“Corte de 25 pontos base na taxa de juro do BCE em dezembro é a resposta certa”, diz governador do Banco da Grécia
O governador do Banco da Grécia defende mais um corte de 25 pontos base nas taxas de juro do BCE em dezembro, argumentando que o aumento salarial no terceiro trimestre foi um "pico isolado".
O governador do Banco da Grécia e membro do Conselho do Banco Central Europeu (BCE), Yannis Stournaras, defendeu esta manhã, em entrevista à Bloomberg TV, um novo corte de 25 pontos base nas taxas de juro já na próxima reunião de política monetária que terá lugar a 12 de dezembro em Frankfurt.
“Um corte de um quarto de ponto na taxa de juro em dezembro é a resposta certa” face à atual conjuntura económica da zona euro, referiu Yannis Stournaras, argumentando que o aumento dos salários no terceiro trimestre, que poderá ser visto como um entrava a um corte das taxas diretoras, “foi um pico” isolado, não representando uma tendência sustentada de pressões inflacionistas.
“Devemos cortar [as taxas] em cada reunião até atingirmos os 2%”, argumentou Yannis Stournaras, que estima que a taxa neutra do BCE é, atualmente, de cerca de 2%”, considerando que este nível representa o equilíbrio entre o estímulo e a restrição monetária.
No entanto, o banqueiro central admitiu que “é demasiado cedo para dizer se o BCE precisa de ir abaixo do nível neutro” para estimular a economia da Zona Euro.
As declarações de Yannis Stournaras para que a autoridade responsável pela política monetária continue a cortar as taxas de juro encontram eco noutros membros do Conselho do BCE vistos como “pombas” em detrimento dos “falcões”, como Mário Centeno, governador do Banco de Portugal, que continua a defender cortes nas taxas de juros do BCE.
É também neste grupo de membros do Conselho do BCE que se inclui Christodoulos Patsalides, governador do Banco Central do Chipre, que esta quinta-feira afirmou que “se as projeções de dezembro confirmarem o cenário base, haverá margem para cortar as taxas” na última reunião do Conselho do BCE do ano.
No entanto, Christodoulos Patsalides sublinhou que “a abordagem aos cortes das taxas deve ser gradual”, sugerindo uma postura mais cautelosa.
Numa intervenção recente no Birkbeck College em Londres, Yannis Stournaras mostrou-se otimista quanto à evolução da inflação na Zona Euro. O governador grego prevê que o objetivo de 2% de inflação seja alcançado “no início de 2025”, considerando que a área do euro está “à beira de atingir de forma sustentável” esta meta.
Stournaras defendeu ainda que os decisores políticos podem já reivindicar o sucesso no controlo da inflação, sobretudo “dada a velocidade e a escala sem paralelo do aperto da política monetária”, ao mesmo tempo que foi “alcançado sem comprometer o emprego ou a estabilidade financeira”.
Por essa razão, Yannis Stournaras defende que o BCE deve agora mudar de postura para se “preocupar mais com os riscos para com o crescimento económico” da Zona Euro.
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