Empresas vão ter incentivos fiscais para reforçar capitais próprios

O novo acordo tripartido inclui várias medidas para promover a capitalização dos capitais próprios das empresas. Os aumentos de capital passam a ser passíveis de dedução ao lucro tributável.

As empresas que aumentem os seus capitais próprios vão beneficiar de incentivos fiscais. Os aumentos de capitais próprios poderão ser deduzidos ao lucro tributável, recorrendo a uma taxa que tem como referência a Euribor a 12 meses acrescida de um spread de 2%. O Governo propõe ainda, no novo acordo tripartido sobre valorização salarial, avaliar o atual regime de reforços do capital próprio da empresa para efeitos de abatimento à matéria coletável, em sede de IRC.

O Executivo pretende incentivar as empresas a recorrer mais ao capital próprio, propondo uma revisão do Regime Fiscal de Incentivo à capitalização das Empresas, equiparando, em termos fiscais, a entrada de capital próprio e de capital alheio. Significa isto que os aumentos de capital poderão passar a ser passíveis de dedução ao lucro tributável das sociedades, como acontecia com o acesso a capital alheio, e era uma medida há muito pedida pelos agentes do mercado.

“A taxa a aplicar aos montantes dos aumentos líquidos dos capitais próprios elegíveis será aumentada por forma a que, na determinação do lucro tributável, produza efeitos pelo menos iguais aos que resultariam do recurso a capitais alheios em igual montante, tomando como referência Euribor 12 meses com spread de 2%“, detalha o acordo tripartido.

A proposta revista, após novas reuniões com os parceiros sociais, inclui ainda a avaliação do atual regime de reforços do capital próprio da empresa para efeitos de abatimento à matéria coletável, em sede de IRC, nomeadamente no caso das empresas que se encontrem ao abrigo do artigo 35º do Código das Sociedades Comerciais, ou seja quando há perda de metade do capital social.

O Executivo vai ainda “incentivar o investimento de pessoas singulares na capitalização das empresas através da dedução em IRS aos dividendos e às mais-valias realizados, de 20% das entradas de capital, sujeito aos limites aplicáveis”.

Por fim, o Executivo propõe-se rever o Regime Fiscal de Apoio ao Investimento (RFAI), para promover o desenvolvimento económico através do incentivo em inovação produtiva.

À exceção da intenção de equipara capital próprio a capital alheio em termos fiscais, concedendo às empresas que recorrem aos capitais próprios os mesmos benefícios fiscais de que já usufruem quando recorrem a financiamento, todas as outras medidas para incentivar a capitalização resultam do novo entendimento, que foi assinado esta manhã pelas quatro confederações empresariais e pela UGT (a CGTP ficou de fora).

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

“PS quer deitar o Governo abaixo e o pretexto é querermos baixar impostos”, acusa Castro Almeida

Ministro Adjunto e da Coesão Territorial adverte que "se alguém pensar em introduzir eleições antecipadas no percurso do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), ele não será executado".

Para o Governo, o Partido Socialista (PS) está apostado em derrubar o Executivo e a crise que se está a gerar em torno da proposta de Orçamento do Estado para 2025 não é mais do que um exercício para assegurar a sobrevivência política de Pedro Nuno Santos. Nas jornadas parlamentares do PSD, o ministro Adjunto e da Coesão Territorial, o ministro dos Assuntos Parlamentares e o ministro da Defesa afinaram os discursos e criticaram a “instabilidade” que o PS está a criar em torno de um documento que pretende descer impostos.

“Somos um Governo de diálogo, apesar de por vezes nos quererem colar a uma imagem diferente”, disse Pedro Duarte. “Não um diálogo anestesiante, mas um diálogo para fazermos”, frisou, recordado o acordo assinado esta terça-feira a concertação social. “O Governo tem a abertura para conversar e procurar pontos de aproximação entre as partes. Haja o mesmo do outro lado e o país tem a ganhar”, acrescentou.

O ponto da discórdia é a proposta de descida do IRC e do IRS Jovem. “Se o PS apresentou uma proposta que parece inflexível, temos de apresentar uma contraproposta para garantir a estabilidade do país, que não quer instabilidade, nem quer uma crise”, disse, por seu turno, Manuel Castro Almeida. “Somos um Governo minoritário e, por isso, sabemos que temos sempre de negociar no Parlamento. Temos de fazer tudo o que está ao nosso alcance para garantir a estabilidade do país”, frisou o governante.

“Os nossos amigos socialistas desde 2011 tentam colar o PSD à ideia de que é um grupo de deputados que fala de cortes de despesa e de investimento, que ataca funcionários públicos e os reformados, que protagoniza o brutal aumento de impostos”, ironiza Castro Almeida. Mas perante os acordo assinados com professores, enfermeiros, forças de segurança, com a redução de impostos e com as contas certas, “o PS não consegue olhar e ver destruir a imagem que criaram” do PSD por isso, “o melhor é deitar o Governo abaixo ou encostá-lo irremediavelmente à direita”.

O PS quer deitar o Governo abaixo”, repetiu, em jeito de conclusão. “E o pretexto é porque queremos baixar os impostos. É disso que estamos acusados: baixar o IRS para os jovens e o IRC”, completou.

Pedro Nuno Santos no fim de semana disse que prefere perder eleições a abdicar das suas convicções. “A melhor forma de o fazer é pensar menos em eleições e respeitar mais a vontade dos portugueses”, atacou o ministro da Defesa. “A tática casuística de um partido não deve sobrepor-se ao interesse de um povo”, disse Nuno Melo.

Recordando que o momento de votar o OE é possível aprovar, abster-se ou chumbar o documento, Nuno Melo sublinhou que aprovar ou abster-se na votação do OE “não significa concordar com a totalidade da visão programática do Governo”. Por isso, “quem votar contra só o fará se tiver intenção de derrubar o Governo e trazer para Portugal uma crise política”, disse.

Partidos com representação parlamentar devem ter capacidade de negociar com boa-fé e aproveitar para influenciar positivamente os destinos do país”, acrescentou ainda o líder do CDS, partido que integra a coligação governamental.

Pedro Duarte lamenta que esta crise esteja a ser criada pelos socialistas por “sobrevivência política” e, pondo água na fervura, apelou a que “haja sentido de responsabilidade, boa-fé e interesse em negociar”.

Eleições põem execução do PRR em risco

“Se alguém pensar em introduzir eleições antecipadas no percurso do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) ele não será executado.” O aviso à navegação foi feito esta terça-feira pelo ministro Adjunto e da Coesão Territorial. Manuel Castro Almeida desafiou “qualquer especialista socialista” a contradizer esta avaliação. “Quem pensar mergulhar o país numa crise política tem de assumir a responsabilidade”, disse, acusando o PS de querer deitar abaixo o Governo.

“Não há folga nem margem de erro nenhuma para executar o PRR”, alerta Casto Almeida. “Significa que se alguém pensar em introduzir eleições antecipadas neste percurso do PRR ele não será executado. Garanto que não será possível executar o PRR”, afirmou perentório sob uma forte ovação da plateia das jornadas parlamentares do PSD.

Peça atualizada com as declarações do ministro da Defesa às 12h30

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Despesas das empresas com seguros de saúde vão valer mais 20% no IRC

Esta é uma das medidas que o Governo introduziu no novo acordo tripartido sobre valorização salarial após as reuniões com as confederações empresariais e as centrais sindicais.

As despesas suportadas pelos empregadores com os seguros de saúde dos trabalhadores vão passar a ser majoradas em 20% em sede de IRC. Esta é uma das medidas que o Governo introduziu no novo acordo tripartido sobre valorização salarial após as reuniões com as confederações empresariais e as centrais sindicais.

Na quarta-feira passada, o Governo apresentou aos parceiros sociais uma proposta de acordo, que inspirou críticas tanto do lado dos patrões, como dos sindicatos. Seguiram-se, então, novas reuniões e foram feitos ajustes ao entendimento, que foi assinado esta manhã pelas quatro confederações empresariais e pela UGT (a CGTP ficou de fora).

Uma dessas mudanças foi a introdução da majoração em 20% em sede de IRC das despesas suportadas pelo empregador relativas a seguros de saúde dos trabalhadores e agregado familiar. Na prática, as empresas verão o lucro tributável para efeitos deste imposto cair, o que corresponde ao que já vinha sendo pedido pelos empregadores.

O acordo que foi assinado esta manhã tem como horizonte o ano de 2028, e prevê a subida do salário mínimo em 50 euros por ano, a isenção fiscal dos prémios de produtividade e o reforço em sede de IRC do benefício para as empresas que subam os ordenados.

As negociações foram longas e os parceiros sociais frisaram que, apesar de assinarem, consideram que ficou aquém do que seria necessário. Decidiram, contudo, firmar este compromisso, perante o “risco de instabilidade política”, nas palavras do presidente da Confederação Empresarial de Portugal (CIP), numa altura em que a viabilização do Orçamento do Estado para 2025 ainda não está garantida.

Atualizada às 12h11

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Portugal e EUA refletem sobre inovação e competitividade

  • BRANDS' ECO
  • 1 Outubro 2024

Em 2023, os EUA foram o 4º principal destino para as exportações nacionais de bens. Câmara de Comércio Americana debateu, 3ª feira, desafios e oportunidades nas relações bilaterais entre os 2 países.

A relação entre Portugal e os Estados Unidos da América (EUA) é de longa data, mas mantém-se viva e cada vez mais próxima. Ao longo dos últimos mais de 240 anos, os dois países colaboraram e são, desde há muito, aliados – na economia, na segurança e até na cultura.

“Nem sempre temos a mesma forma de olhar para as situações. O que é notável é como, apesar dessas diferenças, os EUA e a Europa continuam a ser o parceiro económico e comercial regional mais bem-sucedido da história”, afirmou Douglas A. Koneff. O ministro conselheiro da Missão dos EUA em Portugal esteve esta terça-feira na quarta edição do Transatlantic Business Summit (TBS), em Lisboa, onde se debateram temas como a competitividade, a inovação e a geoestratégia.

O evento, organizado pela Câmara de Comércio Americana, promoveu “discussões ricas e bastante participadas” sobre “visões para o futuro, de inovação, de transformações e tendências”, destacou o presidente da instituição, António Martins da Costa.

"Nem sempre temos a mesma forma de olhar para as situações. O que é notável é como, apesar dessas diferenças, os EUA e a Europa continuam a ser o parceiro económico e comercial regional mais bem-sucedido da história.”

Douglas A. Koneff, Ministro Conselheiro da Missão dos EUA em Portugal

Ao longo do dia, passaram pelo auditório da Fundação Calouste Gulbenkian mais de três dezenas de oradores nacionais e internacionais, que destacaram a importância das relações bilaterais entre os dois países e sugeriram caminhos para o seu aprofundamento, nomeadamente por via do reforço das trocas comerciais. Vale a pena recordar que, em 2023, os EUA foram o quarto principal destino das exportações nacionais de bens, numa trajetória de crescimento que se regista há vários anos.

Entre as presenças na conferência, destaque para o ministro dos Assuntos Parlamentares, Pedro Duarte, que lembrou “o abalo gigantesco” sentido no setor da comunicação social, em particular com “o advento das plataformas digitais” e “a falência do modelo de negócio tradicional dos media”. Numa altura em que proliferam as notícias falsas e a desinformação, o ministro repetiu o anúncio feito há dias sobre “um plano de ação para os media”. “Vamos fazer um esforço para que isto seja o mais consensual possível na sociedade portuguesa”, garantiu, sublinhando que os detalhes serão conhecidos “nas próximas semanas”.

Competitividade sob ameaça

Duas semanas após a apresentação do relatório de Mario Draghi, antigo primeiro-ministro da Itália, o tema da competitividade europeia continua a ser motivo de debate em vários fóruns – e o TBS 2024 não foi exceção. “O diagnóstico é difícil de ignorar: a capacidade de inovação da Europa está a diminuir em comparação com outras economias mundiais e a concorrência da China, as tensões globais e a dependência da energia importada estão a enfraquecer ainda mais a competitividade e a produtividade da Europa”, assinalou Douglas A. Koneff.

"A capacidade de inovação da Europa está a diminuir em comparação com outras economias mundiais.”

Douglas A. Koneff, Ministro Conselheiro da Missão dos EUA em Portugal

É preciso “apelar a que a China jogue com as mesmas regras” que as restantes potências, uma ideia muitas vezes repetida ao longo de todo o dia – especialmente quando o tema são as novas tecnologias, as cadeias de abastecimento ou a transição energética. “Temos de produzir as coisas, temos de ser produtores e não podemos depender da China”, insistiu Deborah L. Wince-Smith. A presidente do Council on Competitiveness não ignora, porém, aquele que considera ser um dos grandes desafios para a economia europeia: “os elevados custos da eletrificação para as indústrias energeticamente intensivas”.

Disputas pelo poder afetam a economia

Embora os oradores concordem ser necessário reduzir a dependência da Europa em relação à China em produtos como painéis fotovoltaicos, baterias ou até mesmo de matérias-primas, muitas foram as vozes que lembraram que o protecionismo económico não deve ser o caminho. “Vimos que Trump impôs taxas aduaneiras em módulos solares, baterias e veículos elétricos [com origem na China], foram aumentadas por Biden e é expectável que se mantenham com Harris. Mas podem subir mais ainda com o regresso de Trump”, disse Antoine Vagneur-Jones, especialista em Comércio e Cadeias de Distribuição da BloombergNEF.

A Europa está a seguir um caminho semelhante no que respeita à taxação de veículos elétricos chineses, mas “estas disputas têm impacto direto no custo da descarbonização”. É preciso, acredita o perito, que a Europa reforce os incentivos dados à produção de clean tech.

O antigo embaixador da União Europeia (UE) nos EUA, na ONU e no Reino Unido, João Vale de Almeida, concorda que “não é com excesso de competição, com protecionismo e excesso de rivalidade que vamos proteger os nossos valores e objetivos”. O diplomata diz que a transição que o mundo atravessa, com uma “ordem mundial em declínio”, é um dos assuntos que mais o preocupa. Mas identifica cinco grandes “problemas” que devem estar no horizonte de cidadãos, empresários e, sobretudo, políticos. Desde logo a proliferação do poder nuclear com vários países a reforçar as suas capacidades bélicas a este nível, mas também “a instabilidade securitária na UE”. A guerra na Ucrânia, afirma, “não vai acabar tão cedo e ainda pode piorar antes de acabar”.

"Não é com excesso de competição, com protecionismo e excesso de rivalidade que vamos proteger os nossos valores e objetivos.”

João Vale de Almeida, antigo embaixador da União Europeia (UE) nos EUA, na ONU e no Reino Unido

Por outro lado, continua, a perturbação dos circuitos comerciais internacionais – em particular no estreito do Golfo e em Taiwan – pode resultar em danos graves para a economia mundial se não for atenuada. Mais uma vez, o protecionismo e a “reversão da globalização não são bons para o mundo”, em especial para economias abertas como a europeia e a norte-americana. Por fim, João Vale de Almeida fala nos conflitos invisíveis e na “situação humanitária catastrófica” no Sudão, onde se estima que até ao final deste ano possam morrer 2,5 milhões de pessoas.

Inovação, talento e a inteligência artificial

A disrupção foi tema comum a vários painéis e diferentes intervenções, em particular no debate “Visões do Futuro” que contou com Pedro Santa Clara (Tumo Portugal), João Bento (CTT e Business Roundtable Portugal) e João Maria Botelho (eleito na lista Forbes 30 Under 30), moderado pelo diretor do ECO António Costa. Os participantes concordaram com a “necessidade dramática de simplificar a regulação” na UE e que se facilite a criação de grandes empresas, de forma a permitir que as economias ganhem escala e possam ser mais competitivas a nível internacional. “É sabido e é factual que as maiores empresas são mais produtivas, pagam mais, investem mais”, sublinhou João Bento.

Mas a mudança deve ser também cultural e isso implica outras pequenas revoluções na sociedade portuguesa, como na educação e formação dos futuros líderes. Pedro Santa Clara diz estar “farto desta mediocridade coletiva” que se vive no ensino nacional por falta de inovação e abertura a novos modelos de educação. “Há possibilidade de construir outras formas de aprendizagem utilizando tecnologia bastante simples para desenhar uma experiência mais eficaz, mais escalável”, acredita.

"Temos de ter consciência que ainda estamos no nível 2 das capacidades da IA generativa, temos de chegar ao nível 5. Temos de levar isto às empresas, à nossa estrutura empresarial. Este caminho ainda está muito no início.”

Sofia Marques de Sousa (DXC Technology)

Num outro painel moderado pelo subdiretor do ECO, André Veríssimo, a inteligência artificial (IA) generativa foi mote para uma mesa-redonda que juntou António Vargas (Amazon Web Services), Sofia Marques de Sousa (DXC Technology) e Ricardo Chaves (Centro de Excelência de Inteligência Artificial do BPI). “Portugal está numa posição destaca na Europa no que respeita à IA”, assegura António Vargas, que em contracorrente acredita que a regulação da UE para a IA “tem muitos aspetos positivos”. No entanto, alerta: as PME, que compõem mais de 99% do tecido empresarial português, terão muita dificuldade em garantir o cumprimento da legislação se não tiverem ajuda.

Ricardo Chaves não tem dúvidas de que a IA generativa está a revolucionar o mundo do trabalho e setores como o da banca, mas faz questão de lembrar “o potencial” destas ferramentas ao serviço das PME. Há, porém, um entrave que deve ser ultrapassado – a formação e reskilling das equipas para que sejam capazes de tirar partido da tecnologia.

A saúde ou as utilities serão grandes beneficiados pelo poder da IA generativa, acrescenta Sofia Marques de Sousa, embora haja desafios a superar para que esse ganho possa ser conquistado. “Temos de ter consciência que ainda estamos no nível 2 das capacidades da IA generativa, temos de chegar ao nível 5. Temos de levar isto às empresas, à nossa estrutura empresarial. Este caminho ainda está muito no início”, apontou.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Aplicação do passe de transportes Navegante sob ataque informático

  • Lusa
  • 1 Outubro 2024

A aplicação Navegante está sob ataque informático desde segunda-feira. É impossível carregar os passes de transporte da Área Metropolitana de Lisboa através deste método.

A aplicação Navegante para telemóveis está sob ataque informático desde segunda-feira e esta terça-feira continua a não ser possível carregar os passes de transporte da Área Metropolitana de Lisboa através deste método, disse à Lusa fonte da Transportes Metropolitanos de Lisboa.

Segundo a empresa gestora do cartão Navegante, estão a ser feitos todos os esforços para a resolução do problema. “O ataque informático foi devidamente reportado às autoridades e até ao momento ainda não sabemos de onde provem”, explicou, perto das 10h30.

De acordo com a fonte, o cartão Navegante pode ser carregado em todos os locais físicos onde já se podia fazê-lo antes da possibilidade dada este ano pela aplicação móvel.

“É habitual uma grande afluência nesta altura aos locais para a renovação do acesso à gratuitidade do passe que todos os anos tem de ser feita pelos estudantes. Este ano foi prolongado até final de outubro, mas é normal a afluência sobretudo nesta altura, por isso a aplicação era uma forma de evitar filas”, explicou a fonte oficial, lembrando a existência de uma linha para ativar a gratuitidade no caso dos jovens estudantes (218 206 050).

Os utilizadores podem ainda carregar o cartão no multibanco, nas bilheteiras dos operadores de transporte e nas máquinas de venda automática da CP, do Metropolitano de Lisboa, do Metro Sul do Tejo, da Transtejo/Soflusa e da Fertagus, além da rede de agentes Navegante Payshop.

O cartão Navegante é o passe mensal, com várias tipologias, que pode ser usado em todos os transportes públicos dos 18 municípios da Área Metropolitana de Lisboa, como a rede rodoviária da Carris e da Carris Metropolitana, os comboios da CP e da Fertagus, o Metropolitano de Lisboa, o Metro Sul do Tejo e a rede de autocarros MobiCascais, entre outros.

Integram a Área Metropolitana de Lisboa os municípios de Lisboa, Loures, Odivelas, Amadora, Oeiras, Cascais, Sintra, Mafra e Vila Franca de Xira, no distrito de Lisboa, e Almada, Seixal, Barreiro, Alcochete, Palmela, Setúbal, Sesimbra, Moita e Montijo, no distrito de Setúbal.

O passe pode ser carregado nos espaços Navegante Carris Metropolitana, nos postos Navegante (modo self-service), no ponto Navegante assistido da Transtejo/Soflusa na estação fluvial do Cais do Sodré e no ponto Navegante assistido na loja da Parques Tejo (CC Dolce Vita Miraflores).

O valor do passe municipal é de 30 euros e o do metropolitano 40 euros, valores que se mantêm inalterados desde a sua criação, em 2019.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Azul ameaça romper com a TAP no Brasil se dívida não for paga

  • ECO
  • 1 Outubro 2024

A companhia aérea brasileira quer garantias adicionais para empréstimo que fez à TAP SGPS em 2016. Já avisou interessados na privatização que romperá acordo no Brasil se dívida não for saldada.

A elevada quota de mercado da TAP nas ligações entre a Europa e o Brasil é o ativo mais cobiçado pelos interessados numa futura privatização. A brasileira Azul veio na segunda-feira ameaçar romper o acordo com a transportadora portuguesa, que ajuda a angariar passageiros para os voos da TAP, caso não seja paga uma dívida da SGPS ou adicionadas novas garantias.

A ameaça foi deixada pelo CEO da Azul, John Rodgerson, em entrevista à CNN Portugal, que já avisou os interessados na venda da TAP: Lufthansa, IAG e Air France – KLM. “Falámos com todos. É nosso papel, porque eles também querem saber se o acordo com a Azul vai continuar? E eu digo, depende, depende dessa dívida”, afirmou o gestor.

A dívida foi contraída em 2016, após a privatização que colocou 61% da TAP nas mãos da Atlantic Gateway, de Humberto Pedrosa e David Neeleman. Este último era também o principal acionista e presidente da Azul, tendo avançado com um empréstimo acionista convertível em ações, no valor de 90 milhões de euros, para capitalizar a TAP SGPS. No final de 2023, incluindo os juros, o montante em dívida à Azul já somava 160 milhões. Até à data de reembolso, em 2026, serão 198 milhões.

É esta dívida que a gestão da Azul, que atravessa dificuldades financeiras, teme que não seja paga. O Estado já injetou 2,89 mil milhões de euros na TAP S.A, que tem a companhia aérea, obliterando a participação da TAP SGPS, que deixou de ser acionista. Na holding ficou apenas a Portugália, que deverá ser integrada na TAP S.A., a participação minoritária na SPdH, agora Menzies Aviation Portugal, a participação de 51% na Cateringor e a Manutenção & Engenharia Brasil, em liquidação.

Estão a tirar essas coisas boas da TAP SGPS para a TAP S.A., mas querem que a dívida fique na TAP má. Isso obviamente é contra a lei“, afirma Rodgerson. Quer, por isso, que a dívida seja paga ou sejam reforçadas as garantias.

O que estamos a dizer é que tem de haver garantias ou tem de pagar de volta. O que não pode fazer é esperar por 2026 e depois dizer, está quebrado, porque se tiraram todas as coisas boas que poderiam pagar essa dívida”, avisa.

Rodgerson salienta que a Azul é “o maior parceiro da TAP dentro do Brasil. A TAP serve 11 cidades no Brasil e em muitas dessas cidades, a Azul é a empresa aérea que tem mais serviços e mais conectividade. Mas isso seria uma [situação] perde-perde e seria mais difícil vender a empresa, porque sem a conectividade do Brasil, o valor da TAP também cai”, aponta.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Dívida pública recua pelo segundo mês consecutivo

O stock da dívida pública na ótica de Maastricht emagreceu em agosto 0,35% para 273,7 mil milhões de euros. No entanto, este ano, até agosto, a dívida pública acumula mais 11,8 mil milhões de euros.

O stock da dívida pública portuguesa voltou a diminuir em agosto, registando uma queda de 0,35% ou 975 milhões de euros face ao mês anterior, segundo dados divulgados esta terça-feira pelo Banco de Portugal. Esta é a segunda descida consecutiva, após a redução de 0,75% verificada em julho.

“Esta descida refletiu, sobretudo, a redução dos títulos de dívida (-0,5 mil milhões de euros), principalmente de longo prazo, e das responsabilidades em depósitos (-0,3 mil milhões de euros)”, refere o Banco de Portugal em comunicado.

Apesar desta recente desaceleração, o panorama do endividamento público em 2024 continua a mostrar um crescimento significativo. Desde o início do ano, o stock da dívida das administrações públicas já acumula um aumento de 11,8 mil milhões de euros, o que representa um crescimento de 4,5%.

Trata-se do maior incremento observado nos primeiros oito meses do ano desde 2020, quando a dívida pública disparou 6,9% entre dezembro de 2019 e agosto de 2020, impulsionada pelas medidas de resposta à crise pandémica.

O crescimento acentuado da dívida pública em 2024 contrasta com a trajetória de redução observada nos últimos anos. Em 2023, Portugal conseguiu reduzir o rácio da dívida pública para 97,9% do PIB, ficando abaixo dos 100% pela primeira vez desde 2009.

Nota: Se está a aceder através das apps, carregue aqui para abrir o gráfico.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

FNAC do Colombo reabre loja com semana cultural

  • + M
  • 1 Outubro 2024

A loja FNAC do Colombo, a primeira loja da marca em Portugal, vai reabrir totalmente renovada esta terça-feira. A data é assinalada com vários concertos e atividades durante quatro dias desta semana.

A FNAC no Colombo vai reabrir totalmente renovada nesta terça-feira, dia 1 de outubro. Para celebrar a data, a loja conta com vários concertos e outras atividades no seu programa cultural ao longo da semana.

A marca vai assinalar a reabertura da primeira loja no país com um concerto ao vivo da cantora Áurea, às 21h00, nesta terça-feira. Para além de Áurea, Cuca Roseta também vai atuar no novo auditório da loja, no dia 3 pelas 21h00. No dia 5, pelas 17h00, há o lançamento de “Novos Talentos FNAC 2024”. Para além destes eventos, ao longo dos dias 1,3,5 e 6 haverá performances de violino, saxofone, trio de cordas e atividades de pintura facial para as crianças. A semana cultural acaba com a atuação de LATTE, no dia 6 também pelas 17h00.

Ao longo destes 26 anos, a FNAC Colombo tem sido um verdadeiro ponto de encontro para os amantes de cultura, tecnologia e música, pelo que esta renovação vai muito além do aspeto visual. Acima de tudo, reflete a nossa preocupação constante em atender às necessidades dos nossos clientes”, refere Nuno Luz, diretor-geral da FNAC Portugal e da FNAC Ibéria, em comunicado.

Com a renovação, a FNAC Colombo, que conta com mais de 130 colaboradores, passou de 2.600 metros quadrados para 3.000. A zona da livraria torna-se a parte central da loja com cerca de 100 mil títulos (mais 30 mil), mas também as áreas tecnológicas foram ampliadas, com novos espaços multimédia e com um serviço de laboratório especializado na Clínica FNAC. A loja passa a contar também com espaços de marcas como a Apple, Samsung, Xiaomi, Intel, Bose, Sony, Marshall, JBL, Lenovo, HP, Hisense e Lego. Há ainda uma nova área focada na Inteligência Artificial.

O novo fórum para eventos culturais, que vai servir de palco aos concertos desta semana, será um espaço para lançamentos, apresentações, debates, showcases e exposições, e contará também com um FNAC Café igualmente renovado.

A loja ainda vai disponibilizar um serviço de personalização para capas de smartphones, como serviços para o cartão aderente, bilheteira, planos de proteção, click & collect, serviços de reparação e de retomas, além de produtos de papelaria, jogos, brinquedos e música.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

IL propõe criação de uma comissão de inquérito à nacionalização e reprivatização da Efacec

  • Lusa
  • 1 Outubro 2024

Rui Rocha explicou que os objetivos desta iniciativa passam por "identificar as condições em que foi feita a primeira nacionalização" e perceber como "foi feita a primeira tentativa de privatização".

A Iniciativa Liberal anunciou esta terça-feira que vai avançar com uma proposta para a formação de uma comissão parlamentar de inquérito aos processos de nacionalização e reprivatização da Efacec.

Em conferência de imprensa na Assembleia da República, o presidente da IL, Rui Rocha, afirmou que os objetivos desta iniciativa passam por “identificar as condições em que foi feita a primeira nacionalização” e perceber como “foi feita a primeira tentativa de privatização” e a “privatização que veio realmente a acontecer”.

O partido, disse Rui Rocha, pretende que seja analisado o período “desde a intervenção do Estado e a decisão da intervenção do Estado até à privatização, porque em cada um destes períodos há coisas muito estranhas que têm de ser analisadas”.

O líder da IL sustenta que este pedido do partido ganha força com o Relatório da Auditoria ao Financiamento Público da Efacec, que o Tribunal de Contas entregou à Assembleia da República esta segunda-feira, onde se deteta uma “responsabilidade para os contribuintes de cerca de 565 milhões de euros, no seu máximo”.

De acordo com essa auditoria, a decisão do Estado em nacionalizar e depois reprivatizar a Efacec pode atingir um custo, em financiamento público, de 564 milhões de euros, sendo que os objetivos não foram alcançados.

“A decisão do Estado em nacionalizar a Efacec não foi acompanhada da previsão do seu impacto nas finanças públicas e os objetivos da nacionalização não foram alcançados“, disse a entidade, num comunicado divulgado Na segunda-feira.

O pedido dará entrada em breve no parlamento, esclareceu Rui Rocha, que acrescentou que na lista de nomes que lhe “vêm imediatamente à memória” para chamar a esta comissão consta o antigo primeiro-ministro António Costa, e os antigos ministros da Economia Pedro Siza Vieira e António Costa Silva.

“Eu recordo até que o ministro António Costa Silva declarou que no dia da privatização definitiva da Efacec era um dia feliz para Portugal. Faria se não tivéssemos perdido no negócio cerca de 500 milhões de euros, então o que seria? Isso sim seria um dia feliz”, disse.

Para esta comissão de inquérito avançar é necessário o voto a favor de um quinto dos deputados, pelo que a IL, sozinha, não pode viabilizar a constituição deste tipo de comissões e depende do apoio das restantes forças.

Rui Rocha disse não ter sido feito “nenhum tipo de contacto” com outros partidos de modo a viabilizar a proposta liberal, mas lançou “o desafio ao PSD” para que aprove esta comissão.

“Eu espero que o PSD aprove esta comissão parlamentar de inquérito. É preciso identificar o que correu mal, qual é o envolvimento dos decisores políticos, qual é o valor final que os portugueses vão ter de suportar, porque é que se fez a privatização à Mutares como se fez”, disse.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Privados têm quase 40 mil milhões em intenções de investimento em renováveis e hidrogénio

Programa de energia e clima (PNEC2030) está concluído e será aprovado em Conselho de Ministros na sexta-feira. Vai ser criada uma instituição para acelerar execução dos fundos na área ambiental

Os investidores privados pretendem investir cerca de 40 mil milhões de euros em projetos de hidrogénio e energias renováveis, anunciou a ministra do Ambiente. Maria da Graça Carvalho revelou que o programa de energia e clima (PNEC2030) está concluído e será aprovado em Conselho de Ministros na próxima sexta-feira. Um Conselho de Ministros que será muito dominado pelas questões ambientais.

“Acabámos há poucos dias, após consulta pública que recebeu muitas respostas, o nosso programa de energia e clima”, disse Graça Carvalho nas jornadas parlamentares do PSD. “Irá a Conselho de Ministros na próxima sexta e depois será discutido na Assembleia da República”, acrescentou.

No programa são fixadas várias metas, explicou a ministra do Ambiente: fixação da meta de redução de gases com efeito de estufa face a 2005 para 2030 de 55%, aumento do peso das energias renováveis de 51%, aumento capacidade de armazenamento de dois gigawatts, uma diferença face ao previsto pelo anterior Governo que era de 1 gigawatt, “mas temos de tentar ir mais além”.

Mas ao nível do hidrogénio a opção foi baixar os objetivos de cinco para três gigawatt e nas eólicas offshore temos dois gigawatts para 2030 em vez dos falados dez gigawatts.

Para chegar a estes valores é preciso muito investimento, reconheceu a responsável. O Ministério do Ambiente conta com três mil milhões de euros no Sustentável 2030, o programa do Portugal 2030, o PRR na área da energia e clima tem 5,4 mil milhões e o Fundo Ambiental, apesar da dificuldade em calcular a sua dotação já que depende das taxas de emissão que são recolhidas anualmente, até 2030 deverá ter nove mil milhões euros. Tudo somado são 17,6 mil milhões de euros de investimento público para estas áreas.

O Conselho de Ministros de sexta-feira trará novidades ao nível do Fundo Ambiental. Será criada “uma instituição bem equipada de pessoas e meios para garantir a execução do Fundo ambiental e de todos os fundos no nosso Ministério”, anunciou Graça Carvalho. O objetivo é “acelerar as avaliações no fundo ambiental aumentando a eficácia e rapidez na avaliação”, explicou.

Mas há também “muito investimento privado”, garantiu. “Há muitas empresas nacionais e internacionais que querem investir”, entre pedidos de ligação à rede, de pedidos de licenciamento ou de impacte ambiental de cerca de 18,9 mil milhões de euros em projetos de hidrogénio e cerca de 20,9 mil milhões de projetos de energias renováveis”, detalhou.

No Conselho de Ministros de sexta-feira será ainda aprovado um decreto-lei para o mercado de emissão e uma estratégia para a descarbonização da aviação. Ao nível da indústria será ainda lançado um novo leilão de gases renováveis, além do leilão de 140 milhões de euros no âmbito do PRR.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Euribor cai para novos mínimos a três e a seis meses e sobe a 12 meses

  • Lusa
  • 1 Outubro 2024

Os indexantes utilizados no crédito à habitação têm vindo a baixar nos últimos meses, fruto da inversão na política monetária do Banco Central Europeu.

A Euribor desceu esta terça-feira a três e a seis meses para mínimos desde abril e março de 2023, e subiu a 12 meses, depois de terminar setembro com médias inferiores nos três prazos e abaixo de 3% no prazo mais longo.

  • A taxa Euribor a seis meses, que passou em janeiro a ser a mais utilizada em Portugal nos créditos à habitação com taxa variável e que esteve acima de 4% entre 14 de setembro e 01 de dezembro de 2023, baixou para 3,092%, menos 0,013 pontos do que na anterior sessão e um mínimo desde 21 de março de 2023.
  • No prazo de 12 meses, a taxa Euribor, que esteve acima de 4% entre 16 de junho e 29 de novembro de 2023, subiu esta terça-feira, para 2,749%, mais 0,002 pontos do que na segunda-feira.
  • Já a Euribor a três meses desceu, ao ser fixada em 3,252%, menos 0,027 pontos e um novo mínimo desde 27 de abril de 2023.

Dados do Banco de Portugal (BdP) referentes a julho mostram que a Euribor a seis meses representava 37,1% do ‘stock’ de empréstimos para a habitação própria permanente com taxa variável. Os mesmos dados indicam que a Euribor a 12 e a três meses representava 34,2% e 25,4%, respetivamente.

A média da Euribor em setembro desceu a três, a seis e a 12 meses, menos acentuadamente do que em agosto e com menos intensidade nos prazos mais curtos.

A média da Euribor em setembro desceu 0,114 pontos para 3,434% a três meses (contra 3,548% em agosto), 0,167 pontos para 3,258% a seis meses (contra 3,425%) e 0,230 pontos para 2,936% a 12 meses (contra 3,166%).

Na mais recente reunião de política monetária, em 12 de setembro, o BCE desceu a principal taxa diretora em 25 pontos base para 3,5%, depois de em 18 de julho ter mantido as taxas de juro diretoras.

Na reunião anterior, em junho, o BCE tinha descido as taxas de juro diretoras em 25 pontos base, depois de as ter mantido no nível mais alto desde 2001 em cinco reuniões e de ter efetuado 10 aumentos desde 21 de julho de 2022.

Na quarta-feira, em 18 de setembro, foi a vez de a Reserva Federal norte-americana (Fed) cortar os juros em 50 pontos base, naquela que foi a primeira descida desde 2020.

A próxima reunião de política monetária do BCE realiza-se em 17 de outubro na Eslovénia.

As Euribor são fixadas pela média das taxas às quais um conjunto de 19 bancos da zona euro está disposto a emprestar dinheiro entre si no mercado interbancário.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Mercado ibérico da eletricidade faz 20 anos, mais robusto mas mais extremado

O mercado ibérico da eletricidade é tido como um projeto de sucesso. Porém, anos recentes têm revelado novos desafios e maior instabilidade nos preços, incitando a reflexões sobre o futuro.

Esta terça-feira é marcada pelos 20 anos do Mercado Ibérico da Energia Eléctrica – Mibel, o mercado no qual os produtores vendem a sua energia aos comercializadores (ou até a grandes consumidores, diretamente). O balanço é positivo, de acordo com os especialistas consultados pelo Eco/Capital Verde. No entanto, 20 anos depois, o contexto é radicalmente diferente, o que coloca novos desafios a este mercado. O armazenamento é uma das soluções mais unânimes para lidar com a recente instabilidade de preços.

Foi em outubro de 2004 que os governos português e espanhol assinaram, em Santiago de Compostela, o acordo que fazia nascer este mercado, com o objetivo de promover a integração dos sistemas elétricos dos dois países. A aproximação entre os dois polos energéticos iniciou-se em 1998 mas, depois da assinatura do acordo, passaram-se ainda três anos antes de o mercado estar ativo de ambos os lados da fronteira.

Foi em 2007 que os mercados português e espanhol negociaram pela primeira vez de mãos dadas, no âmbito do Mibel. A ligação foi-se estreitando, com os valores lusos e castelhanos a ficarem cada vez mais próximos, até mal se distinguirem. Na ótica dos especialistas do setor contactados pelo ECO/Capital Verde, a história do Mibel é unanimemente uma “história de sucesso”. Está hoje “mais adulto e robusto”, classifica João Nuno Serra, presidente da ACEMEL — Associação dos Comercializadores de Energia no Mercado Liberalizado.

"Os dois países tiveram grandes benefícios com o Mibel.”

António Vidigal

Consultor de energia

“Os dois países tiveram grandes benefícios com o Mibel”, defende contudo o ex-CEO da EDP Inovação, António Vidigal. Alguns dos maiores beneficiados são os consumidores: “se tivéssemos um mercado exclusivamente nacional, não teríamos acesso aos preços da energia que temos hoje. Os consumidores de uma forma geral beneficiaram e muito“, sublinha João Serra, presidente da ACEMEL — Associação dos Comercializadores de Energia no Mercado Liberalizado.

Acresce a este ponto forte, na opinião de João Serra, a cada vez maior penetração de renováveis no mix energético, que acredita ter sido impulsionada pelo modelo de mercado. A união entre Portugal e Espanha estimula o investimento nestas novas tecnologias. Um reforço da interligação com França daria “mais força” a esta dinâmica, realça ainda.

Houve também um benefício em termos de segurança de aprovisionamento para ambos os sistemas, “alavancada pela forte interligação elétrica entre os dois países”, assinala António Vidigal. Se, por um lado, Portugal tem podido beneficiar dos excedentes de produção de Espanha, Espanha tem podido exportar para Portugal excedentes que de outra forma seriam desperdiçados, uma vez que a capacidade de interligação de Espanha com França e com Marrocos é “substancialmente menor do que a interligação com Portugal”, afirma.

Os objetivos originais do mercado também foram bem sucedidos noutras frentes como a criação de concorrência, através da multiplicação no número de operadores, e a convergência de preços, aponta Nuno Ribeiro da Silva, ex-CEO da Endesa em Portugal e atual consultor na área da energia. A convergência regulatória, por outro lado, “pode ser o tema que não evoluiu com tanto sucesso”, avalia, apelando a que lhe seja dada particular atenção no futuro. Este desencontro, entende, foi particularmente visível durante a crise energética, quando foi criado

Modelo está para ficar. Talvez com “ajustes”

Desde a inauguração que o preço médio anual mais comum se situa em torno do intervalo dos 40 a 50 euros por megawatt-hora. No entanto, nos últimos cinco anos, viveram-se oscilações mais extremas nos preços — as quais fizeram, até, levantar questões ao nível do modelo que sustenta este mercado desde os seus primórdios.

Durante a mais recente crise energética, que se iniciou em 2022 e prolongou ainda em 2023, atingiram-se máximos históricos no Mibel: em agosto de 2022 chegou a registar-se um pico de 544,98 euros por megawatt-hora (euro/MWh). Na altura, os preços energéticos pressionavam os consumidores domésticos e industriais de tal forma que chegou mesmo a aplicar-se um “remendo” a nível ibérico: foi criado o mecanismo ibérico que colocava um tecto nos preços da eletricidade originada com base em gás natural.

Mais recentemente, os ânimos exaltaram-se pelo motivo oposto: em março registaram-se mínimos de 10 anos e abril abriu com algumas horas a marcar valores negativos no mercado ibérico. O setor alertou para potenciais “problemas” dos preços baixos, em particular na viabilização de projetos renováveis, e apontou a necessidade de reequilibrar o mercado.

 

A questão de manter ou não o modelo marginalista, que determina de momento a formação dos preços da eletricidade no mercado grossista, foi fechada nos recentes trabalhos em Bruxelas, que emitiu regulação quanto ao mercado europeu da eletricidade, relembra Nuno Ribeiro da Silva. A Comissão Europeia optou por, na altura, não mexer no modelo. No entanto, concede o especialista, “os países podem, dentro do chapéu definido por Bruxelas, e sabendo que a regra do mercado marginalista é a regra-mãe, encontrar formas de amortecer e mitigar esses efeitos” de oscilações pronunciadas.

Para António Vidigal, “faz todo o sentido repensar o modelo“, já que “o preço do mercado grossista é quase sempre determinado pelo preço do gás natural, embora ele só satisfaça uma percentagem baixa do consumo, quando comparado com as energias renováveis”. Numa situação em que o mercado passe a funcionar predominantemente com base em contratos a prazo (como Contratos de Aquisição de Energia –PPA ou Contratos por Diferenças –CfD), o OMIP poderia “aumentar a sua relevância”.

"Os países podem, dentro do chapéu definido por Bruxelas, e sabendo que a regra do mercado marginalista é a regra-mãe, encontrar formas de amortecer e mitigar esses efeitos [das oscilações de preço].”

Nuno Ribeiro da Silva

Consultor de energia

João Serra, por outro lado, acredita que o modelo atual é o que confere maiores garantias e maior transparência, o que “não quer dizer que não se evolua”, ressalva. Para o presidente da ACEMEL, o fim das tarifas subsidiadas vai ajudar a um melhor funcionamento deste mercado.

As maiores oscilações, a seu ver, “só revelam a falta de flexibilidade do mercado. Só temos centrais dispostas a pagar para injetar a rede porque não têm capacidade para armazenar”, indica, referindo-se mais diretamente aos preços perto de zero e negativos. Apesar de estes extremos não serem benéficos, entende que o sistema os deve permitir, como o faz atualmente, a bem de refletir o mais fielmente possível o equilíbrio entre oferta e procura.

Futuro passa pelo armazenamento

O futuro, no que diz respeito aos preços, augura subidas: se de janeiro a setembro o preço médio está nos 52,71 euros, a 27 de setembro, a previsão de preço para o próximo trimestre apontava para uma média de 76,97 euros por megawatt-hora. E, no ano que vem, o valor é semelhante: 70,73 euros/MWh.

Olhando ao histórico, estes são preços relativamente altos, mas longe daqueles praticados em momentos de crise. Nuno Ribeiro da Silva aponta algumas razões para esta evolução no curto prazo. Por um lado, a aproximação do inverno, que pressiona do lado da procura ao mesmo tempo que a produção solar diminui; por outro, reflete também os crescentes investimentos na geração e em redes, indica.

Acho que o futuro é muito promissor porque neste momento os Portugal e Espanha estão a trabalhar mais na flexibilidade“, afirma João Serra, apesar de avaliar que Portugal está aquém do desejável nas metas, e que compara mal com Espanha. Para já, Portugal só prevê um gigawatt de capacidade de armazenamento no plano estratégico até 2030, enquanto o país vizinho aponta para os 26 gigawatts (GW). No entanto, a secretária de Estado da Energia já veio anunciar que a versão final deverá ser mais ambiciosa, tal como o Eco/Capital Verde avançou.

António Vidigal concorda que o sistema ibérico precisa de mais flexibilidade. Defende que na Península Ibérica fosse desenvolvido um mercado único de serviços de sistema, que compensam em tempo real os desvios nas previsões de consumo e geração. “É o que os países nórdicos estão a fazer”, realça. Em paralelo, considera importante que sejam avançados mecanismos de capacidade, que definam uma remuneração adequada para as centrais a gás natural e para as baterias. “Espanha tem avançado e deverá lançar o primeiro leilão no início do próximo ano. Portugal teria vantagem em adotar um mecanismo semelhante”, afirma, balançando que seria mais benéfico ter estes produtos também a nível ibérico.

"Acho que o futuro é muito promissor porque neste momento os Portugal e Espanha estão a trabalhar mais na flexibilidade.”

João Nuno Serra

Presidente da ACEMEL

Certo, é que “a realidade de hoje é substancialmente diferente da que vivíamos quando o mercado de eletricidade foi criado em 2004”, remata Nuno Ribeiro da Silva. “Vamos ver até que ponto é que a máquina que até agora foi montada, das instituições do Mibel, está preparada para afinar e cumprir não só os objetivos originais como os desafios que emergem da evolução em termos de metas e tecnologias”, conclui, frisando que “o momento para sentar e repensar todas estas questões é agora”.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.