A ‘nova normalidade’ em 2017
O ano de 2016 trouxe uma 'nova normalidade', de duvidosa consistência política, económica e financeira. 2017 vai exigir um 'kit' de sobrevivência.
Se 2016 foi um ano atípico, surpreendente, com uma ‘nova normalidade’ política e económica assente em pés de barro, 2017 será, a todos os níveis, um ano imprevisível e, na verdade, dividido em dois, porque a partir de junho/julho, só se falará de eleições, de partidos, de interesses, nacionais e locais, ou seja, um ano ‘construído’ para andarmos para trás e não para a frente. Já lá vamos.
Há um ano, ninguém suspeitaria que estivéssemos hoje, aqui, nestas condições políticas e económicas, é certo. Colhe a favor de António Costa – não é necessariamente um elogio – uma capacidade de equilíbrio que, mesmo para o líder do PS, é surpreendente. O governo cumpriu o défice, não cumpriu o crescimento económico, aumentou os salários e as pensões, aumentou os impostos e cortou no investimento público. Prometeu muito na banca, fez muito pouco. Nem parece que saímos de uma intervenção externa ainda há menos de três anos. Ou melhor, nem parece que estamos sob intervenção externa, ‘suportada’ pelo BCE.
Afinal, o que é que António Costa conseguiu? O governo parou o país – apesar do Web Summit – e, com isso, acantonou os protestos nas ruas e a força dos sindicatos. Não por acaso, chegou para Costa entrar em 2017 com uma força política em relação aos partidos que suportam o governo, mais ainda em relação à oposição (qual oposição?). Não há conflitualidade social, até há concertação. Chega?
Não chega a Costa ganhar na política, e beneficiar de um presidente-monarca que continua em campanha um ano depois, até pode ganhar as eleições autárquicas, uma previsão que não é arriscada fazer ao dia de hoje, não é dr. Pedro Passos Coelho? Há outra coisa que é a realidade, externa e interna. E essa aproxima-nos da parede. Basta um número: se correu tudo bem em 2016, porque é que os juros da dívida pública a dez anos passaram dos 2,5% para os 3,8% nos últimos doze meses? Não, não subiu tanto noutros países, Itália, por exemplo, tem uma crise política e uma crise bancária e os juros da dívida estão nos 1,8%. Sim, as coisas não estão nada bem nesta ‘nova normalidade’.
Respirem fundo, 2017 não vai ser um ano para recordar. O terrorismo internacional, o populismo, as desigualdades, o Brexit e os EUA. Uffa… Pessimista? Não, realista. Ainda há eleições em França e na Alemanha a testar, outra vez, a resistência de um projeto europeu que, infelizmente, parece ter esgotado a sua própria capacidade de renovação.
Em Portugal, nos próximos meses, para lá das notícias que vão marcar a espuma dos dias, andaremos a discutir a situação financeira, do país e dos bancos. Os primeiros seis meses serão dominados por esta realidade, pela fragilidade económica e financeira, que se acentuou em 2016 apesar das aparências e das ilusões, a segunda metade do ano estará virada para as eleições autárquicas, para as lutas de poder. Não se enganem, as eleições são sempre bem-vindas, mas há momentos melhores e piores. Este não é dos bons. Porque vão contribuir para paralisar um país nesta ‘nova normalidade’ que já não é, propriamente, reformadora, para não dizer outra coisa.
Nem tudo é mau. Salvam-se os empresários e gestores, os investidores e os trabalhadores que não desistiram, que continuaram a fazer, apesar do contexto. Que assumiram riscos quando tudo lhes dizia para estarem quietos. Um ecossistema empreendedor (em risco de bolha, sim) a crescer, uma indústria tradicional a ganhar competitividade e valor acrescentado, novos setores a assumirem protagonismo internacional. Qual é o problema? São poucos os que se salvam.
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Agarrem o ‘kit’ de sobrevivência e preparem-se para o novo ano. O ECO Login regressa em 2017. A todos, um Bom Ano.
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