Retalhistas preferem dinheiro. Mas não moedas de 1 e 2 cêntimos.
O dinheiro continua a ser o meio de pagamento preferido pelos retalhistas. Notas e moedas? Sim, mas preferiam não ter de aceitar moedas de 1 e de 2 cêntimos.
Multibanco ou dinheiro? São muitas as vezes que os comerciantes colocam essa questão, mas a resposta que a maioria prefere ouvir é: dinheiro. Foi o que constatou um inquérito sobre o uso do numerário realizado pelo Banco Central Europeu junto de 6.672 retalhistas da área do euro. Notas e moedas são reis e rainhas na preferência dos pagamentos, mas nem todas as moedas são bem-vindas.
Uma das questões que foi colocada aos retalhistas, neste estudo do BCE, foi quais os meios de pagamento que preferem que os seus clientes utilizem. O numerário foi sempre a alternativa mais popular, tanto na área do euro como em Portugal. Do total de inquiridos a nível europeu, 51% assim o afirmaram, enquanto em Portugal a proporção foi ainda mais elevada: 62% dos comerciantes nacionais revelaram essa preferência.
A seguir ao numerário, o meio de pagamento predileto dos retalhistas são os cartões de débito, com uma proporção de 43% dos inquiridos a nível europeu, e de 39% a nível nacional. Em sentido contrário, o contactless destacou-se como o menos desejado: 10% dos inquiridos a nível europeu e 5% a nível nacional elegeram este meio de pagamento como o seu preferido.
Dinheiro sai mais caro
Estes resultados divulgados esta segunda-feira no boletim de notas e moedas do Banco de Portugal relativo ao mês de outubro, surgem poucos dias depois de um estudo da entidade liderada por Carlos Costa ter referido os elevados custos sociais associados à utilização do numerário.
De acordo com o estudo “Custos sociais dos instrumentos de pagamento de retalho em Portugal”, a utilização do numerário acarretou um custo social de 1.679 milhões de euros, em 2013. Este valor representa mais de 60% dos custos sociais totais.
De salientar, contudo, que a aceitação de numerário como meio de pagamento acarreta um custo financeiro muito mais baixo do que aquele que está associado ao uso do “dinheiro de plástico”.
Moedas pequenas? Não
Apesar de preferirem a utilização de dinheiro como meio de pagamento, os retalhistas dizem “Não” às moedas de 1 e 2 cêntimos, tanto a nível europeu como em Portugal. Na Bélgica, Finlândia, Irlanda e Países Baixos já foram adotadas regras de arredondamento com o objetivo de diminuir o uso das moedas de 1 e de 2 cêntimos. Os retalhistas dos restantes países da Zona Euro, quando questionados sobre a eventual adoção de uma medida desta natureza no seu país, a maioria (61%) referiu ser a favor. Em Portugal, o resultado foi semelhante.
A utilização do dinheiro físico como meio de pagamento leva os comerciantes a deslocarem-se a uma instituição de crédito pelo menos uma vez por semana, para depositar o dinheiro arrecadado. Em Portugal, ainda é mais elevada a proporção de retalhistas a fazê-lo: 68%.
Um dos riscos associados à aceitação de dinheiro, em espécie, prende-se com a contrafação. Foram 75% os inquiridos no estudo do BCE que disseram verificar a genuidade de notas, sendo o método “Tocar-Observar-Inclinar”, o mais popular. Os elementos de segurança mais verificados são o papel da nota, a impressão em relevo, a marca de água e o filete de segurança.
Ainda assim, mais de metade dos retalhistas da área do euro (54%) referiu não utilizar quaisquer máquinas ou dispositivos para verificar a genuidade das notas. Portugal, é um dos países em que os comerciantes menos usam esses mecanismos para detetar notas contrafeitas. Do total de retalhistas portugueses inquiridos, 72% assim o afirmaram. Um cenário semelhante face à realidade da Letónia e um pouco aquém face aos 74% que o reconheceram em França e os 87% verificados na Finlândia. A menor utilização de mecanismos de deteção nesses países poderá relacionar-se com o baixo número de contrafações identificadas.
Ninguém as quer, mas há quem as falsifique
Os retalhistas não gostam de moedas de 1 e 2 cêntimos e o mesmo acontece com os consumidores que não querem ter os bolsos cheios de moedas pequenas, mas o certo é que até há quem as falsifique. Nos primeiros seis meses do ano foram identificadas no eurosistema uma moeda de 1 cêntimo e uma de 2 cêntimos contrafeitas. Ainda assim a moeda de dois euros é a mais falsificada. Na Zona Euro foram detetadas mais de 47 mil moedas com esse valor que eram falsas. Desse total, mais de 1.300 foram encontradas em Portugal.
Já no que respeita às notas, as de 20 e 50 euros continuam a ser as preferidas pelos falsificadores. A nível europeu foram identificadas mais de 153 mil notas de 50 euros, a nível europeu, e cerca de 1.400, em Portugal. Com o valor facial de 20 euros, foram encontradas pouco mais de 103 mil notas falsas a nível europeu, e cerca de duas mil, em Portugal.
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