Jerónimo critica Governo e Marcelo por não quererem renegociar dívida
"É preciso renegociar a dívida para que Portugal possa crescer e desenvolver-se", disse o líder do PCP ontem em Braga, deixando recado ao Governo e ao Presidente.
O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, criticou neste sábado em Braga o Governo e o Presidente da República por considerarem “extemporânea” a discussão da renegociação da dívida portuguesa.
Falando numa ceia de fim de ano promovida pelo PCP de Braga, Jerónimo de Sousa sublinhou que Portugal “tem uma das maiores dívidas do mundo”, que deixa o país “amarrado de pés e mãos”.
“É preciso renegociar a dívida para que Portugal possa crescer e desenvolver-se”, criticando aqueles, “incluindo o Governo e o Presidente da República”, que dizem que não é tempo de discutir a renegociação da dívida e que “até avançam” com a ideia de que é preciso esperar pelas eleições em países como a Alemanha, a França e a Holanda.
“Um país que se quer soberano, um povo que quer ser livre, pode estar dependente das eleições na Alemanha, na Holanda e na França ou, pelo contrário, temos o direito de propor essa renegociação independentemente dos resultados [eleitorais] estrangeiros?”, questionou.
Na sexta-feira, o Presidente da República considerou “prematuro e extemporâneo” fazer uma discussão sobre a renegociação da dívida portuguesa, face ao período de eleições que vai ter lugar, durante o próximo ano, em vários países fundadores da União Europeia.
“Estar a especular sobre cenários europeus num ano em que vai haver eleições em várias das economias fundadoras da União Europeia, até, praticamente, daqui a um ano, estar a especular sobre o que será a Europa nessa altura, e estar a fazer um debate sobre matéria da dívida, é completamente prematuro e extemporâneo. Não faz sentido”, disse Marcelo Rebelo de Sousa.
Ontem, na sua intervenção em Braga, Jerónimo de Sousa defendeu a discussão da renegociação, lembrando que só em serviço da dívida Portugal vai ter de pagar, num ano, 8.500 milhões de euros.
“Daria para pagar todo o Serviço Nacional de Saúde durante um ano”, enfatizou.
Para o líder comunista, Portugal, com a dívida e a dependência do euro, está “amarrado de pés e mãos”.
Em relação à atual solução governativa, Jerónimo disse que dela já resultaram alguns “avanços”, embora “limitados“, nomeadamente em termos de reposição de rendimentos dos trabalhadores e dos pensionistas.
“São avanços limitados, mas importantes”, referiu.
Ressalvou, no entanto, que o país ainda tem “grandes problemas” por resolver, entre as quais o aumento do salário mínimo nacional para os 600 euros, que o PCP quer que se concretize já a partir de janeiro de 2017.
Outra questão que o PCP quer ver resolvida tem a ver com a precariedade dos vínculos laborais.
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