Petróleo barato atira produtores africanos para recessão de 1,3% este ano
Produtores africanos estão "debaixo de uma pressão económica severa", alerta o Fundo Monetário Internacional (FMI).
A queda dos preços das matérias-primas originou uma divisão em dois no que diz respeito aos países africanos. Metade vai crescer 5,5%, a outra metade vai registar uma recessão de 1,3%.
Na edição de outubro do relatório sobre as Perspetivas Económicas Regionais para a África Subsaariana, divulgado esta terça-feira em Washington, o Fundo Monetário Internacional (FMI) evidencia a criação de um grupo de 23 países, onde se inclui a maioria dos lusófonos, com uma recessão média de 1,3%, e um segundo grupo de 22 países que registam crescimentos próximos dos 5,5%.
“O número que mostra o crescimento agregado da África subsaariana [1,4% este ano e quase 3% em 2017] mostra, no entanto, uma heterogeneidade considerável nas maiores economias da região”, lê-se no documento, que aponta que, “em termos gerais, a imagem é mais de duas Áfricas”.
Assim, “de um lado estão os 23 maiores exportadores de matérias-primas, incluindo as três maiores economias da região – Angola, Nigéria e África do Sul -, que estão debaixo de uma pressão económica severa e estão a deprimir o valor do crescimento geral. De outro lado, estão as restantes 22 economias, que, na sua maioria, continuam a conseguir ter um crescimento razoavelmente alto”.
No relatório do FMI sobre a África subsaariana, onde se incluem todos os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP), os peritos sublinham que a média de crescimento destes produtores aponta para uma recessão de 1,3%, nomeadamente na Nigéria, no Chade e na Guiné Equatorial, “com Angola a escapar por pouco de uma recessão”.
Em contraste, continuam, “os países que não dependem de intensivos recursos naturais continuam com um desempenho bom, e para este grupo o crescimento, no total, deve chegar aos 5,5% este ano, um pouco abaixo da média de 6% registada entre 2000 e 2014, uma vez que beneficiam de uma redução no custo da importação de petróleo e melhoria do ambiente empresarial e contínuo investimento em infraestruturas”.
O problema, sublinham os economistas do FMI, é que este grupo de países, devido ao fraco comércio e ligações financeiras entre países africanos, não deverá ter um efeito de contágio ao grupo que enfrenta mais dificuldades devido à dependência do preço das matérias-primas nos mercados internacionais.
“De forma preocupante, face às fortes pressões económicas e financeiras, as respostas políticas em muitos países exportadores de matérias-primas têm sido, de forma geral, lentas e fragmentadas”, dizem.
O resultado, concluem, é a existência de “fortes pressões nas finanças públicas e nas reservas em moeda estrangeira, políticas insustentáveis como atrasos nos pagamentos públicos e financiamento pelo banco central, bem como um rápido aumento da dívida pública nalguns casos”.
A resposta, salienta o FMI, tem de passar por “deixar a taxa de câmbio absorver completamente as pressões externas, o restabelecimento da estabilidade macroeconómica e uma prioridade, na medida do possível, em elementos de consolidação orçamental amigos do crescimento económico”.
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