Monte dei Paschi afunda rumo ao resgate
O banco alertou que pode ficar sem liquidez. As ações afundaram para mínimo histórico, o que o coloca cada vez mais próximo de um resgate. Mas poderá não ser o único.
Os investidores não estão a aderir ao aumento de capital do Monte dei Paschi. A juntar a isso, os receios de que o problemático banco italiano pode ficar sem liquidez estão a arrastar as ações para mínimos desde 1999. O mercado está consciente de que se o banco tiver de ser resgatado, isto pode desencadear uma onda de recapitalizações entre as instituições bancárias italianas.
As ações do problemático banco italiano afundam mais de 18% para 15,17 euros, o valor mais baixo desde que começaram a negociar, em 1999. A queda acentuada provocou a suspensão automática da negociação, que foi entretanto retomada. Este ano, os títulos já perderam 87%, o que reduziu a capitalização de mercado do banco em cerca de 454 milhões de euros.
Ações do Monte dei Paschi estão a afundar mais de 18%
Na base desta queda parecem estar os receios de que o banco vai ficar em breve sem liquidez. O banco veio afirmar que em vez dos 11 meses, só tem dinheiro para manter o banco a funcionar durante os próximos quatro. Precisa de ajuda rapidamente, mas os investidores não estão a dar o apoio necessário. Não estão a aderir ao aumento de capital de cinco mil milhões de euros.
O fundo soberano do Qatar, que considerou investir no Monte dei Paschi, ainda não se comprometeu a comprar ações, enquanto a troca de obrigações por ações permitiu angariar apenas cerca de 500 milhões de euros até esta terça-feira, um dia antes de expirar, de acordo com fontes próximas do assunto.
Outras instituições que também estavam ponderar comprar títulos indicaram que apenas investiriam no banco problemático se a instituição fosse capaz de angariar dois mil milhões de euros com a operação de troca de dívida em ações e mil milhões a partir de investidores de relevo. O que não está a acontecer.
“Até agora, as notícias sobre os esforços do Monte dei Paschi para encontrar capital privado são bastante desencorajadoras. É quase como se uma intervenção do Governo estivesse cada vez mais próxima, dia após dia”, diz o estratega do Swedbank Par Magnusson. Uma intervenção do governo “vai castigar quem detém obrigações júnior e ações e só isso é uma grande preocupação”, explica.
Impacto noutros bancos
Se o Monte dei Paschi não for capaz de angariar capital, isso pode provocar uma onda de recapitalizações dos bancos italianos em dificuldades. O Governo de Itália já disse que vai pedir ao Parlamento autorização para injetar até 20 mil milhões de euros para “garantir a liquidez adequada” dos bancos. Estes fundos ficarão disponíveis caso o Monte dei Paschi não consiga cumprir o prazo de recapitalização imposto pelo Banco Central Europeu. A data limite termina a 31 de dezembro, já que o banco central se recusou a prolongar o prazo até janeiro.
Mas o dinheiro também deverá ajudar outros bancos, incluindo o Banca Popolare di Vicenza SpA e Veneto Banca SCpA, permitindo que criem as provisões necessárias para se libertarem do crédito malparado, nota o analista do Banca Akros Luigi Tramontana à S&P Global Market Intelligence.
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