Udaipur, reflexo inverso
Esta crónica é sobre os dois tipos de pessoas que há sempre em Udaipur. Veja quais.
Há sempre dois tipos de pessoas em Udaipur:
As que sabem porque se bate palmas no final do dia, e as que ainda vão descobrir.
As que estão deslumbradas com Índia, e as que precisam de a redimir.
As que descem aos ghats do lago, e as que preferem aos telhados subir.
As que compram flores para oferecer aos deuses e as que se deixam florir.
As que acordam cedo, com o chamar das mesquitas, e as que esperam o leiteiro para deixar de dormir.
As que se perdem no labirinto das casas e as que querem ser exiladas no Jag Mandir.
As que sabem o que é o Octopussy Show e as que acham que é coisa marota e deixam escapar um sorrir.
As que conhecem de cor a cor do quarto do marajá e as que preferiam ter um dos Rolls-Royce reais para conduzir.
As que encontram as cenas do Kamasutra no templo Jagdish e as que perguntam ao holy man, onde estão, só para se divertir.
As que ainda respondem “No, thank you” ao motorista, ao artista e ao massagista e as que já nem se dão ao trabalho de ouvir.
As que querem experienciar a vida do povo e as que pelo luxo se deixam seduzir.
As que escolhem a luz azul da manhã para embarcar no lago e as que acham que na luz do ocaso, é mais subtil, o sentir.
As que ficam na margem de cá, e as que sabem que é na margem de lá que se conseguem definir.
As que juram que Udaipur é a mais bela cidade do mundo, e as que nem isso conseguem desmentir.
Só há um tipo de pessoas em Udaipur: a que ainda está para vir.
O resto são amantes.
Crónicas indianas são impressões, detalhes e apontamentos de viagem da autora e viajante Mami Pereira. Durante quatro meses, o ECO publica as melhores histórias da viagem à Índia. Pode ir acompanhando todos os passos aqui e aqui.
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