O videojogo feito para derrotar Trump
Aplicação deteta indecisos e incentiva apoiantes de Hillary a fazerem campanha de proximidade.
A cerca de um mês daquele que se avizinha um dos dias mais importantes para a história da humanidade, os apoiantes de Clinton — e todos aqueles que não querem Trump na Sala Oval — têm unido esforços para que o resultado da votação seja aquele que eles defendem. Desta vez, a MoveOn.org, uma organização sem fins lucrativos que atua no campo político, e a designer de videojogos Jane McGonigal, juntaram-se para criar o Swing Voter Go, um jogo que localiza os eleitores indecisos e os define como missões. Denotado pela escolha do nome, este vai buscar muita da sua inspiração ao Pokemón Go, a aplicação móvel que tomou o mundo de arrasto neste verão, comparando cada indeciso a um pokémon que tem de ser “apanhado” e incentivado, primeiro, a ir votar, depois a votar Hillary.
A ideia surgiu a partir do conceito de swing states — em português “estados baloiço”, ou seja, estados que não têm uma preferência partidária definida e que podem “balançar” com igual probabilidade entre democratas e republicanos — e de estados predeterminados: os apoiantes de Hillary que vivem em estados predeterminados são convidados a partilhar a sua lista de amigos do Facebook com a aplicação, que, através da informação de localização presente nos seus perfis, vai destacar aqueles que se encontram em swing states. É aí que começa a missão: o utilizador tem de contactar esses amigos por mensagem privada e “atirar-lhe SwingBalls”, ou como quem diz, apresentar-lhes argumentos, factos ou qualquer estratégia que sirva o cumprimento da missão.
O objetivo do jogo é mais do que apenas incentivar as pessoas a ir às urnas e escolher como presidente Hillary Clinton, dando também algum poder aos apoiantes que estão em estados predeterminados e que podem sentir que qualquer tipo de esforço na sua área de residência é inútil.
A escolha do formato videojogo sublinha o desejo de apelar a todos, visto que a maior parte das pessoas é adepta dos jogos para smartphones, tendo um impacto ainda mais forte nas gerações mais jovens, que tantas vezes são caracterizadas como alheadas da política. A conexão do jogo com a rede social Facebook também não é uma ferramenta inocente, na medida em que está provado que as pessoas confiam primariamente nestas para a construção de opiniões – ter um conhecido no chat a dizer que será bom ir votar e que seria ainda melhor se votasse Hillary é mais eficiente que qualquer publicidade.
Os “lures” são outra ferramenta importada do Pokémon Go: as guloseimas plantadas como iscos para pokémons passam aqui a publicações predefinidas pela organização que podem ser partilhadas pelos utilizadores, chamando os indecisos fora dos swing states. Embora já estejam feitas, essas publicações – bem como os contactos pessoais – têm de ser personalizadas, uma vez que têm de espelhar credibilidade.
Já não é a primeira vez que a MoveOn.org leva a cabo iniciativas que abranjam os eleitores dos estados predeterminados, sendo que este ano, com a candidatura de Trump e a iminência da sua vitória, esta viu-se obrigada a lançar algo que permitisse um nível mais forte de engagement. Embora seja expressa a preferência total por Hillary Clinton, pode ler-se na página que esta foi paga na íntegra pela organização, não tendo permissão ou patrocínio de nenhum candidato ou comité.
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