Advogados reúnem-se para debater ilegalidade em interrogatórios judiciais

No próximo dia 5 de fevereiro, pelas 15h00, no CRL, os advogados vão reunir e partilhar as "propostas de atuação" sobre as recentes violações de direitos de arguidos em fase de inquérito.

O Conselho Regional de Lisboa (CRL) da Ordem dos Advogados vai ouvir as “preocupações” e “propostas de atuação” dos profissionais sobre as recentes violações de direitos na área de Processo Penal. A audiência está agendada para o próximo dia 5 de fevereiro, pelas 15h00, no CRL.

“O CRL tem acompanhado com as situações controversas que no domínio processual penal têm sido noticiadas e em que estarão em causas Direitos fundamentais dos cidadãos e garantias do exercício da advocacia“, lê-se no comunicado do órgão liderado por João Massano.

Entre as “situações controversas” está a demora nos primeiros interrogatórios judiciais dos três suspeitos detidos há uma semana na sequência do processo de corrupção na Madeira, que envolve o presidente do Governo Regional e o da Câmara do Funchal.

No âmbito do processo que investiga uma alegada rede de corrupção na região autónoma da Madeira, que envolve o Governo Regional e levou à demissão do presidente do executivo, Miguel Albuquerque, foram detidos o presidente da Câmara Municipal do Funchal, Pedro Calado, e dois gestores empresariais, Avelino Farinha e Custódio Correia, que há uma semana aguardam em Lisboa, detidos, o início do primeiro interrogatório judicial.

Na quarta-feira, mais de uma centena de advogados exigiram que os detidos possam ser presentes a um juiz de instrução criminal e conhecerem as medidas de coação no prazo “máximo e inultrapassável de 48 horas”, cumprindo a Constituição.

Segundo os subscritores, o prazo só poderá ultrapassar as 48 horas “em casos excecionais devidamente fundamentados e observando princípios de estrita necessidade e proporcionalidade”, sublinhando que a prática nos últimos anos tem sido a de manter os cidadãos detidos por vários dias, após a sua identificação nas primeiras 48 horas, sem conhecerem as medidas de coação.

O Conselho Geral da Ordem dos Advogados também já reagiu dizendo que “tem constatado com preocupação a existência de detenção de cidadãs para serem submetidos a primeiro interrogatório judicial, ficando detidos por vários dias sem que o interrogatório seja concluído num prazo razoável e proporcional”, diz o comunicado da bastonária Fernanda de Almeida Pinheiro.

Independentemente dos entendimentos jurídicos que possam existir quanto a esta matéria, “não é aceitável que este tipo de atuação se torne frequente e banalizada, seja em casos mediáticos seja em processos contra o cidadão anónimo”. A Ordem dos Advogados espera que este tipo de atuação “seja revisto rapidamente e todos os agentes da justiça percebam, como percebem os advogados, que situações como estas não podem continuar a existir”.

Neste contexto, também o Conselho Superior da Magistratura (CSM) já assumiu estar “preocupado” com a demora nos primeiros interrogatórios judiciais e admitiu estudar “soluções práticas” para fazer face à limitação de um direito constitucional dos arguidos e sugeriu mudanças na lei.

“Naturalmente, o CSM está preocupado com esta questão, uma vez que está em causa a limitação de um direito constitucionalmente protegido. Por conseguinte, o CSM admite estudar a articulação de soluções práticas para atenuar os efeitos limitativos apontados, designadamente quando a complexidade do processo não permite outra solução. O legislador, do ponto de vista do CSM, deverá também ter, naturalmente, uma palavra a dizer”, adiantou esta quarta-feira o CSM, numa resposta à Lusa.

CRL lança plataforma para pedidos de segredo profissional

Os advogados já podem submeter os pedidos de sigilo profissional através de uma plataforma, utilizando a área reservada do portal da Ordem dos Advogados.

A plataforma “Segredo Profissional” permite que o advogado envie o seu pedido de sigilo profissional para o CRL e acompanhar em que estado está o processo, o responsável pela sua análise, as notificações por parte do Gabinete de Assessoria Jurídica e a resposta ao pedido.

O Balcão Online é “o rosto da digitalização de processos do Conselho Regional de Lisboa que pretende simplificar a relação e a comunicação com advogados e público em geral. Lançado em setembro de 2023, o Balcão integrou, numa primeira fase, os processos de Gestão da Correspondência e as denúncias de atos de Procuradoria Ilícita”, diz o CRL.

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