Castro Almeida critica uso sistemático de fundos europeus para pagar despesa corrente do Estado

"Por similitude com o Portugal 2020, que foi aprovado em Bruxelas em junho de 2014, o PT2030 deveria ter ficado aprovado em junho de 2021". Provavelmente só no verão, vaticina Castro Almeida.

Os fundos europeus são sistematicamente utilizados para pagar despesas correntes do Estado e por isso a verba reservada para apoiar as empresas “é demasiado curta”. A prática de desorçamentação é a crítica transversal que o antigo secretário de Estado do Desenvolvimento Regional faz aos vários pacotes de fundos europeus que Portugal tem ao seu dispor: o Portugal 2020, o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e o Portugal 2030.

Há uma tendência eterna dos fundos estruturais servirem, sobretudo, para aliviar as contas públicas, para substituir despesa pública. É um erro”, lamenta Manuel Castro Almeida. “Diz-se que, apesar dos fundos europeus, Portugal não avança porque muitas vezes não são bem aplicados. Não quer dizer que o dinheiro seja desperdiçado, mas quando vem substituir dinheiro público não vem acrescentar”, acrescenta em declarações ao ECO.

O antigo secretário de Estado de Pedro Passos Coelho exemplifica casos concretos em que, na sua opinião, os fundos são chamados a pagar despesas indevidas. “Por exemplo, um curso profissional é mais caro pelos gastos de material. O que faz sentido é que os fundos europeus paguem este acréscimo. Em vez disso, o que tem vindo a acontecer é que os fundos europeus pagam a totalidade do curso. Isto é substituir o Orçamento do Estado por fundos europeus”, explica. “Outro exemplo é os fundos europeus pagarem as bolsas de estudo do ensino superior, uma despesa corrente que já existia antes de existirem fundos europeus”, acrescenta.

Há uma tendência eterna dos fundos estruturais servirem, sobretudo para aliviar as contas públicas, para substituir despesa pública. É um erro.

Manuel Castro Almeida

Antigo secretário de Estado do Desenvolvimento Regional

“Desorçamentação é mau”, continua, mas isso “não quer dizer que a Administração Pública não pudesse aproveitar os fundos europeus”.

O responsável reconhece que a prática de desorçamentação não é nova, nem exclusiva do atual Governo. “Na programação do Portugal 2020 aconteceu muito isto”, reconhece Castro Almeida. Mas justifica com o facto de o “Governo estar em grande necessidade”. “Era tal a carência de recursos públicos, a restrição de Bruxelas ao endividamento e ao défice que o Governo tinha de lançar mão a todo o dinheiro que havia incluído fundos europeus”, explicou. “Mas já não estamos nessa situação de sufoco financeiro, não temos cá a troika como tivemos em 2013 e 2014. Era preciso ir, ainda que lentamente, desagravando os fundos europeus de pagar despesas que são despesas correntes do Estado”, defende.

O antigo secretário de Estado do Desenvolvimento Regional considera que “o PRR sofre do mesmo problema do PT2030: está mais talhado para compor as contas públicas do que para relançar a economia”.

“As empresas terão muito pouco dinheiro no PRR, a maior parte é para a máquina do Estado, embora para a qualificar”, sublinha.

Mas Castro Almeida faz questão de deixar um elogio às agendas mobilizadoras. “Na pequena parcela que é dada às empresas valorizo muito o dinheiro afeto às agendas mobilizadoras, uma área onde o PRR inova na boa direção, porque vai finalmente ajudar a resolver um problema grave da nossa economia que é a falta de ligação entre as universidades, os laboratórios de Estado, as instituições de ensino superior mais diversas, o sistema de investigação do país e as empresas”, explica o antigo responsável. “Temos excelente investigação em Portugal, mas é preciso que esta se traduza em faturas. E é isso que as agendas mobilizadoras vão ajudar a resolver porque obrigam a que se juntem universidades, grandes empresas e pequenas para passar da investigação feita nos centros de investigação para as fábricas”, acrescenta, lamentando, contudo, que seja “tão pouca a dotação disponível”.

No pré-concurso feito as intenções de investimento (9,7 mil milhões de euros) passam largamente a dotação inicialmente prevista para este programa e, por isso, Castro Almeida entende que os 930 milhões de euros previstos deveriam ser reforçados. O Executivo admite a possibilidade de acionar uma verba adicional de 2,3 mil milhões de euros em empréstimos que ficou pré-reservada em Bruxelas caso os projetos empresariais assim o justificassem ou se fosse necessário para a capitalização das empresas. Mas o Executivo chutou uma decisão a esse nível para o segundo semestre de 2022.

Castro Almeida diz ser “muito crítico” por o Governo ter optado por não usar a totalidade da dotação que estava disponível no PRR a título de empréstimo, “mesmo sabendo o elevado nível de endividamento do país”. “Se esses empréstimos fossem contraídos para capitalizar empresas, que o Estado pudesse ter obrigações participantes ou outra forma qualquer de participar na capitalização das empresas, não era dinheiro deitado à rua. O Estado iria contrair um passivo, mas também ficava com um ativo que se iria neutralizar a dívida”, afirma o antigo presidente da Câmara de São João da Madeira. “Foi uma oportunidade perdida não usar uma parte maior da dotação disponível de empréstimos para ajudar as empresas na sua capitalização”, conclui.

Na pequena parcela que é dada às empresas valorizo muito o dinheiro afeto às agendas mobilizadoras, uma área onde o PRR inova na boa direção, porque vai finalmente ajudar a resolver um problema grave da nossa economia.

Manuel Castro Almeida

Antigo secretário de Estado do Desenvolvimento Regional

E se o tecido empresarial nacional se tem mostrado avesso ao longo dos anos em aderir a instrumentos de capitalização, Castro Almeida defende que é uma questão de “as empresas ganharem confiança no Estado, para saberem que este mete lá dinheiro e têm a garantia de que depois sairá quando estiver cumprida a sua missão e a empresa tiver melhores resultados”. O antigo governante recorda que o Estado participa no capital da empresa, mas não na sua gestão corrente.

“As empresas não estão habituadas a isto”, reconhece, mas revela que dos contactos que tem tido com muitos empresários “há predisposição para aceitar entradas de capital do Estado”. “Tendo em conta que não há esta prática vamos todos ter de aprender”, admite. “É preciso que corra bem”, frisa, porque a falta de capitais próprios das empresas é “um problema sério” e que vai exigir “profissionalismo” de todos.

Há diversas soluções sobre a mesa e cada empresa terá de ver qual a solução que melhor se lhe aplica. O Banco de Fomento desenhou programas para apenas mil milhões de euros, ou seja, falta definir a utilização de 300 milhões num total de dotação de 1,3 mil milhões.

O objetivo é avançar com um programa de recapitalização estratégica que visa repor os capitais próprios de empresas de interesse estratégico nacional, com foco em médias empresas, small mid caps e mid caps, para níveis pré-pandemia.

Está previsto também um programa de capitalização mediante coinvestimento com investidores privados, com uma dotação de 300 milhões de euros a um. Ou um programa de recapitalização para apoio à redução de endividamento em linhas de crédito com garantia pública, através de empréstimos participativos ou outros instrumentos de quase-capital, que tem 200 milhões. Finalmente, está previsto um outro programa de capitalização de 200 milhões de euros que será feito através de parcerias estabelecidas com o Fundo Europeu de Investimento.

Sobre o Banco de Fomento, responsável pela operacionalização destes instrumentos de capitalização, Castro Almeida deseja que “tenha sucesso” porque é útil para apoiar projetos de mais longo prazo e que a banca tradicional não estaria tão vocacionada para apoiar “por terem uma evidência de sucesso menor”. Mas admite que “há o risco de o Estado gerir um banco com critérios políticos”. “É um péssimo princípio”, alerta. “Espero que a autonomia da administração do Banco Português de Fomento fique garantida. Qualquer Governo tem de a garantir, até para responsabilizar as pessoas que lá estão”, remata.

Três ingredientes para fazer crescer a economia

Para fazer crescer a economia Castro Almeida tem uma receita de três ingredientes: apoio ao investimento produtivo, apoio às fusões e aquisições e aos instrumentos de capitalização. “Aquilo que se pode resolver com dinheiro são estas três principais áreas”. Mas muita coisa não tem tradução financeira como “resolver as demoras nos tribunais administrativos e fiscais que são vergonhosos” ou “ser mais criterioso na despesa pública”. “O empenho de um Governo numa política não deve ser medido pelos milhões que lá mete”, recomenda.

Usando o exemplo da Saúde e os 700 milhões de euros que o Executivo prometeu injetar no Orçamento do Estado, Castro Almeida sublinha que mais do que o montante é fundamental saber quais os “objetivos e metas que se pretende atingir” com essas verbas.

O ex-número dois de Rui Rio surpreende-se com o facto de, nestas eleições, os partidos estarem tão focados no crescimento económico. “É curioso ver numas eleições legislativas tanto debate sobre a necessidade de pôr a economia a crescer e como fazê-lo. A forma mais óbvia é descer os impostos sobre as empresas – e quase todos os partidos parecem estar de acordo sobre isso –, porque se a empresa não pagar impostos é suposto que esse dinheiro permita fazer novos investimentos, para criar mais emprego e melhores salários”, explica.

“Isto não quer dizer que se esteja a proteger os empresários, porque no momento em que transformam o lucro em dividendos têm de pagar IRS. Mas não há melhor forma de defender o interesse público do que a empresa reinvestir o seu lucro”, defende.

Mas se os programas eleitorais do PS e PSD são muito distintos em termos económicos, nomeadamente a nível fiscal, em termos de fundos europeus as diferenças esbatem-se. “O PSD enfatiza mais a necessidade apoiar as empresas com fundos europeus, nomeadamente programas de fusão e concentração de empresas e linhas de capitalização. Já o PS, apesar de ter um capítulo dedicado ao tema, de onde não se retira muito, tem uma ideia interessante e útil: criar uma espécie de certidão permanente das empresas nas candidaturas aos fundos”.

Ou seja, uma empresa que se candidata mais do que uma vez a apoios europeus não tem de estar sempre a apresentar-se e enviar documentos justificativos. “Uma outra ideia fundamental é reforçar as estruturas que trabalham com os fundos europeus, porque não se fazem omeletes sem ovos”, lembra, frisando a premência de reforçar as equipas do IAPMEI.

“Seria uma imprudência pedir uma revisão do PRR”

Apesar de todas as críticas que possam ser dirigidas ao Plano de Recuperação e Resiliência, Castro Almeida entende que, “seria uma imprudência pedir uma reabertura e revisão do PRR”. O PRR tem de ser totalmente comprometido até 31 de dezembro de 2023, menos de dois anos, por isso, “tendo em conta a tradição em Portugal de levar as execuções até ao limite, é preciso executar o aprovado”. Neste caso o prazo limite é 2026.

“Não aconselharia uma revisão no PRR, mas se houver atrasos em algumas áreas, como por exemplo na construção da habitação, que consome uma fatia importante do PRR, todo esse dinheiro deveria ser encaminhado para as agendas mobilizadoras”, sugere o antigo responsável.

O exemplo da habitação não é dado ao acaso tendo em conta a falta de mão-de-obra no setor, a falta de materiais e o aumento dos preços das matérias-primas. “Ou há um acompanhamento, a par e passo, dos responsáveis do ministério sobre estes investimentos ou a tendência será para a derrapagem dos custos e dos prazos”, vaticina.

No capítulo dos atrasos, o secretário de Estado que esteve envolvido na negociação do Portugal 2020 com Bruxelas denuncia que o quadro comunitário que se segue não começa bem. “Ainda não deram entrada em Bruxelas as propostas nacionais do PT2030″ e o processo de dissolução do Parlamento fez com que o Governo decidisse que deverá ser o próximo Governo a apresentar a proposta. Mas em vez de considerar esta opção um gesto democrático, Castro Almeida diz que “o Governo não tinha alternativa, porque não a tem pronta”.

“Por similitude com o Portugal 2020, que foi aprovado em Bruxelas em junho de 2014, o PT2030 deveria ter ficado aprovado em junho de 2021. Provavelmente só será aprovado no verão, o que quer dizer que vai ser aprovado um ano depois face ao PT2020. Não é um bom princípio para o PT2030”, lamenta.

Por similitude com o Portugal 2020, que foi aprovado em Bruxelas em junho de 2014, o PT2030 deveria ter ficado aprovado em junho de 2021. Não é um bom princípio para o PT2030.

Manuel Castro Almeida

Antigo secretário de Estado do Desenvolvimento Regional

Já quanto ao Portugal 2020, Castro Almeida insiste que está “efetivamente atrasado”, apesar de o Executivo se gabar de ter terminado 2021 com uma taxa de execução de 71%, dois pontos percentuais acima daquela que foi a fasquia estabelecida pelo próprio Governo. “Se tem obrigação de estar num determinado local às 8h00, mas mete na cabeça que pode chegar às 8h30, se chegar às 8h15, não chegou um quarto de hora mais cedo. Chegou 15 minutos mais tarde. É isso que o Governo está a fazer ao querer gabar-se que superou em dois pontos aquela que era a sua perspetiva. Mas essa era chegar muito atrasado!”

“Estive a fazer contas e concordo totalmente com a avaliação feita pelo Tribunal de Contas. Se o programa continuar com o mesmo ritmo de execução dos últimos três anos, não vai ser cumprido. Para o ser tem de aumentar em 50% a rapidez de execução face aos últimos cinco anos. Têm de ser tomadas medidas vigorosas para poder ser cumprido”, aconselha.

Mas, dito isto, o antigo secretário de Estado admite que “nenhum Governo vai deixar que o programa não seja cumprido, caso contrário no final do ano teríamos de devolver verbas a Bruxelas”. “O problema é que quando se deixa tudo muito para o fim, nos últimos meses vamos gastar de qualquer maneira”, lamenta.

“O Governo está muito descansado quando tem um problema sério às costas que precisa de resolver com muito sentido de responsabilidade e com vontade de corrigir erros, porque se persistir na mesma metodologia não vamos ter o programa cumprido”, conclui.

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Portugal melhora um lugar no ranking de perceção da corrupção

Portugal ocupa a 32.ª classificação no Índice de Perceção da Corrupção de 2021, com 62 pontos. Transparency International avisa que Governo e BdP escapam à nova Estratégia Nacional Anticorrupção.

Portugal subiu um lugar no ranking do Índice de Perceção da Corrupção de 2021, elaborado pela Transparency International, mas continua a ter falhas neste campo. A organização alerta que o combate à corrupção em Portugal, através da nova estratégia anticorrupção, “deixa de fora o Governo e o supervisor da banca”.

O país encontra-se em 32.º lugar na tabela do índice que mede os níveis da perceção de corrupção no setor público em 180 países/territórios ao redor do mundo, com uma pontuação de 62 (sendo que 0 corresponde a um país percecionado como muito corrupto e 100 a um país visto como muito transparente). Face a 2020, subiu uma posição, bem como na pontuação, que era de 61.

“Se só subimos um ponto no Índice de Perceção da Corrupção é porque a Estratégia Nacional Anticorrupção não é de todo satisfatória. Ainda temos muito que trabalhar ao nível da grande corrupção e do reforço institucional para a prevenção da corrupção ao mais alto nível político e das instituições públicas”, reitera Susana Coroado, presidente da Direção da Transparência Internacional Portugal, citada em comunicado.

Apesar da subida, Portugal continua abaixo dos valores médios da União Europeia (64 pontos) e da região Europa Ocidental e União Europeia (66 pontos). Esta região ainda se destaca neste índice, ficando no topo com uma pontuação média de 66 em 100, mas “o progresso estagnou”, como destaca a organização.

Entre os pontos de risco, destaca-se que os “poderes executivos estão a ser usados ​​para contornar mecanismos importantes de responsabilização destinados a manter a corrupção sob controlo”. É aqui que é dado o exemplo de Portugal, onde “a nova estratégia nacional anticorrupção não abrange partidos políticos ou Banco de Portugal”.

A organização alerta ainda que a pandemia de Covid-19 tem “ameaçado a transparência e responsabilidade em toda a região, não deixando nenhum país ileso e expondo sinais preocupantes de retrocesso mesmo entre os os melhores desempenhos da região”.

Olhando para o índice global, os países do topo, onde é considerado que existe menos corrupção, são Dinamarca, Finlândia e Nova Zelândia, cada um com uma pontuação de 88.

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Rei dos Frangos nomeia administrador para a SAD do Benfica

O empresário José António dos Santos nomeou um administrador em seu nome para a SAD do Benfica: António Albino Pires de Andrade.

Já estão escolhidos os órgãos sociais da SAD do Benfica, e o empresário José António dos Santos, conhecido como “Rei dos Frangos” acabou por conseguir nomear um administrador em seu nome: António Albino Pires de Andrade. Tinha existido um problema com as regras de representatividade de género na liderança das cotadas mas, com a nova lista apresentada por Rui Costa, já foi possível incluir o nome escolhido pelo acionista.

“Na Assembleia Geral extraordinária iniciada, em primeira convocação, no passado dia 6 de janeiro, e retomada hoje, dia 24 de janeiro de 2022, pelas 19.00 horas, foi aprovado pelos acionistas o reinício da mesma e a admissão da proposta apresentada hoje pelo acionista Sport Lisboa e Benfica com relação à composição do Conselho de Administração” e, em sequência, foram eleitos os membros da Mesa da Assembleia Geral, do Conselho de Administração e do Conselho Fiscal para o mandato relativo ao quadriénio 2021/2025, adianta a SAD do Benfica, em comunicado enviado à CMVM.

A assembleia geral do dia 6 de janeiro, onde devia ter sido eleita a administração da SAD, foi adiada, na sequência de José António dos Santos ter informado que também pretendia nomear um administrador em seu nome. Surgiu um problema, já que a pessoa em causa iria tirar o lugar a uma mulher na administração da sociedade (era a última da lista de Rui Costa), o que originaria um incumprimento da regra que dita que “a proporção de pessoas de cada género designadas de novo para o órgão de administração não pode ser inferior a 33,3%”.

Para resolver o problema, Rui Costa apresentou uma nova proposta para os órgãos sociais da SAD do Benfica à assembleia geral. Esta contemplava três novos nomes para o conselho de administração em relação à primeira proposta: Maria Sampaio Nunes (ex-vogal da Autoridade da Mobilidade e dos Transportes), Lourenço Pereira Coelho (diretor-geral do Benfica) e Rui Vieira do Passo.

Rui Vieira do Passo passou assim a ser a última pessoa da lista de Rui Costa, e aquela que saiu para dar o lugar a António Albino Pires de Andrade, nome escolhido pelo Rei dos Frangos.

Não há alterações na composição dos restantes órgãos, nomeadamente na mesa da assembleia geral (que será liderada pelo ex-deputado centrista Nuno Magalhães) e no conselho fiscal (continuará a ser presidido por João Augusto).

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Ucrânia: Estados Unidos colocam 8.500 militares em alerta máximo

  • Lusa e ECO
  • 24 Janeiro 2022

“O que está em causa é tranquilizar os nossos aliados da NATO”, disse John Kirby, porta-voz do Pentágono, que não exclui a movimentação de tropas norte-americanas dentro do território europeu.

O secretário da Defesa norte-americano colocou cerca de 8.500 militares em alerta máximo, prontos para serem mobilizados pela NATO, se necessário, face ao aumento de receios de uma invasão da Ucrânia pela Rússia, revelou esta segunda-feira o Pentágono.

Segundo o porta-voz do Pentágono, John Kirby, ainda não foi tomada nenhuma decisão final sobre mobilização de tropas, mas a ordem do chefe do Pentágono, Lloyd Austin, procura garantir que os Estados Unidos estão prontos para dar uma resposta, caso a NATO decida enviar a sua força de reação rápida para a região.

“O que está em causa é tranquilizar os nossos aliados da NATO”, vincou John Kirby, antes de admitir que o aumento da tensão entre a Rússia e a Ucrânia pode movimentar militares norte-americanos dentro da Europa.

 

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Reviravolta em Wall Street. Após quedas, índices acabam dia no verde

Os principais índices de Wall Street estavam em queda, com preocupações sobre as tensões na Ucrânia e as perspetivas da Fed, mas a caça por bons negócios acabou por fazer inverter a tendência.

As bolsas norte-americanas estiveram em queda durante a maior parte da primeira sessão da semana, pressionadas pelo nervosismo com a perspetiva de um ataque russo à Ucrânia e as decisões da Fed após a reunião de quarta-feira. No entanto, os principais índices de referência acabaram por inverter a tendência à última hora e registaram ganhos.

As tensões entre a Rússia e a Ucrânia estão a preocupar os investidores, nomeadamente após os Estados Unidos começarem a retirar diplomatas de Kiev. Além disso, digerem também a possibilidade de o banco central norte-americano endurecer a política monetária, sendo que poderá arrancar já em março com a subida dos juros diretores, para conter a inflação.

Esta situação estava a levar a quedas nos mercados, mas os investidores, no final da sessão, decidiram apostar em bons negócios, nomeadamente nas ações tecnológicas, que estavam em queda, e com isso acabaram por inverter a tendência.

O S&P 500 avançou 0,31% para 4.411,71 pontos, enquanto o industrial Dow Jones somou 0,32% para 34.373,82 pontos, a primeira sessão positiva após seis em queda. Já o tecnológico Nasdaq chegou a cair mais de 4%, mas acabou por também recuperar e terminou o dia a subir 0,71% para 13.866,17 pontos.

As cotadas do setor de tecnologia estavam então entre as mais atingidas, com os receios relativamente às taxas de juros mais altas, mas acabaram por ser onde os investidores se refugiaram. A Microsoft subiu 0,11% para 296,37 dólares, a Amazon ganhou 1,33% para 2.890,88 dólares e a Alphabet, dona da Google, avançou 0,33% para 2.607,44 dólares.

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Boris Johnson teve festa de aniversário durante confinamento

  • Lusa
  • 24 Janeiro 2022

Cerca de 30 pessoas terão participado na festa surpresa organizada pela esposa de Johnson, Carrie, na tarde de 19 de junho de 2020, durante o primeiro confinamento.

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, comemorou o aniversário com amigos durante um confinamento em 2020, apesar das regras para evitar a propagação da covid-19, foi esta segunda-feira noticiado. Segundo a estação ITV, cerca de 30 pessoas compareceram na festa surpresa organizada pela esposa de Johnson, Carrie, na tarde de 19 de junho de 2020, durante o primeiro confinamento, quando este tipo de encontros ainda era proibido.

O grupo, sobretudo composto por funcionários, cantou os parabéns e cortou um bolo, mas também incluía a decoradora de interiores Lulu Lytle, responsável pela remodelação dos aposentos de Johnson na residência oficial, em Downing Street. Um porta-voz confirmou que o chefe de Governo esteve presente, mas durante “menos de dez minutos”.

A ITV adianta que amigos e familiares teriam participado de outro evento organizado no mesmo dia, à noite, no primeiro andar da residência do primeiro-ministro, o que o porta-voz desmentiu. “Isso é totalmente falso. De acordo com as regras da época, o primeiro-ministro acolheu um pequeno número de familiares no exterior [no jardim] naquela noite”, disse.

A notícia soma-se a relatos e alegações de dezenas de outras “festas” ou eventos sociais em 2020 e 2021 em Downing Street, violando as restrições impostas para travar a de pandemia covid-19. O escândalo conhecido por ‘partygate’ causou uma onda de indignação, já que muitas pessoas viram-se impossibilitadas de acompanhar familiares e próximos que morreram ou que estavam doentes ou sozinhos.

Sondagens mostram uma queda na popularidade de Boris Johnson, de 57 anos, eleito em 2019 com uma maioria absoluta histórica graças à promessa de concretizar o ‘Brexit’. Até agora, escapou a uma moção de censura no Partido Conservador, aguardando-se esta semana o resultado de um inquérito às festas.

O antigo assessor de Boris Johnson, Dominic Cummings, recusou ser interrogado como parte desta investigação, preferindo testemunhar por escrito. Cummings, que lança regularmente ataques contra o líder Conservador desde a sua demissão no final de 2020, avisou que “outras histórias prejudiciais” surgiriam se o primeiro-ministro não renunciasse.

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Especialistas desafiam Governo e Vinci a mostrarem documentos sobre o novo aeroporto do Montijo

  • Lusa
  • 24 Janeiro 2022

"O país está a assistir a um dogma, em que se diz que o Montijo é mais barato", critica um dos especialistas, que pede ao Governo e Vinci que mostrem um documento que o prove.

Um antigo bastonário dos engenheiros, um engenheiro de Aeródromos e um consultor aeroportuário desafiaram esta segunda-feira o Governo e a VINCI a mostrarem os documentos que justificam a decisão de construção do novo aeroporto no Montijo em detrimento de Alcochete.

“Eu desafio a ANA/VINCI [concessionária do aeroporto de Lisboa] a provar que a solução ‘Aeroporto Humberto Delgado [AHD] + Montijo’, que não está validada do ponto de vista ambiental, é mais barata que a construção do Novo Aeroporto de Lisboa [NAL] no Campo de Tiro de Alcochete [CTA], em que o hub passa para lá”, disse à agência Lusa Carlos Matias Ramos, ex-bastonário dos Engenheiros (2010-2016) e ex-presidente do LNEC, Laboratório Nacional de Engenharia Civil (2005-2010).

‘O Aeroporto de Lisboa – Perspetiva Estratégica de Interesse Nacional’ é o título do documento assinado pelo ex-presidente do LNEC Carlos Matias Ramos, pelo engenheiro de Aeródromos Carlos Brás e pelo consultor aeroportuário, investigador do Instituto Superior Técnico (IST) e ex-quadro da ANA – Aeroportos de Portugal Victor Rocha.

Para o ex-presidente do LNEC, o documento, que foi divulgado pela Plataforma Cívica BA6 Não – que se opõe a construção de um aeroporto complementar do aeroporto Humberto Delgado no Montijo -, pretende alertar para o que diz ser um “dogma” sobre a localização de um aeroporto complementar de Lisboa na Base Aérea do Montijo.

“Neste momento o país está a assistir a um dogma, em que se diz que o Montijo é mais barato. Isto é um dogma. Alguém conhece algum documento em que isto esteja dito, de forma técnica, sustentada, em custos e em análises comparadas? Não conheço. E tenho pedido”, disse à agência Lusa Carlos Matias Ramos, reiterando o pedido à ANA e ao Governo para demonstrarem que a opção pelo Montijo é mais barata do que a construção faseada do Novo Aeroporto de Lisboa (NAL) em Alcochete.

Convicto de que “a inteligência e o conhecimento” vão acabar por se sobrepor a alegados fatores externos, que nada têm a ver com o interesse nacional, Carlos Matias Ramos recordou que a resolução do Conselho de Ministros que decidiu pela construção do NAL em Alcochete “ainda não foi revogada”.

Além disso, acrescentou, “existe um Plano Regional de Ordenamento do Território da Área Metropolitana de Lisboa (PROT-AML) – a última versão é de 2011 –, em que está lá consagrada a construção do novo aeroporto de Lisboa no CTA e da terceira travessia do Tejo na Área Metropolitana de Lisboa”.

“Neste momento já foi tudo posto em causa. Com valores, com situações sustentadas? Não. É por feeling, ou então por influências, que não são propriamente de interesse público. Eu digo isto com toda a clareza, não tenho problema nenhum em dizê-lo. Mostrem-me os documentos que provam que aquela solução Montijo é boa”, desafiou, mais uma vez, o antigo presidente do LNEC

O Montijo é uma solução má, é péssima. Não tem sentido nenhum e é um erro estratégico para o futuro do país”, sublinhou o antigo presidente do LNEC.

No documento, a que a agência Lusa teve acesso, os subscritores defendem que o aeroporto deve sair de Lisboa, garantem que o atual aeroporto Humberto Delgado (AHD) nunca será o hub que a cidade de Lisboa, o país e a TAP necessitam e consideram que é “urgente tomar a decisão correta”.

Os subscritores sustentam ainda que a Declaração de Impacte Ambiental (DIA), para a construção do novo aeroporto no CTA, “caducou em dezembro de 2020, porque a ANA não terá desenvolvido junto da Agência Portuguesa do Ambiente [APA] as diligências necessárias à respetiva renovação”, mas lembram que a “zona de implantação do aeroporto no CTA não se alterou de forma significativa desde dezembro de 2020”.

“A minha mágoa é saber que há capacidade de inteligência no país e que ela está a ser desmobilizada, devido a fatores que são externos ao conhecimento. E as decisões são feitas um pouco ad-hoc e casuísticas”, disse Carlos Matias Ramos, reiterando a ideia de que a escolha do Montijo é uma “péssima” solução para o país.

O nosso documento é um desafio à reflexão. Um desafio a que não se tomem decisões que não sejam sustentadas numa análise técnica, financeira, económica, ambiental, de Ordenamento do Território, de segurança em termos aeronáuticos e, fundamentalmente, com uma perspetiva de futuro. Não queremos coisas que sejam remendos, queremos coisas que tenham uma lógica de futuro”, concluiu Carlos Matias Ramos.

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Moody’s poderá rever em alta rating da TAP

A colocação de todos os ratings da TAP em revisão para melhoria segue-se à aprovação pela Comissão Europeia de um pacote de ajudas estatais.

A Moody’s anunciou esta segunda-feira que colocou em revisão o rating de probabilidade de incumprimento e o rating corporativo da TAP, com a possibilidade de este ser elevado. A decisão de rever os ratings da TAP prende-se com a aprovação pela Comissão Europeia de um pacote de auxílios estatais.

“Simultaneamente, a agência colocou o rating Caa2 da TAP das notas seniores sem garantia de 375 milhões de euros e a avaliação de crédito de linha de base caa3 (BCA) do emissor em revisão para elevação”, lê-se na nota publicada na página da agência de rating.

A perspetiva para a evolução do rating foi assim alterada de negativa para estar em revisão.

A Moody’s explica esta decisão com o pacote de apoios que a TAP vai receber. “A dimensão do auxílio estatal é muito importante em comparação com a posição patrimonial pré-pandemia da TAP e posição de dívida ajustada”, notam. Além disso, “o pacote de apoio aos auxílios estatais também reforçará significativamente a liquidez da TAP”.

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Djokovic e Sérvia minam exploração de lítio da anglo-australiana Rio Tinto

Uma semana depois das autoridades australianas indeferirem o recurso de Djokovic, a Sérvia anulou as licenças de exploração de lítio da mineira anglo-australiana Rio Tinto na zona de Jadar.

A Sérvia anulou as licenças de exploração de lítio da mineira Rio Tinto em resposta a protestos ambientalistas, avançou a Reuters (acesso condicionado / conteúdo em inglês) na passada quinta-feira. A decisão foi anunciada uma semana depois das autoridades australianas indeferirem o recurso do tenista sérvio, Novak Djokovic, contra uma ordem de deportação, implicando uma proibição de entrar na Austrália durante três anos.

Ana Brnabic, a primeira-ministra sérvia, esclareceu que a decisão do governo surgiu em resposta a vários pedidos de grupos ambientalistas, exigindo o fim do projeto de exploração das reservas de lítio em Jadar, avaliadas em cerca de ou 2,1 mil milhões de euros. “Todas as decisões e todas as licenças foram anuladas”, disse Brnabic, acrescentando que “no que diz respeito ao projeto Jadar, isto é um fim”.

O projeto faria da anglo-australiana Rio Tinto uma das dez principais produtoras de lítio no mundo, e a rejeição de Belgrado reduz as opções de fornecimento de baterias, para veículos elétricos, a nível europeu. Os grupos ambientalistas reivindicam que a exploração irá contaminar os rios locais, e em dezembro, Djokovic mostrou o seu apoio à causa através da rede social Instagram. A Rio Tinto mostrou-se “extremamente preocupada” com a decisão sérvia, e já informou estar a rever a base legal da mesma.

O projeto de Jadar iria estabelecer a maior mina de lítio na Europa, com uma produção anual de 58.000 toneladas de carbonato de lítio refinado, o suficiente para abastecer 1 milhão de veículos elétricos. A receita espectável seria de 1,9 mil milhões de euros, com base nos valores de mercado atuais para o lítio, avançou a CincoDías (acesso gratuito / conteúdo em espanhol).

A Volkswagen deverá investir 30 mil milhões de euros na produção de baterias para veículos elétricos, e embora a Austrália e o Chile sejam as maiores produtoras a nível mundial, 80% da oferta é controlada por empresas chinesas. Desde meados de 2021 que os preços do lítio aumentaram em seis vezes, indicando uma escassez de oferta.

Brnabic acusou a Rio Tinto de fornecer informação insuficiente às comunidades sobre o projeto, embora a empresa tenha negado as acusações em comunicado. Djokovic apoiou os grupos ambientalistas via publicação de histórias no Instagram, ao comentar uma fotografia dos protestos em defesa do “ar puro”, depois de milhares de pessoas bloquearem as estradas em manifestação contra o apoio do governo ao projeto.

O projeto de Jadar representa um esforço do governo sérvio para atrair investimento estrangeiro e estimular o crescimento económico. Com a anulação das licenças de exploração, Brnabic informou que o projeto será interrompido, pelo menos, até depois das eleições de abril.

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Financiamento, dedicação exclusiva e autonomia. O que os partidos propõem para a Saúde

A maioria dos partidos quer mais autonomia para a contratação e assegurar que os portugueses têm um médico de família, mas surgem divergências noutros temas da saúde.

Se já antes era um dos temas mais debatidos entre os partidos, com a pandemia a saúde tomou um lugar ainda mais central na discussão política. Na campanha para as eleições legislativas, as diferenças entre os partidos, nomeadamente entre a esquerda e a direita, sobre que medidas o Serviço Nacional de Saúde necessita têm-se evidenciado, sendo que o tema levou mesmo a uma escalada de tensão entre o PS e o PSD.

Quase todas as forças políticas querem mais autonomia para a contratação e assegurar que todos os portugueses têm um médico de família, mas acabam por divergir noutras abordagens dentro da saúde, nomeadamente o regime a aplicar aos profissionais e a relação entre o público e o privado.

Do lado do PS, o partido defende que se deve “continuar a avançar”, dotando os “cuidados de saúde primários de meios complementares de diagnóstico”, tornando mais atrativa carreira de medicina geral e familiar ou repondo “a carreira de técnico auxiliar de saúde”, como exemplificou António Costa, no debate com os restantes partidos com assento parlamentar.

No programa socialista estão contempladas várias medidas para a área da saúde, como “reforçar a autonomia na gestão hospitalar, nomeadamente em matéria de contratação de profissionais de saúde, com maior responsabilização e avaliação da satisfação pelos utentes e profissionais”, bem como “rever o modelo de financiamento dos hospitais, tendo em conta os cuidados prestados e a população de referência”.

Nos debates, para além de destacar as medidas do PS, o secretário-geral do partido atacou também as propostas do PSD, nomeadamente um “projeto de revisão constitucional para que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) deixe de ser tendencialmente gratuito”. “O PSD deseja que a classe média passe a pagar os cuidados de saúde”, atirou Costa, no debate com Rui Rio.

No projeto que o PSD apresentou em Coimbra no ano passado, apenas existe uma referência que dita que o “acesso a cuidados de saúde do serviço nacional de saúde não pode em caso algum ser recusado por insuficiência de meios económicos”.

No entanto, o líder social-democrata refutou esta ideia, reiterando que Costa agitou um “papão”, de que o PSD vai “pôr a classe média a pagar o SNS”. “Não está escrito em nenhum lado, nunca disse isso. O PSD é, por natureza, um grande defensor da classe média, é justamente isso que o caracteriza”, salientou Rui Rio, em declarações aos jornalistas no final do debate com António Costa.

“O que queremos é um serviço de saúde melhor e não que os portugueses paguem a saúde em dobro — pelos impostos e quando vão ao hospital”, explicou o líder do PSD, defendendo também que o partido quer “um SNS tendencialmente gratuito”. “Dizemos em duas páginas [do programa eleitoral] que queremos um SNS tendencialmente gratuito. Por aí, não há duvidas”, acrescentou Rio.

De facto, no programa do PSD está expressa uma proposta para a “instituição de um Sistema Nacional de Saúde compreensivo e complementar, que deverá assentar em três pilares — público, privado e social — passando de um SNS fechado, em que o Estado desempenha todos os papeis – maior produtor, empregador, financiador e fiscalizador – para um Sistema em que o Estado continua a ser o elemento central e maioritário, mas cuja função primeira é o cumprimento da Constituição, ou seja, garantir o acesso de todos os portugueses aos cuidados de saúde, de forma justa e equitativa e tendencialmente gratuita”.

O PSD tem também outras propostas como “alargar o sistema SIGIC das listas de espera para cirurgias às consultas de especialidades médicas hospitalares e aos meios complementares de diagnóstico e terapêutica”, bem como “promover um novo modelo de financiamento que premeie os ganhos em saúde, reforçar a autonomia da gestão das unidades de saúde e incrementar o modelo das Unidades Locais de Saúde”.

Bloco e PCP querem mais profissionais e dedicação exclusiva

O Bloco de Esquerda tem como uma das principais propostas um “aumento do orçamento do SNS em percentagem do PIB, acabando com o subfinanciamento crónico e proporcionando margem para um efetivo investimento”. Além disso, defende também medidas para aumentar o número de profissionais e fixá-los no SNS.

No debate entre todos, a coordenadora do Bloco, Catarina Martins, reiterou que Portugal tem profissionais de saúde, mas que estes “não têm condições para trabalhar no SNS”. Apontando que muitos médicos não se fixam no SNS, a líder bloquista voltou também a insistir na concretização da dedicação exclusiva.

No programa, o partido tem medidas como a criação de novas Unidades de Saúde Familiar (USF) e a “modificação do paradigma de financiamento hospitalar”, para “integrar dimensões associadas a outras classes profissionais e mais componentes de qualidade dos cuidados além da produção”.

O PCP também destaca os recursos humanos, com João Oliveira a defender, no debate, que é necessário “contratar profissionais”, valorizar carreiras e “assegurar uma capacidade de resposta em função da articulação dos vários cuidados de saúde”.

Entre as medidas do compromisso eleitoral do PCP, encontra-se ainda “estabelecer o direito dos estabelecimentos e unidades do SNS à autonomia para a contratação de profissionais de saúde, no quadro da gestão dos seus orçamentos e planos de atividade”, bem como “instituir a opção de dedicação exclusiva dos médicos e enfermeiros – com a majoração de 50% da sua remuneração base, o acréscimo de 25% na contagem do tempo de serviço para progressão na carreira e outros benefícios”.

Quanto ao PAN, as medidas destacadas pelo partido no resumo do programa incluem “revitalizar o SNS, estabelecendo condições de trabalho de qualidade, gratificantes e atrativas para todos/as os/as profissionais de saúde” e “garantir igualdade no acesso à saúde a todos os grupos sociais, através de respostas de proximidade, transporte gratuito e comunicação inclusiva para grupos de risco específicos”.

Além disso, o partido defende também a criação de um “Fundo Público de Saúde, financiado através de uma taxa de compensação proveniente de indústrias poluentes com impactos comprovados na saúde humana (ex: suiniculturas, indústria celulose, etc) e também da atual taxação feita a produtos nocivos para a saúde humana (ex: álcool, tabaco, etc)”.

O Livre, por sua vez, quer “reforçar e reorganizar o Serviço Nacional de Saúde com base em comunidades locais, assegurando a sua gestão pública e não renovando os contratos das Parcerias Público-Privadas atualmente ainda em curso”, propondo medidas como dotar as comunidades locais de saúde de autonomia administrativa e financeira e reforçando o planeamento e a avaliação da qualidade, a nível regional, segundo o programa.

CDS e IL defendem liberdade para público e privado

O CDS tem no compromisso eleitoral uma medida denominada “Via Verde Saúde”, que dá aos portugueses “a liberdade de fazer sem custos, no setor particular ou social, os exames, consultas ou cirurgias que o Estado não proporcionou no prazo razoável”.

Francisco Rodrigues dos Santos traçou um cenário para explicar a visão do partido usando o “Manel, que está há quatro anos à espera de uma consulta de oncologia e não a tem no SNS”. “A esquerda o que lhe diz é: tens de continuar a esperar porque a única opção que tens é ter essa consulta no SNS, porque o Manel é pobre e não tem outras opções de escolha”, apontou o líder do CDS.

Já a Iniciativa Liberal defende um modelo de saúde misto. No sumário do programa do partido, é expressa a intenção de “reformar o SNS, passando a ter um sistema onde o financiamento é público, mas a prestação é pública e privada, tal como acontece em metade dos países europeus de modo a acabar com as listas de espera nas consultas e cirurgias”.

Quanto ao Chega, o partido propõe medidas como reformar o SNS “guiado por razões de eficiência, qualidade, análise de custo-benefício e melhores práticas através de compromissos e concorrência equilibrados entre os setores público, privado e social”. O partido diz querer incentivar “a contratualização, Parcerias Público-Privadas ou modelos de gestão por objetivos, bem como a possibilidade da generalização do modelo da ADSE”.

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PRO.VAR reitera pedido de audiência ao PR e quer gabinete de gestão de crise

  • Lusa
  • 24 Janeiro 2022

A PRO.VAR – Associação Nacional de Restaurantes pede a descida do IVA da restauração até ao final de 2023, tal como propõe o PSD.

A PRO.VAR – Associação Nacional de Restaurantes reiterou esta segunda-feira um pedido urgente de audiência ao Presidente da República para dar a conhecer o resultado das reuniões com os partidos, defendendo a criação de um gabinete de gestão de crise.

“A PRO.VAR […] vem reiterar o pedido de audiência para dar a conhecer a vossa excelência o resultado das reuniões de trabalho que tivemos com os partidos. Em resultado, concluímos que existe uma convergência entre os partidos, estando agora criadas todas as condições para que seja criado um gabinete de gestão de crise para acompanhamento das empresas afetadas pela pandemia”, lê-se numa carta aberta enviada ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.

Conforme sugeriu, o gabinete de gestão de crise deve ser composto pelo Presidente da República, enquanto “promotor e garante”, Governo (função executiva), partidos com assento parlamentar (função fiscalizadora), associações setoriais (função consultiva) e cidadãos representantes dos setores mais afetados durante a pandemia (função consultiva).

A associação disse ainda que, no âmbito das reuniões com os partidos, encontrou convergência face a algumas matérias que devem ser priorizadas no desenvolvimento do trabalho de recuperação das empresas.

Uma das principais preocupações tem a ver com a situação de sobre endividamento da maioria das empresas do setor, uma consequência de decisões que começaram a ser tomadas em 2020, aquando do recebimento de apoios, que vieram sob condição, a manutenção das empresas e dos postos de trabalho”, apontou.

A PRO.VAR notou também que os apoios dados às empresas para mitigar o impacto da pandemia de covid-19 deram para cobrir “apenas parte dos prejuízos da primeira metade da pandemia”, sendo que, durante o segundo período, estas tiveram que recorrer ao crédito.

Os empresários assumiram, nestes últimos dois anos, responsabilidades que, no ponto de vista de uma gestão responsável, não o poderiam ter feito, mas fizeram-no por indicação expressa do Governo, afinal o que estava em causa era o bem maior, manter a economia a funcionar e assegurar os postos de trabalho, tudo isto, feito com plena consciência das perdas contínuas a que estão sujeitos”, sublinhou.

De acordo com esta associação, desde 22 de março de 2020, quando entrou em vigor o estado de emergência, a restauração foi alvo de quebras “significativas” face a restrições como o encerramento dos estabelecimentos, redução da lotação, distanciamento entre mesas e apresentação de teste negativo à covid-19.

Acresce ainda o regime do teletrabalho, que “afastou os clientes dos restaurantes”, bem como a não vacinação prioritária dos setores mais afetados. Esta associação destacou também a importância da restauração para a economia, alertando para as “dezenas de milhares” de famílias que vivem, em exclusivo, deste setor.

Adicionalmente, elencou um conjunto de sete medidas para salvar o setor, nomeadamente, a criação de um novo programa Apoiar, a conversão das dívidas resultantes de empréstimos de apoio à tesouraria em fundo perdido, e o ressarcimento das perdas, “independentemente da dimensão e do momento em que constituem as suas empresas”.

O setor defende também que seja dada uma “segunda oportunidade” aos que tiveram que encerrar as suas empresas, a isenção da TSU (Taxa Social Única) no acréscimo dos salários acima da média do setor e a regulamentação das gorjetas.

Soma-se, ao nível da capitalização das empresas, a descida do IVA da restauração até ao final de 2023. A covid-19 provocou 5.593.747 mortes em todo o mundo desde o início da pandemia, segundo o mais recente balanço da agência France-Presse.

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O que os programas dos partidos propõem para os seguros

  • ECO Seguros
  • 24 Janeiro 2022

Uniformização em baixa das taxas sobre seguros, mais ação na agricultura, saúde e construção, papel do Banco de Fomento e ainda a história de como a Fidelidade tramou inquilinos e... inquilinas.

Quando existem, os programas dos partidos políticos concorrentes às eleições legislativas de 30 de janeiro foram pesquisados por ECOseguros através das palavras “seguro”, “seguradora”, “ASF” e “fundos de pensões”. Os resultados indicam posições que não colocam o setor segurador e de fundos de pensões com protagonismo na solução de problemas de poupança ou sociais.

Embora todos dediquem espaço a medidas nas áreas da saúde e da segurança social, dos partidos com deputados eleitos em 2019, apenas PS, PSD, BE, Chega e IL se referem à indústria seguradora de forma mais ou menos desenvolvida. CDU, PAN, CDS e Livre não se referem ao setor.

O Iniciativa Liberal é o partido que mais se explica quanto ao papel das seguradoras no xadrez económico, mas também é concreto quanto diz pretender “uniformizar as taxas de tributação sobre apólices de seguro, passando as diferentes modalidades a serem tributadas à taxa mais baixa atualmente aplicável às apólices de seguros”.

Em relação ao setor agrícola sugere “criar e desenvolver mecanismos de mutualização de risco que garantam a estabilização do rendimento e protejam os produtores”. Para a IL esses mecanismos poderão passar por alteração do modelo de seguros, revisão e alargamento de um fundo de catástrofe climatérica, criação de mercados futuros nacionais e ou regionais, comunicação cuidada dos indicadores de preço, promoção de seguradoras e/ ou mútuas verticais e ou regionais…”

Em relação a seguros de saúde considera que deve existir “regulação prudencial e comportamental adequada, e um regime de supervisão intrusivo e independente”. Propondo uma nova organização de financiamento e prestação de serviços do Serviço Nacional de Saúde o IL considera que “as seguradoras privadas terão de se adaptar à nova realidade do SNS”, por que “é expectável que as seguradoras tendam a oferecer serviços complementares ao sistema universal de saúde, ligados a pequenos aspetos de conforto”, permitindo que algumas empresas de seguros possam oferecer coberturas de risco adicionais, em regime livre, “onde considerem que exista uma oportunidade”, afirma.

O IL adianta que “poder-se-á exigir que a ADSE (que considera falida) cumpra, pelo menos, os deveres das seguradoras cativas (seguradoras internas de grandes grupos e que fazem autosseguro). As cativas têm requisitos mais leves, mas são obrigados a respeitar requisitos de capital e deveres de transparência”.

Por outro lado, afirma que “se obrigássemos os seguros privados a admitir todas as pessoas, compensando no fim os riscos entre seguradoras, alguém teria de pagar essa fatura”, rematando que “não podemos colocar nos prestadores o controlo da despesa”.

Por esses motivos a IL “Não quer a solução de assegurar um seguro de saúde privado para cada residente”, considerando que “há sistemas de seguros coletivos privados (ou semiprivados) que resolvem o problema das condições pré-existentes – obrigando a que entre a família como um todo ou a empresa entrem”. Porém, lembra o partido, “não sendo seguros obrigatórios, corre-se o risco de seleção adversa: Os que acreditam que são mais saudáveis não entram, dificultando o financiamento do risco – isto é da prestação de cuidados”, refere o programa.

O Partido Social Democrata quer “tornar obrigatório a contratação de seguros de colheita a todos os agricultores que beneficiem de apoios públicos e/ou de financiamentos bancários mutualizados acima de determinados montantes e promover a criação de seguros que possam estar associados a ris­cos de preços ou de rendimento, valorizando a sua adoção no acesso a medidas de apoio público”.

Refere ainda que “o Banco de Fo­mento deve também centralizar a atividade de sistema de crédito e de sistema de seguros para as exportações”.

Também propõe que “o Estado deve trabalhar junto das atividades reguladoras do se­tor financeiro, nomeadamente o Banco de Portugal, a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários e a Auto­ridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões no sentido de efetivar as diretivas europeias relativas à taxonomia, corporate sustainability e obrigações verdes”.

O Partido Socialista diz que no setor agrícola quer “assegurar uma gestão eficiente do risco, alargando a contratação do seguro de colheitas de acordo com o regulamento dos seguros de colheita, no âmbito do sistema integrado de proteção contra as aleatoriedades climáticas, e criando veículos financeiros voluntariamente contratados por conjuntos de agricultores com interesses comuns a nível setorial ou regional de modo a assegurar uma resposta preventiva ou por compensações a posteriori”.

Na área da construção e imobiliário afirma que vai “criar um mecanismo de seguro ou garantia da construção, em articulação com os setores da construção e imobiliário, dos seguros, dos consumidores e dos proprietários, que cubra a responsabilidade por defeitos de construção em caso de insolvência do construtor”.

O Bloco de esquerda afirma que a “extraordinária resposta que o SNS deu a pandemia deixou claro que a democracia não sobrevive sem ele. Ficou também claro que não podemos contar com o setor privado quando está em causa a proteção da saúde de todos. As seguradoras não cobrem epidemias e os hospitais privados fecham portas ou correm a exigir que o Estado financie as suas perdas”.

Critica ainda o controlo privado do setor financeiro, entre outros motivos refere que “no caso do setor segurador, depois da venda da Fidelidade e da Tranquilidade, 86% do capital e estrangeiro. Esta opção é errada”, considera o BE.

Ainda tem um capítulo próprio com título “Como a Fidelidade tramou os inquilinos e as inquilinas” onde apenas refere que “em 2014, o governo Passos Coelho vendeu a Fidelidade à chinesa Fosun, que depois revendeu 271 dos seus prédios ao fundo americano Apollo”, desenvolvendo a partir daí criticas à forma como evoluiu este negócio imobiliário.

O Chega quer “garantir a implementação de um novo modelo para as reformas baseado na criação de uma reforma mínima garantida, equivalente ao salário mínimo nacional e garantir o direito dos cidadãos a terem as suas próprias economias no final da vida profissional que possam complementar as suas aposentadorias, nomeadamente na forma de um PPR ou Seguro”.

Em relação aos problemas suscitados pelo setor, nem o Fundo Sísmico, ou mesmo Fundo para Catástrofes Naturais, mereceu a atenção de qualquer partido.

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