Costa admite que economia deverá crescer pouco mais do que 1%

Primeiro-ministro admitiu esta segunda-feira que a economia deverá crescer pouco mais do que 1%. António Costa anunciou que vem aí um veículo para o crédito malparado.

O crescimento económico não vai ser de 1,8%, a meta do Orçamento do Estado para 2016. Nem vai ser 1,4%, o cenário alternativo que Mário Centeno traçou na carta em que defendeu a imunidade de Portugal às sanções europeias. Vai ser um pouco acima de 1%? “Sim. Não creio que possa ser muito acima disso”, respondeu António Costa, em entrevista ao Público.

A economia não vai corresponder ao objetivo do orçamento, mas a banca vai ser o foco da política do governo até ao final do ano. O primeiro-ministro afirmou que a recapitalização não tem “necessariamente” que ser ainda este ano. Já em relação à criação de um veículo para resolver o crédito malparado, Costa quer fazê-lo ainda este ano. No entanto, não promete o cumprimento do calendário da Comissão Europeia (CE) que fixou como meta outubro para esse objetivo.

Veículo para o crédito malparado vai avançar

O primeiro-ministro reafirmou a necessidade de um veículo para o crédito malparado, mesmo que isso vá contra a vontade dos banqueiros. “Há coisas que quando têm que ser têm mesmo que ser”, respondeu António Costa, abrigando-se nas recomendações do Fundo Monetário Internacional (FMI) e CE. Apesar de não se comprometer com uma data, Costa é categórico: “O país tem de entrar em 2017 com o sistema financeiro estabilizado, com boas condições de poder financiar a economia”.

Costa atacou o anterior governo por não ter resolvido o problema, sacrificando a solução “para simular a famosa saída limpa”. O primeiro-ministro relembrou que “há uns meses” havia “angústia”, mas agora – apesar de não querer ser “irritantemente otimista” – acredita que há um cenário mais positivo: “Chegaremos ao final deste ano com o nosso sistema financeiro tendo ultrapassado os caminhos de incerteza que o perturbaram no passado”.

“O único banco que nós sabemos que será português sempre é a CGD”

Falando sobre o Novo Banco e a CGD, as certezas são menores. Costa garantiu que a administração da Caixa vai fazer a auditoria já prometida, mas o novo presidente António Domingues disse, na semana passada, que não sabia de nada. Além disso, o primeiro-ministro deixa em aberto a possibilidade de a recapitalização ser empurrada para 2017. Assim, pelo menos por causa da CGD, não haverá orçamento retificativo.

Sobre o Novo Banco, António Costa inibiu-se de fazer comentários, remetendo para o governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, “que brevemente apresentará ao Governo o quadro de soluções que tem a propor”. Os “lesados” do BES é que vão ter de esperar mais. Costa afirmou que a auditoria da Deloitte está a ser discutida no Fundo de Resolução, sendo “condição essencial” perceber “em que medida a solução de resolução [do banco] era mais negativa do que a solução alternativa de liquidação, porque isso é um dos parâmetros delimitadores”.

E a mudança de regras no Fundo? “É um comunicado em que se vem esclarecer que o período de amortização, por parte do Fundo de Resolução, do empréstimo do Estado será devidamente distendido — e não será isso que contribuirá para que não haja aquele objetivo que temos de que haja estabilização”, esclareceu o primeiro-ministro.

“O país tem de fazer escolhas”

As negociações com CDU e BE ainda não estão finalizadas, mas António Costa sinalizou o aumento de impostos indiretos: “É provável que no próximo ano haja também outra tributação indireta”. O primeiro-ministro confirmou que “haverá sim uma alteração relativamente à tributação do património imobiliário de luxo, em termos que serão precisados”, mas descartou a tributação de ações e investimento defendida pelo PCP por “não ser oportuno”.

Em resposta às críticas, Costa deixou perguntas: “Queremos baixar a tributação sobre o trabalho ou não queremos? Queremos tributar mais o investimento ou tributar menos o investimento?” O primeiro-ministro defendeu-se com o argumento de que os impostos não são todos iguais: “A mim sempre me pareceu mais justo podermos baixar os impostos que todos têm que pagar, ainda que com compensação em impostos que só alguns — ou só em algumas circunstâncias — têm de pagar.”

Editado por Mariana de Araújo Barbosa.

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Parlamento Europeu discute sanções a Portugal

  • Lusa
  • 3 Outubro 2016

O Parlamento Europeu discute hoje com a Comissão Europeia, à margem da sessão plenária e pela primeira vez, a possível suspensão de fundos estruturais a Portugal e Espanha.

O Parlamento Europeu (PE) discute hoje com a Comissão Europeia, à margem da sessão plenária e pela primeira vez, a possível suspensão de fundos estruturais a Portugal e Espanha, no chamado ‘diálogo estruturado’, com caráter consultivo.

Na audição, os comissários europeus Corina Cretu (Política Regional) e Jyrki Katainen (Crescimento, Emprego e Investimento) vão responder às questões dos eurodeputados das comissões parlamentares do Desenvolvimento Regional (Regi) e dos Assuntos Económicos (Econ) sobre as implicações que a suspensão de fundos estruturais poderá ter nas economias portuguesa e espanhola e o cumprimento das metas fixadas para a dívida e o défice em ambos os países.

Da comissão Regi faz parte Fernando Ruas (PSD) e a Econ integra Marisa Matias (BE, como coordenadora), Pedro Silva Pereira (PE) e Miguel Viegas (PCP).

No debate irão ainda intervir os coordenadores das comissões parlamentares da Agricultura, Orçamento (José Manuel Fernandes, PSD), Emprego (Sofia Ribeiro, PSD) e Pescas.

Após a audição pública, os presidentes, vice-presidentes e coordenadores das comissões parlamentares Regi e Econ vão reunir-se à porta fechada, a partir das 20:00, (19:00 em Lisboa), para decidir se será convocada uma nova reunião com a Comissão, transmitindo essa informação à Conferência dos Presidentes do PE.

Este órgão deverá tomar uma decisão sobre eventuais próximas etapas na quinta-feira, em Estrasburgo.

O executivo comunitário só depois deste ‘diálogo estruturado’ com o PE – que tem hoje lugar pela primeira vez – elaborará uma proposta, mas a decisão cabe ao Conselho de Ministros das Finanças da UE (Ecofin).

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Reino Unido vai acionar saída até final de março

  • Lusa
  • 3 Outubro 2016

A primeira-ministra britânica, Theresa May, afirmou no domingo que o Reino Unido vai acionar o artigo 50 do Tratado de Lisboa, sobre a saída de um país da União Europeia, até março do próximo ano.

A primeira-ministra britânica, Theresa May, afirmou no domingo que o Reino Unido vai acionar o artigo 50 do Tratado de Lisboa, sobre a saída de um país da União Europeia, até março do próximo ano.

Em declarações à BBC, a chefe do governo do Reino Unido apresentou pela primeira vez um calendário concreto sobre as futuras negociações para a saída britânica do bloco europeu.

A propósito do congresso anual do Partido Conservador britânico, que começou no domingo em Birmingham, no centro do país, May disse que vai informar o partido sobre esta decisão, que surge na sequência da vitória do voto contra no referendo de 23 de junho.

Se acionar o artigo 50 do Tratado de Lisboa em março, o Reino Unido poderá ficar fora da União Europeia em 2019, findo o período de dois anos relativos aos processos de saída de um país.

No entanto, esse processo de dois anos pode prolongar-se se o Reino Unido e os outros países comunitários não chegarem a um acordo unânime.

“Tenho vindo a dizer que não o ativaríamos antes do final deste ano para poder ter os preparativos em curso. Mas, sim, vou dizer hoje no meu discurso que vamos ativá-lo antes do final de março do próximo ano”, afirmou Theresa May à BBC.

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Economia americana contratou 2,3 milhões da classe média

A classe média foi quem mais beneficiou nos últimos dois anos. A evolução positiva da economia norte-americana absorveu 2,3 milhões de pessoas a ganharem o salário médio.

Em dois anos, a economia norte-americana criou 2,3 milhões de empregos de salário médio. Quem o diz é uma análise da Reserva Federal de Nova Iorque, citada pela Bloomberg. A criação de emprego que aconteceu entre 2013 e 2015 permitiu que a taxa fosse inferior a 5% em junho.

A análise da Fed nova-iorquina é que o número de empregos criados foi maioritariamente feita com salários médios. Tanto os setores que pagam mais do que a média e os que pagam menos tiveram uma evolução mais fraca.

Este termo de salário médio na economia norte-americana traduz-se numa remuneração anual vai de 30 a 60 mil dólares. De acordo com o estudo, este tipo de contratos foram responsáveis por 43% do crescimento do emprego entre 2013 e 2015. Três anos antes, apenas 22% dos postos de trabalho criados tinham sido nestas condições.

Os setores da construção, educação e transportes foram os que mais contrataram, de acordo com a Reserva Federal de Nova Iorque. A lista completa-se com o setor administrativo, serviços sociais, artes e entretenimento.

Na faixa de salários inferiores a 30 mil dólares anuais foram criados mais 1,5 milhões postos de trabalho entre 2013 e 2015.

Editado por Mariana de Araújo Barbosa.

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Venda da participada Monterroio traz mais-valia de 75 milhões de euros à Jerónimo Martins

  • Juliana Nogueira Santos
  • 30 Setembro 2016

A decisão tomada esta terça-feira veio oficializar o negócio anunciado em julho, que se efetivou nos 310 milhões de euros.

A venda da participada Monterroio – Industry & Investments B.V. trouxe uma mais-valia de 75 milhões de euros ao grupo Jerónimo Martins. Em comunicado, o grupo oficializa a venda de 100% do capital da sua subsidiária à Sociedade Francisco Manuel dos Santos – BV, decisão tomada pela administração a 27 de julho.

O grupo informa também que “a conclusão da transação implicou o recebimento imediato (…) do montante total de 310 milhões de euros”, valor pelo qual foi efetivada a venda.

A Monterroio é a sub-holding da Sociedade que controla os negócios na indústria e serviços e detém 45% da parceria entre a Jerónimo Martins e Unilever, 45% da Gallo Worldwide e 51% da Hussel, entre outros.

Sendo a Sociedade Francisco Manuel dos Santos – BV detentora de 56,1% do capital da Jerónimo Martins, esta venda insere-se “na estratégia da SFMS de realizar investimentos diretos no setor industrial através da aquisição de ativos operacionais em mercados que a SFMS conhece bem”, como afirmado no comunicado lançado em julho deste ano.

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Bruxelas vai propor suspender fundos comunitários para Portugal e Espanha

Valor da suspensão poderá ir até um máximo de 0,5% do PIB ou metade dos compromissos já estabelecidos.

A Comissão Europeia vai propor ao Parlamento Europeu, na próxima segunda-feira, 3 de outubro, que os fundos comunitários para Portugal e Espanha sejam parcialmente suspensos, ainda que de “forma prudente” e apenas em programas que não afetem o desemprego. A informação consta de uma nota de enquadramento, já distribuída aos comissários e a que o Politico teve acesso.

A proposta será transmitida por Jyrki Katainen, vice-presidente da Comissão e responsável pelo Euro e pelo Diálogo Social, e por Corina Creţu, comissária para a Política Regional, entre as 17h e as 19h de segunda-feira (hora de Lisboa). As comissárias deverão anunciar o seguinte:

"De acordo com o Artigo 23 do [regulamento dos fundos comunitários], a Comissão está legalmente obrigada a propor ao Conselho que suspenda parte dos compromissos de 2017 dos programas de Fundos Europeus de Investimento para Portugal e Espanha.”

Comissão Europeia

Em causa estão os défices excessivos dos dois países. A 27 de julho, a Comissão Europeia decidiu cancelar a multa a que Portugal estaria sujeito por não ter conseguido cumprir com um défice inferior a 3% em 2015. O mesmo aconteceu com Espanha. Apesar de ter sido cancelado o procedimento por défices excessivos, que tinha sido aprovado a 12 de julho, os dois países ficaram sujeitos a uma série de condições. Portugal, em concreto, é agora obrigado a reduzir o défice de 4,4% em 2015 para 2,5% em 2016. Além disso, Bruxelas exige um ajustamento estrutural no valor equivalente a 0,25% do PIB, ou cerca de 450 milhões de euros, até ao final do ano.

A 15 de outubro, Portugal e Espanha terão ambos de comunicar à Comissão Europeia as medidas que implementaram para ir ao encontro das recomendações feitas por Bruxelas.

Ora, o Artigo 23 do regulamento dos fundos comunitários, o chamado Common Provisions Regulation, define que quando um Estado membro falha em implementar medidas específicas para responder a recomendações vindas de Bruxelas, a Comissão Europeia pode propor ao Parlamento que os fundos para esses Estados membros sejam total ou parcialmente suspensos.

Assim, a suspensão terá efeitos práticos a partir de 2017, mas com caráter temporário. Isto porque, logo que os países implementem medidas para reduzir o défice, a suspensão é levantada. E se antes de a suspensão entrar em vigor Portugal e Espanha apresentarem medidas adequadas, pode nem sequer chegar a haver suspensão. Além disso, o dinheiro já previsto até 2020 não será perdido, fica apenas congelado.

O valor da suspensão dos fundos poderá ir até um máximo de 0,5% do PIB ou metade dos compromissos já estabelecidos para 2017, mas os comissários sugerem valores bastante mais baixos que isto, já que, por um lado, portugueses e espanhóis “já fizeram grandes esforços e sacrifícios” e, por outro, os fundos representam uma fatia importante do investimento público nos dois países. “Deverá ser levado em conta que os fundos comunitários respondem por uma parte substancial e crescente do investimento público em ambos países, estimando-se que esta fatia atinja os 78% em Portugal e 21% em Espanha no triénio 2014-2016. Assim, qualquer suspensão dos fundos pode implicar adiar investimentos planeados”, refere o documento.

A ideia é assegurar que a suspensão “tenha em consideração a situação económica e social de Portugal e Espanha”.

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Adeus, Rosetta. As últimas fotos da sonda espacial

As fotografias foram tiradas pela própria sonda espacial a uma distância de 15 km até à queda e destruição. O último registo foi aos 20 metros de distância.

Passados 12 anos, a sonda espacial Rosetta acabou esta sexta-feira a sua missão. Saiu em 2004 e passou os últimos dois anos na órbita de Júpiter a estudar o cometa67P. Para a Rosetta, 30 de setembro ficará marcado como o seu último dia de vida.

Era uma sonda de três mil quilogramas e cerca de 32 metros de diâmetro. Rosetta percorreu mais de seis mil milhões de quilómetros até chegar a Júpiter, em 2014.

Foi desta sonda espacial que o robot Philae saiu para ir recolher material in loco no cometa. Os dados recolhidos são importantes para o desenvolvimento da ciência no futuro, principalmente porque os cometas são elementos fundadores do sistema solar, podendo explicar fases de desenvolvimento anteriores do nosso próprio planeta.

As fotografias são da Agência Espacial Europeia e referem-se ao cometa cometa67P.

Editado por Mariana de Araújo Barbosa.

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Direita aplaude veto do sigilo. Esquerda nem por isso

PSD aplaude, mas CDS reticente. PCP quer agilizar levantamento do sigilo bancário mas “com critérios especificados". Bloco de Esquerda acha que veto político de Marcelo é "incompreensível".

O PSD e o BE ameaçam o Governo com uma guerra no Parlamento. Mas por razões diferentes. Em reação ao veto político do Presidente da República, o deputado social-democrata António Leitão Amaro ameaçou que, caso António Costa insista nesta “iniciativa errada”, “neste ataque às poupanças”, o PSD vai usar “todos os meios parlamentares, legais, constitucionais, para travar este ataque”.

No outro lado da barricada, o líder parlamentar Pedro Filipe Soares classificou a decisão de Marcelo como “incompreensível” e lançou um desafio ao governo do PS: se “estiver verdadeiramente com vontade de combater a fraude e a evasão fiscal com o levantamento do sigilo bancário para contas superiores a 50 mil euros, terá na Assembleia da República uma maioria parlamentar capaz de o fazer, da qual o Bloco é uma pedra essencial”.

Satisfeito com o veto, o PSD defendeu que “em Portugal já há um conjunto de mecanismos e possibilidades de levantamento do sigilo bancário em casos fundamentados de suspeitas, inclusive de rendimentos não declarados”. Apoiando-se no argumento de Marcelo que esta iniciativa é politicamente inoportuna, Leitão Amaro frisou que “este é o momento de aumentar a poupança e atrair o investimento direto estrangeiro”.

"O levantamento do sigilo bancário para combater a fraude, a evasão fiscal, a corrupção, são matérias essenciais para uma transparência necessária da democracia”

Pedro Filipe Soares, líder parlamentar do BE

No ataque à decisão do Presidente da República, Pedro Filipe Soares defendeu que este decreto-lei “garantia a privacidade de cada um e de cada uma, mas garantia também os mecanismos urgentes para que a Autoridade Tributária possa validar divergências entre rendimento e património em contas bancárias”.

Os bloquistas consideram que este não foi o veto jurídico ou constitucional, mas “um veto político por divergir da necessidade que temos de levantar o sigilo bancário para garantir o combate à fraude e à evasão fiscal”.

Do lado de Marcelo Rebelo de Sousa ficou também o CDS. O deputado João Almeida afirmou que, “ao contrário do que o Governo sempre disse, esta não era uma mera transposição de uma diretiva europeia, essa diretiva não obrigava de maneira nenhuma a esta dimensão de devassa da vida privada dos cidadãos e outros países que transpuseram a diretiva não o fizeram nestes termos”.

Acusando o Governo de ir mais longe do que o necessário, o deputado centrista defendeu que este “era mais um ataque ao bom clima económico que pretende atrair investimento e que haja poupança”. Para João Almeida, o primeiro-ministro deve recuar, pois Marcelo Rebelo de Sousa “tudo fez para que não houvesse a necessidade de se chegar a este ponto”.

"Tudo isto era dispensável e sendo dispensável, podia ter sido evitado mais uma perturbação no clima económico em Portugal, porque era evidente que esta medida não tinha quaisquer condições para avançar”

João Almeida, deputado do CDS

O outro elo do acordo de incidência parlamentar, o PCP, foi mais cauteloso. O deputado Miguel Tiago defendeu a agilização do levantamento do sigilo, mas com critérios especificados. Em reação ao veto, o deputado comunista diz que PR está “no uso das suas capacidades” e que o PCP quer mudar o regime de levantamento do sigilo que classifica de “moroso e muito dificultado”. Esta mudança deve ser feita “respeitando a vida das pessoas”.

Mas Miguel Tiago deixou o jogo em aberto quanto a um possível acordo no Parlamento. “Apesar de ter sido um decreto do Governo, que não passou pela Assembleia da República [a não ser numa autorização legislativa dada no anterior Orçamento], cabe agora ao Executivo julgar se entrega ou não uma proposta de lei no Parlamento, ou se faz ou não um ajustamento a condições que possam resultar da mensagem do Presidente da República”.

Ausência da palavra “veto”

Em todo o comunicado publicado na página da Presidência, Marcelo Rebelo de Sousa não usa uma única vez a palavra “veto”. Diz, sim, que “devolve, sem promulgação, o diploma”.

Isto tem levado os analistas a considerar esta opção como uma tradução de um acordo prévio entre António Costa e Marcelo Rebelo de Sousa. As hipóteses implícitas são duas: ou Costa reformula o decreto-lei ao agrado do Presidente da República ou transforma-o em projeto-lei para o aprovar no Parlamento. Se este cenário se verificar, o Bloco já prometeu dar a mão ao Governo e o PSD prometeu guerra.

Contudo, nesse caso, Marcelo – perante um diploma da Assembleia da República – terá de o promulgar à segunda tentativa dos deputados.

Confrontado com a decisão do Presidente da República na inauguração da exposição dos Mirós, esta sexta-feira à noite, António Costa diz que vai “analisar” o caso.

(Atualizado às 19:49 com reação de António Costa.)

Editado por Mónica Silvares

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Deutsche Bank vive melhor sessão em seis meses

Rumores sobre um eventual corte da multa nos EUA, para menos de metade, levou as ações do banco alemão a dispararem acima de 6%.

O Deutsche Bank teve esta sexta-feira o melhor desempenho bolsista dos últimos seis meses: A apoiar o título estiveram notícias que apontam para a possibilidade de o banco ter conseguido negociar um corte da multa, relacionada com a venda de ativos imobiliários de fraca qualidade durante o subprime, de que é alvo nos EUA.

As ações do maior banco alemão fecharam a valorizar 6,4%, para os 11,57 euros, o que corresponde à maior subida desde abril deste ano. A agência AFP noticiou que o Deutsche Bank está próximo de chegar a um acordo com o Departamento de Justiça dos EUA que permita reduzir de 12,5 mil milhões de euros (14 mil milhões de dólares) para 4,8 mil milhões de euros (5,4 mil milhões de dólares), o valor da multa pedido para dar como encerrado o processo. A fonte oficial do Deutsche Bank quando confrontada pela Bloomberg com a notícia avançada à agência noticiosa francesa por fonte próxima do processo que não se quis identificar, declinou fazer qualquer comentário.

De salientar que, desde que a 16 de setembro o Deutsche Bank confirmou ter sido multado da multa em causa, as ações bem como a dívida da instituição financeira germânica têm sido fortemente pressionadas.

"O Deutsche Bank caiu tanto como o nível de especulação que circula – a dado momento as pessoas querem tirar lucro das posições curtas.”

Jerome Legras, investidor da Axiom Alternative Investments

Analistas do JP Morgan escreveram numa nota enviada a clientes no início deste mês de que a aplicação de uma multa entre 3 mil milhões de dólares e 3,5 mil milhões daria ao banco margem para fazer face a outros compromissos legais. O banco de investimento acrescentou ainda que cada mil milhões de dólares adicionais de multa iria representar uma perda de 24 pontos base do capital do banco.

De salientar que o Deutsche Bank luta já há algum tempo para se adaptar a uma era de maior exigência em termos de capital e à quebra das receitas de trading. O presidente executivo do banco, John Cryan, já avançou que o Deutsche Bank poderá não apresentar lucros este ano, designando-o como um período de reestruturação que envolve a eliminação de milhares de postos de trabalho e redução dos ativos arriscados.

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Sword Health. A fisioterapia em casa, quando nasce, é para todos

Startup portuguesa criou uma aplicação móvel que permite fazer reabilitação motora em casa, com acompanhamento remoto por parte de uma equipa médica.

Quando, aos dez anos, viu o irmão de doze ficar em coma durante seis meses depois de ter sido atropelado, Virgílio Bento percebeu que não há fisioterapeutas suficientes para responder a todos os pacientes. O problema pode traduzir-se com uma equação simples: o tratamento de uma pessoa que sofra um AVC deveria passar por duas horas de fisioterapia por dia; só há recursos humanos suficientes para duas horas por semana, por paciente.

Hoje, aos 31 anos, Virgílio está a meio caminho de resolver esse problema. Depois de dois anos de desenvolvimento e de testes piloto, a SwordHealth, startup que fundou em 2013 e que já foi considerada pela Comissão Europeia como uma das empresas mais inovadoras da Europa, acaba de lançar para o mercado uma aplicação móvel de reabilitação motora, adequada às especificidades de cada doente.

A solução chama-se Sword Arya e permite fazer uma reabilitação independente e em casa, com acompanhamento remoto constante por parte da equipa médica da Sword. Os exercícios são simplificados ao máximo: os pacientes vestem módulos no membro a reabilitar e a aplicação monitoriza os exercícios que estão a ser feitos, avaliando a velocidade, a correção e a concretização de cada movimento, como se vê no vídeo:

No final, a equipa médica da Sword recebe os resultados dos exercícios feitos pelos pacientes, o que lhe permite corrigir ou ajustar os planos personalizados de fisioterapia.

O simples facto de o paciente poder fazer os exercícios prescritos mais vezes, sozinho ou acompanhado pelos seus cuidadores, aumenta exponencialmente as suas probabilidades de recuperação, quer em termos de tempo que leva a recuperar, quer em termos de amplitude dos movimentos que recupera. Mais concretamente, 93% dos doentes que já utilizaram a aplicação, nos testes piloto, apresentaram melhorias na qualidade da execução das tarefas motoras.

"É inevitável que o Sword seja abrangido pelo Serviço Nacional de Saúde, porque oferece resultados maximizados com baixos custos e uma monitorização constante”

Virgílio Bento

CEO da Sword Health

Ao mesmo tempo, os preços são muito mais acessíveis para o paciente, que teria de pagar até cinco vezes mais se tivesse de pagar pelos serviços de um terapeuta. A tecnologia da Sword, que já inclui o acompanhamento dos médicos da empresa, está disponível a partir de 50 euros por mês, dependendo do tipo de problema de cada doente.

Para já, este custo é suportado pelo paciente, mas Virgílio Bento acredita que não faltará muito para a tecnologia ser abrangida pelo Serviço Nacional de Saúde (SNS). “É inevitável, porque o Sword oferece duas coisas que o SNS adora: resultados maximizados com baixos custos e uma monitorização constante — tudo o que o paciente faz, o médico sabe”, diz ao ECO.

O facto de ser uma solução tecnológica também não é entrave para os pacientes mais velhos. “Pessoas de 90 anos usaram a aplicação e o feedback foi muito bom, porque o interface é muito simples e intuitivo, funciona muito à base de voz e de cores. E, como fizemos um trabalho de simplificação muito extenso para facilitar o trabalho do terapeuta, isso também se reflete para os pacientes”, conta Virgílio Bento.

A Sword Arya permite a recuperação de doentes com lesões neurológicas (como AVC) e músculo-esqueléticas (ancas, joelho, ombro, quedas, etc.).

Portugueses e chineses já podem reabilitar-se em casa. Americanos também vão poder

Desde que arrancou, a Sword já passou por duas rondas de investimento, com dois grupos de business angels: uma de 150 mil euros em março de 2014 e uma de 250 mil euros em janeiro de 2015. O dinheiro serviu para desenvolver a aplicação móvel e para fazer testes pilotos, em centros de reabilitação e em casa dos pacientes, onde é suposto o software ser utilizado. “O foco tem de ser em casa, porque é onde o paciente quer estar”, sublinha o CEO da Sword.

Os testes foram feitos em Portugal e na China. Por cá, foi feito um piloto com 10 pacientes em casa, com “resultados promissores”, e, no centro Sword no Porto, a empresa já está a tratar 40 pacientes por dia.

A China foi um mercado que apareceu nos planos da Sword pelas suas características, no mínimo, peculiares: tem 13 mil terapeutas para 1,3 milhões de pacientes, ou um terapeuta para cada 100 mil pacientes. “Entrámos na China com um parceiro que tinha acabado de abrir lá um centro de terapia e que se deparou com esse problema: tinha pacientes, mas não tinha terapeutas”.

Em janeiro, a Sword chega também aos EUA, onde vai fazer três grandes testes piloto, com foco em casa dos pacientes.

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Iuan integra cabaz de moedas de referência

  • Lusa
  • 30 Setembro 2016

O iuan chinês faz sábado a sua entrada no conjunto das moedas de referência, ao lado do dólar e do euro, uma importante vitória para as autoridades de Pequim, que tentam o reconhecimento económico.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) tinha aprovado em novembro do ano passado a inclusão do iuan (moeda chinesa) no seu cabaz de moedas de reserva, do qual faziam parte até agora o dólar, o euro, a libra e o iene.

Quase um ano depois, a partir de sábado, a mudança entrará em vigor depois de um período de transição destinado a permitir a adaptação dos agentes dos mercados financeiros à decisão.

No fim de 2015, o banco central chinês saudou a decisão, vendo nela “o resultado do desenvolvimento económico e das reformas de abertura na China” e afirmando que permitiria “melhorar o sistema monetário internacional”, tornando os direitos de saque especiais do FMI mais representativos.

Esta alteração não deverá afetar a relação de forças a nível global, com a divisa norte-americana a ser a mais utilizada (41% das transações mundiais), à frente do euro (30,8%) e da libra (8,7%), de acordo com a empresa financeira Swift.

A carga simbólica é, no entanto, mais significativa. Há vários anos que Pequim tenta consolidar-se na posição de segunda potência económica mundial, tentando fazer do iuan uma moeda internacional, numa altura de abertura gradual do seu mercado.

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Amancio Ortega compra Torre Cepsa por 490 milhões

Dono da Zara volta a investir centenas de milhões em imobiliário. Operação é uma das mais importantes do sector em Espanha.

Amancio Ortega, o milionário e dono do império Inditex, fundador da Zara, comprou a Torre Cepsa em Madrid por 490 milhões de euros. O edifício é um dos quatro arranha-céus do complexo Cuatro Torres, no norte da cidade. O negócio, feito pela imobiliária de Ortega, Pontegadea, foi concretizado depois de o galego ter apresentado uma oferta de compra ao IPIC, o fundo estatal de Abu Dabi, dono da Cepsa, inquilina do edifício desde 2013. O edifício pertencia agora ao Bankia.

O negócio ter-se-á realizado em dois momentos, de acordo com o diário espanhol Cinco Días. Amancio Ortega compra assim mais um edifício emblemático da capital espanhola depois de, em 2011, ter desembolsado 400 milhões de euros para comprar a Torre Picasso, o número 32 da Gran Vía, em Madrid. Além de edifícios de Madrid, o dono da Inditex tem um largo património em edifícios de cidades como Londres, Paris, Nova Iorque e até Lisboa.

A venda da Torre Cepsa é considerada uma das operações chave do mercado imobiliário espanhol. O imóvel conta com uma superfície de mais de 109.000 metros quadrados de escritórios e quase 40 mil metros quadrados em cinco andares de garagens. Depois da compra, o edifício continuará a ser arrendado à Cepsa. A Pontegadea, a empresa imobiliária de Ortega, fechou 2015 com um volume total de ativos de 6.058 milhões de euros, quase mais 500 milhões do que no ano anterior.

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