ISEP e Valongo têm 120 mil euros para travar ciberataques municipais

Em 2026 a Câmara de Valongo terá uma nova ferramenta com IA para travar ciberataques, no âmbito de uma parceria com o ISEP. Projeto custa 120 mil euros.

José Manuel Ribeiro, presidente da Câmara Municipal de Valongo

O Instituto Superior de Engenharia do Porto (ISEP) está a desenvolver uma ferramenta, baseada em Inteligência Artificial (IA), para prevenir e detetar ataques informáticos na Câmara Municipal de Valongo a partir de janeiro de 2026, e que poderá depois ser replicada a nível nacional. Este projeto, designado de “PC2phish”, é financiado em 120 mil euros pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).

Desde fevereiro deste ano que as equipas do Grupo de Investigação em Engenharia do Conhecimento e Apoio à Decisão (GECAD) do ISEP e do município de Valongo estão a trabalhar em vários modelos de IA, baseados em Large Language Models.

Estão a ser desenvolver uma ferramenta robusta e escalável – que pode depois ser replicada noutras instituições –, baseada em inteligência artificial para deteção de ataques de phishing e malware“, começa por explanar o presidente da Câmara de Valongo, José Manuel Ribeiro, que desde a primeira hora aceitou o desafio para o município ser parceiro neste projeto.

“Fomos desafiados pelo ISEP a participar neste importante projeto que pode ajudar a criar soluções tecnológicas muito eficazes para detetar ataques informáticos e, por consequência, haver uma maior segurança digital e proteção da informação crítica“, detalha o autarca. Até porque, destaca, “as organizações sofrem prejuízos enormes quando são alvo de ataques informáticos”.

Estão a desenvolver uma ferramenta robusta e escalável, baseada em inteligência artificial, para deteção de ataques de phishing e malware.

José Manuel Ribeiro

Presidente da Câmara Municipal de Valongo

A segurança digital é uma prioridade para a Câmara Municipal de Valongo que, até à data, nunca sofreu um ciberataque. “Fazemos o possível e impossível para nos defendermos. Somos uma câmara que investe muito em cibersegurança“, nota José Manuel Ribeiro que acredita que, “havendo sucesso [na execução da nova solução tecnológica no município que preside], o projeto pode depois ser replicado” noutras instituições do país.

A professora Isabel Praça, responsável pelo projeto no ISEP, também acredita que há potencial para, numa fase posterior, ser alargado a outras entidades por forma a protegerem os seus dados dos ataques informáticos.

Por enquanto, os investigadores do Instituto Superior estão a “utilizar algoritmos de inteligência artificial para desenvolverem aquilo que será a solução PC2phish, que será o resultado final do projeto. Na prática, é um sistema que será instalado nos computadores” do município nortenho até janeiro de 2026.

Isabel Praça, professora do ISEP e responsável pelo projeto “PC2phish”14 abril, 2025

Isabel Praça adverte para o facto de “os ataques de phishing e malware serem perigosos e cada vez mais sofisticados. Por isso, é essencial disponibilizar ferramentas, como o PC2phish, que ajudam a detetá-los e evitá-los, especialmente em ambientes como a Administração Pública, onde a segurança da informação é crítica”.

A par da implementação desta solução tecnológica, o projeto tem uma componente de sensibilização e consciencialização sobre as ameaças cibernéticas de modo a que “as pessoas não se deixem enganar quando pensam que estão estão a interagir com algo que lhes é familiar e de confiança”.

Os ataques de phishing e malware são perigosos e cada vez mais sofisticados. Por isso, é essencial disponibilizar ferramentas como o PC2phish que ajudam a detetá-los e evitá-los, especialmente em ambientes como a Administração Pública, onde a segurança da informação é crítica.

Isabel Praça

Responsável pelo projeto e professora no Instituto Superior de Engenharia do Porto (ISEP)

“O phishing é um dos principais problemas, a nível de cibersegurança, que afeta muitas autarquias. É um tipo de ataque de engenharia social em que a pessoa é enganada achando que está a interagir com alguém que faz parte dos seus contactos”, descreve Isabel Praça.

É um tipo de ataque em que o cibercriminoso utiliza técnicas para captar informação sensível de uma vítima através de email. Tenta enganar a pessoa que recebe o email de modo a que disponibilize informação confidencial, clicando em links ou anexos, por exemplo.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

📹 Que despesas posso abater ao IRS? Veja quais os limites

Os encargos gerais, com filhos, faturas de saúde, educação, rendas ou passes de transporte são dedutíveis no IRS, permitindo assim uma redução do imposto, mas têm tetos máximos, explica Luís Leon.

Encargos gerais e familiares, deduções por dependente, faturas de saúde, educação, rendas, passes de transporte, despesas com planos de poupança reforma (PPR) ou donativos podem abater no IRS, permitindo assim uma redução do imposto ou um reembolso maior, mas têm tetos máximos, como explica ao ECO o fiscalista Luís Leon, sócio-fundador da Ilya.

powered by Advanced iFrame free. Get the Pro version on CodeCanyon.

Há duas categorias de despesas que é preciso ter em conta relativamente aos limites que são dedutíveis. Os encargos gerais e familiares têm um teto de 250 euros, que pode ser majorado para 335 euros, no caso de famílias monoparentais, e as deduções por dependente podem variar entre 600 e 900 euros ou 1.273,15 euros, se o filho tiver um grau de incapacidade igual ou superior a 60%, como é possível consultar no portal das Finanças.

“Estas despesas que decorrem de existirmos como pessoa, não têm limites totais agregados, têm só o limite por cada dedução”, sublinha Luís Leon. Ou seja, não concorrem para o teto global entre 1.000 e 2.500 euros dos outros tipos de encargos com saúde, educação, passes de transporte, habitação, sejam rendas ou juros de crédito à habitação, para contratos anteriores a 31 de dezembro de 2011.

Cada uma dessas despesas tem também um limite, mas, no final, todos os encargos não podem exceder um valor entre 1.000 ou 2.500 euros, segundo uma fórmula, prevista no Código do IRS, que estabelece uma relação entre o nível de rendimento e o montante da dedução. Quanto maior for o rendimento coletável, menor é esse teto. Por exemplo, quem “ganhe um salário bruto mensal de cerca de 8.000 euros brutos por mês” só poderá abater ao IRS até 1.000 euros, mesmo a que soma de todas as deduções seja maior, segundo Luís Leon. Ordenados inferiores, terão direito um benefício maior, até aos 2.500 euros.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Governo envia a Bruxelas progressos sobre o plano de médio prazo a 28 de abril. Defesa pode levar a ajustamentos

Documento avança com a informação sobre execução orçamental com a trajetória de despesa pública líquida, bem como a execução de medidas de política pública de reforma e investimento.

O Ministério das Finanças prevê remeter à Comissão Europeia o relatório anual de progressos do Plano Orçamental Estrutural de Médio Prazo a 28 de abril, estando atualmente a atualizar os pressupostos subjacentes a este ano. Embora se comprometa com excedentes orçamentais e descarte défices, o Terreiro do Paço admite que o cenário orçamental do documento pode ser revisto caso a previsão de despesa em defesa seja ajustada.

O plano orçamental estrutural nacional de médio prazo (POENMP) substituiu, no âmbito das novas regras europeias, o Programa Nacional de Reformas (PNR) e o Programa de Estabilidade (PE), tendo sido remetido pelo Governo português à Comissão Europeia em outubro e aprovado pelo Conselho da União Europeia em janeiro.

Após o envio do primeiro documento para o período de 2024-2028, o plano é substituído durante quatro anos por um relatório anual de progresso, até à elaboração de um novo plano, devendo ser submetido até dia 30 de abril de cada ano. É esse relatório que a equipa tutelada pelo ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, está a preparar.

“As últimas projeções do Ministério das Finanças para o horizonte 2026-2028 foram apresentadas no âmbito do Plano Orçamental-Estrutural Nacional de Médio Prazo, sendo de referir que a composição respeitante ao ano de 2025 se encontra atualmente em atualização, a ser finalizada até à entrega do Relatório Anual de Progresso a 28 de abril de 2025“, adianta o Ministério das Finanças numa resposta remetida ao grupo parlamentar do CDS-PP.

Os centristas questionaram o Governo sobre se considerava a hipótese colocada pelo Banco de Portugal, em dezembro, de um agravamento do saldo orçamental em três mil milhões de euros em 2026 e 2027, com um défice de 1% do PIB no próximo ano. Uma hipótese diversas vezes negada pelo Ministério das Finanças e assegurada pelo primeiro-ministro, Luís Montenegro, que na sexta-feira passada assegurou que o partido manterá excedentes orçamentais ao longo da legislatura.

No programa eleitoral às legislativas de maio, a AD – Coligação PSD/CDS prevê um excedente de 0,3% do Produto Interno Bruto (PIB) este ano, caindo para 0,1% em 2026, sobretudo devido ao impacto dos empréstimos do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). Para 2027 espera um saldo positivo de 0,3%, para 2028 de 0,2% e para 2029 de 0,3%.

No plano orçamental de médio prazo, as Finanças apontavam para um excedente de 1,1% em 2027 e de 1,3% em 2028, contudo, baseado num cenário de políticas invariantes. Aos centristas, o Ministério tutelado por Miranda Sarmento garante que “não antecipa o agravamento estimado do Banco de Portugal, nem o registo de défices orçamentais no período em análise”.

No entanto, admite que “o atual cenário poderá vir a ser alvo de alterações caso a previsão de gastos com defesa até 2028 seja ajustada em função de eventuais novos compromissos no âmbito europeu ou internacional“.

O primeiro-ministro anunciou a semana passada que o Governo vai “antecipar a meta de 2% do Produto Interno Bruto (PIB) de investimento em Defesa, que estava previsto até 2029″. A intenção do Executivo ocorre numa altura em que Bruxelas apelou aos Estados-membros a um aumento do investimento em defesa em 1,5% do PIB e propôs uma flexibilização das regras orçamentais, decorrendo as negociações sobre o tema.

O Conselho das Finanças Públicas (CFP), cujo cenário base é mais pessimista do que o das Finanças, estimou que se o país seguisse o compromisso previsto com a NATO de investimento de 2% em quatro anos, o saldo iria deteriorar-se, com o défice a chegar a 0,9% do PIB em 2027 e 1,2% em 2029.

No entanto, para a avaliação de Bruxelas o indicador central é a despesa líquida. A instituição liderada por Nazaré da Costa Cabral alertou que a meta acordada com a Comissão Europeia para o crescimento médio pode estar em risco. O CFP projeta, com base na informação atualmente disponível, que a despesa líquida avance 4,4% na média dos quatro anos, ultrapassando os 3,6% com os quais Portugal se comprometeu.

Este indicador inclui a despesa líquida de encargos com juros, medidas discricionárias em matéria de receitas, despesas relativas a prestações de desemprego, medidas pontuais e outras medidas temporárias, despesas relativas aos programas da União inteiramente cobertas por receitas de fundos da União e despesas nacionais relativas ao cofinanciamento de programas financiados pela União.

O relatório remetido a Bruxelas servirá para que Bruxelas avalie os progressos registados por Portugal, sendo as conclusões publicada sob a forma de recomendações específicas ao país. O relatório irá conter informação sobre a evolução dos dados da execução orçamental com a trajetória de despesa líquida, bem como a execução de medidas de política de reforma e investimento abrangidas pelo Semestre Europeu.

Quando em novembro deu ‘luz verde’ ao plano de médio prazo português, o executivo comunitário considerou que o documento estava na globalidade em linha com as suas recomendações, mas alertou para riscos. “Existem riscos para a implementação da estratégia orçamental indicativa do plano, que decorrem de riscos associados ao aumento das pressões sobre as despesas salários públicos e transferências sociais”, advertiu.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Bastonária quer adiar atualização de honorários dos advogados oficiosos

A ainda bastonária quer adiar a nova tabela dos honorários dos advogados oficiosos "com vista a evitar a realização de alterações das plataformas sejam revogadas pelos novos decisores".

A ainda bastonária da Ordem dos Advogados (OA), Fernanda de Almeida Pinheiro, quer adiar a entrada em vigor da nova tabela dos honorários dos advogados oficiosos (pagos pelo Estado). “Com vista a evitar a realização de alterações das plataformas que venham depois a ser revogadas por parte dos novos decisores (o senhor bastonário eleito, a título de exemplo até já afirmou publicamente que pretende renegociar a tabela que foi aprovada com o Governo), informamos que enviámos uma carta à senhora Ministra da Justiça, sugerindo que os trabalhos de adaptação das plataformas informáticas sejam adiados, até que quer o Ministério da Justiça quer o Bastonário e Conselho Geral da Ordem dos Advogados devidamente empossados e em funções assim o decidam”, segundo comunicado publicado no site da Ordem dos Advogados.

Tomada de posse da nova bastonária da Ordem dos Advogados, Fernanda de Almeida Pinheiro - 09JAN23
Fernanda de Almeida Pinheiro, bastonária da Ordem dos Advogados.Hugo Amaral/ECO

A portaria entraria em vigor a 2 de agosto, seis meses depois da sua publicação (em fevereiro de 2025). A intenção da ainda bastonária surge três semanas antes do fim do seu mandato. O novo bastonário eleito, João Massano, toma posse a 8 de maio.

“No seguimento da aprovação da portaria 26/2025/1 de 3 de fevereiro e, tendo em conta a data da sua entrada em vigor, os serviços do Ministério da Justiça e os da Ordem dos Advogados organizaram já uma primeira reunião, com vista a acertar quais os trabalhos de adaptação das plataformas informáticas necessários à implementação da nova tabela de honorários que irá ser aplicada aos/às advogados/as que prestam serviços no Sistema de Acesso ao Direito e aos Tribunais (SADT)”, diz o mesmo comunicado. Mas usa o argumento de novas eleições – quer as da OA, quer as legislativas – para justificar este adiamento: “sucede que, como é do conhecimento público, foram realizadas eleições para todos os órgãos da Ordem dos Advogados tendo sido eleito um novo Bastonário e um novo Conselho Geral. De igual modo foi, entretanto, dissolvido o parlamento e vai ser realizado um novo ato eleitoral para eleger a Assembleia da República, de onde resultará um novo Governo”.

Ao ECO/Advocatus, o bastonário eleito, João Massano, defende que é “inadequado” o comunicado emitido pela atual bastonária. “Em fim de mandato, qualquer comunicação ao poder político nesta fase revela-se desajustada em face do resultado eleitoral. Qualquer tomada de posição sobre a portaria deve ser realizada pelo Conselho Geral eleito, após a sua tomada de posse, em conformidade com o programa sufragado pelos Advogados”.

A nova portaria prevê que a intervenção presencial ou remota por parte dos advogados oficiosos, quando autorizada por juiz ou Ministério Público, em diligências ou audiências, é paga a 22 euros por cada hora, desde o seu início efetivo até à hora declarada de encerramento, suspensão, adiamento ou interrupção.

A portaria relativa às novas regras para os advogados oficiosos prevê a atualização dos honorários dos advogados oficiosos e revê as regras do Sistema de Acesso ao Direito (SADT), aproveitando as conclusões do estudo do Grupo de Trabalho, criado para esse efeito. A mesma define que os advogados oficiosos vão passar a ser pagos em função da complexidade e do tempo que se gasta com cada processo, a poder fazer mais atos nos tribunais – incluindo em casos de mediação, arbitragem e em conservatórias – a consulta jurídica passa a ter o valor de 48 euros e estes advogados serão pagos, no imediato, em caso de substituição de mandatário, evitando atrasos e problemas de partilha de honorários entre os advogados nomeados. A unidade de referência que permite o cálculo desses honorários também muda: passa de 25,5 euros para 28 euros.

Uma das alterações tem a ver com o que é pago ou não pago nos casos em que os advogados interpõem recursos. Estes atos deixam de ser pagos nos casos em que os recursos não sejam aceites em tribunal. “O pagamento de honorários pelo recurso, ordinário, extraordinário, ou para o Tribunal Constitucional é devido ao profissional forense nas situações em que aquele recurso é admitido”, diz a portaria. “No caso de não admissão do recurso ordinário, extraordinário ou para o Tribunal Constitucional, a reclamação do respetivo despacho de não admissão é remunerada nos termos da tabela de honorários em anexo sempre que a reclamação seja procedente”.

Nos casos de especial complexidade – que serão os mais bem pagos pelo Estado – porém, serão apenas reconhecidos por despacho de um juiz, o que leva a que os advogados fiquem, de novo, nas mãos de um juiz para perceber quanto receberão por esses serviços. Quanto à confirmação dos honorários também pouco muda já que o pagamento é feito no mês seguinte à confirmação “pela secretaria do tribunal, ou serviço competente junto do qual corre o processo, até ao termo do mês seguinte”.

O defensor oficioso é o advogado pago pelo Estado para quem não tenha condições económicas para o fazer. Aquando do despacho de acusação, é obrigatoriamente nomeado um defensor, se o arguido não tiver constituído nenhum.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Transformar restos de fruta em farinhas com tecnologia verde e portuguesa. Agrogrin Tech já olha além fronteiras

A empresa fundada por Débora Campos transforma resíduos de fruta em produtos como farinha. Apesar de dar agora o primeiro salto na escala em Portugal, já está a planear fábricas noutros países.

A Agrogrin Tech é uma startup portuguesa que se dedica a valorizar resíduos de fruta. A fundadora e CEO, Débora Campos, foi recentemente distinguida a nível europeu pelo papel na inovação que serve de base à atividade da sua empresa. Em conversa com o ECO/Capital Verde, explica a tecnologia que tem vindo a desenvolver com a sua equipa, ao longo dos últimos dez anos, e onde pretende chegar: a outros continentes, da Ásia à América Latina, gerindo um total de seis unidades e a arrecadar 200 milhões de faturação anual. Para já, está a caminho do breakeven na unidade que já possui em Portugal.

No início de abril, Débora Campos venceu a categoria Liderança Feminina EIT do Prémio Europeu Mulheres Inovadoras, uma iniciativa conjunta do Conselho Europeu de Inovação (CEI) e do Instituto Europeu de Inovação e Tecnologia (EIT). O prémio foi-lhe entregue devido ao trabalho desenvolvido na sua empresa, a Agrogrin Tech.

O berço da Agrogrin Tech foi o doutoramento de Débora Campos, que se dedicava à Biotecnologia e Ciências Alimentares quando recebeu um desafio da orientadora de tese, Manuela Pintado: trabalhar na valorização dos resíduos do processamento de ananás, um repto lançado pelo grupo empresarial Luís Vicente. O desafio não agradou logo à investigadora, a quem pareceu um passo atrás face à investigação que estava a fazer com base em nanotecnologia.

Após a primeira resistência, acabou por aceitar, e desenhou uma estratégia de valorização com o objetivo de aproveitar a totalidade destes resíduos, com base numa tecnologia de separação de enzimas que hoje está patenteada. O que é que tem de especial? É que foi uma das primeiras tecnologias que separam as enzimas de forma “verde”: em vez de usar químicos no processo usa polissacarídeos, um tipo de hidratos de carbono muito presente na natureza. Encontram-se na fruta, em algas ou crustáceos, por exemplo.

É neste contexto que, em 2019, a investigadora do Centro de Biotecnologia e Química Fina da Universidade Católica do Porto, Débora Campos, decide criar a Agrogrin Tech, para depois se juntarem a si como sócios Ana Vilas Boas e Ricardo Gómez, dois colegas de laboratório. Vilas Boas é agora chefe de produto da empresa, encarregando-se da comercialização, e Ricardo Gómez é o responsável por adaptar a ‘receita científica’ a diferentes tipos de fruta. Porque a empresa começou por valorizar resíduos do processamento de ananás — as cascas que são descartadas quando este é vendido seco ou já cortado — mas tem capacidade para replicar o mesmo em restos de maçã ou batata.

A nossa linha de transformação é agnóstica. Com o mesmo investimento podemos transformar qualquer coisa“, explica Débora Campos, indicando que o equipamento usado é sempre o mesmo. São adaptados apenas alguns parâmetros consoante a matéria-prima, como a temperatura ou o pH.

Do processo de valorização de resíduos de fruta podem resultar três produtos: farinhas sem glúten, extratos de enzimas (usados na indústria farmacêutica) e aditivos naturais, que podem conferir cor e sabor aos alimentos. Questionada sobre se os preços são competitivos face às alternativas, Débora Campos aponta para um preço médio de 16 euros por quilo entre as três tipologias de produto, pelo que reconhece que, numa análise direta, o produto que oferece é mais caro. Contudo, ressalva que a farinha que produz, tendo o valor acrescentado de funcionar também como substituta de conservantes e antioxidantes, acaba por ter um caso económico mais favorável, ao simplificar o processo produtivo dos clientes pois oferece um “três em um”.

De Portugal para o mundo

A empresa tem vindo a crescer. “O desafio inicial era trabalhar em laboratório e o desafio atual é fazê-lo em maior escala”, explica a fundadora. A Agrogrin Tech passou de uma escala inicial de 10 a 100 litros para uma capacidade, ao dia de hoje, de 500 a 1000 litros e, até ao final do ano, querem posicionar-se no intervalo dos 3000-5000 litros de matéria transformada.

A Agrogrin Tech investiu 700.000 euros numa fábrica que tem capacidade para entregar até 30 toneladas de produto finalizado ao ano, mas que, para já, só está a trabalhar a metade da capacidade. Já vende produto à indústria alimentar, trabalhando por exemplo com empresas de papas de aveia saborizadas. Ao mesmo tempo, está a testar com parceiros empresariais o uso das suas farinhas em maionese e no fabrico de bolachas e de pão.

Esta fábrica, financiada através de fundos do Plano de Recuperação e Resiliência, é considerada pela fundadora uma unidade piloto. “Fomos concorrendo a fundos e prémios para termos fluxo de caixa”, explica Débora Campos. Para já, apoiada neste sistema, afirma não ter prejuízo, mas conta que as vendas e comercialização que estarão de pé até ao final deste ano permitam à empresa atingir o break-even em meados de 2027.

A nossa estratégia de longo prazo é que a próxima fábrica de transformação seja implementada cá em Portugal e outras fora.

Débora Campos

Fundadora e CEO da Agrogrin Tech

A empresa trabalha com agricultores e transformadores, usando até “fruta feia” ou com uma pequena percentagem de podridão como matéria-prima. Olhando à disponibilidade limitada de matéria-prima em Portugal, “a nossa estratégia de longo prazo é que a próxima fábrica de transformação seja implementada cá em Portugal e outras fora”, afirma a líder da Agrogrin Tech. América Central, do Sul ou Sudeste Asiático são regiões em cima da mesa.

Recentemente, a Agrogrin Tech fechou uma ronda de investimento com um fundo estrangeiro, que também lhe permitirá continuar o crescimento, mas prefere não comunicar já os detalhes relativamente aos valores em causa e ao financiador. Num horizonte de dez anos, Débora Campos conta atingir 200 milhões anuais de faturação, através da implementação de cerca de seis fábricas, espalhadas por Portugal e pelas já referidas regiões no estrangeiro.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Fundación Jiménez Díaz celebra os 15 anos da técnica Atoms para o tratamento da incontinência urinária masculina

  • Servimedia
  • 15 Abril 2025

Depois de mais de 3.000 implantes realizados em Espanha.

O Hospital Universitário Fundación Jiménez Díaz acolheu recentemente a conferência “Atoms: 15 anos, 3.000 implantes em Espanha”, um encontro comemorativo e científico que reuniu alguns dos maiores especialistas nacionais e internacionais no tratamento cirúrgico da incontinência urinária masculina.

“A técnica Atoms (dispositivo para a incontinência urinária; A técnica Atoms (Adjustable Transobturator Male System), desenvolvida em 2008 pelo Dr. Wilhelm Bauer, e cujo primeiro implante foi realizado em Espanha em 2010, foi um marco na melhoria da qualidade de vida dos pacientes que, após a cirurgia radical do cancro da próstata, sofrem de incontinência urinária de esforço”, explicou a Dra. Carmen González Enguita, chefe do Departamento de Urologia da Fundación Jiménez Díaz, indicando que a conferência tinha um duplo objetivo: “celebrar o percurso clínico deste sistema e rever os avanços científicos e técnicos alcançados durante estes 15 anos”.

González Enguita insistiu que “foi uma ‘celebração’ da Urologia”. O facto é que “mais de 3.000 implantes realizados em Espanha avalizam um percurso clínico de sucesso que transformou a experiência de milhares de doentes e de muitos urologistas”.

ESPECIALISTAS E DEBATES

Durante a conferência, foram destacadas as principais vantagens do sistema Atoms em relação a outros dispositivos, como o esfíncter urinário artificial. Entre elas, a sua eficácia imediata, a ausência da necessidade de ativação manual, a sua abordagem minimamente invasiva e, acima de tudo, a possibilidade de ajuste ao longo do tempo à medida que a funcionalidade anatómica do doente evolui. O doente recupera a continência sem necessidade de manipular qualquer dispositivo de micção, graças a uma solução simples e segura que restabelece a micção fisiológica e espontânea.

O próprio Dr. Bauer, criador do Atoms, interveio na conferência e passou em revista o processo de desenvolvimento do dispositivo, desde as fases experimentais até à sua consolidação como solução terapêutica. Incluiu também uma atuação ao vivo de uma intervenção cirúrgica com este sistema na própria Fundación Jiménez Díaz, o que proporcionou uma componente eminentemente prática ao evento.

O Dr. Tobias Pottek também participou no encontro, apresentando uma alternativa inovadora: o esfíncter urinário artificial ContiReflex de nova geração, capaz de reagir em tempo real ao esforço abdominal.

Durante o seu desenvolvimento, os participantes discutiram questões-chave como a adequação do implante em doentes irradiados, os benefícios da prótese dupla (combinando o Atoms com uma prótese peniana para tratar simultaneamente a incontinência urinária e a disfunção erétil) e os desafios ainda pendentes, como uma melhor seleção de candidatos ou a procura de ajustes mais pequenos.

A Dra. González Enguita sublinhou também a importância do doente como participante ativo nestas soluções, “uma vez que a sua opinião e os seus pedidos devem ser tidos em conta e é essencial que receba uma educação completa sobre o significado e os cuidados pós-operatórios da cirurgia a que se submete”.

Para além de passar em revista os avanços do passado, a conferência serviu também para perspetivar o futuro da urologia funcional. “Continuamos a nossa investigação para otimizar o dispositivo e aperfeiçoar as técnicas cirúrgicas. O Atoms já é uma grande ferramenta, mas ainda há espaço para melhorar”, concluiu o chefe do Departamento de Urologia da Fundación Jiménez Díaz, que é atualmente candidato à Presidência do Conselho de Administração da Associação Espanhola de Urologia.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

As propostas da AD e do PS para quem quer poupar e investir

A coligação AD e o PS disputam os votos das próximas eleições com medidas que procuram pesar na carteira de aforradores e de pequenos investidores. Conheça as propostas.

Certificados de Aforro oferecidos a recém-nascidos, contas-poupança sem impostos e maior proteção para os investidores são algumas das medidas previstas nos programas eleitorais dos dois maiores partidos políticos para convencerem os portugueses a entregar-lhes o seu voto nas eleições legislativas de 18 de maio.

Numa altura em que a taxa de poupança em Portugal continua abaixo da média europeia — apesar de ter fechado 2024 nos 12,2%, uma taxa que só encontra paralelo durante o período da pandemia — a Coligação Aliança Democrática (PSD/CDS) e o Partido Socialista (PS) apresentam soluções distintas para incentivar os portugueses a pouparem mais e melhor.

Propostas da AD para incentivar a poupança

O programa da Coligação AD apresenta várias medidas destinadas a estimular a poupança e diversificar as opções disponíveis para os pequenos investidores.

  • Contas-poupança isentas de impostos: Uma das medidas emblemáticas do programa da AD, e que já constava no seu programa de 2024 mas que ainda não foi implementada, é a criação de contas-poupança isentas de impostos. Esta proposta visa incentivar a poupança através de benefícios fiscais diretos, permitindo que os rendimentos obtidos nestas contas-poupança específicas não sejam tributados. Atualmente, os juros e outros rendimentos de capital estão sujeitos a uma taxa liberatória de 28%, o que reduz significativamente o retorno efetivo das aplicações financeiras. A eliminação desta tributação poderia tornar as contas-poupança muito mais atrativas para os aforradores portugueses.
  • Combate ao bundling de produtos bancários: A AD propõe a “promoção da concorrência no setor bancário com restrições ao bundling de produtos”. O bundling é a prática pela qual os bancos condicionam a oferta de determinados produtos ou condições (como taxas mais favoráveis) à aquisição de outros produtos ou serviços do mesmo banco. Esta medida poderia permitir aos aforradores aceder a produtos financeiros em condições mais favoráveis sem serem obrigados a subscrever outros serviços de que não necessitam, aumentando a transparência e reduzindo os custos efetivos para os consumidores.
  • Acesso simplificado a fundos e dívida pública: Outra proposta relevante da AD é a “promoção de acesso a fundos do mercado monetário e a dívida pública de forma simples, permitindo um acesso mais generalizado a instrumentos muito líquidos e concorrentes dos depósitos bancários“. Os fundos do mercado monetário são veículos de investimento que aplicam em instrumentos de curto prazo com elevada liquidez e risco relativamente baixo. Facilitar o acesso a estes fundos poderia proporcionar aos pequenos investidores alternativas aos depósitos bancários tradicionais, potencialmente com melhor remuneração. Da mesma forma, simplificar o acesso à dívida pública, para além das já existentes opções de Certificados de Aforro e do Tesouro, poderia diversificar ainda mais as opções disponíveis para os aforradores portugueses.

Apostas do PS para aforradores e pequenos investidores

O programa eleitoral do Partido Socialista assume várias medidas específicas para fortalecer a confiança e ampliar as oportunidades para os aforradores portugueses.

  • Mais produtos de aforro: Uma das principais propostas do PS passa por “ampliar a oferta de produtos de aforro do Estado (Certificados de Aforro e Certificados do Tesouro), melhorando a qualidade da informação e reforçando a digitalização dos serviços e dos canais de distribuição”. Esta medida visa facilitar o acesso a estes produtos de poupança tradicionalmente considerados seguros e com remuneração atrativa, especialmente em períodos de juro mais elevados.
  • Programa “Pé-de-Meia”: Uma das propostas mais inovadoras do PS é a criação do Programa “Pé-de-Meia”, através do qual “o Estado atribui 500 euros em Certificados de Aforro a cada criança nascida, valor que pode ser reforçado e resgatado aos 18 anos de idade“. Esta medida visa não apenas incentivar a poupança desde o nascimento, mas também criar um mecanismo que permita aos jovens iniciar a vida adulta com um pequeno capital acumulado. O programa permitiria que familiares e amigos possam reforçar este valor ao longo dos anos, funcionando como um mecanismo de aforro de longo prazo para as crianças.
  • Maior proteção para os investidores: O PS pretende também reforçar a “segurança de diferentes instrumentos financeiros, criando um fundo de garantia de produtos de seguros e duplicando para 50 mil euros a cobertura do Sistema de Indemnização aos Investidores”. O Sistema de Indemnização aos Investidores (SII) cobre atualmente até 25 mil euros por investidor em caso de falência de uma instituição financeira. A duplicação deste valor reforçaria significativamente a proteção dos investidores portugueses, aproximando Portugal dos padrões mais elevados de proteção aos investidores existentes na União Europeia. Quanto ao proposto fundo de garantia de produtos de seguros, seria uma novidade no mercado português, criando um mecanismo adicional de proteção para os consumidores de produtos de seguros com componente de investimento.

As propostas apresentadas pelos dois maiores partidos portugueses revelam abordagens distintas, mas complementares, para incentivar a poupança e o investimento em Portugal.

Um ponto de convergência entre os programas dos dois partidos é a importância atribuída à educação e literacia financeira dos portugueses. Tanto PS como AD mencionam a necessidade de promover estas competências, embora nenhum dos programas avance com medidas específicas ou detalhadas nesta matéria.

A literacia financeira é amplamente reconhecida como fundamental para que os cidadãos possam tomar decisões informadas sobre a gestão das suas finanças pessoais, incluindo poupança e investimento. No entanto, a ausência de medidas concretas nesta área deixa em aberto como esta promoção será efetivamente concretizada.

As propostas apresentadas pelos dois maiores partidos portugueses revelam abordagens distintas, mas complementares, para incentivar a poupança e o investimento em Portugal. Enquanto o PS se foca mais na ampliação e melhoria da oferta de produtos de aforro do Estado e no reforço dos mecanismos de proteção aos investidores, a AD aposta mais em medidas de incentivo fiscal e no aumento da concorrência no setor financeiro.

Para os aforradores e pequenos investidores, estas propostas representam potenciais melhorias nas condições de poupança e investimento disponíveis no mercado português, independentemente de quem venha a formar o próximo Governo.

No entanto, a eficácia destas medidas dependerá não apenas da sua implementação efetiva, mas também da capacidade dos portugueses para compreenderem e aproveitarem as oportunidades que estas possam criar — daí a importância da literacia financeira que ambos os partidos reconhecem, ainda que sem apresentarem propostas concretas para a promover.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

“Via verde” da imigração chega ao terreno. CIP recebeu “imensos pedidos de esclarecimento”

Empregadores podem pedir a partir desta terça-feira agendamento para atribuição de vistos a trabalhadores recrutados lá fora, no âmbito da "via verde" assinada no início do mês.

As cinco confederações empresariais que assinaram o protocolo de cooperação para a migração laboral regulada — conhecido como “via verde” para a contratação de imigrantes — podem fazer, a partir desta terça-feira, os pedidos de agendamento para a atribuição mais célere de vistos aos trabalhadores recrutados lá fora.

Em declarações ao ECO, o diretor-geral da Confederação Empresarial de Portugal (CIP) adianta que têm chegado “imensos pedidos de esclarecimento” sobre este mecanismo. Já fonte oficial da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) indica que, até ao momento, já registou quatro pedidos de visto através do protocolo.

“Via verde” para a imigração promete vistos em 20 dias.Unsplash

“A CIP subscreveu o protocolo de cooperação para a migração laboral regulada devido à premência da situação presentemente verificável ao nível dos recursos humanos“, começa por explicar Rafael Rocha, em resposta enviada ao ECO.

O responsável sublinha que o sucesso da implementação deste protocolo exige “particular cuidado, ponderação e razoabilidade na definição das regras concretos“, pelo que foi criado um grupo de trabalho entre os subscritores do protocolo que está a ultimar os aspetos operacionais.

Já questionado sobre quantos pedidos de agendamento está a CIP a preparar para apresentar a partir desta terça-feira, Rafael Rocha garante que chegaram aos serviços da confederação “imensos pedidos de esclarecimento”, não detalhando quantos avançarão.

O sucesso da implementação do protocolo, que todos firmemente desejamos, exige particular cuidado, ponderação e razoabilidade na definição das regras concretas.

Rafael Rocha

Diretor-geral da CIP

Também João Vieira Lopes, presidente da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP), salienta que, neste momento, as empresas ainda estão a colocar dúvidas.

“Nesta fase, ao abrigo do protocolo, os pedidos terão que passar pelas entidades empresariais que subscreveram o protocolo. Neste momento, estamos na fase de de informação e esclarecimento de dúvidas aos associados, e não ainda na fase de pedidos em concreto, o que é normal, face ao curto tempo que decorreu desde a assinatura do protocolo“, assinala o responsável.

Em contraste, fonte oficial da CAP adianta que, até ao momento, “registou quatro pedidos de visto através do protocolo”, mas indica que “está ainda a aguardar pela disponibilização de um formulário e de uma checklist por parte da Direção Geral dos Assuntos Consulares e das Comunidades Portuguesas“.

Esse formulário, quando for disponibilizado, será preenchido pelas empresas e enviado para a confederação, esclarece a CAP. “Estes processos não serão submetidos no dia 15 de abril, mas poderão sê-lo muito em breve“, observa fonte oficial.

O ECO também questionou as demais duas confederações que assinaram o protocolo em causa — do Turismo de Portugal (CTP) e da Construção e Imobiliário (CPCI) — sobre os pedidos que têm preparados para avançar a partir desta terça-feira. Da parte do turismo, a confederação explicou que não está ainda em condições de adiantar informação sobre o tema.

Estamos na fase de de informação e esclarecimento de dúvidas aos associados, e não ainda na fase de pedidos em concreto, o que é normal, face ao curto tempo que decorreu desde a assinatura do protocolo.

João Vieira Lopes

Presidente da CCP

Em ocasiões anteriores, as confederações já tinham deixado elogios à “via verde” em causa. Por exemplo, na assinatura do protocolo, o presidente da CAP, António Mendonça e Moura, salientou que está em causa um “virar da página relativamente ao que funcionou menos bem até agora“, alertando que o envolvimento de todas as partes “é indispensável” para o sucesso deste mecanismo.

Já da parte do Comércio e Serviços, Ana Vieira, secretária-geral da CCP, salientou que, ao abrigo deste protocolo, abre-se a possibilidade de apresentar pedidos em grupo, “o que facilita a vida às empresas”, lembrando que as empresas “normalmente vão buscar trabalhadores, mais do que um ou dois trabalhadores”.

Quanto ao Governo, o primeiro-ministro, Luís Montenegro, tem destacou a “visão regulada e humanista” da política de imigração que tem sido levado a cabo, acusando o Executivo anterior de irresponsabilidade por “falta de controlo” das entradas de imigrantes.

Como vai funcionar?

“Via verde” para a imigração exige contrato de trabalho, formação e acesso a alojamento adequado.Unsplash

A criação desta “via verde” foi anunciada no verão do ano passado, quando o Governo apresentou um plano para pôr um ponto final à “entrada sem regras” de imigrantes no país (nomeadamente, acabando com as manifestações de interesse).

Através deste protocolo, as confederações empresariais e as maiores empresas (pelo menos, 150 trabalhadores e 20 milhões de volume de negócios) podem pedir o agendamento prioritário para a emissão de vistos, sendo que a decisão final sobre esses pedidos deverá ser emitida em 20 dias.

O processo terá cinco passos. Primeiro, a entidade empresarial terá de reunir toda a documentação necessária relativamente aos estrangeiros recrutados e enviar, por e-mail, para a Direção-Geral dos Assuntos Consulares e das Comunidades Portuguesas (DGACCP) o pedido individual ou grupal de agendamento para apresentação do pedido de visto.

Depois, a DGCACCP remeterá o processo para o posto consular correspondente, no prazo de dois dias. E o posto consular procederá, então, ao agendamento do atendimento dos requerentes de visto para efeitos de apresentação da respetiva documentação original. Além disso, analisará e procederá à instrução dos pedidos individuais de visto.

A Agência para a Integração Migrações e Asilo (AIMA) e a Unidade de Coordenação de Fronteiras e Estrangeiros do Sistema de Segurança Interna (UCFE/SSI) terão, entretanto, de emitir pareceres para a concessão dos vistos em causa, sendo que o primeiro desses órgãos terá um prazo de três dias, enquanto o segundo disporá de até cinco dias. Com os pareceres emitidos, os postos consulares tomarão a decisão derradeira.

Este protocolo entrou em vigor a 1 de abril, mas, de acordo com o documento a que o ECO teve acesso, só a partir desta terça-feira, dia 15 de abril, é que as “entidades empresariais subscritoras originárias” — isto é, as referidas cinco confederações — podem fazer os pedidos (individuais ou grupais).

A apresentação de pedidos individuais ou grupais [pode] ocorrer pelas entidades empresariais subscritoras originárias, a partir de 15 de abril de 2025.

Protocolo de cooperação para a migração laboral regulada

Para os demais empregadores (por exemplo, as grandes empresas), os pedidos podem ser feitos “a partir do momento em que se encontre validada a sua adesão ao protocolo”.

Em troca da celeridade na atribuição dos vistos, os empregadores têm, porém, de cumprir uma série de condições: garantir um contrato de trabalho válido (não é obrigatório que seja permanente, admitindo-se contratos a prazo); Garantir oportunidades de formação profissional e de aprendizagem da língua portuguesa a realizar ou em território nacional ou no de origem; Garantir o acesso a alojamento adequado.

Sobre este último ponto, importa explicar que o envolvimento do empregador pode ter “diferentes modalidades”, segundo o protocolo a que o ECO teve acesso. Não estão definidas, porém, que modalidades são essas. Além disso, será preciso fazer um plano que confirme a existência ou eventual reforço do alojamento disponível na região em que o trabalho é prestado, “de modo que o recrutamento não agrave a pressão habitacional na região”.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Setor dos ‘data centers’ inicia esforços para tentar captar uma Gigafábrica de IA para Portugal

Reunião entre setor dos 'data centers' e Ministério da Economia abordou dinamização de uma eventual candidatura portuguesa às Gigafábricas de IA da Comissão Europeia.

A PortugalDC está a iniciar esforços para tentar dinamizar uma candidatura portuguesa a uma das cinco Gigafábricas de IA da Comissão Europeia. Os trabalhos estão numa fase “muito embrionária”, mas a associação setorial dos data centers acredita que o país poderá ter condições para atrair este investimento.

A Comissão Europeia pretende que sejam criadas na Europa até cinco Gigafábricas de IA, grandes data centers pensados especificamente para o treino e desenvolvimento de modelos de inteligência artificial (IA). Para tal, está a desenhar apoios diretos e subsídios para aumentar o apetite de consórcios privados.

Na semana passada, responsáveis da PortugalDC reuniram-se no Ministério da Economia com o secretário de Estado da Economia, João Rui Ferreira. No encontro, que contou com representantes de outras entidades públicas, a dinamização de uma candidatura a uma Gigafábrica de IA foi um dos temas em cima da mesa, diz ao ECO o presidente da associação, Luís Pedro Duarte.

Segundo o responsável, terá sido o CEO do Banco Português de Fomento (BPF), Gonçalo Regalado, também presente no encontro, a lançar o repto para que Portugal não deixe passar esta oportunidade, apresentando uma candidatura. “Pediram explicitamente a nossa ajuda para dinamizar o processo”, diz o presidente da PortugalDC.

“A associação está a agendar uma reunião de board esta semana para podermos responder ao repto lançado pelo Banco de Fomento”, revela ainda Luís Pedro Duarte, que viu no Governo “bastante interesse” em desenvolver uma estratégia nacional para o setor dos data centers. Tal ajudaria o país a captar este tipo de oportunidades, defende o responsável.

Do lado da Comissão Europeia, o processo também está numa fase inicial. No dia 9 de abril foi lançada uma call para aferir o interesse dos privados em desenvolver estas infraestruturas, que irá decorrer até 20 de junho. O procedimento está sob a alçada do EuroHPC, o organismo europeu que coordena os esforços na área da supercomputação.

Apesar de não ser vinculativo, os consórcios interessados terão de preparar, já nesta fase, um autêntico plano de negócios detalhado que responda a múltiplas questões, incluindo uma proposta de localização e a respetiva justificação.

A proposta terá ainda de contemplar um sumário do projeto, requisitos de energia, mecanismos de governação, o orçamento previsto, necessidades ao nível dos recursos humanos e perspetivas futuras de mercado, bem como uma análise a potenciais clientes-alvo. As linhas orientadoras já foram disponibilizadas.

Na fase seguinte, a Comissão Europeia irá discutir com os interessados de forma mais detalhada, enquanto fecha o mecanismo de financiamento público e clarifica todas as considerações necessárias ao nível das regras das ajudas de Estado, assegurando os recursos financeiros necessários “para apoiar uma ou mais Gigafábricas de IA”. Está previsto o lançamento da call oficial no quarto trimestre deste ano, altura em que deverão ser conhecidos mais detalhes.

Para que seja apresentada uma candidatura portuguesa terão de existir empresas interessadas em investir — e com bolsos fundos. No Plano de Ação Continente IA, a própria Comissão Europeia considera que criar cinco Gigafábricas é um objetivo ambicioso, com o qual pretende mobilizar 20 mil milhões de euros, o que daria uns quatro mil milhões por cada infraestrutura. A Comissão diz mesmo que uma única Gigafábrica representa, por si só, um investimento avultado na sua construção e operação.

O mercado nacional tem sido apontado como um bom destino alternativo para data centers e atraído o interesse de vários investidores privados. A PortugalDC, criada em 2023, conta atualmente, ela própria, com 100 membros, incluindo 11 operadores de data center, dos quais oito com número de identificação fiscal português.

Mas o país pode estar em desvantagem face a outros Estados-membros, admite o líder da PortugalDC, devido ao facto de os EUA, no início do ano, não terem considerado Portugal um “aliado e parceiro chave” para exportações de componentes tecnológicos sensíveis, tais como os processadores da Nvidia. Desse modo, Portugal arrisca ficar sujeito a restrições na quantidade de chips que pode adquirir, ao contrário de outros mercados, como Espanha e França. “É claramente uma desvantagem, isso foi um dos temas que trouxemos para a reunião”, acrescenta Luís Pedro Duarte.

O ECO colocou várias questões à Comissão Europeia sobre este plano, e também ao Banco de Fomento na segunda-feira ao fim da tarde, encontrando-se a aguardar resposta.

(Notícia alterada às 12h20 com número atualizado de membros da associação)

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Portugal ataca economia da defesa com drones, aviões e veículos anti-motim

Portugal vai investir 5 mil milhões de euros na defesa e várias empresas nacionais estão a investir neste segmento. Não restam dúvidas que é "uma oportunidade" que o país não pode desperdiçar.

Num mundo conturbado, a defesa assume um papel principal e várias empresas portuguesas estão a olhar para o setor como uma “oportunidade” de negócio, sejam drones, aviões militares, veículos anti-motim, placas de proteção balística e até intercomunicadores de última geração. A Tekever, EID, Beyond Composite, Jacinto e a idD Portugal Defence não têm dúvidas que todos podem sair a ganhar numa altura que Portugal vai investir cinco mil milhões de euros na defesa até 2029.

“O setor da defesa apresenta oportunidades significativas para Portugal e para as empresas portuguesas“, assegura ao ECO, Ricardo Mendes, CEO da Tekever, referência europeia no segmento dos drones de reconhecimento. A Tekever é um exemplo de uma empresa portuguesa que desenvolveu sistemas e tecnologias avançadas de defesa, atualmente utilizados por organizações, governos e agências de segurança em todo o mundo.

O líder da empresa das Caldas da Rainha que ficou conhecida pelo seus drones serem utilizados pela força britânica na Ucrânia, assegura que “reforçar as capacidades de defesa da Europa não passa apenas por aumentar o investimento — é essencial investir com inteligência e transformar o ecossistema industrial”.

Reforçar as capacidades de defesa da Europa não passa apenas por aumentar o investimento — é essencial investir com inteligência e transformar o ecossistema industrial.

Ricardo Mendes

CEO da Tekever

Ricardo Mendes conta que, em 2019, abraçaram os primeiros grandes projetos de vigilância à escala europeia ao começarem a operar para a Agência Europeia da Segurança Marítima (EMSA), e para o governo britânico na vigilância do Canal da Mancha. “São os dois maiores projetos de drones da Europa”, assegura.

Atualmente os drones da Tekever, que podem voar até 20 horas consecutivas, monitorizam oleodutos em África “prevenindo danos causados por terrorismo, roubo e refinarias ilegais — protegendo infraestruturas energéticas críticas”.

Ricardo Mendes, CEO da Tekever

Munida com um novo financiamento de 70 milhões de euros angariados em novembro do ano passado, a Tekever emprega mais de 800 pessoas espalhadas entre os escritórios em Portugal, Reino Unido (onde inclusive já fabrica), França e EUA.

Dos aviões aos veículos anti-motim

Portugal apresentou o primeiro avião civil-militar numa feira no Brasil, a primeira aeronave projetada e fabricada em Portugal, que deverá realizar o primeiro voo em 2028. Batizada de LUS-222 é um bimotor de asa alta com porta de carga traseira projetado pelo Centro de Engenharia e Desenvolvimento de Produto (CEiiA), a Força Aérea Portuguesa e a empresa Geosat.

O avião terá a capacidade de transportar 19 passageiros ou até duas toneladas de carga, podendo atuar em missões militares, missões de busca e salvamento e também na aviação comercial regional. A aeronave terá um alcance de até 2.100 quilómetros e poderá atingir velocidade de até 370 quilómetros por hora.

LUS-222CEIIA

Localizada na Charneca da Caparica, a EID voou também até ao Brasil para apresentar na LAAD 2025, a maior feira de Defesa e Segurança da América Latina, um sistema de intercomunicadores de última geração desenvolvido a 100% in-house.

A empresa vende sistemas integrados de comunicação para o setor da defesa em países europeus e da NATO, bem como nações da América Latina, Médio Oriente, Sudeste Asiático e Austrália.

“O reforço da capacidade militar na Europa, impulsionado pelo atual contexto internacional, traduz-se numa oportunidade significativa para a empresa expandir a sua presença e estabelecer novas parcerias estratégicas”, diz ao ECO Gregory Flippes, diretor comercial da EID.

O reforço da capacidade militar na Europa, impulsionado pelo atual contexto internacional, traduz-se numa oportunidade significativa para a empresa expandir a sua presença e estabelecer novas parcerias estratégicas.

Gregory Flippes

Diretor comercial da EID

Com sede em Canelas, Vila Nova de Gaia, a Beyond Composite desenvolve produtos para o setor da defesa, nomeadamente placas de proteção balística para serem inseridos em coletes balísticos, capacetes e escudos com proteção balística para os soldados.

A empresa, que foi fundada por investigadores da Universidade do Minho e recentemente adquirida pela Sonae Capital Industrials, continua empenhada no negócio da defesa. Fernando Cunha, CEO da Beyond Composite, conta ao ECO que estão a “desenvolver e implementar uma estratégia de investigação e desenvolvimento a curto, médio e longo prazo que passará por desenvolver produtos mais leves, com melhor performance e com novas funcionalidades, tais como monitorização do impacto balístico e proteção eletromagnética”.

O líder da empresa considera que as oportunidades estão “sobretudo na Europa, mas também na América Latina”, e que surgem “através de concursos Internacionais para aquisição destes equipamento de proteção pessoal, mas também através do desenvolvimento de parcerias locais e estratégicas”.

Fundada há 71 anos pelo bombeiro voluntário Jacinto Marques de Oliveira, a Jacinto começou a produzir, na década de 80, em parceria com a Salvador Caetano, veículos de combate a incêndio, até que no final de 2016 começaram a olhar para a defesa com outros olhos. Iniciaram o percurso na defesa com a produção de um veículo anti-motim para a GNR, um contentor para o exército português e no final do ano passado cinco veículos anti-motim para a República Dominicana.

Veículo anti-motim da JacintoJacinto

A empresa de Esmoriz, que emprega 170 pessoas e fatura 50 milhões de euros, quer estar na linha da frente da defesa e lançou oficialmente esta semana uma linha de produtos direcionados à defesa e segurança nas áreas militares e polícia.

Esperamos que esta aposta possa alavancar a entrada de uma empresa portuguesa na produção de veículos de defesa militar que muito elevaria esta indústria em Portugal”, diz ao ECO o diretor-geral, Jacinto Reis, que pertence à quarta geração da família.

A Jacinto está neste momento a disputar um concurso de 200 milhões para produzir 800 veículos para o exército argentino.

Portugal vai investir cinco mil milhões na defesa

Na abertura do Land Defence Industry Day, que decorreu esta semana no Quartel da Serra do Pilar, em Vila Nova de Gaia, o primeiro-ministro insistiu no investimento em defesa, classificando-a como uma “prioridade”, numa altura que Portugal é o quinto país da UE que menos gasta do PIB para defesa. Consciente desta lacuna, Luís Montenegro, anunciou na quinta-feira que o Governo vai “antecipar a meta de 2% do PIB de investimento em Defesa que estava previsto até 2029″, através de um “amplo consenso político”, e “sem por em causa o Estado social e estabilidade das contas públicas”.

Sem se comprometer com prazos, o chefe do Executivo afirmou apenas que o objetivo é contribuir “para o dinamismo da indústria nacional, potenciando a capacidade exportadora”, “investir em “drones de última geração” e nos setores aeronáutico e marítimo.

Ricardo Pinheiro Alves, presidente da idD Portugal Defence, antecipa que “considerando os 2%, Portugal vai investir na defesa cinco mil milhões de euros, entre 2025 e 2029, em equipamentos e outros investimentos”, diz o líder idD Portugal Defence. “É uma oportunidade ótima para as empresas portuguesas e mesmas as próprias organizações, como a NATO ou a UE, vão investir mais”, afiança Ricardo Pinheiro Alves.

Do calçado à mecânica de precisão todos podem sair a ganhar

Luís Montenegro considera que a “indústria portuguesa pode reconfigurar-se para produzir equipamentos de defesa”, destacando que “Portugal tem excelentes condições para albergar investimentos na área da defesa”. O presidente da idD Portugal Defence corrobora a ideia do primeiro-ministro em gestão e destaca que “Portugal está bem posicionado para aproveitar as oportunidades na defesa” e que “há todas as razões para as perspetivas serem otimistas”.

 

O porta-voz da idD Portugal Defence não tem dúvidas que a defesa poderá ser uma oportunidade para setores como o “agroalimentar, que pode fornecer rações de combate, ou o têxtil e calçado, sem esquecer a mecânica de precisão, que podem fornecer peças únicas de engenharia”. “São áreas em que Portugal é muito forte, como os materiais compósitos, coletes de proteção, IA nos drones aéreos ou navais, entre outros”, salienta Pinheiro Alves, que nota que “há mais empresas com interesse no setor e a recolher informação”.

A defesa poderá ser uma oportunidade para setores como o agroalimentar, que pode fornecer rações de combate, ou o têxtil e calçado, sem esquecer a mecânica de precisão, que podem fornecer peças únicas de engenharia.

Ricardo Pinheiro Alves

Presidente da idD Portugal Defence

“Temos vindo a visitar empresas que não trabalham com a defesa, como as empresas que fornecem o setor automóvel e têm capacidade para fornecer o exército com blindadosTudo que é a parte mecânica os portugueses conseguem fazer”, conclui o líder da entidade promotora de políticas públicas para a Economia da Defesa.

“A indústria da defesa passou a ser uma prioridade“, conclui o presidente da idD Portugal Defence,

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Rui Rocha critica “irresponsabilidade” da gestão de Montenegro. Líder do PSD fala em “montenegrização” do pensamento político

Em debate com Luís Montenegro, o líder da Iniciativa Liberal acusou o primeiro-ministro de irresponsabilidade, mas não fechou a porta a possíveis entendimentos nas eleições legislativas de 18 de maio.

Rui Rocha disse que Luís Montenegro “geriu com irresponsabilidade” a crise política que ditou a queda do seu governo. A ideia foi defendida num frente a frente entre os dois líderes partidários, transmitido na RTP1 no âmbito das eleições legislativas de 18 de maio, onde o presidente da Iniciativa Liberal (IL) assegurou que o seu partido está comprometido e com sentido de responsabilidade com o objetivo de assegurar estabilidade, mudança e reformas e na recuperação da dignidade das instituições.

Se estamos aqui é porque Luís Montenegro geriu com irresponsabilidade”, deixando que “a situação se avolumasse e quando não deu explicações atempadas”, apontou Rui Rocha. Sobre possíveis coligações ou entendimentos após 18 de maio, Rui Rocha diz que depende de Luís Montenegro mostrar “capacidade de estar à altura” do “compromisso absoluto com a responsabilidade e estabilidade do país” da Iniciativa Liberal.

Depois de observar que tem assistido a uma “grande aproximação” de todos os partidos às propostas e à moderação da AD – a que apelidou de “montenegrização” –, Luís Montenegro apontou que a AD tem “boa convivência em várias matérias” com a IL mas também divergências.

Segundo o primeiro-ministro, a AD não é socialista nem liberal. “Não somos socialistas porque não queremos ter um país demasiado estatizado” mas, no entanto, “somos defensores de que o Estado tem de cumprir as suas funções soberanas e garantir os serviços essenciais aos que têm maior vulnerabilidade”, em contraste com a IL que “pensa que o mercado resolve tudo”, disse Luís Montenegro.

A saúde, por exemplo, é um campo que separa as duas forças políticas, segundo Luís Montenegro. “Nós não abdicamos que o nosso sistema de saúde tenha no seu epicentro o serviço nacional de saúde”, disse.

Quanto à eventual manutenção da ministra da saúde no cargo, o primeiro-ministro diz que Ana Paula Martins é um “quadro qualificadíssimo” e que continuará na equipa “logo se vê em que funções”.

“Em princípio será eleita deputada e, a partir daí, quando tivermos de formar Governo, tomaremos as nossas opções”, acrescentou.

Rui Rocha apontou também uma “diferença de velocidades” entre os dois partidos, observando que o slogan da AD é “Portugal não pode parar”, mas que a IL quer é “acelerar Portugal”.

“A preocupação da IL é dar resposta por via da racionalização do Estado e do crescimento económico ao conjunto de pessoas e aos jovens do país que não podem continuar à espera anos a fio de uma velocidade baixa que a AD também apresentou”, afirmou.

Montenegro disse ainda confiar na economia portuguesa, defendendo que Portugal “é hoje um país atrativo para o investimento”, que tem “fatores de competitividade que fazem gerar oportunidades mesmo num plano conturbado a nível externo”.

Mas se a AD confia nos portugueses, “a Iniciativa Liberal confia ainda mais”, respondeu Rui Rocha, acrescentando que numa legislatura a quatro anos é possível “fazer os ajustamentos necessários para acomodar alguma perturbação que venha [do exterior]”.

O líder da IL disse também não criticar que tenham sido feitos ajustamentos na função pública, mas sim a forma como isso foi realizado. “Foi feito sem nenhum critério reformista. Parecia que um determinado grupo fazia barulho e o Governo passava o cheque. A seguir vinha outro e o Governo passava o cheque. E isto não teve subjacente uma reforma da administração pública, a tal racionalização que nós desejamos, e também não teve presente o critério de mérito. E portanto parece às vezes atirar dinheiro para os problemas sem resolver as coisas na base”, afirmou.

Este ciclo de debates televisivos, que vão colocar frente a frente os candidatos às eleições legislativas de 18 de maio, prolonga-se até 28 de abril, dia em que se enfrentam os líderes dos dois principais partidos – Luís Montenegro (AD) e Pedro Nuno Santos (PS) – numa transmissão que será feita em simultâneo na TVI, RTP e SIC a partir das 21h00.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Ventura exige explicações a Montenegro e acusa Governo de fraude com o IRS

  • Lusa
  • 14 Abril 2025

O líder do Chega critica níveis "historicamente elevados" de carga fiscal. "Havia um governo que ia tirar diretamente e há um que finge que não tira, mas vai tirar. E vai tirar ainda mais", diz.

O líder do Chega, André Ventura, exigiu esta segunda-feira explicações ao primeiro-ministro, Luís Montenegro, sobre as alterações nas tabelas de retenção do IRS e acusou o Governo de promover “uma fraude” para “enganar as pessoas”.

“Gostava de exigir ao governo uma explicação sobre isso. Não podemos estar a enganar as pessoas. O que aconteceu em matéria de IRS foi uma fraude. Foi uma fraude”, afirmou André Ventura aos jornalistas durante uma arruada no centro de Ponta Delgada, nos Açores.

O presidente do Chega disse não ter encontrado “ninguém que diga que está melhor do que há um ano atrás” e criticou a “carga fiscal histórica” existente quer com o atual governo, quer com o anterior, liderado por António Costa (PS).

“Percebe-se agora porque é que os níveis de carga fiscal continuam historicamente elevados, porque havia um governo que ia tirar diretamente e há um que finge que não tira, mas vai tirar. E vai tirar ainda mais”, sustentou.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.