Investidores pressionam dívida francesa após vitória eleitoral da extrema-direita

A vitória da extrema-direita na primeira volta das legislativas francesas está a pressionar a yield das obrigações do Tesouro de França, mas também de grande parte dos países europeus.

A vitória alcançada pelo partido de extrema-direita de Marine Le Pen na primeira volta das eleições legislativas francesas está a penalizar as obrigações do Tesouro da segunda maior economia da União Europeia.

Esta realidade não é propriamente nova. Desde que foram conhecidos dos resultados das eleições europeias, que espelharam uma subida significativa das forças de extrema-direita na Europa — e particularmente em França –, as obrigações do Tesouro francês têm estado sob pressão.

A curva de rendimentos do país liderado por Emmanuel Macron, o grande derrotado destas eleições depois de o seu partido ficar em terceiro lugar com apenas 22% dos votos, apresenta uma subida da yield de todas as obrigações, como resposta a uma onda vendedora pelos investidores.

As obrigações a 10 anos do Tesouro francês, por exemplo, negoceiam atualmente com uma yield de 3,334%, o valor mais elevado desde 6 de novembro de 2023, colocando o spread face às bunds a 10 anos nos 75,6 pontos.

Nota: Se está a aceder através das apps, carregue aqui para abrir a tabela.

Apesar do prémio de risco face aos títulos alemães ser inferior aos 80,3 pontos base que apresentava na sexta-feira, é 1,6 vezes superior aos 50 pontos base que o mercado atribuía há precisamente um mês, segundo dados da Refinitiv.

Preocupações com as políticas orçamentais, particularmente no meio de promessas de aumento de gastos por parte de fações de extrema-direita e de esquerda, contribuem para a volatilidade nos mercados de obrigações franceses“, refere Eman AlAyyaf, CEO da EA Trading, numa nota enviada aos clientes da corretora, sublinhando ainda que as obrigações francesas “podem continuar expostas à incerteza contínua em França.”

À medida que França se prepara para a segunda volta das eleições, parece certo que a volatilidade deverá marcar presença nos mercados nos próximos dias, especialmente no mercado obrigacionista.

Também sob pressão vendedora estão a negociar esta segunda-feira as obrigações do Tesouro da maioria dos países da Zona Euro como Itália, Portugal, Espanha e Grécia, que contabilizam uma subida generalizada da yield dos seus títulos.

No mercado cambial, o euro está a valorizar 0,30% face ao dólar, tendo inclusive negociado acima da barreira dos 1,077 euros por dólares logo de manhã — algo que não acontecia desde 13 de junho. “Está a negociar mais forte após o resultado da primeira volta das eleições parlamentares francesas ter sido bastante próximo das sondagens, com uma vitória do Rally Nacional”, refere o banco ING numa nota enviada aos seus clientes.

Nas bolsas, o efeito dos resultados das eleições é também sentido com uma onda de ganhos generalizados pelos principais índices europeus. Incluindo o francês CAC 40, que acumula até ao momento ganhos de 1,5%, ao ser fortemente impulsionado pelas ações do setor financeiro e pelas utilities, que registam uma valorização média de 3,7% e 3,2%, respetivamente.

Tranquilizados pela ausência de maioria absoluta, os índices europeus abriram esta manhã em alta acentuada, após o resultado da primeira volta das eleições legislativas em França, na véspera”, destacam os analistas da XTB, numa nota enviada aos clientes da corretora polaca.

Os resultados da primeira volta das eleições legislativas francesas, que espelharam uma vitória do partido Rassemblement National (RN) de Marine Le Pen com 33% dos votos, tiveram um impacto significativo nos mercados financeiros europeus. Com a França a preparar-se para a segunda volta das eleições, que será marcada por uma “frente comum” liderada por Jean-Luc Mélenchon de vários partidos contra a extrema-direita, parece certo que a volatilidade deverá marcar presença nos mercados nos próximos dias, especialmente no mercado obrigacionista.

Os investidores estarão particularmente focados em quaisquer sinais que possam indicar a direção futura das políticas económicas e orçamentais francesas.

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Mais otimista, FMI vê economia portuguesa a crescer cerca de 2% este ano

Fundo está mais otimista sobre o desempenho da economia portuguesa. Técnicos esperam ligeiro excedente orçamental este ano, mas avisam que política orçamental deve ser globalmente neutra em 2025.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) reviu em alta a projeção de crescimento da economia portuguesa para cerca de 2% este ano e 2,25% em 2025. E acredita que é possível atingir um ligeiro excedente orçamental.

Na nota divulgada esta segunda-feira, na sequência da visita ao país para avaliar a economia nacional, ao abrigo do Artigo IV, os técnicos do FMI indicam esperar “um crescimento de cerca de 2% em 2024, recuperando ligeiramente para 2,25% em 2025, à medida que as condições financeiras melhoram gradualmente”.

As previsões traduzem uma melhoria face ao crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 1,7% em 2024 e 1,9% em 2025 estimados nas previsões divulgadas em abril. Passam a estar em linha com as estimativas do Banco de Portugal (BdP) e acima dos 1,5% inscritos pelo Governo no Programa de Estabilidade (num cenário de políticas invariantes).

A instituição liderada por Kristalina Georgieva destaca que “as exportações robustas, o forte consumo privado apoiado por um mercado de trabalho resiliente e o investimento público no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) têm impulsionado a atividade”. No entanto, avisa que, a médio prazo, o envelhecimento da população, o baixo investimento e o baixo crescimento da produtividade devem manter o crescimento abaixo dos 2%.

Para equilibrar os objetivos de crescimento e inflação, e reduzir ainda mais a dívida pública, o FMI recomenda que a política orçamental tenha como “objetivo alcançar um excedente em 2024 e permanecer globalmente neutra a partir de então”.

“Em 2024, uma política algo expansionista, consistente com um excedente de 0,2%-0,3% do PIB – tal como pretendido pelo Governo, seria apropriada, uma vez que apoiaria o crescimento, enquanto a política monetária ainda restritiva ajudaria a reduzir a inflação em direção à meta”, pode ler-se na análise.

Qualquer maior flexibilização da orientação orçamental correria o risco de reacender a inflação.

Fundo Monetário Internacional

Para 2025, os técnicos esperam que a orientação orçamental globalmente neutra, combinada com a esperada flexibilização gradual da política monetária do Banco Central Europeu, ajude a alcançar uma aterragem suave da economia.

“Qualquer maior flexibilização da orientação orçamental correria o risco de reacender a inflação”, referem. Neste sentido, o FMI recomenda que os novos cortes fiscais e os aumentos de despesas previstos devem ser “cuidadosamente concebidos para garantir que permanecem consistentes com a consecução do excedente pretendido ou [são] compensados ​​por outras medidas”.

“No médio prazo, a posição orçamental deverá permanecer globalmente equilibrada. Isto garantirá que a dívida ainda elevada continue a diminuir, reduzindo assim a vulnerabilidade às mudanças no sentimento do mercado e reconstruindo almofadas para choques futuros”, indicam ainda.

Reformas fiscais podem impulsionar investimento

Os técnicos do FMI consideram ser necessário um maior investimento público em infraestruturas e em capital humano para melhorar as perspetivas de crescimento, como nos domínios das transições ecológica e digital, “nomeadamente através da plena utilização dos fundos do PRR”.

Paralelamente, advertem que “são também necessárias reformas fiscais para criar espaço para investimento adicional e continuar a reduzir a dívida” — e que as pressões devido ao envelhecimento da população precisam de ser abordadas.

“Embora as reformas anteriores tenham melhorado a sustentabilidade do sistema de pensões, novos ajustamentos ajudariam a mitigar as pressões sobre as despesas. Há também espaço para melhorar a eficiência dos gastos do Sistema Nacional de Saúde (SNS)“, apontam.

Numa altura em que o ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, já anunciou que o Orçamento do Estado para 2025 (OE2025) irá trazer avanços na reforma das finanças públicas, os técnicos do FMI defendem que “para melhorar a eficiência da despesa, a Lei de Enquadramento Orçamental de 2015 deve ser implementada integralmente e em tempo útil”.

“A integração das análises das despesas no processo orçamental regular e as recentes melhorias do sistema de informação são bem-vindas e devem continuar”, referem, acrescentando que poderão ser necessárias mais reformas, que incluam “a estrutura pública de emprego e remuneração e as empresas públicas”.

Riscos equilibrados

O FMI considera que os riscos para as perspetivas são “globalmente equilibrados”. Por um lado, existe o risco de uma escalada das tensões geopolíticas que conduza a uma maior fragmentação económica, a uma menor procura externa e aos preços das matérias-primas e à volatilidade do mercado. Ademais, no plano interno, a inflação subjacente poderá revelar-se mais rígida, nomeadamente se o crescimento dos salários continuar a ultrapassar o crescimento da produtividade.

Por outro lado, a resiliência do mercado de trabalho e o dinamismo mais forte do turismo poderão proporcionar um impulso adicional ao crescimento.

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Renova faz parceria com digital street artists para lançar campanha global que tem como fundo várias cidades mundiais 

  • + M
  • 1 Julho 2024

A marca diz que esta campanha permite reforçar o seu vínculo à arte e ao design, bem como impactar e potenciar a sua presença e posicionamento nos mercados internacionais.

A Renova, em conjunto com digital street artists internacionais, está a lançar uma “campanha digital disruptiva” em diversos mercados. Como pano de fundo estão locais emblemáticos de várias cidades.

A campanha é composta por vídeos de curta duração e assenta no conceito fake out-of-home (FOOH), onde são mostrados locais emblemáticos de várias cidades, como Paris, Londres, Nova Iorque, Seoul ou Shanghai, que “incorporam inesperadamente elementos relativos à marca Renova na paisagem urbana“, explica-se em nota de imprensa.

A primeira cidade é Paris, com o respetivo vídeo já disponível. A campanha vai ser desenvolvida até ao final de agosto, pelo que outros vídeos de outras cidades serão publicados de forma faseada nas redes sociais da marca (Instagram, TikTok, Facebook e Linkedin).

https://videos.sapo.pt/3BFTfyKvpG8mbCZ2t5gB

A par dos vídeos, a comunicação da campanha conta também com uma estratégia de media em França. O objetivo passa por “maximizar a visibilidade e o envolvimento com os produtos Renova“, pelo que vão ser instalados mupis digitais num país onde a Renova é a segunda marca no setor dos produtos de grande consumo em papel.

Com esta campanha, a Renova reforça, uma vez mais, o seu vínculo à arte e ao design, onde se incluem edições gráficas, residências artísticas ligadas à fotografia e ao vídeo, bem como através de instalações desenvolvidas a partir dos seus produtos, celebrando a criatividade em Portugal e no Mundo. Simultaneamente, permite impactar e potenciar a presença e o posicionamento da marca nos mercados internacionais“, explica a marca em comunicado.

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Luvas de Famalicão protegem socorristas nos Jogos Olímpicos de Paris

Socorristas vão usar as luvas da Raclac durante os Jogos Olímpicos de Paris, agendados para este verão. Empresa minhota é controlada em 80% pelo fundo Vallis.

As luvas da empresa portuguesa Raclac vão utilizadas pelos socorristas voluntários durante os Jogos Olímpicos de Paris, na sequência de uma parceria estabelecida pela empresa portuguesa de dispositivos médicos e de proteção com a Fédération Nationale de Protection Civile (FNPC).

Em comunicado, a empresa de Vila Nova de Famalicão realça que “esta colaboração ressalta um compromisso comum com a segurança, a qualidade e a excelência no serviço de saúde pública”. “A superior proteção proporcionada pelas luvas R.Advance, fabricadas na Europa, apoiará o trabalho crítico dos socorristas, garantindo que estes possam desempenhar as suas funções de forma segura e eficaz, independentemente do risco dos procedimentos”, nota.

“É uma honra apoiar a Protection Civile durante um evento global tão prestigiado. As nossas luvas R.Advance foram concebidas para cumprir os mais elevados padrões de segurança, resistência e conforto, bem como para cumprir as recomendações da OMS de forma a aumentar a proteção dos profissionais de saúde e dos doentes ao mitigar o risco de contaminações cruzadas. Estamos orgulhosos de contribuir para a segurança de todos que visitam Paris neste verão”, sublinha na mesma nota.

Em 2018, a Raclac investiu 20 milhões de euros para tornar-se na primeira fábrica da Europa a produzir luvas de exame de nitrilo. Esta unidade de produção de última geração, patenteada e totalmente automatizada, é única no mundo e é capaz de inspecionar 100% das luvas produzidas para garantir que têm o menor nível de defeitos como furos ou micro-perfurações.

No ano passado, o fundo Vallis, que já detinha 50% do capital da Raclac desde 2016, reforçou a participação na empresa de Famalicão liderada por Pedro Miguel Costa para 80%, assumindo o controlo.

Agendados de 26 de julho a 8 de setembro, os Jogos de Paris 2024 vai atrair milhões de visitantes à capital francesa. A FNPC, que irá contar com uma equipa de 32 mil voluntários, garantirá os postos de primeiros socorros em dois terços dos locais olímpicos e paraolímpicos.

“Estamos entusiasmados com a parceria com a Raclac. Fomos conquistados pelas luvas R.Advance pelos seus níveis de proteção, qualidade e fiabilidade únicos. Estamos confiantes de que esta colaboração melhorará a nossa capacidade de fornecer serviços médicos e de emergência de alto nível durante os Jogos”, afirma Xavier Volot-Delaunay, diretor de assuntos gerais da Protection Civile.

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Dívida pública dá salto de 3,7 mil milhões de euros em maio

Endividamento das administrações públicas aumentou em maio devido à emissão de dívida. Atingiu os 277,1 mil milhões de euros no final do quinto mês do ano, segundo o Banco de Portugal.

A dívida pública portuguesa deu um salto de 3,7 mil milhões de euros em maio, subindo para 277,1 mil milhões de euros, de acordo com os dados divulgados esta segunda-feira pelo Banco de Portugal.

O aumento do endividamento público refletiu o acréscimo de 5,3 mil milhões de euros nos títulos de dívida, incluindo a emissão sindicada de três mil milhões a 30 anos levada a cabo pelo IGCP naquele mês. “Mais do que compensou a redução de 1,4 mil milhões nos empréstimos, principalmente de curto prazo, e de 200 milhões nas responsabilidades em depósitos”, indica o supervisor.

Os dados mostram que a subida da dívida pública se traduziu num reforço da liquidez dos cofres das administrações públicas, cujos depósitos aumentaram 3,6 mil milhões de euros relativamente a abril. Totalizavam os 15,6 mil milhões de euros.

Ou seja, deduzida desses depósitos, a dívida pública registou um aumento de 100 milhões de euros em maio, atingindo os 261,5 mil milhões, segundo o Banco de Portugal.

Dívida pública volta a subir

Fonte: Banco de Portugal

O IGCP tende a financiar-se nos mercados sobretudo durante o primeiro semestre, tendo em conta que o segundo conta com o período das férias de verão e ainda do Natal e fim de ano, o que ajuda a explicar a tendência de agravamento da dívida pública nos primeiros meses do ano.

As perspetivas do Governo e das entidades oficiais apontam para uma redução da dívida pública para perto dos 90% do PIB em 2025 (com o desempenho da economia a ajudar). O Executivo prevê uma queda do rácio para 91,4% do PIB no final do próximo ano.

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FMI avisa que apoios à habitação de Costa podem ter “atrasado aparecimento de vulnerabilidades”

  • Joana Abrantes Gomes
  • 1 Julho 2024

Instituição internacional considera que bonificação dos juros e renegociação dos contratos de empréstimos à habitação podem ter "atrasado o aparecimento de vulnerabilidades".

O Fundo Monetário Internacional (FMI) alertou esta segunda-feira que a bonificação dos juros e a renegociação dos contratos de empréstimos à habitação, com o adiamento da amortização do capital, duas medidas tomadas pelo anterior Governo para aliviar o impacto da subida das taxas de juro na prestação da casa, podem ter “atrasado o aparecimento de vulnerabilidades”.

Na sequência da visita ao país para avaliar a economia nacional, ao abrigo do Artigo IV, o FMI defende ser necessária uma monitorização contínua dos riscos para a estabilidade financeira decorrentes do mercado imobiliário.

A instituição de Bretton Woods avisa também que, embora a esperada flexibilização das taxas de juro pelo Banco Central Europeu (BCE) – que tiveram a primeira descida em junho após 10 aumentos consecutivos – venha a “aliviar gradualmente as pressões sobre as famílias”, pode ainda haver, com “algum desfasamento”, um impacto sobre os balanços dos bancos “através de uma deterioração da qualidade dos ativos”.

Reconhecendo, ao mesmo tempo, que “os preços dos imóveis residenciais continuaram a crescer acima dos fundamentais”, a instituição liderada por Kristalina Georgieva considera “adequada” a tónica do Executivo de Luís Montenegro no aumento da oferta de habitação, devido à “baixa acessibilidade” dos preços das casas.

O FMI elogia, por outro lado, a medida macroprudencial do Banco de Portugal (BdP) que prevê uma nova almofada de capital da banca para a exposição ao setor imobiliário residencial, prevista entrar em vigor em outubro, pois “ajudará a reforçar a resiliência dos bancos aos riscos macrofinanceiros decorrentes de exposições imobiliárias”.

Em causa está uma imposição do BdP que determina que os principais bancos do país, à exceção da Caixa Geral de Depósitos (CGD), constituam uma reserva de capital no valor de 4% da carteira de crédito a particulares que tenha como garantias imóveis destinados à habitação. O objetivo é preparar as instituições financeiras para um eventual aumento do malparado no caso de uma crise no setor imobiliário.

“Dependendo da evolução dos riscos no setor imobiliário residencial, bem como dos riscos macrofinanceiros mais amplos, o Banco de Portugal poderá ter de recalibrar o sistema [da reserva] e ajustar outras medidas macroprudenciais”, aponta o FMI na sua análise, dando como exemplo a “implementação de uma reserva contracíclica positiva e neutra de fundos próprios, a fim de transformar os lucros temporariamente elevados dos bancos em capital libertável“.

Quanto às medidas que visam conter os riscos transnacionais de branqueamento de capitais”, a instituição internacional apela para que o quadro AML/CFT (normas do FMI para o combate ao branqueamento de capitais e ao financiamento do terrorismo) seja “melhorado” de forma a avaliar “continuamente os riscos, incluindo os decorrentes da revisão do programa de vistos gold, e também a assegurar o “acesso atempado a informações adequadas, exatas e atualizadas sobre os beneficiários efetivos, em conformidade com as normas internacionais revistas”.

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Uma eterna curiosa e anticonformista, Catarina Tomaz, dos centros Via Outlets, na primeira pessoa

Da infância com patins nos pés à direção de marketing dos centros Via Outlets, Catarina Tomaz é movida pela curiosidade. Nasceu no Zimbabué, viveu em França, mas é a Lisboa que sempre regressa.

Tanto profissional como pessoalmente, Catarina Tomaz, diretora de marketing da Via Outlets (dona dos centros Freeport Lisboa Fashion Outlet e Vila do Conde Porto Fashion Outlet) define-se como “uma curiosa” com “sede de viver, de aprender, de fazer coisas diferentes e melhor, sempre questionando”. Numa palavra, apelidar-se-ia de “anticonformista”.

A infância foi passada de patins nos pés mas ainda hoje os calça, embora menos vezes do que gostaria. Há uns anos, a família inteira – composta pelo marido, filha agora com 26 anos e filho de 22 – ia andar de patins, sobretudo quando viviam em Paris.

A ida para Paris surgiu no âmbito do seu trabalho na Renault, onde começou em 1985 e onde conheceu a pessoa com quem se casou e se mantém até hoje, passados 27 anos. Cinco anos depois de entrar para a marca automóvel teve então a possibilidade de ir trabalhar para a sede da empresa, em Paris, naquele que foi um início de carreira “muito desafiador e formador”, com uma “aprendizagem fantástica”.

“Foi um momento muito bom, mas também foi muito bom regressar”, afirma, confessando que não trocaria Lisboa por Paris. “Eventualmente trocaria Lisboa para viver em cidades novas, mas não mais do que um ano, mais numa lógica de conhecimento, de experiência, mas não para viver definitivamente. Gosto de viver em Lisboa, é a minha cidade favorita. É sempre bom partir e é sempre bom regressar“, acrescenta.

É a Lisboa, portanto, que chama casa, mas Catarina Tomaz nasceu no Zimbabué, numa altura em que os pais viviam em Moçambique. Veio para Portugal com cerca de três anos, pelo que não tem lembranças do continente africano, embora, “alguns cheiros”, por exemplo, “despertem memórias dessa época”.

E talvez essa ligação a terras africanas tenha sido transmitida através dos genes, pois em 2018 a filha começou, “por coincidência”, a fazer voluntariado em Moçambique”. Mas o certo é que se “apaixonou” pelo país africano e tem como objetivo conseguir ir para lá viver e desenvolver os seus projetos, nomeadamente ao nível do empoderamento feminino.

Voltando ao percurso profissional de Catarina Tomaz, este foi depois marcado pelo regresso de França para Portugal. Acabou por sair do mercado automóvel por, no regresso a Portugal, o marido ter ido trabalhar, com funções idênticas, para uma marca automóvel concorrente. Catarina Tomaz tomou assim a decisão de abandonar o seu emprego, movida também, mais uma vez, pela curiosidade e “sede de conhecer outros mercados”. Além disso, queria acompanhar a integração dos dois filhos, na altura ainda pequenos, no regresso a Portugal. Tirou então seis meses sabáticos.

Foi depois professora de marketing na ETIC, tendo sido também convidada a assumir a função de responsável de marketing e comunicação da instituição de ensino. O “lado criativo” que a ETIC trouxe, e a sua conjugação com aprendizagem inicial de Catarina Tomaz, “foi muito importante para aquilo que sou e penso hoje”, diz.

Em 2008 deu-se a passagem para a direção de marketing do Freeport. Este foi adquirido depois pela Via Outlets, em 2014, numa altura em que o projeto enveredou por um “caminho completamente diferente, suportado por know-how e investimento que nos permite hoje desafiar o mercado em termos de liderança e posicionamento”, explica.

Já em 2017 a Via Outlets adquiriu um novo centro, o Vila do Conde Porto Fashion Outlet, pelo que surgiu o novo desafio de dirigir o marketing dos dois centros, que “parecem tão diferentes, mas que na realidade têm mais daquilo que os une do que daquilo que os separa”. Por uma coincidência “muito boa”, o nascimento dos dois centros, que surgiram como concorrentes, aconteceu no mesmo ano, pelo que ambos celebram 20 anos este ano.

“Iniciámos o ano a comunicar com os nossos parceiros e apresentámos dois grandes projetos: um para Vila do Conde, que se traduz numa expansão com mais 31 lojas e um investimento de 30 milhões e cujas obras estão a começar agora, e outro também para o Freeport, com a remodelação de toda a área central do centro, numa continuidade daquilo que já tinha sido iniciado em 2017. Começámos a dizer às nossas marcas que passados 20 anos o melhor ainda está por vir“, explica, acrescentando que no segundo semestre é dada continuidade à celebração da efeméride com uma campanha de awareness, associada aos 20 anos, que visa consolidar o posicionamento dos centros Via Outlets.

Durante cerca de cinco anos, Catarina Tomaz também foi sócia de uma marca de joias, a Bergue, que está hoje presente na LxFactory e no Chiado. Tendo integrado o projeto ainda numa fase inicial, ficou responsável pela área de marketing – como não podia deixar de ser -, mas era também ela própria que ao fim de semana atendia os clientes ao balcão. A experiência foi “exigente”, uma vez que era feita em acumulação com a sua atividade principal, pelo que Catarina Tomaz optou por sair.

Numa vertente mais cultural, quando começa a ler um livro ou a ver um filme tem de os acabar, “mesmo que sejam maus”. “As Pontes de Madison County” é um filme que já reviu várias vezes, mas Catarina Tomaz é também uma adepta confessa do cinema francês e italiano, pelo que costuma marcar presença em festivais do género. Já em termos de livros, “Os Cisnes Selvagens”, obra que leu pela primeira vez quando tinha cerca de 13 anos, foi uma das que a marcou de forma mais vincada.

Também adora dançar e sair à noite, e diz que é capaz de dançar qualquer coisa. “Faço parte dos que não ficam em casa, que vão às discotecas e que continuam a dançar, apesar de já estar nos 50. Gosto bastante de sair à noite e divertir-me“, diz. O cartão de cidadão indica, de facto, que tem 52 anos “mas de cabeça é como se tivesse 30”, assegura.

“Acima de tudo sou uma pessoa muito, muito curiosa. Para mim tudo são pontos de interrogação. É sempre possível descobrir coisas novas e é isso que me alimenta bastante”, conclui.

Catarina Tomaz em discurso direto

1 – Que campanhas gostava de ter feito/aprovado? Porquê?

Mais do que uma campanha, gostava de ter feito parte da decisão relativa à mudança de estratégia de comunicação da marca Dove, com o lançamento da sua primeira campanha para promover a beleza real, nomeadamente beleza feminina que, até então e ainda hoje, é mais estereotipada. Li recentemente que essa campanha foi lançada há 20 anos. E não foi apenas uma campanha com uma ideia criativa ou oportuna. Foi um compromisso da marca que dura até hoje. Consistente.

2 – Qual é a decisão mais difícil para um marketeer?

São muitas as dores de um gestor de marketing. Começo pelo equilíbrio entre o curto prazo e o médio e longo prazo, ou seja, encontrar o equilíbrio certo entre as necessidades imediatas e a construção de uma marca sustentável e de longo prazo. Depois, a inovação versus risco, dependendo da cultura da empresa, pode ser uma conciliação difícil. Também a necessidade de garantir resultados e testar novas abordagens e projetos. Por fim, e mais recentemente, a questão do Regulamento Geral da Proteção de Dados (RGPD) tornou-se um tema presente no dia-a-dia.

3 – No (seu) top of mind está sempre?

RGPD? O que está sempre na minha cabeça são pontos de interrogação. Nunca deixei a idade dos porquês.

4 – O briefing ideal deve…

Ser acompanhado de um debriefing. Ter a certeza de que todos compreenderam o que está em jogo. O que se pretende. E ao mesmo tempo discuti-lo e melhorá-lo. Permitir que haja uma apropriação de todas as partes envolvidas.

5 – E a agência ideal é aquela que…

Faz parte da empresa e que está envolvida. Uma agência é um membro da equipa, que deve estar totalmente integrada na cultura da empresa e compreender a 100% o seu ADN. Nem sempre é fácil, sendo uma equipa externa, mas trabalhamos com bons parceiros que vestem as camisolas dos centros Via Outlets em Portugal.

6 – Em publicidade é mais importante jogar pelo seguro ou arriscar?

É um compromisso. Mas depende sempre da cultura da empresa e dos meios de que a empresa dispõe. Uma empresa mais conservadora ou que tenha aversão ao risco, dificilmente conseguirá arriscar. Mas acredito que quem arriscar a fazer diferente terá sempre uma publicidade mais eficaz.

7 – O que faria se tivesse um orçamento ilimitado?

Faria mais e melhor. Mas acredito que as limitações de orçamento também são um bom exercício de criatividade, pois obrigam-nos a seguir direções que talvez não seriam a primeira opção, encontrando novos mundos e soluções.

8 – A publicidade em Portugal, numa frase?

A publicidade em Portugal está alinhada com o panorama empresarial português, que é constituído por pequenas e médias empresas com uma cultura de marca que não é suficientemente forte e que, à partida, estão mais orientadas para resultados de curto prazo. Como consequência, temos uma publicidade mais focada no produto/promoção e menos no posicionamento.

9 – Construção de marca é?

Pensar na existência e sustentabilidade da marca para além de nós e do nosso tempo.

10 – Que profissão teria, se não trabalhasse em marketing?

Nos estudos iniciais a escolha era sociologia, mas fui seduzida para experimentar uma coisa nova que se chamava marketing… e hoje seria difícil despir esta pele. Mas continuo a gostar muito das ciências sociais, razão pela qual fiz a minha pós-graduação em estratégia de recursos humanos.

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Taxa de desemprego aumenta ligeiramente em maio para 6,5%

Maio trouxe uma subida de 0,1 pontos percentuais da taxa de desemprego (tanto face ao mês anterior, como em comparação com o mesmo mês de 2023). É um sinal de que o mercado continua estável.

O mercado de trabalho português continua a dar sinais de estabilidade. De acordo com os dados divulgados esta segunda-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), em maio a população empregada “manteve-se praticamente inalterada”, enquanto a taxa de desemprego aumentou muito ligeiramente.

“A taxa de desemprego situou-se em 6,5%, valor superior em 0,1 pontos percentuais ao de abril de 202 e ao de maio de 2023″, adianta o gabinete de estatísticas, no destaque publicado esta manhã.

No total, no quinto mês do ano havia 351 mil pessoas desempregadas em Portugal, mais 2,4% do que em abril e mais 3,9% do que há um ano, acrescenta o INE.

Por outro lado, a taxa de emprego fixou-se em 64,2% em maio, abaixo do verificado no mês anterior e do registado no período homólogo. Em causa estão, contudo, recuos muito ligeiros, de 0,1 pontos percentuais e 0,2 pontos percentuais, respetivamente.

Quanto ao número absoluto de indivíduos com trabalho em Portugal, o INE nota que esse universo ficou “praticamente inalterado em relação ao mês anterior”, ainda que tenha aumentado 1,3% face ao registado há um ano: no total, 5.016,6 mil pessoas tinham emprego em maio. Esse é terceiro valor mais elevado da última década, depois de depois de abril de 2024 (5 016,9 mil) e de março do mesmo ano (5 022,9 mil), realça o gabinete de estatísticas.

Com base nestas trajetórias do emprego e do desemprego, maio foi sinónimo de um aumento em cadeia e em termos homólogos da população ativa, que totalizou 5.376,6 mil indivíduos.

“No caso da população ativa, tal resultou do acréscimo da população desempregada, uma vez que a população empregada se manteve praticamente inalterada”, é explicado no destaque estatístico publicado esta manhã.

a população inativa (2.443,4 mil) “manteve-se praticamente inalterada em relação ao mês anterior e aumentou em relação a um ano antes (1,9%)”.

Essa estabilidade em cadeia é resultado, convém explicar, do “equilíbrio” entre o decréscimo de 5,6% dos inativos disponíveis para trabalhar, mas que não procuram emprego, o acréscimo de 0,1% dos outros inativos e a subida de 7,9% dos inativos que procuram emprego, mas não estão disponíveis para abraçar uma nova oportunidade.

O INE dá conta anda que a taxa de subutilização do trabalho situou-se em 11,1%, “o mesmo valor de abril de 2024, mas inferior ao de maio de 2023 (0,6 pontos percentuais)”.

A subutilização do trabalho agrega não só população desempregada e o subemprego de trabalhadores a tempo parcial, mas também os inativos à procura de emprego, mas não disponíveis, e os inativos disponíveis, mas que não procuram emprego.

Atualizada às 11h28

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Economia desacelera em junho com menor contributo da procura externa líquida

  • Lusa
  • 1 Julho 2024

Em termos setoriais, destaca-se a tendência de crescimento da produção industrial, que se aproximou dos 5% nos dois últimos meses, mas muito dependente da produção de energia elétrica.

A atividade económica desacelerou em junho, em termos homólogos, apesar da ligeira melhoria da produção industrial, e teve o menor contributo da procura externa líquida, segundo o barómetro CIP/ISEG, divulgado esta segunda-feira.

“Apenas só no próximo mês será possível avançar uma estimativa para o crescimento do PIB no segundo trimestre, no entanto, é já possível prever que este crescimento terá um maior contributo da procura interna, por contrapartida de um menor contributo da procura externa líquida”, concluiu a análise da Confederação Empresarial de Portugal (CIP) e do Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG).

O barómetro aponta que as incertezas quanto à evolução da economia no segundo trimestre não põem em causa a manutenção da previsão de crescimento anual avançada nos relatórios anteriores, ou seja, o intervalo de 1,5% a 2,1% de aumento do Produto Interno Bruto (PIB) com o ponto central situado nos 1,8%.

Em termos setoriais, destaca-se a tendência de crescimento da produção industrial, que se aproximou dos 5% nos dois últimos meses, mas muito dependente da produção de energia elétrica.

O barómetro realça também que “a melhoria do desempenho da área da moeda única parece atualmente mais provável, mantendo-se, contudo, os riscos negativos decorrentes da situação geopolítica global”.

“Temos de fazer mais e melhor neste segundo semestre. As reformas do sistema fiscal e administrativo têm de ganhar tração. E a concretização do PRR tem igualmente de manter o foco dos últimos meses para recuperarmos o tempo perdido”, refere, citado em comunicado, o diretor-geral da CIP, Rafael Alves Rocha.

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IRS Jovem conduzirá a perda “considerável” de receita e eficácia é “incerta”, alerta FMI

Fundo questiona IRS Jovem anunciado pelo Governo: vai conduzir a uma perda "considerável" de receita fiscal, sendo que ainda é "incerta" a eficácia da medida no que toca a reter os jovens no país.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) alerta para o impacto do IRS Jovem nas contas públicas, considerando que levará a “perdas consideráveis” de receita fiscal, sendo que a eficácia da medida no que toca a reter os jovens no país é “incerta”.

“As taxas preferenciais de imposto sobre o rendimento das pessoas singulares (IRS) baseadas na idade conduzirão a perdas consideráveis ​​de receitas, embora a sua eficácia na limitação da emigração dos jovens seja incerta”, conclui o Fundo após mais uma avaliação ao país ao abrigo do Artigo IV.

A proposta do Governo prevê um alargamento e aumento do desconto para os jovens com idade até 35 anos, estabelecendo uma taxa máxima de imposto de 15% sobre os rendimentos tributáveis, com a medida a custar cerca de mil milhões de euros em receita que deixa de entrar nos cofres do Estado.

Já sobre a redução progressiva do IRC que o Governo de Luís Montenegro pretende implementar, da taxa de 21% para 15% à razão de dois pontos percentuais por ano, o FMI diz que “pode ajudar a alinhar a taxa média com a média da Zona Euro, incentivando ao mesmo tempo o crescimento das empresas”.

As taxas preferenciais de imposto sobre o rendimento das pessoas singulares (IRS) baseadas na idade conduzirão a perdas consideráveis ​​de receitas, embora a sua eficácia na limitação da emigração dos jovens seja incerta.

FMI

O Fundo adianta que uma reforma fiscal “abrangente” iria permitir reduzir “distorções e aumentaria as receitas”, designadamente através de uma “simplificação do sistema e da redução de isenções, o que compensaria “as perdas decorrentes das reduções pretendidas no imposto sobre os rendimentos de singulares e coletivos”.

A equipa do FMI considera que os novos cortes fiscais e os aumentos de despesas planeados devem ser cuidadosamente concebidos” para assegurar que as contas públicas se mantêm equilibradas — e até com excedente em 2024. Caso contrário, terá de haver uma compensação através der outras medidas, avisa.

Segundo o Fundo, uma política “algo expansionista” deste ano, e sendo consistente com o excedente de 0,2% ou 0,3% previsto pelo Governo, seria “apropriada”, pois “apoiaria o crescimento” económico, enquanto as taxas de juro ainda em níveis elevados conteriam as pressões inflacionistas.

Para 2025, recomenda o FMI, o Governo deveria passar para uma “orientação orçamental globalmente neutra”, quando se espera que o Banco Central Europeu (BCE) alivie a sua política monetária para níveis mais flexíveis. Isso “ajudará a alcançar uma aterragem suave”, apontam os técnicos do Fundo.

“A médio prazo, a posição orçamental deverá manter-se globalmente equilibrada”, acrescenta o FMI. “Isto garantirá que a dívida ainda elevada continue a diminuir, reduzindo assim a vulnerabilidade às mudanças no sentimento do mercado e reconstruindo as reservas para choques futuros“, conclui.

(Notícia atualizada às 11h26)

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“Precisamos de normas globais comparáveis que permitam a colaboração intersetorial”

  • BRAND'S CAPITAL VERDE
  • 1 Julho 2024

Em entrevista ao ECO, Uta Jungermann, Director, Member Engagement & Global Network & Member of the WBCSD Extended Leadership Group, partilha algumas dicas para acelerar a economia circular.

O BCSD Portugal organiza a Conferência BCSD Portugal 2024, que terá lugar no próximo dia 3 de julho, na Cordoaria Nacional, em Lisboa. Sob o tema “Empresas com futuro: Como navegar para uma economia sustentável e justa?”, o evento vai reunir líderes empresariais e especialistas de diversos setores para discutir o tema.

Os participantes irão abordar a relação entre os fatores internos e externos de sustentabilidade e a economia regenerativa. A conferência também discutirá como a diversidade nas empresas pode impulsionar uma economia competitiva, os desafios iminentes para as empresas e o planeta, e as maneiras de desbloquear financiamento e aproveitar o poder das alianças para atingir os objetivos propostos.

Uta Jungermann, Director, Member Engagement & Global Network & Member of the WBCSD Extended Leadership Group, é uma das oradoras que vai marcar presença na conferência e partilhou, em entrevista ao ECO, alguns dos principais desafios associados à economia circular e como os ultrapassar.

A economia circular é o caminho a seguir, mas continua a colocar enormes desafios às empresas. O que pode ser feito para acelerar a mudança necessária?

Vemos dois desafios principais para as empresas em relação à economia circular. Não existe uma abordagem unificada e comparável para medir e divulgar os esforços de circularidade. Ao mesmo tempo, o panorama regulamentar é, até certo ponto, imaturo, embora esteja a evoluir rapidamente.

Para impulsionar ações e soluções que acelerem a mudança para uma economia circular, precisamos de normas globais comparáveis que permitam a colaboração intersetorial e entre cadeias de valor, a atribuição de capital e o apoio ao desenvolvimento de políticas. As empresas precisam de orientações claras sobre como medir, reportar e divulgar o seu desempenho em termos de circularidade e definir objetivos cientificamente fundamentados. Essas práticas padronizadas facilitarão a comparabilidade, permitindo que o setor financeiro e outras partes interessadas comparem o desempenho e aumentem as ambições. Da mesma forma, os formuladores de políticas precisam de insights sobre alavancas políticas práticas para lidar com os obstáculos que impedem as empresas líderes de escalar e acelerar sua transição circular.

Uta Jungermann, Director, Member Engagement & Global Network & Member of the WBCSD Extended Leadership Group.

O nosso objetivo é colmatar esta lacuna através do Protocolo Global de Circularidade (GCP) para as empresas, que será o quadro de ação de referência para orientar as empresas na definição de objetivos, medição, comunicação e divulgação dos progressos em matéria de eficiência de recursos e circularidade, combinado com orientações políticas abrangentes e específicas, a fim de acelerar a mudança para negócios dentro dos limites do planeta.

Esta iniciativa, liderada pelo WBCSD e pela One Planet Network, parte do Programa Ambiental das Nações Unidas, é um processo abrangente, plurianual e multi-interveniente que já reuniu a participação de mais de 75 empresas intersetoriais, parceiros do meio académico de todos os continentes, ONG e decisores políticos.

As relações entre os vários fatores tendem a ter uma dimensão local/nacional ou global? As empresas podem crescer em conjunto criando ligações em diferentes geografias? Como?

Há uma série de considerações fundamentais, seja a variação global na transição circular, incluindo a economia informal, a necessidade de uma linguagem comum, incentivos à partilha de dados, financiamento e desenvolvimento de competências. É importante que as empresas aumentem a colaboração entre setores, assumam a responsabilidade de permitir práticas circulares nas suas operações globais e cadeias de abastecimento. Utilizar indicadores holísticos para captar os efeitos das práticas circulares em toda a cadeia de valor e garantir dados disponíveis, acessíveis e fiáveis sobre a cadeia de abastecimento para medir o impacto. Envolver-se com os formuladores de políticas para defender regulamentações de apoio que incentivem práticas de economia circular e removam barreiras à implementação em diferentes regiões. Facilitar colaborações e parcerias transfronteiriças para partilhar recursos, tecnologias e conhecimentos, permitindo uma adoção mais eficaz e generalizada de práticas de economia circular. Permitir que os clientes participem na economia circular, fornecendo informações fiáveis e desenvolvendo infraestruturas que facilitem os comportamentos circulares.

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Euribor inicia julho a descer a três, a seis e a 12 meses

  • Lusa
  • 1 Julho 2024

As Euribor desceram esta segunda-feira a três, a seis e a 12 meses face a sexta-feira, depois de fechar junho com uma média mais baixa nos três prazos e do corte de 25 pontos base das taxas diretoras.

A taxa Euribor desceu esta segunda-feira a três, a seis e a 12 meses face a sexta-feira, depois de fechar junho com uma média mais baixa nos três prazos e do corte de 25 pontos base das taxas diretoras. Com as alterações desta segunda-feira, as Euribor continuaram em valores muito próximos, mas a taxa a três meses, que recuou para 3,709%, manteve-se acima da taxa a seis meses (3,678%) e da taxa a 12 meses (3,567%).

  • A taxa Euribor a seis meses, que passou em janeiro a ser a mais utilizada em Portugal nos créditos à habitação com taxa variável e que esteve acima de 4% entre 14 de setembro e 1 de dezembro, baixou esta segunda-feira para 3,678%, menos 0,004 pontos, depois de ter atingido 4,143% em 18 de outubro, um máximo desde novembro de 2008. Dados do Banco de Portugal (BdP) referentes a abril apontam a Euribor a seis meses como a mais utilizada, representando 37,5% do stock de empréstimos para a habitação própria permanente com taxa variável. Os mesmos dados indicam que a Euribor a 12 e a três meses representava 34,1% e 25%, respetivamente.
  • No prazo de 12 meses, a taxa Euribor, que esteve acima de 4% entre 16 de junho e 29 de novembro, caiu esta segunda-feira para 3,567%, menos 0,011 pontos do que na sessão anterior, contra o máximo desde novembro de 2008, de 4,228%, registado em 29 de setembro.
  • No mesmo sentido, a Euribor a três meses recuou, ao ser fixada em 3,709%, menos 0,002 pontos, depois de em 19 de outubro, ter subido para 4,002%, um máximo desde novembro de 2008.

A média da Euribor em junho desceu a três, a seis e a 12 meses, mas mais acentuadamente do que em maio e nos prazos mais curtos. A média da Euribor em junho desceu 0,088 pontos para 3,725% a três meses (contra 3,813% em maio), 0,072 pontos para 3,715% a seis meses (contra 3,787%) e 0,031 pontos para 3,650% a 12 meses (contra 3,681%).

O BCE desceu em 6 de junho as taxas de juro diretoras em 25 pontos base, depois de as ter mantido no nível mais alto desde 2001 em cinco reuniões e de ter efetuado 10 aumentos desde 21 de julho de 2022. A próxima reunião de política monetária do BCE realiza-se em 18 de julho.

Esta descida das taxas diretoras deverá provocar um recuo a um ritmo moderado das taxas Euribor e assim baixar a prestação do crédito à habitação. Os analistas antecipam que as taxas Euribor cheguem ao final do ano em torno de 3%.

As Euribor são fixadas pela média das taxas às quais um conjunto de 19 bancos da zona euro está disposto a emprestar dinheiro entre si no mercado interbancário.

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