Centros de inspeção reclamam 30 milhões de perdas por fim das inspeções às motos

O recuo nas inspeções a motociclos desperdiça investimentos de 150 mil euros em cada centro que seguiu a lei, acusam empresários. PSD diz que a aquisição de equipamentos não era obrigatória.

O PSD levou ao Parlamento a revogação da lei que impôs a inspeção aos motociclos, conseguindo o apoio generalizado dos deputados. Há três meses, o Governo, apoiado pelo mesmo partido, aprovou o regulamento que determinava o tipo de formação necessária para os inspetores e a classificação das deficiências que teriam de ser analisadas nos centros de inspeção a partir de 1 de janeiro, acusa a associação de centros de inspeção, ANCIA.

Nesta quinta-feira, no Parlamento, o investimento em instalações e equipamentos, que a associação assegura ao ECO ter sido de 30 milhões de euros, tornou-se obsoleto. Não haverá inspeções. A ANCIA fala de populismo, para satisfazer motociclistas. O PSD assegura que prefere promover a segurança dos motociclistas a “um simples olhar para um pneu ou olhar para um pisca”.

O processo de inspeções a motociclos em Portugal iniciou-se em 2012, com o primeiro passo da transposição de uma diretiva europeia. Os países poderiam optar entre montar uma rede de centros ou estabelecer um pacote de medidas de segurança para os motociclistas. O Governo de Pedro Passos Coelho escolheu a opção técnica. De então para cá, o processo arrastou-se e, apesar de já terem sido anunciadas, ao longo dos anos, várias datas para início da obrigatoriedade, isso nunca se verificou.

De cada vez que apareciam eleições, o Governo do PS decidia adiar. Sempre que foi adiado foi por motivos eleitorais do PS”, diz ao ECO Gonçalo Lage, deputado social-democrata que encerrou o debate na discussão desta quinta-feira. Pelo contrário, assegura, o PSD não está a olhar para o eleitoralismo nas autárquicas de 2025 e decide agora avançar para a revogação da lei por uma questão de segurança, matéria que considera não ser garantida pelas inspeções.

Nesse mesmo debate, o CDS-PP apoiou o fim da inspeção obrigatória, com o deputado Paulo Núncio a reforçar que “é só mais um custo para quem escolhe andar de mota, sem contribuir para aumentar a segurança”, destacando que “nas últimas décadas Portugal teve as menores taxas de mortalidade da Europa nos motociclos mesmo sem inspeção”.

O deputado do PSD afirma que a discussão sobre esta revogação da lei de 2012 foi iniciada no seio do grupo parlamentar do PSD e junto de entidades como a própria ANCIA, para lá da Federação Portuguesa de Motociclismo e clubes de motociclistas em maio e junho. Isto, apesar de o Governo ter avançado com regulamentação em agosto que dava prosseguimento ao processo, em colisão com o trabalho dos deputados do principal partido que o apoia.

“A nossa iniciativa ainda não tinha dado entrada na Assembleia da República. Tínhamos as propostas elaboradas. Apresentámos quando considerámos que havia condições”, diz Gonçalo Lage. Agora, diz, o próprio Governo já tem nos gabinetes a informação de que a inspeção, sobre a qual legislou há três meses, não será para avançar.

“Nos anos anteriores, nunca houve fundamentação como agora. Era urgente neste momento que fosse tomada decisão. Queremos aprovar medidas de segurança precisamente para obviar essa questão. Estamos a cumprir com a diretiva e a implementar medidas de segurança”, acrescenta.

São 12 as ações propostas pelo PSD para reforçar a segurança para motociclistas, entre as quais eliminar lombas nas curvas e materiais derrapantes no asfalto, aplicar juntas de dilatação em material não derrapante nos viadutos e pontes, criar sinais próprios para motociclistas, apostar na reformulação de conteúdos de formação, eliminar balizadores metálicos ou pilaretes junto às vias, criar caixas de segurança junto aos semáforos e acabar com rails sem guardas de segurança.

Quanto ao investimento efetuado pelos centros de inspeção foi uma opção dos empresários, já que faltava a publicação dos requisitos técnicos que determinariam o tipo de equipamento a usar, considera o deputado. “Compreendemos a posição dos centros de inspeção, andaram anos a comprar material sem que fosse referenciado pelo Governo. Compraram material sem saber os requisitos”, diz o deputado, admitindo que possa haver interesses económicos por detrás do avanço dos empresários.

“Eles próprios não sabiam o que fazer. Não tinham dados do que teriam de verificar, porque não havia dados. Houve alguém, ou empresas, que puseram a carroça à frente dos bois e quiseram andar a vender material para uma coisa que ninguém sabia como seria. Se eu fosse empresário, nunca iria adquirir material para uma coisa que não sei como será”, avança o deputado.

A 26 de setembro de 2016 tinha de estar tudo pronto”, assegura, por sua vez, o presidente da ANCIA, Paulo Areal. “A portaria faz referência a requisitos técnicos. Ter as linhas de inspeção prontas pressupõe ter espaço físico, os equipamentos, e até essa data até obrigava à calibração dos equipamentos. Os empresários tiveram de enviar para o IMT (Instituto de Mobilidade e Transportes) a calibração dos equipamentos. Se assim fosse, poderia haver um que não tivesse montado o equipamento”, nota Paulo Areal.

Pelo contrário, todos os 200 centros com linhas de inspeção de motociclos já montadas – de cerca de 250 existentes no país – já têm o equipamento. Cada um deles investiu cerca de 150 mil euros em equipamento, obras e até aquisição de imóveis, para lá da formação dos técnicos, a qual custa cerca de 250 euros. Acresce a necessidade de tirar a carta de condução de moto, diz ao ECO um técnico num dos centros de inspeção visitados durante esta quinta-feira.

“Acho mal esta medida ter sido afastada pelo PSD porque houve algum investimento por parte dos centros de inspeções, tanto em maquinaria como em formações. Eu cheguei a tirar o curso de motos que custou cerca de 190 euros. Neste centro, três pessoas tiraram esse curso”, diz André Garcia, diretor técnico da Zuir, localizada na zona industrial do Porto.

“Todas as empresas devem sentir-se enganadas pelo Governo porque investiram bastante“, afirma o diretor técnico da Zuir, destacando que “os equipamentos para fazer uma linha são caros e depois tem a manutenção e calibração dos equipamentos, a própria formação e as cartas de condução”. André Garcia recorda ainda que “os funcionários que não tinham carta de condução de moto tiveram que tirar até porque estava tudo previsto para começar em janeiro”, exemplificando com a sua própria situação.

Todas as empresas devem sentir-se enganadas pelo Governo porque investiram bastante.

André Garcia

Diretor técnico da Zuir

Por seu lado, Luís Neto, diretor técnico da Central de São Dinis, também na Invicta, considera que “alguma fiscalização tem que existir no setor dos motociclos, mas nos moldes em que estava previsto também era um exagero. Por exemplo, ia ser obrigatório fazer inspeção às motos a partir dos 125cc e iam deixar de fora aquelas que que são as que mais infringem os regulamentos”, afirma, referindo-se a ciclomotores.

“Os centros não têm experiência nenhuma no setor e considero que se a medida chegasse a avançar deveria existir um período de transição. Um dono de uma moto não vai deixar um inspetor pegar na moto de qualquer jeito”, considera o técnico da Central de São Dinis.

Luís Neto, diretor técnico da Central de São DinisFátima Castro/ECO

Gonçalo Lage assegura que “os inspetores dizem, eles próprios, não saberem o que fazer”. O deputado garante que “foi dito numa reunião que os inspetores diziam que só iam verificar piscas e faróis. Cada proprietário dos motociclos é que seria responsável pelos danos que pudesse haver na moto. Os seguros também não se queriam atravessar por isso”, diz.

“Os centros de inspeção têm obrigatoriamente, por lei, seguro de responsabilidade civil”, contesta Paulo Areal. “Toda e qualquer anomalia que ocorra dentro dos centros de inspeções tem cobertura”. Ainda assim, admite que iriam existir problemas, porque “determinados motociclistas não autorizavam que os técnicos se sentassem nas motos”.

“Politicamente, não quiseram avançar. Nos Açores há inspeções há muito” explica. Agora, os centros de inspeção, embora respeitem as decisões tomadas pelo Parlamento, esperam ser ressarcidos dos investimentos que a lei obrigou a fazer. Paulo Areal diz ainda, sobre o fim das inspeções, que tinha sido comunicado à União Europeia pelo país, e que agora será substituído por medidas de segurança, que a Comissão Europeia não aceitará essa alteração, por estar inscrito na lei que o país tinha de comunicar o caminho escolhido até 2016.

E que esse caminho era, até agora, o das inspeções. “Não sei o que CE irá dizer. Ainda há muito processo a decorrer”.

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Bitcoin ganha “legitimidade” como alternativa ao ouro junto de investidores institucionais

Presidente da Fed comparou a bitcoin a ouro virtual horas antes de atingir a meta dos 100 mil dólares. A posição ajuda a dar "legitimidade" à criptomoeda como ativo de investimento.

A bitcoin nasceu para ser uma moeda alternativa, mas é cada vez mais vista como um ativo de investimento. A sua chegada aos 100 mil dólares durante a madrugada desta quinta-feira ajudará a consolidar ainda mais essa visão de uma bitcoin mais semelhante ao ouro do que ao dólar.

O ano de 2024 já estava a ser positivo para a criptomoeda mais popular do mundo, depois da aprovação, em janeiro, dos primeiros fundos com exposição direta à bitcoin. Mas a reeleição de Donald Trump como Presidente dos EUA em novembro ajudou a catapultar a bitcoin para valores nunca antes vistos.

O republicano, que se aliou a outros entusiastas das criptomoedas, como Elon Musk, fez campanha com a promessa de tornar os EUA num país mais amigo dos criptoativos. E, na quarta-feira, ao final da tarde, cumpriu uma delas, anunciando a escolha de Paul Atkins, um cripto-adepto, para futuro líder da Securities and Exchange Commission (SEC), o regulador dos mercados financeiros.

A nomeação, que ainda terá de ser confirmada pelo Congresso, serviu de catalisador para a bitcoin, mas não foi o único fator a contribuir para a escalada final rumo aos 100 mil dólares (chegou aos 103.900). Nesse mesmo final de tarde, Jerome Powell, presidente da Reserva Federal norte-americana, disse numa conferência que “a bitcoin é como o ouro, só que digital”.

“As pessoas não a estão a usar como meio de pagamento ou como reserva de valor. É altamente volátil. Não é um concorrente para o dólar, é verdadeiramente um concorrente para o ouro”, disse o presidente da Fed.

O caminho estava assim traçado. “Powell ajudou muito à subida da bitcoin”, considera Filipe Garcia, presidente e economista da consultora IMF – Informação de Mercados Financeiros. “Ao meter a bitcoin na mesma prateleira do ouro, não sei se de propósito ou se para dizer que não estava na prateleira do dólar, deu-lhe uma legitimidade enquanto ativo de investimento”, nota o analista.

Uma opinião com a qual tende a concordar: “No início da bitcoin em particular, o argumento principal era que isto era uma moeda alternativa. É muito discutível que cumpra com boa fiabilidade todas as funções de uma moeda. Tem-se transformado de um projeto de moeda num ativo de investimento.”

Para Filipe Garcia, a grande diferença para a bitcoin e para os criptoativos no último ano e meio é precisamente essa entrada cada vez maior de “participantes mais institucionais e mais ligados à finança tradicional”. O lançamento dos primeiros fundos cotados de bitcoin foi um acontecimento “relevante” para puxar as criptomoedas para dentro do “sistema”, diz.

“À medida que muitos consultores de investimento de todos os tamanhos vão introduzindo na sua análise a bitcoin, há aqui uma entrada do mundo financeiro convencional neste mercado. É um mercado de oferta e procura: há uma procura adicional que está a fazer o preço subir”, explica o presidente da IMF.

Essa tendência vai continuar por mais algum tempo, vaticina, o que poderá levar a bitcoin a novos recordes. Mas ninguém sabe ao certo o que vai acontecer. “É um ativo com características muito próprias, com participantes diferentes e condições regulatórias diferentes. Estamos a pisar num terreno novo”, afirma o consultor, que apela à responsabilidade: “Não se pode colocar aqui o dinheiro da prestação da casa”, recorda.

Além da entrada e reforço dos investidores institucionais, Filipe Garcia aponta para um terceiro fator que está a contribuir para a maior popularidade desta e doutras criptomoedas: a maior acessibilidade do mercado aos investidores de retalho. Uma diferença substancial face a outros tempos, como quando o Santander Totta era notícia em Portugal, em 2018, por impedir os seus clientes de transferirem dinheiro para a Coinbase, uma popular corretora de criptomoedas.

Com esta confluência de fatores, a chegada da bitcoin aos 100 mil dólares foi vista por muitos analistas com naturalidade, depois de ter enfrentado alguma resistência nas últimas semanas. “É inevitável [para] um bem tão escasso como é a bitcoin, ainda mais escasso do que o ouro”, comentava ao ECO, esta quarta-feira, Nuno Lima da Luz, presidente da Associação Portuguesa de Blockchain e Criptomoedas (APBC), horas antes de se saber da nomeação de Trump para a SEC ou que esse marco iria ser atingido nessa mesma noite.

Um dos próximos testes poderá vir a ser a próxima reunião da Fed, que será também a última do ano, marcada para 17 e 18 de dezembro. Espera-se que o presidente, Jerome Powell, anuncie um novo corte de 25 pontos base nas taxas de juro, o que, para o responsável da APBC, poderá alimentar o apetite pelo risco: “Normalmente, os cortes das taxas de juro afetam os mercados financeiros na medida em que começa a haver menos aversão ao risco e começa a ser também menos rentável [investir] noutro tipo de produtos, como obrigações do tesouro.”

Mas se para uns as criptomoedas são agora ativos legítimos de investimento — a MicroStrategy, empresa de software que foi um dos primeiros investidores institucionais em bitcoin, detém agora mais de 400 mil unidades da moeda –, para outros continuará a ser sempre fonte de instabilidade para o sistema financeiro, um risco insustentável para as carteiras ou um paraíso para os criminosos.

Aliás, nesta última quarta-feira, também foi anunciado que as autoridades britânicas desmantelaram uma operação de branqueamento de capitais com sede em Moscovo que ajudava a trocar dinheiro sujo por criptomoedas. A rede seria usada por traficantes de droga, mas também por espiões ao serviço do Kremlin, noticiou a BBC.

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Fim de projeto da Foundever para cliente em França leva a despedimento de 300 pessoas em Portugal

O grupo tem em Portugal cerca de 3.700 colaboradores e justifica a caducidade dos contratos com a conclusão de projeto de suporte ao mercado francês para um cliente.

A empresa de call centers Foundever, que conta com cerca de 3.700 colaboradores em Portugal, dispensou 300 trabalhadores com contratos a termo incerto, após a conclusão de um projeto de suporte ao mercado francês. A empresa justifica a decisão com a necessidade de “uma constante adaptação” ao mercado.

“A Foundever confirma que este ano concluiu um projeto de suporte ao mercado francês para um dos seus clientes“, adiantou fonte oficial da empresa ao ECO. A mesma fonte explica que “este término resultou na caducidade de cerca de 300 contratos a termo incerto dos colaboradores alocados a este projeto, conforme esteve sempre definido nos respetivos contratos”.

A multinacional, cujo country leader em Portugal é Pedro Santos e que até ao ano passado respondia pelo nome Sitel Group, conta com escritórios em Lisboa e no Porto e presta serviços na área dos centros de contacto especializada em suporte a clientes multilingue, prestando serviços em mais de 20 línguas.

A empresa realça que “o seu setor de atividade exige uma constante adaptação às dinâmicas de mercado, de forma a garantir a sustentabilidade a longo prazo do seu negócio e a continuidade da entrega de valor aos seus clientes.”

As saídas na multinacional levaram o PCP a questionar o Governo sobre este plano, citando 500 despedimentos. No entanto, segundo a informação concedida pela empresa, está em causa a saída de menos 200 pessoas.

“No entendimento do PCP, trata-se de despedimentos que não cumprem a legislação em vigor, tendo em conta, designadamente, que os trabalhadores foram ‘avisados’ do seu despedimento com dois dias de antecedência”, escreve o partido comunista numa pergunta direcionada ao Executivo.

Também o Sindicato Nacional dos Trabalhadores das Telecomunicações e Audiovisuais (SINTTAV) refere que “inúmeras denúncias chegam ao SINTTAV de que serão umas ‘centenas’ de trabalhadores que abruptamente receberam a notícia por videoconferência de que o seu contrato de trabalho estava ‘condenado’ a terminar”, acrescentando que estes “despedimentos” poderão configurar uma ilegalidade.

“Os trabalhadores visados neste despedimento abrupto a asfixiar as suas vidas, seguiram a orientação de também passarem a denúncia para a DGERT e ACT e já obtiveram a informação de que este processo de despedimento a não serem cumpridos todos os formalismos legais, estará a incorrer numa contraordenação grave nos termos do disposto na legislação do trabalho“, indica o sindicato.

Sobre este assunto, a empresa garante que cumpriu a lei. “A Foundever reforça que toda a legislação aplicável foi, como sempre, rigorosamente cumprida, tendo a empresa prestado todo o apoio necessário às pessoas envolvidas neste processo.”

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Salários e pensões ganham brinde adicional no IRS. Veja quanto vai poupar

Trabalhadores por conta de outrem e reformados vão poder abater 4.462 euros ao imposto a liquidar em 2026, uma subida de 112 euros face aos 4.350 euros em vigor. Bónus pode chegar aos 79 euros.

A aprovação do Orçamento do Estado para 2025 (OE2025) traz um brinde no IRS para trabalhadores por conta de outrem e pensionistas que pode chegar aos 79 euros de poupança anual no imposto a liquidar em 2026 por referência as ganhos obtidos em 2025, segundo as simulações da consultora Ilya para o ECO. Este pequeno bónus extra na carteira só é possível porque a dedução específica, isto é, o valor que abate ao rendimento para apurar a matéria tributável, sobe dos atuais 4.350,24 euros para 4.462,15 euros. São mais 111,91 euros limpos de imposto.

Com a publicação da inflação de novembro sem habitação pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) foi possível obter o valor atualizado Indexante dos Apoios Sociais (IAS) para 2025, que vai aumentar 2,6%, passando de 509,26 euros para 522,50 euros. Como consequência, a dedução específica do IRS também sobe, uma vez que a regra de atualização, inscrita no OE2025, dita que aquele indicador deve corresponder a 8,54 vezes o IAS, o que dá os tais 4.462,15 euros.

Para um trabalhador solteiro sem filhos ou um pensionista que receba de 900 euros brutos por mês, significa uma poupança adicional de 15 euros, no IRS a liquidar em 2026. Este valor está integrado no ganho global, de 342 euros, conseguido também graças à atualização dos escalões em 4,6% e ao mínimo de existência, que é o patamar até ao qual os rendimentos estão isentos de imposto, e que subiu dos atuais 11.480 euros para 12.180, correspondendo assim a 14 vezes o salário mínimo do próximo ano, que vai dar um salto de 50 euros para 870 euros. Os cálculos realizados pelo fiscalista da Ilya Luís Nascimento já incluem os 250 euros de limite para a dedução à coleta das despesas gerais.

No caso de um solteiro ou reformado a auferir 1.000 euros, a subida da dedução específica vai dar um bónus extra anual de 18 euros, aquando da entrega da declaração do IRS. Vencimentos brutos mensais de 1.500 terão um ganho adicional, para o conjunto do ano, de 25 euros, salários de 2.000 euros terão um benefício de 36 euros e remunerações de 2.500 euros vão sentir um alívio fiscal de 40 euros por via da atualização da dedução específica.

Fonte: Ilya

Ordenados mais elevados, acima dos 2.900 euros mensais brutos, já não têm benefício com o aumento da dedução específica, porque, como os descontos para Segurança Social são superiores, a parcela a abater passa a corresponder ao valor das contribuições sociais que são sempre de 11%. Esta limitação já não se coloca para os pensionistas, porque não pagam Taxa Social Única (TSU).

Para os pensionistas, o aumento da dedução específica vai sempre reduzir o imposto em função da taxa do escalão dos rendimentos. Mesmo que se encontrem no último escalão terão sempre um benefício”, explicou ao ECO o fiscalista Luís Nascimento. Por exemplo, um reformado solteiro e sem filhos com uma prestação de 5.000 euros brutos mensais poderá ter uma poupança adicional de 50 euros no conjunto do ano. Um aposentado casado sem filhos, com um ganho mensal 6.000 euros, assumindo que cada uma dos cônjuges ganha 3.000 euros, vai pagar menos 79 euros de IRS, por via da atualização da dedução específica.

Fonte: Ilya

As simulações da Ilya para um casal sem filhos mostram que o brinde que os trabalhadores vão sentir no bolso pode chegar aos 79 euros. Neste caso, são considerados os salários dos dois cônjuges a valores iguais. Por exemplo, se cada um dos elementos receber 900 euros brutos mensais, dá um rendimento global de 1.800 euros por mês. A poupança adicional com a subida da dedução específica será de 29 euros. Para remunerações mensais de 2.000 euros brutos, o ganho é de 37 euros. Este benefício sobe para 49 euros, no caso de vencimentos de 3.000 euros, para 72 euros, para ordenados de 4.000 euros, e para 79 euros, para ganhos mensais brutos do casal de 5.000 euros.

Fonte: Ilya

Para vencimentos mais altos, acima dos 5.800 euros mensais brutos, a atualização da dedução específica não tem impacto, porque como as contribuições sociais são superiores a parcela a abater corresponde a esse montante.

Regra anterior aprovada à revelia do Governo ditava maior benefício

No espaço de apenas quatro meses a regra de atualização da dedução específica sofreu duas alterações, quando antes o seu valor tinha estado congelado nos 4.104 euros durante uma década. De lembrar que, em 2014, no tempo da troika e do Governo de Pedro Passos Coelho, foi revogada a norma que ditava que a parcela à abater ao rendimento devia corresponder a 72% de 12 vezes o IAS e o seu valor ficou preso nos 4.104 euros sem fórmula alguma de atualização. Se aquele modelo ainda estivesse em vigor, a dedução específica para 2025 seria de 4.514,4 euros. Até 2010, este indicador até estava indexado a 72% de 12 vezes o salário mínimo, o que faria a dedução específica disparar para 7.516,8 euros, no próximo ano.

Volvidos mais de 10 anos, o Parlamento aprovou, em julho, por proposta do BE e à revelia do Governo, uma nova regra segundo a qual a dedução específica tem de subir em função da taxa de atualização do IAS. Esta norma entrou em vigor e aplica-se para todo o ano de 2024, o que ditou um aumento daquela parcela em 6%, tal qual o IAS, para 4350,24 euros. Isto significa que na liquidação do imposto, em 2025, relativo aos rendimentos deste ano, serão dedutíveis logo à cabeça 4350,24 euros aos ganhos obtidos. Quanto maior é esta dedução, menor é o rendimento tributado, logo a carga fiscal desce.

Com a proposta do OE2025, o Governo da Aliança Democrática (AD) voltou a mexer na alínea a) do n.º1 do artigo 25.º do Código do IRS. Assim, no próximo ano, em vez da dedução específica seguir a atualização do IAS vai passar a corresponder a 8,54 vezes o valor do indexante que serve de guia para as prestações sociais. Aplicando esta fórmula, a parcela a abater sobe mais 11,91 euros para 4.462,15 euros. Se usássemos a regra do BE, aprovada por toda a esquerda e com a ajuda do Chega, que se absteve, aquele montante deveria subir em 2,6%, tal como o IAS, o que daria um benefício ligeiramente superior: 4.463,35 euros. A diferença é de apenas 1,2 euros.

Em alturas de elevada inflação, a fórmula da autoria dos bloquistas, que indexa a dedução específica à taxa de atualização do IAS poderá ser mais benéfica, mas em momentos em que a variação do índice de preços é muito reduzida ou até mesmo negativa, a regra do Executivo de Luís Montenegro deverá ser mais favorável para o contribuinte.

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Pololikashvili vai candidatar-se à reeleição como Secretário-Geral do Turismo da ONU para o mandato 2026-2029

  • Servimedia
  • 6 Dezembro 2024

Pololikashvili está a receber apoio de diferentes países “graças ao seu trabalho desde 2018”, sublinha a sua comitiva.

O georgiano Zurab Pololikashvili, atual secretário-geral da ONU Turismo, cuja sede mundial é em Madrid, vai candidatar-se à reeleição para um novo mandato para o período 2026-2029, segundo fontes próximas confirmaram à Servimedia.

“Ele quer continuar, pretende candidatar-se, com o apoio de diferentes países, e está a conseguir isso graças ao trabalho de todo o seu mandato”, confirmaram a esta agência pessoas próximas de Zurab Pololikashvili. Destacam o seu conhecimento, com dois mandatos à frente do Secretariado Geral do Turismo da ONU, e a capacidade do georgiano de reunir apoios, como na última eleição, quando obteve 87 votos.

O Conselho Executivo do Turismo da ONU para eleger os candidatos realizar-se-á entre 28 e 30 de maio de 2025. O Conselho Executivo recomendará então à Assembleia Geral a pessoa que assumirá o Secretariado-Geral em novembro de 2025, na Arábia Saudita. O novo mandato decorrerá de 2026 a 2029.

Pololikashvili viu em primeira mão a recuperação do turismo após a covid-19. Este ano, foi alcançada uma taxa de recuperação de 95%, comparando os níveis atuais com os de 2019, o ano com o maior número de turistas da história. Esta recuperação do setor do turismo foi ajudada pela abertura da China, um dos maiores mercados turísticos do mundo.

Pololikashvili confirmou a decisão de anunciar a sua candidatura depois de regressar de uma viagem a Pequim (China), onde participou no Fórum Económico Mundial do Turismo (GTEF 2024), e manteve várias reuniões com altos responsáveis mundiais, como o ministro chinês do Turismo e da Cultura, o que vem juntar-se à intensa agenda de trabalho e de reuniões dos últimos meses, com o objetivo de conquistar o apoio de diferentes países do mundo.

Pololikashvili é secretário-geral do Turismo da ONU desde 2018 e quer agora candidatar-se à reeleição para tentar implementar medidas favoráveis ao desenvolvimento sustentável, impulsionar novas áreas de desenvolvimento e promover o turismo num “momento desafiante”, segundo a sua comitiva.

“O nosso setor dá-lhes a oportunidade de ganhar a vida. E de ganhar não só um salário, mas também dignidade e igualdade. Os empregos no setor do turismo também capacitam as pessoas e dão-lhes a oportunidade de encontrarem o seu lugar nas suas próprias sociedades, muitas vezes pela primeira vez”, afirma.

Zurab Pololiskashvili é Secretário-Geral da ONU Turismo desde janeiro de 2018. Anteriormente, ocupou vários cargos superiores nos setores público e privado. Depois de se formar em banca, adquiriu uma vasta experiência no setor privado, ocupando uma posição proeminente num dos maiores bancos da Geórgia e como diretor executivo da principal equipa de futebol do país, o FC Dinamo Tbilisi.

 

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Estado garante mesmas condições da Lone Star na venda do Novobanco

Ministério das Finanças negociou acordo com Fundo de Resolução e Lone Star para salvaguardar interesses do Estado na venda do Novobanco. Nomeadamente garante que vende ao mesmo preço dos americanos.

O mecanismo de capital contingente (CCA) tem os dias contados e vai abrir caminho à venda do Novobanco. Para acautelar os interesses do Estado neste processo, o Ministério das Finanças negociou um projeto de acordo com a Lone Star e o Fundo de Resolução (os outros dois acionistas) que, segundo apurou o ECO junto de fonte governamental, estabelece que todos terão as mesmas condições (incluindo preço) na operação de venda do banco, que deverá arrancar previsivelmente na primeira metade do próximo ano.

Este side agreement foi negociado entre as três partes nas últimas semanas no contexto do fim antecipado do CCA, que vai projetar o Novobanco para uma nova fase da sua vida, nomeadamente ao abrir a porta ao fundo americano para que possa finalmente avançar com a venda da sua participação de 75%.

O Ministério das Finanças já enviou a carta ao Fundo de Resolução a dar “luz verde” ao termo do CCA antes do tempo previsto. O banco irá realizar, de resto, uma assembleia geral extraordinária nos próximos dias para os acionistas colocarem um ponto final definitivo nesse contrato e vão aprovar ainda o novo acordo parassocial, de acordo com as informações recolhidas pelo ECO.

Lone Star e Fundo de Resolução já tinham um acordo (desde 2017) que regulava vários aspetos da vida do banco, incluindo quanto a uma venda direta ou a uma oferta pública inicial (IPO) da instituição financeira.

O novo contrato entre os acionistas vem, na prática, definir que os direitos e obrigações que são atualmente reconhecidos ao Fundo de Resolução se estendem ao Estado, que passou a deter, entretanto, uma participação de 11,46% no Novobanco por conta do regime de ativos por impostos diferidos (DTA). O que está em causa?

Audição do Ministro de Estado e das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, no âmbito da apreciação, na especialidade, da Proposta de Lei n.º 26/XVI/1.ª (GOV) para o Orçamento do Estado para 2025Hugo Amaral/ECO

Estado assegura mesmo preço, Lone Star pode forçar venda

Entre outros aspetos, o projeto de acordo inclui os mecanismos de “tag along e drag along no caso de a Lone Star avançar para a venda de uma parte ou da totalidade das suas ações diretamente a um terceiro.

Embora o CEO Mark Bourke esteja a trabalhar no sentido de colocar o Novobanco em bolsa, como tem repetido publicamente, não se exclui a possibilidade de uma venda direta a um banco, se essa opção maximizar o encaixe financeiro para o fundo norte-americano. E há muito que se especula que bancos espanhóis como o Santander e o Caixabank (dono do BPI) e o BCP possam avançar para a operação.

Nessa situação, o Fundo de Resolução e o Estado devem ser notificados pela Lone Star, podendo ambos exercer a “tag option” para exigir ao fundo americano que sejam incluídos no negócio nas mesmas condições que acordar com o comprador, designadamente no que respeita ao preço da ação.

Em contrapartida, a Lone Star também poderá acionar a “drag option” que “arrasta” tanto o Fundo de Resolução como o Estado para o processo de venda. Ou seja, o fundo americano pode forçar os outros dois acionistas públicos a venderem a sua participação, mas apenas se alienar mais de 75% da sua posição.

Mark Bourke, CEO do Novo Banco, em entrevista ao ECO - 02FEV24
Mark Bourke, CEO do Novobanco.Hugo Amaral/ECO

Estado deve facilitar IPO, mas não é obrigado a vender

No caso de um IPO, que se assume como cenário base para a Lone Star, o Estado e o Fundo de Resolução devem facilitar a operação. As três partes ainda terão de negociar os termos para uma transição ordenada do Novobanco como empresa cotada no mercado, através de um “IPO agreement” a ser celebrado no futuro.

Se a bolsa de valores for a opção escolhida pelos americanos, o Estado não é obrigado a colocar as suas ações no mercado – não se aplicando neste caso a cláusula de tag along.

Mas se pretender participar no IPO, o Estado terá as mesmas condições dos outros dois acionistas, incluindo o preço.

Este acordo tripartido surge no âmbito do término antecipado do CCA, o mecanismo criado em 2017 com a venda do Novobanco à Lone Star e que funcionou como uma espécie de garantia pública para o banco manter os rácios protegidos face a perdas com um conjunto de ativos tóxicos. O Fundo de Resolução injetou 3,4 mil milhões de euros entre 2018 e 2021, mas o fim do acordo (que só aconteceria no final do próximo ano) extinguirá todas as contingências relacionadas com o mecanismo.

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Sete anos depois, quanto custou a venda do Novobanco?

Sete anos depois, o acordo de capital contingente vai finalmente fechar as contas. Novobanco deixa de receber dinheiro do Fundo de Resolução, que ainda vai encaixar dividendos e com a venda de ações.

Criado em 2017 aquando da venda do Novobanco ao fundo Lone Star, o acordo de capital contingente (CCA) vai finalmente ser fechado. O mecanismo injetou milhões e milhões de euros para garantir a sobrevivência do banco. Quanto custou? A fatura ascende a 3,5 mil milhões de euros. Mas o Fundo de Resolução ainda vai encaixar dinheiro com dividendos e a venda de ações.

3.890 milhões de euros

Era o limite contratual da “garantia pública” prestada pelo CCA, que obrigou o Fundo de Resolução a injetar dinheiro no Novobanco sempre que as perdas com um conjunto de ativos tóxicos obrigassem a repor o rácio de capital nos 12,5%.

3.405 milhões de euros

Foi o valor efetivamente injetado pelo Fundo de Resolução no Novobanco ao abrigo do CCA, entre 2018 e 2021, para cobrir as falhas de capital provocadas perdas com ativos problemáticos herdados do BES.

Fonte: Novobanco e Fundo de Resolução

485 milhões de euros

É o valor do CCA que não foi utilizado. O fim antecipado do mecanismo elimina o risco (que já era praticamente nulo) de o Fundo de Resolução ter de realizar novas injeções no Novobanco.

99 milhões de euros

Valor que o Fundo de Resolução pagou ao Novobanco por conta da disputa no tribunal arbitral no valor de 172 milhões de euros, resultando assim numa “poupança” de 73 milhões. O Fundo de Resolução pagou esta compensação com os fundos que foram recuperados de um antigo empréstimo concedido pelo BES ao BESA há mais de dez anos e que o Novobanco dava praticamente como perdido.

Contas feitas, a fatura do CCA ascendeu a 3,5 mil milhões.

Donald Quintin, senior managing director do Lone Star.Paula Nunes / ECO

124 milhões de euros

Valor de uma terceira arbitragem iniciada pelo Novobanco, à qual se acrescentariam juros de mora que poderiam superar os 30 milhões. O fim do CCA extingue esta responsabilidade contingente para o Fundo de Resolução.

1.000 milhões de euros

O termo antecipado do CCA desbloqueia dos dividendos. Como o ECO revelou, o Novobanco poderá libertar no imediato (e perante autorização do regulador) cerca de 1.000 milhões de euros para os acionistas. Cerca de 130 milhões irão para os cofres do Fundo de Resolução e outros 120 milhões para a Direção-Geral do Tesouro e Finanças (DGTF), cabendo a fatia de leão ao fundo Lone Star, que receberá 750 milhões.

Para o ano existe a perspetiva de dividendos. E ainda a expectativa de um importante encaixe financeiro com a venda de ações do Novobanco. Dinheiro que vai reduzir a fatura do Fundo de Resolução com o banco.

Por outras palavras, dinheiro que vai reduzir a fatura dos bancos (que financiam o Fundo de Resolução) junto do Estado (que emprestou o dinheiro ao Fundo de Resolução para injetar no Novobanco).

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Sindicato Independente dos Médicos recusa aumento de 5% proposto pelo Governo

  • Lusa
  • 5 Dezembro 2024

O secretário-geral do SIM, que reivindica um aumento de 15%, adiantou que está agendada para segunda-feira uma nova reunião entre as duas partes "para manter essa dinâmica" das negociações.

O Sindicato Independente dos Médicos (SIM) rejeitou esta quinta-feira a proposta de aumento salarial de 5% apresentada pelo Ministério da Saúde, alegando que está a uma “distância muito considerável” dos 15% de acréscimo que reivindica.

Em declarações à Lusa após mais uma ronda negocial, o secretário-geral do SIM adiantou que está agendada para segunda-feira uma nova reunião entre as duas partes “para manter essa dinâmica” das negociações, uma vez que o protocolo negocial está previsto terminar no fim do ano.

“Vamos continuar a negociação já na segunda-feira e o Governo ficou de apresentar uma proposta melhorada”, referiu Nuno Rodrigues, ao salientar que a proposta de valorização salarial apresentada pelo ministério de Ana Paula Martins ficou ainda a uma “distância muito considerável” das pretensões do sindicato.

No final de 2023, o SIM chegou a um acordo intercalar com o anterior Governo para um aumento de 15% dos salários dos médicos para este ano, esperando que agora sejam cumpridos os restantes 15%. Nuno Rodrigues admitiu, porém, que esta percentagem pode ser repensada por parte do sindicato, caso seja possível alcançar um acordo global satisfatório para os médicos também nas outras matérias que estão em negociação.

“Se houver, em termos das condições de trabalho, muitas melhorias, nós poderemos repensar. Se não houver melhorias, a nossa posição é totalmente estática de nem menos um cêntimo”, assegurou o dirigente sindical. Nuno Rodrigues adiantou que mantém as expectativas sobre as soluções que o Governo vai apresentar no seu conjunto, referindo que “neste momento as propostas estão do lado” do ministério nas várias matérias que estão a ser negociadas.

“O processo negocial tem de estar concluído até final do ano e esperamos que dê um fortíssimo sinal aos médicos de que vale a pena ficar no Serviço Nacional de Saúde e que vão ter uma perspetiva de futuro. Nós não faremos nenhum acordo em que isso não esteja garantido”, afirmou o secretário-geral do SIM.

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Comissão de inquérito à Efacec aprovada. Só PS votou contra

A comissão parlamentar de inquérito vai tentar esclarecer quais serão, no total, os encargos para os contribuintes assumidos pelo Estado português com a Efacec.

A proposta da Iniciativa Liberal, de criar mais uma comissão parlamentar de inquérito (CPI), desta vez para investigar o que se passou na nacionalização e privatização da Efacec, foi aprovada esta quinta-feira. Só PS votou contra.

A proposta da Iniciativa Liberal pretende avaliar o exercício e as responsabilidades das tutelas políticas envolvidas na gestão Efacec e subsidiárias, quer seja no processo que levou à nacionalização da empresa em 2020, quer no processo depois de privatização.

Os liberais também querem escrutinar as decisões de gestão tomadas desde a nacionalização e de que forma essas decisões conduziram à queda de receitas, perda de fornecedores e quadros qualificados que ocorreram nesse período. Ou ainda esclarecer o envolvimento dos decisores públicos, como a Parpública e o Banco Português de Fomento, nas tomadas de decisão na Efacec.

O destino desta comissão de inquérito já estava traçado quando o PSD anunciou esta manhã que iria votar a favor. No dia anterior, quando a proposta foi debatida, o PSD teceu duras críticas à atuação do Governo anterior, mas não tinha deixado claro qual seria o seu sentido de voto.

O deputado social-democrata, Bruno Ventura, entreabriu a porta deixando o compromisso de “tudo fazer para apurar a legalidade deste processo”, mas não foi claro se vai viabilizar a comissão de inquérito proposta pela Iniciativa Liberal. Seja qual for o partido no poder, na visão do PSD, “o Estado é uma pessoas de bem que honrar os seus compromissos”, alertou, deixando assim implícito que o Governo não vai rasgar o contrato assinado com o fundo alemão Mutares.

Mais claros, Chega, CDS e PAN anunciaram logo na quarta-feira que iriam votar a favor. E o PS contra. A justificação foi avançada desde logo pelo deputado André Pinotes Batista. Os “objetivos [da privatização] foram total ou parcialmente cumpridos”, disse, contrariando aquela que é a avaliação do Tribunal de Contas que aponta precisamente o contrário – nenhum objetivo proposto foi alcançado. Também o facto “da atuação da tutela dos antigos governantes ser facilmente escrutinável” foi outra das razões apontadas para rejeitar a CPI.

“Nem tudo correu bem”, admitiu o deputado socialista, recordando que este processo de privatização “decorreu durante a maior pandemia do século”.

A ala mais à esquerda do Parlamento, Bloco e Livre tinham deixado em aberto se viabilizariam a comissão proposta pelos liberais, mas acabaram por o fazer. Tal como o PCP que viu também aprovado o seu aditamento – que pretendia ver introduzidas outras matérias a serem investigadas pela comissão –, com os votos a favor de todas as bancadas, exceto do PS que votou contra e da Iniciativa Liberal que se absteve. Uma votação que ocorreu antes mesmo da votação da própria comissão de inquérito e que permitiu desde logo perceber qual seria o sentido de voto dos partidos na votação seguinte.

Os comunistas propuseram que ao objeto de inquérito parlamentar fossem “aditados pontos como a real situação financeira do grupo aquando da intervenção do Estado, a responsabilidade dos acionistas privados, o papel da banca e de outros credores, acordos feitos com o comprador e consequências dessas decisões”. “Ou se esclarece isso ou corremos o risco de deitar poeira para os olhos e não esclarece nada”, disse o deputado António Filipe, no debate de quarta-feira.

O deputado Ricardo Araújo, do PSD, não participou nestas duas votações porque é quadro da Efacec.

(Notícia atualizada com mais informação)

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Infarmed precisa de mais quadros técnicos e vai ter novo estatuto em 2025, diz ministra

  • Lusa
  • 5 Dezembro 2024

Ana Paula Martins reconheceu, no parlamento, a necessidade de reforçar os quadros técnicos do Infarmed e também de dotar a Comissão de Ética para a Investigação Clínica de melhores condições.

A ministra da Saúde reconheceu esta quinta-feira que a Autoridade Nacional do Medicamento (Infarmed) precisa de reforçar os seus quadros técnicos e anunciou que esse organismo vai ter um novo estatuto no próximo ano.

“Não temos nenhuma dúvida da necessidade de reforçar os quadros técnicos do Infarmed e também de dotar a Comissão de Ética para a Investigação Clínica de melhores condições de trabalho”, afirmou Ana Paula Martins no parlamento durante o debate sobre duas propostas de lei do Governo sobre ensaios clínicos de medicamentos e dispositivos médicos, que pretendem regulamentar na lei portuguesa matérias já previstas em regulamentos comunitários há vários anos.

As iniciativas legislativas preveem a participação da Comissão de Ética para a Investigação Clínica, que os ensaios de medicamentos para uso humano estejam sujeitos a autorização prévia por parte do Infarmed, que a realização de ensaios clínicos em menores deve respeitar a sua vontade em participar e contraordenações para pessoas individuais e coletivas.

Depois de vários grupos parlamentares terem alertado, durante o debate, para a falta de recursos no Infarmed para garantir as suas atribuições de forma célere, Ana Paula Martins salientou que, nos últimos anos, o organismo foi reforçado na sua capacidade operacional, mas reconheceu não ter sido suficiente.

Durante 2023 e 2024, verificou-se a “reposição e o aumento do número de colaboradores, sobretudo, em funções técnicas, o que permitiu o reforço da capacidade operacional do Infarmed em várias áreas das suas atribuições e competências, com o enfoque particular para a avaliação de tecnologias da saúde”, salientou a ministra.

“Não é, efetivamente, o suficiente. Precisamos de um novo estatuto para o Infarmed e tencionamos fazê-lo durante o ano de 2025”, anunciou Ana Paula Martins, ao realçar que o Governo “está comprometido com a investigação clínica e com os ensaios clínicos” para permitir o acesso da população a tratamentos inovadores.

“Esta é também uma forma de garantir o acesso atempado a medicamentos inovadores, muitos deles para doenças incuráveis. Só assim colocaremos Portugal junto dos países de referência na Europa na área da investigação”, referiu a ministra. Afirmou ainda que as iniciativas legislativas em causa integravam a pasta de transição da anterior tutela, com o atual Governo a reconhecer a importância de adaptar o ordenamento jurídico nacional às regras aplicadas no contexto europeu.

“Não obstante os regulamentos serem obrigatórios e diretamente aplicáveis em todos os Estados-membros, torna-se necessário assegurar a sua execução na ordem jurídica interna, regulando as matérias em que os mesmos concedem margem de conformação”, referiu a ministra, apontado os exemplos da criação do registo nacional de estudos clínicos e a permissão para que os participantes possam continuar o tratamento com os medicamentos em causa após finalizado o respetivo ensaio.

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Sismo de magnitude 7 abala a Califórnia. Alerta de tsunami foi cancelado

  • Lusa e ECO
  • 5 Dezembro 2024

O sismo ocorreu a cerca de nove quilómetros a oeste de Ferndale, uma pequena cidade no condado costeiro de Humboldt e seguiram-se réplicas mais pequenas. Alerta de tsunami foi emitido.

Um forte sismo foi sentido esta quinta-feira no norte da Califórnia e as autoridades emitiram um alerta de tsunami, que entretanto foi cancelado.

O sismo ocorreu às 10:44 da manhã, 18:44 em Portugal, a cerca de nove quilómetros a oeste de Ferndale, uma pequena cidade no condado costeiro de Humboldt e seguiram-se réplicas mais pequenas, informou o serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS).

O sismo ocorreu a 10 quilómetros de profundidade, perto da pequena cidade de Eureka. O alerta de tsunami abrangeu uma grande parte da costa do Pacífico a norte de São Francisco.

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PSD de Lisboa pede nulidade de aprovação de referendo ao alojamento local

  • Lusa
  • 5 Dezembro 2024

PSD alega que das 6.528 assinaturas recolhidas para o referendo sobre alojamento local em Lisboa, apenas 4.863 eleitores se encontram “inscritos no recenseamento eleitoral" do munícipio.

O grupo do PSD na Assembleia Municipal de Lisboa (AML) pediu a nulidade da aprovação de um referendo sobre o alojamento local em Lisboa, perante a confirmação pelo Ministério da Administração Interna de apenas 4.863 assinaturas válidas de munícipes.

Segundo uma informação da Secretaria-Geral do Ministério da Administração Interna, datada de terça-feira, das 6.528 assinaturas de uma iniciativa popular para a realização de um referendo local sobre alojamento local em Lisboa, apenas 4.863 eleitores se encontram “inscritos no recenseamento eleitoral na respetiva área” do município.

Na verificação efetuada ao total de subscritores, o secretário-geral adjunto da Administração Eleitoral informou que foram ainda detetados 240 subscritores “em duplicado”, considerando-se apenas uma subscrição, 12 eliminados “por óbito”, 843 eleitores não inscritos em Lisboa e 570 com dados em que “não foi possível identificar os eleitores e, consequentemente, verificar a inscrição no recenseamento eleitoral”.

O secretário-geral adjunto concluiu que, “em relação aos números totais podem existir algumas divergências em virtude da inelegibilidade dos dados recolhidos (números de identificação civil e nomes)”.

O ofício, em resposta a uma solicitação da AML para a “verificação administrativa, por amostragem, da autenticidade das assinaturas e da identificação dos subscritores da iniciativa popular de referendo local”, foi recebido já após a aprovação, na terça-feira, da proposta para remeter ao Tribunal Constitucional a iniciativa popular para um referendo sobre o alojamento local em Lisboa.

A conversão da iniciativa popular para um referendo local sobre alojamento local em deliberação da AML foi aprovada com votos a favor de PS, Bloco de Esquerda, PEV, PAN, Livre e deputados não inscritos Miguel Graça e Daniela Serralha (Cidadãos por Lisboa), contra do PSD, CDS-PP, Iniciativa Liberal (IL), PPM, Aliança, Chega e deputada não inscrita Margarida Penedo, e abstenção do PCP e do MPT.

Em causa está a iniciativa popular promovida pelo Movimento Referendo pela Habitação (MRH), que propõe duas perguntas: Concorda em alterar o Regulamento Municipal do Alojamento Local no sentido de a Câmara Municipal de Lisboa, no prazo de 180 dias, ordenar o cancelamento dos alojamentos locais registados em imóveis destinados a habitação? Concorda em alterar o Regulamento Municipal do Alojamento Local para que deixem de ser permitidos alojamentos locais em imóveis destinados a habitação?

A proposta para um referendo ao alojamento local em Lisboa foi lançada em dezembro de 2022 e, na documentação entregue na AML, constava “um total de 6.550 cidadãos eleitores recenseados no município de Lisboa”, segundo o relatório da comissão eventual criada para apreciar a iniciativa popular de referendo local. Na sequência da votação de terça-feira, a AML vai remeter a deliberação para a realização do referendo ao Tribunal Constitucional, a quem competirá validar, ou não, a consulta popular.

O grupo municipal do PSD na AML entregou, entretanto, “um pedido de nulidade da votação” para a realização do referendo sobre o alojamento local.

Numa nota do PSD de Lisboa, com base na “verificação administrativa” da Secretaria-Geral do Ministério da Administração Interna, justifica-se o pedido de nulidade por as discrepâncias reduzirem “o número de assinaturas válidas para 4.863, abaixo do mínimo legal obrigatório de 5.000, logo, não reúne as condições estabelecidas na legislação” para as petições populares.

“Não questionando a validade desta petição, nem de qualquer outra, entendemos, no entanto, que é imperioso o cumprimento dos preceitos legais, tendo pedido, assim, a nulidade da votação efetuada” na anterior reunião da assembleia municipal, explica o líder de bancada do PSD, Luís Newton, citado na nota.

A Lusa contactou o gabinete da presidente da AML, Rosário Farmhouse (PS), mas ainda não foi possível obter um comentário ao pedido do PSD, nomeadamente quanto à ponderação que poderá ser feita em relação aos óbitos e não inscritos, tendo em conta o tempo decorrido do lançamento da petição, ou dos mais de meio milhar com dados não identificáveis.

Ainda assim, o ministro da Presidência, António Leitão Amaro, garantiu esta quinta que o Governo “não teme” e respeita caso avance um referendo ao alojamento local (AL) em Lisboa, sublinhando que decisão deve ser “de base local”.

O governante, que respondia a questões após o Conselho de Ministros, no Campus XXI, em Lisboa, salientou que o Governo acredita na “livre iniciativa privada” de quem investiu na atividade, lembrando terem sido revogadas uma série de “limitações, proibições, tributações e expropriações legais aos títulos de AL”.

Não tememos a democracia, muito menos a democracia local”, sublinhou, justificando que o Governo considera que este tipo de decisões, nomeadamente permissibilidade, deve ser tomado ao nível local “com proporcionalidade e respeito entre habitantes e titulares de licenças de AL”.

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