ANAC dá luz verde à venda de 61% que foi revertida pelo Governo

  • Lusa
  • 23 Dezembro 2016

Autoridade Nacional da Aviação Civil aprovou a venda de 61% do capital da TAP ao consórcio de Humberto Pedrosa e David Neeleman, negócio concretizado pelo Governo de Passos e revertido pelo atual.

A Autoridade Nacional da Aviação Civil (ANAC) aprovou hoje a venda de 61% do capital da TAP ao consórcio privado Atlantic Gateway, de Humberto Pedrosa e David Neeleman, negócio concretizado pelo anterior Governo e revertido pelo atual.

Em comunicado, a ANAC anunciou que o Conselho de Administração deliberou que a estrutura de controlo da TAP e da Portugália, decorrente da compra pela Atlantic Gateway SGPS de 61% do capital da TAP, está em conformidade com o disposto no Regulamento europeu, que impõe que as empresas detentoras de licenças de transporte aéreo comunitário pertençam e sejam, efetivamente, controladas por Estados-membros e/ou nacionais de Estados-membros.

Isto é, o supervisor da aviação considerou que era o empresário português Humberto Pedrosa quem tinha a maioria do capital e o controlo efetivo do consórcio privado.

De acordo com a ANAC, “os elementos trazidos ao processo […] afastaram os indícios de desconformidade da estrutura de controlo societário e financiamento constantes da notificação de 2015”, que levou a adoção de medidas cautelares, que agora ficam suspensas.

As deliberações tomadas hoje referem-se aos processos de notificação relativos à aquisição de uma participação maioritária no capital social do grupo TAP, pelo Governo de Passos Coelho, em 26 de novembro de 2015, cuja instrução, segundo a ANAC, “apenas foi concluída com o suprimento de todos os elementos necessários e requeridos pela ANAC, em outubro de 2016”.

Ainda antes, em fevereiro, a estrutura acionista da TAP sofreu mais uma mudança cumprindo-se uma promessa eleitoral do Governo socialista que reforçou a posição do Estado de 39% para 50%, mas o processo relativo a este reequilíbrio de forças no capital da TAP ainda não deu entrada na ANAC, o que só acontecerá depois da renegociação da dívida com a banca.

Em comunicado, o organismo liderado por Luís Ribeiro realça que “não são apreciados os eventuais impactos decorrentes de uma nova estrutura de controlo e financiamento negociada entre o Estado Português e a Atlantic Gateway, constante de memorando de entendimento celebrado em 06 de fevereiro de 2016 e do Acordo de Compra e Venda de Ações celebrado a 19 de maio de 2016″, já que a regulamentação europeia prevê que a análise da ANAC seja efetuada após a realização da operação e a mesma ainda não foi objeto de notificação.

O consórcio privado fica com 45% do capital do grupo que tem como principal ativo a transportadora aérea, mas pode chegar aos 50%, em função da adesão dos trabalhadores da TAP à operação de venda de 5% que lhes está destinada.

Decisão é “administrativa e intercalar”

O Governo já reagiu, entretanto, à decisão da ANAC. “É uma decisão administrativa, intercalar de um processo de decisão de alteração societária da TAP” afirmou o secretário de Estado das Infraestruturas, Guilherme W. d’Oliveira Martins, em declarações à Lusa.

Oliveira Martins acrescentou ainda o empenho em que o processo negocial de aquisição de 50% seja finalizado para que a ANAC profira uma decisão final.

O governante indicou que a decisão resultou do “cumprimento estatutário” e é uma “formalidade que teria de ser cumprida na apreciação do negócio e que decorre da decisão que a ANAC tomou em fevereiro de levantamento de uma série de medidas cautelares que foram impostas à TAP entre fevereiro e agora”.

"É uma decisão que tem em conta um negócio anterior, que foi configurado pelo anterior governo e chumbado pela ANAC em fevereiro.”

Guilherme W. d'Oliveira Martins

Secretário de Estado das Infraestruturas

Em causa estava a necessidade de o controlo do capital ser exercido por um cidadão de um país da União Europeia.

É uma decisão que tem em conta um negócio anterior, que foi configurado pelo anterior governo e chumbado pela ANAC em fevereiro. Agora é validado no sentido que foram feitas alterações”, explicou à Lusa.

O secretário de Estado recordou que o atual Governo já renegociou a aquisição de participações da companhia aérea para ter 50% do capital, estando a “finalizar esse processo” para depois notificar a ANAC, que deverá proferir a decisão final.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Greves nos aeroportos nacionais complicam viagens no final do ano

  • ECO
  • 22 Dezembro 2016

Trabalhadores da Groundforce e da Portway fazem greve a 28 e 30. Prosegur e Securitas protestam a 27 e 29. Vem aí um final de ano conturbardo nos aeroportos nacionais

O Sindicato dos Trabalhadores da Aviação Civil e Aeroportos (SITAVA) lamentou os transtornos que serão causados aos passageiros pelas greves marcadas para o final do mês nos aeroportos e responsabilizou as empresas envolvidas no conflito.

“Não está nas mãos do SITAVA evitar que as greves se realizem. Esse ónus está no lado das multinacionais (Vinci, Prosegur e Securitas) no caso dos APA [Assistentes de Portos e Aeroportos], está nas mãos do sr. Humberto Pedrosa (no caso da SPdH/Groundforce) e nas mãos da Vinci (no caso da Portway). E está nas mãos do Governo, que pode fazer bem mais do que promover reuniões e espalhar promessas”, disse o sindicato num comunicado.

Os trabalhadores da Groundforce e da Portway, que asseguram a assistência de pessoas e bagagem nos aeroportos nacionais, marcaram greve de 28 a 30 de dezembro, e os trabalhadores da Prosegur e Securitas, que asseguram o raio-x da bagagem de mão e o controlo de passageiros, vão estar em greve entre 27 e 29, o que poderá causar perturbações nos aeroportos no final do ano.

"Não está nas mãos do SITAVA evitar que as greves se realizem. Esse ónus está no lado das multinacionais (Vinci, Prosegur e Securitas) no caso dos APA [Assistentes de Portos e Aeroportos], está nas mãos do sr. Humberto Pedrosa (no caso da SPdH/Groundforce) e nas mãos da Vinci (no caso da Portway). E está nas mãos do Governo, que pode fazer bem mais do que promover reuniões e espalhar promessas.”

SITAVA

Comunicado

O SITAVA lembrou que os conflitos têm a ver com a falta de condições de trabalho, baixos salários, situações de precariedade e o risco de perda de postos de trabalho.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

TAP vai vender participação em lojas de aeroportos

Não se sabe por quanto é que a TAP está a vender 51% da Lojas Francas de Portugal à VINCI Airports, empresa detentora da ANA. As duas empresas estão em negociações.

A TAP está em negociações para vender a participação na empresa Lojas Francas de Portugal (LFP). A empresa de aviação portuguesa invoca a possível rescisão das licenças da LFP, concedidas pela ANA Aeroportos de Portugal, em 2017. Não se conhece o preço da operação.

“A concretização das negociações está sujeita a, entre outros, um processo de due diligence que agora se abre, e à aprovação por parte das autoridades da concorrência. A conclusão do negócio deverá estar fechada durante o primeiro trimestre de 2017″, explica o comunicado de imprensa enviado esta segunda-feira de manhã às redações.

A participação da TAP de 51% vai ser vendida à VINCI Airports, empresa detentora da ANA. Os outros 49% da Lojas Francas de Portugal continuarão nas mãos do grupo Dufry.

O comunicado não divulga quanto é que a TAP vai receber pela venda da sua parte da LFP, mas garante que a relação comercial entre as duas empresas continuará. A Lojas Francas de Portugal emprega cerca de 400 trabalhadores, esta presente em cinco aeroportos (Lisboa, Porto, Faro, Madeira e Açores) e tem 29 lojas no total.

Editado por Paulo Moutinho

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

David Neeleman: “Estamos a crescer mais rápido do que o aeroporto”

A TAP está a alargar a operação em vários continentes e o aeroporto da Portela tem de acompanhar o ritmo, defende o acionista da companhia aérea.

David Neeleman está “frustrado” com o aeroporto da Portela e deixa novo apelo ao Governo para que acelere o processo de abertura do aeroporto no Montijo.

“Estamos a crescer mais rápido do que o aeroporto”, disse o acionista da TAP, à margem da sua apresentação no Web Summit. “Temos de abrir mais rotas, mais ligações, mais cidades. Vamos chegar a muitas cidades secundárias no Nordeste do Brasil, EUA e África, mas o aeroporto tem de fazer a mesma coisa”, sublinhou.

E voltou a sublinhar que a TAP não pode “esperar três anos” para que o aeroporto do Montijo seja aberto. “Temos de fazer mais rápido do que estamos a fazer hoje”.

Questionado sobre se tem tentado chegar ao Governo com este apelo, David Neeleman reforça que têm feito “todo o possível” e que sabe que “não é fácil”. Seja como for, salienta, “todos, o Governo, a Força Aérea, a ANA, a TAP, todos temos de trabalhar juntos”, porque “o país precisa do desenvolvimento económico através do turismo”.

“Os governos têm de perceber que os aeroportos são um motor económico que têm de ser estimulados e não um sítio onde se vai buscar dinheiro”, concluiu David Neeleman.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

TAP aumenta oferta a partir de domingo

  • Lusa
  • 28 Outubro 2016

A companhia de aviação portuguesa TAP anunciou que aumentou a sua oferta em 12% este inverno, com o reforço da operação em alguns destinos e no Natal e Ano Novo.

A companhia de aviação portuguesa TAP anunciou hoje que aumentou a sua oferta em 12% este inverno, com o reforço da operação em alguns destinos e no Natal e Ano Novo.

A TAP inicia o período de inverno a partir de domingo, com o aumento da oferta para alguns destinos da sua rede, “abrangendo tanto Portugal como a Europa e o setor Intercontinental e representando um crescimento global da oferta na ordem dos 12% comparativamente ao período homólogo de 2015”.

Este aumento, refere a companhia em comunicado, é resultante da utilização de aviões com maior capacidade e de um acréscimo de 5% no número de voos oferecidos.

A companhia reforçou também a sua operação no Natal e Ano Novo, designadamente para destinos com maior aumento da procura nesta época festiva.

Entre as novidades introduzidas, a TAP destaca o aumento da operação para o Funchal e para Ponta Delgada, com mais um voo diário de Lisboa para cada um dos destinos, passando para sete frequências para o Funchal todos os dias, e duplicando a oferta para Ponta Delgada, mesmo face ao verão que agora termina, passando de um para dois voos.

Na Europa, destaca-se o crescimento da operação da TAP de Lisboa para Zurique e Genebra, aumentando em ambos os casos de 17 para 20 frequências semanais, assim como para Paris, que vê o número de frequências diárias subir de seis para sete.

Frankfurt contará com um aumento de sete frequências, passando agora de 19 para 26 voos semanais, mais cinco do que no verão, enquanto Munique cresce de 12 para 20 frequências semanais.

Há também um reforço da oferta para Milão, com um crescimento de 17 para 20 frequências semanais, e para Barcelona, com mais seis frequências, aumentando para 38 voos semanais.

A partir do Porto a operação será igualmente aumentada, nomeadamente para a Suíça, com o crescimento para dois voos por dia para Zurique, assim como para Genebra, cidade que passa a contar com mais quatro frequências semanais, subindo de dez para 14 voos diretos.

Igualmente na rota entre o Porto e Madrid, a TAP reforça a sua oferta para dois voos diários.

A TAP diz que “a maior novidade deste inverno é a retoma da linha de Bissau a partir do dia 1 de dezembro, com dois voos por semana”.

Para Marrocos haverá um também um reforço acentuado, com a duplicação do número de voos para Casablanca, que passa a operação bidiária, assim como com o aumento para as dez frequências por semana para Marraquexe, a partir de 1 de novembro.

A operação em África será reforçada também para Dakar, Cabo Verde, Sal, Praia e São Vicente.

No Brasil, a TAP aumenta a sua operação de Lisboa para São Paulo, passando para 14 frequências semanais à partida de Lisboa, com voo bidiário, o que se traduz num crescimento de 27%, comparativamente ao ano anterior.

Nos EUA, mercado onde a TAP tem registado assinalável crescimento, designadamente com a abertura de dois novos destinos neste verão: Boston e Nova Iorque – JFK, também Miami terá reforço da oferta, crescendo de três frequências por semana para sete (voo diário).

Na época festiva do Natal e Ano Novo, a TAP terá 54 voos adicionais, nomeadamente para Funchal e Terceira, assim como para Paris, Luxemburgo, Genebra e Zurique.

Além desses, está também programado o reforço para Maputo, Rio de Janeiro, Fortaleza, Salvador e Caracas.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Governo decide destino da Portela em 2017

O Governo compromete-se a tomar uma decisão sobre o futuro da Portela no próximo ano, garantiu o ministro Pedro Marques. Para o próximo ano ficará também fechado o dossiê TAP.

“Estamos a desenvolver os estudos técnicos que permitirão tomar a decisão” sobre o futuro da Portela, disse Pedro Marques, na conferência de imprensa de apresentação do Orçamento do estado do Ministério do Planeamento e Infraestruturas. Uma decisão que passará por manter a Portela, rebatizada de aeroporto Humberto Delgado, tal como está ou criar uma nova pista. “Esperamos ter em breve esses estudos técnicos concluídos”, disse o ministro.

Conferência Pedro Marques

Mas o processo está longe de ser simples, depois dos estudos são necessário outros sobre a navegação aérea civil e militar — “que foram desenvolvidos nos últimos meses” –, mas também “solucionar os bloqueios” em termos compatibilização da navegação aérea e das questões de acessibilidade. “Só depois poderá ser tomada uma decisão final”, explicou Pedro Marques.

Uma decisão cuja “concretização avançará em 2017”.

Parecer da ANAC sobre a TAP em 2016

Também para o próximo ano é esperada a conclusão do processo de reversão do capital da TAP. Pedro Marques precisou que neste momento estão a decorrer as negociações com o setor financeiro para o reescalonamento da dívida da TAP e só depois é possível avançar para as fases seguintes do processo que já teve luz verde da autoridade da Concorrência e de Bruxelas.

Pedro Marques reconheceu que gostava de já ter o processo concluído o processo com as autoridades financeiras, mas “houve uma série de constrangimentos que não tiveram a ver apenas com a própria TAP, mas também com as próprias entidades financiadoras alvo de uma série de alterações nos últimos meses”. “A boa notícia é que tudo isso está ultrapassado”, garante Pedro Marques.

A fase seguinte é a venda dos 5% do capital prometidos aos trabalhadores, a nomeação de um novo conselho de administração e depois obter o parecer da ANAC. Um parecer que o ministro “admite” que só venha a acontecer em 2017. “Toda a fase anterior gostávamos que se concluísse ainda no ano de 2016”, concluiu o ministro.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Afinal, não era imaginação. TAP quer mesmo cortar 150 milhões em custos

O novo programa de poupanças foi apresentado hoje aos trabalhadores. Nos planos está a introdução de refeições pagas a bordo e serviços mais "automatizados".

A TAP vai mesmo avançar com um programa de poupanças para cortar 150 milhões de euros em custos, anunciou Fernando Pinto, presidente executivo da companhia área, numa reunião com os trabalhadores, que decorreu esta terça-feira na sede da empresa. Apesar dos cortes, a empresa garante: não só não vai haver despedimentos como vai haver crescimento.

Na origem deste programa, a que a TAP chama RISE, está um estudo realizado pela consultora Boston Consulting Group, que concluiu que, para ser sustentável a longo prazo, a companhia aérea terá de cortar custos em 150 a 200 milhões de euros até 2020. Quando questionado pela primeira vez sobre este assunto, em meados de setembro, Fernando Pinto começou por classificar este estudo de “imaginário“, já que continha ideias que ainda “estavam a ser desenvolvidas”. Duas semanas depois, disse que o estudo estava pronto para avançar para “uma segunda etapa” e que o objetivo era “preparar a TAP para o futuro”.

A TAP parou de crescer e agora tem de se preparar para o próximo salto. Todas as companhias conseguiram reduzir as tarifas por via de uma maior eficiência.

Fernando Pinto

Presidente executivo da TAP

A reunião desta terça-feira com os trabalhadores serviu para lhes dar a conhecer as medidas que vão ser implementadas. Na apresentação que mostrou aos trabalhadores, e a que o ECO teve acesso, Fernando Pinto começa por salientar os “três grandes desafios” que a TAP enfrenta:

  • Primeiro, o abrandamento dos quatro principais mercados (Portugal, Brasil, África e Europa) da companhia aérea. Nas palavras de Fernando Pinto, Portugal atravessa um “reajustamento e consolidação económica”, no Brasil verifica-se uma “desaceleração” da economia e “desvalorização da moeda”, África está em “forte abrandamento económico” e, na Europa, também em “desaceleração económica”, a TAP enfrenta “forte concorrência das low cost. A ilustrar essa forte concorrência está a quota de mercado da TAP em Portugal, que tem vindo a cair consistentemente desde 2012. Nesse ano, a quota da TAP no aeroporto de Lisboa era de 59%, enquanto a das low cost era de 15%; hoje, a quota da TAP caiu para 48% e a das low cost cresceu para 29%.
2016out04_quota-de-mercado-da-tap-01
Fonte: TAPECO
  • Segundo, a “desatualização da frota e do produto“. A idade média da frota da TAP é 15 anos, face a uma média de oito ou nove anos dos concorrentes. Ao mesmo tempo, as tarifas que a TAP oferece são “pouco competitivas” no que toca à relação preço/serviço, reconheceu Fernando Pinto.
  • Terceiro, a “dificuldade de investimento“, agravada pela “dívida ainda elevada”. A dívida da transportadora ascende a 887 milhões de euros e está atualmente a ser renegociada, o que “limita a capacidade de investimento em novas aeronaves”.

Neste contexto, a TAP precisa de “entrar no ciclo virtuoso dos vencedores do setor da aviação”, um objetivo que passa por ter menores custos que os concorrentes, melhores resultados, maior investimento na frota e no produto e maior atividade e receitas. Ao ECO, fonte oficial da empresa garante que nenhum destes pontos vai implicar despedimentos ou cortes de salários.

"Não há uma agenda escondida. Não há despedimentos ou cortes salariais, o que há é crescimento.”

Fonte oficial da TAP, ao ECO

“Não há uma agenda escondida, a apresentação do Fernando Pinto é transparente. Não há despedimentos ou cortes salariais, o que há é crescimento. E ainda ganhos de produtividade em todas as áreas em que tal seja possível (incluindo no handling)”, diz ao ECO fonte oficial da TAP, questionado sobre possíveis despedimentos e sobre a eventual renegociação de contratos de handling.

Entre as medidas para tornar a TAP numa companhia aérea mais eficiente, a administração vai apostar na automatização de alguns serviços, como o handling, e num menu reduzido na classe económica, com a introdução de refeições pagas a bordo. O programa RISE prevê ainda a instalação de um “novo sistema de gestão de tripulações” a “maximização da utilização da capacidade instalada”, no segmento de manutenção.

Petróleo barato ajuda, mas não chega

A desvalorização do petróleo deverá implicar uma poupança de 220 milhões de euros com combustíveis, o que deverá refletir-se na melhoria dos resultados da empresa, face às contas do ano passado, em que a companhia aérea apresentou prejuízos de 99 milhões de euros. A melhoria não atingirá, contudo, este valor de 220 milhões, ressalvou Fernando Pinto. “2016 será melhor do que no ano passado, mas nem de perto será esse diferencial”, disse.

O CEO reconheceu que o petróleo barato está a ajudar o setor da aviação, mas sublinhou que a TAP tem de estar preparada para a “recuperação futura do preço do petróleo”.

11 novas rotas em 2017

No programa apresentado esta manhã, está prevista a criação de 11 novas rotas para o próximo ano: sete para a Europa, três para África e uma para a América do Norte.

O lançamento das novas rotas deverá acontecer no verão e, entre os novos destinos, estão algumas cidades europeias para onde a TAP já tinha voado no passado.

Além disso, a companhia aérea deverá retomar algumas frequências para o Brasil, que nos últimos tempos foram reduzidas devido à instabilidade política e económica que se vive no país, bem como reforçar frequências para as regiões autónomas, Porto e Faro. Já a TAP Express, a ponte aérea entre Lisboa e Porto, terá um “crescimento adicional”.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Neeleman: TAP tem de “melhorar resultados”, mas corte de custos será pela eficiência. Sem despedimentos

  • ECO e Lusa
  • 28 Setembro 2016

A companhia aérea vai aguentar com os resultados negativos enquanto o barril de petróleo estiver abaixo de 50 dólares, acredita David Neeleman

A TAP precisa de cortar custos, mas isso será feito pela eficiência e não por despedimentos. Quem o garante é o empresário David Neeleman, que sustenta ainda que a companhia aérea não pode basear resultados na baixa do preço do petróleo.

“As pessoas pensaram que íamos cortar salários, pessoas, mas não, isso é o novo ativo. Quando dizemos que temos de poupar 150 milhões de euros é com eficiência“, disse o líder do consórcio Atlantic Gateway, o acionista privado da TAP, na Cimeira do Turismo Português, que decorreu na terça-feira em Lisboa.

O empresário brasileiro e norte-americano vincou que “a TAP tem de se fortalecer para os resultados melhorarem” e que estes “têm de melhorar” pois a empresa não pode continuar como está hoje. Questionado à margem da cimeira sobre quanto mais tempo a TAP aguenta com os resultados que tem, Neeleman respondeu que a companhia aérea aguenta enquanto o barril de combustível estiver “abaixo de 50” euros, mas que a empresa não pode contar com isso para o futuro, porque o preço irá, inevitavelmente, subir mais cedo ou mais tarde, pelo que tem de se reorganizar desde já.

Durante a cimeira, o empresário já tinha dito que, em 2016, a TAP já poupou mais de 200 milhões de euros em jetfuel, face a 2015.

Neeleman defendeu ainda que a TAP tem de fazer frente às companhias low cost para evitar que essas “comam” o seu mercado e na apresentação disse que é precisamente para combater essas empresas que a companhia aérea está a fazer uma segmentação de passageiros em alguns aviões, indo à frente em locais com mais espaço os passageiros que querem viajar com mais conforto e pagar mais por isso e nas traseiras do avião passageiros os que pagam bem menos, mas também com menos comodidades.

O empresário respondia desta forma a algumas das conclusões que constam de um estudo da consultora Boston Consulting Group, onde é sugerido um “programa ambicioso para a TAP poupar entre 150 a 200 milhões de euros até 2020. No projeto “Transformar a TAP numa companhia aérea mais eficiente”, a que o ECO teve acesso, a Boston Consulting considera que os custos da TAP estão numa boa posição quando comparados com as companhias de bandeira, mas precisa de ser mais eficiente para competir com as de baixo custo.

O processo de privatização da TAP está em curso, com o acordo de compra e venda de ações da TAP, assinado pelo Governo de António Costa e que permite ao Estado ficar com 50% de ações da transportadora aérea, a ter recebido luz verde da Autoridade da Concorrência, faltando ainda a reestruturação da dívida com a banca e a aprovação pelo supervisor da aviação (ANAC).

Neste modelo, o consórcio Atlantic Gateway, de Humberto Pedrosa e David Neeleman, fica com 45%, podendo chegar aos 50% com a aquisição de 5% do capital que será entretanto colocado à disposição dos trabalhadores.

A TAP teve prejuízos de 99 milhões de euros em 2015, os piores resultados desde 2008, com a empresa a justificar com receitas retidas na Venezuela.

Quanto à negociação da dívida entre da TAP com os bancos, David Neeleman disse apenas que esse processo está a ser liderado pelo Governo e que poderá ainda demorar mais alguns meses.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Governo quer decidir futuro do aeroporto de Lisboa no próximo ano

  • Lusa
  • 23 Setembro 2016

O Executivo quer "que, durante o ano de 2017, sejam tomadas as decisões necessárias sobre esta matéria”. O aeroporto de Lisboa ultrapassou a barreira dos 20 milhões de passageiros em 2015.

No documento hoje enviado ao Conselho Económico e Social (CES) e a que a Lusa teve acesso, lê-se que “o Governo iniciou, em 2016, os estudos de avaliação da capacidade futura do Aeroporto Humberto Delgado, de modo a que, durante o ano de 2017, sejam tomadas as decisões necessárias sobre esta matéria”.

O aeroporto de Lisboa ultrapassou a barreira dos 20 milhões de passageiros em 2015, uma subida de 10,7% face ao ano anterior, segundo dados divulgados pela ANA – Aeroportos de Portugal, em janeiro.

Na altura, o ministro do Equipamento e Infraestruturas, Pedro Marques, realçou que este número de passageiros coloca novos desafios, acrescentando que uma equipa estava a estudar todos os pormenores relativos à opção do Montijo como solução para responder ao aumento da procura de passageiros.

Já esta semana, segundo informação prestada pelo Governo ao parlamento, a conversão da Base Aérea do Montijo para receber um aeroporto civil implicaria “não só avultados investimentos como o aumento dos custos de operação” para a Defesa Nacional.

“Haverá necessidade de serem efetuadas alterações em termos de infraestruturas, que implicam não só avultados investimentos como também um aumento dos custos de operação para a Defesa Nacional, de montante ainda não apurado nesta fase”, refere a resposta enviada pelo ministro da Defesa Nacional, Azeredo Lopes, à comissão parlamentar de Defesa Nacional.

O presidente executivo da TAP, Fernando Pinto, já afirmou publicamente que considera que a Base Aérea do Montijo é a “única solução possível” para fazer face ao estrangulamento do aeroporto de Lisboa.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Ryanair na Madeira? “Não me surpreenderia se começássemos a voar para lá em 2017”, diz o CEO

O governo regional da Madeira quer aumentar a competitividade da região com ligação a novos destinos e mais rotas para o continente.

A Ryanair está a estudar a proposta feita pelo governo regional da Madeira, para que a companhia aérea low cost comece a voar para o arquipélago. As negociações ainda não estão fechadas, mas os voos podem começar já no próximo ano, antecipa o presidente executivo da Ryanair, Michael O’Leary.

Michael O'Leary, presidente executivo da Ryanair
Michael O’Leary, presidente executivo da RyanairHANNAH MCKAY / EPA

Estamos a estudar a proposta da Madeira. Estamos em permanente contacto com o Funchal e ainda não chegámos a um acordo, mas não ficaria surpreendido se começássemos a voar para a Madeira dentro de um a dois anos”, disse O’Leary, numa apresentação aos jornalistas que decorreu na manhã desta quarta-feira, em Lisboa.

O presidente executivo da low cost irlandesa responde, assim, ao desafio lançado pelo governo regional, que procura uma maior competitividade com ligação a novos destinos e mais rotas para o continente.

Neste momento, a TAP e a easyJet são as companhias aéreas que asseguram a ligação da Madeira ao continente, mas os lucros conseguidos pelas duas “não se refletem na mobilidade da região”, como referiu Paulo Cafôfo, presidente da Câmara Municipal do Funchal, ao Jornal de Negócios, em março. Isto porque, para que seja possível o reembolso do valor pago pelos residentes da região, as viagens têm custar até 400 euros. Ora, a TAP e a easyJet praticam preços próximos ou superiores a esse valor, “desvirtuando o valor das passagens aéreas”, disse o autarca ao mesmo jornal.

Seja como for, para já, o foco da Ryanair são as cidades onde já opera. “De momento, concentramo-nos nas bases de Lisboa, Faro e Porto. Queremos crescer rapidamente nesses aeroportos, sobretudo no Porto e em Faro, onde não há restrições de crescimento”, numa referência aos “constrangimentos” de capacidade que existem atualmente no aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.