Um avião em módulos? Pode mudar o setor
Gabinete de inovação da Airbus em Silicon Valley acredita que pode mudar o paradigma nos aviões de passageiros construindo um avião adaptável às necessidades.
Desde o início da era dos jatos que as empresas aéreas adotaram um modelo uniforme para as cabines de passageiros. Houve variações modestas — um assento voltado para trás aqui, um minúsculo bar na primeira classe ali –, mas a configuração básica, com assentos virados para a frente e filas tradicionais, passou o teste do tempo por ser eficiente e rentável.
Os futuristas da A3, o gabinete de investigação e inovação da Airbus em Silicon Valley, têm pensado num novo paradigma. Em vez de um design impossível de modificar a partir do momento em que o avião faz o voo inaugural, começaram a imaginar um avião construído a partir de módulos móveis que possam ser ajustados rapidamente pela empresa aérea, usando o mesmo princípio base que as aéreas de cargas utilizam, quando alteram os interiores de seus aviões para transportar mercadorias.
Usar a abordagem dos aviões de carga para organizar o espaço dos passageiros pode abrir a porta a um novo tipo de cabine pensado para as empresas aéreas comerciais. Imagine uma refeição servida nas alturas com a qualidade de um restaurante, ou uma cafetaria, uma área com brinquedos para crianças ou um compartimento para dormir para todos, e não apenas para os ricos da parte da frente do avião. Os designers da A3 esperam que, em algum momento, essas opções a bordo possam tornar-se um fator de atratividade pelo qual os passageiros querem pagar e, portanto, dar às empresas aéreas um incentivo para estudar de forma mais criativa como um avião poderia gerar lucro.
Uma das razões pelas quais estamos a abrir o capital é para poder ouvir que outros tipos de experiências os passageiros e as empresas aéreas estariam interessados em ter a bordo de seus aviões.
Os módulos não funcionariam com qualquer aeronave atual: um avião precisaria de vir equipado para isso desde o seu fabrico.
A ideia é alargar características de nicho que algumas empresas aéreas atualmente oferecem a quem paga um preço mais alto — chuveiros em cabines de luxo e bares, por exemplo — e permitir que as companhias levem o negócio da classe turística, a mais económica, para outro nível. Uma surpresa é que, segundo Chua, é provável que o projeto não encontre nenhum obstáculo intransponível em relação às normas de segurança. “As cabines não são constituídas por assentos virados para a frente e filas por razões de segurança”, explica, acrescentando que a equipa acredita “que isso se deve ao facto de não existir um sistema para que as empresas aéreas reconfigurem as suas aeronaves rapidamente.”
A A3, que tem sede em San José, tem concentrado os seus esforços no avião de fuselagem larga, que usaria 10 a 14 módulos na cabine. Eles seriam projetados, construídos e vendidos por empresas aeroespaciais terceirizadas, da mesma forma que os assentos, as casas de banho e as copas são, atualmente. O grupo Transpose espera ter um “modelo de demonstração de alto nível” nos próximos dois a quatro anos, disse Chua.
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