Springwater quer comprar Campo Pequeno

  • ECO
  • 21 Setembro 2017

O presidente da empresa suíça quer que o Campo Pequeno integre o portefólio já em 2018. O valor da operação não é avançado.

A praça de touro do Campo Pequeno está na mira da Springwater Capital. A empresa suíça, dona das agências de viagens TopAtlântico e Geostar, quer comprar o edifício lisboeta, incluindo arena, a zona comercial e o parque de estacionamento.

Em declarações ao Jornal de Negócios (acesso pago), o CEO da empresa, Martin Gruschka, afirmou que “já registámos oficialmente o nosso interesse” no negócio, com o concurso para venda a ser lançado até ao final deste ano. O valor da operação não é avançado, mas o presidente garante que este fará parte do portefólio da empresa “já em 2018”.

"Acho que temos um bom ponto de partida, porque temos experiência a gerir uma arena de touros, a maior da Europa. É um ponto de experiência incomum.”

Martin Gruschka

Presidente da Springwater

A estratégia para a praça será focada na organização de eventos que sejam estes também atrativos para os turistas, sendo que a empresa já conta com uma praça de touros no seu portefólio, a Las Ventas, em Madrid. “Acho que temos um bom ponto de partida, porque temos experiência a gerir uma arena de touros, a maior da Europa. É um ponto de experiência incomum”, expressou Gruschka ao diário.

A Sociedade de Renovação do Campo Pequeno entrou em insolvência em 2014, mas desde então já terá sido alvo de interesse de várias empresas estrangeiras. A concretizar-se o negócio, a Springwater ficará com um pavilhão multiusos que recebe cerca de 3.5 milhões de visitantes por ano, somando vendas anuais de 2,6 milhões de euros entre centro comercial e estacionamento.

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Ministério Público ainda não autorizou venda da Comporta

  • ECO
  • 21 Setembro 2017

O empresário Pedro Almeida ficou com 59% do fundo de investimento que gere os projetos turísticos e imobiliários da Comporta, mas a operação ainda está dependente de várias autorizações.

A venda da Herdade da Comporta ao empresário Pedro Almeida ainda está dependente da autorização do Ministério Público. Ao Jornal de Negócios (acesso pago), fonte da Procuradoria-Geral da República diz que “o Ministério Público ainda não se pronunciou sobre a autorização” desta venda.

Pedro Almeida fechou a compra do Herdade da Comporta — Fundo Especial de Investimento Imobiliário Fechado (FEIFF), o fundo de investimento que gere os projetos turísticos e imobiliários daquela zona, em julho, ficando com 59,09% do fundo. O empresário pretende comprar também as posições detidas pelo Novo Banco (15%) e pelos investidores minoritários (26%). E vai ainda apresentar uma proposta para comprar também a parte agrícola da Comporta. O objetivo é transformar a herdade num resort “exclusivo e altamente atrativo para o mercado internacional”.

Contudo, a operação está ainda dependente da aprovação por parte das autoridades de Portugal e da Suíça. Isto porque a Herdade da Comporta é um dos ativos que foram alvo de arresto para ressarcir lesados do Grupo Espírito Santo (GES). As autoridades do Luxemburgo (que estão a tratar do processo de insolvência da Rioforte, a holding do GES que detinha a Comporta já deram luz verde à operação.

Falta ainda a aprovação da Caixa Geral de Depósitos (CGD), junto de quem o FEIIF tem uma dívida de 110,5 milhões de euros, que está em incumprimento.

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Já se vota nas autárquicas. Voto antecipado termina dia 26

  • Lusa
  • 21 Setembro 2017

O período de votação antecipada nas eleições autárquicas para militares, bombeiros e trabalhadores arranca hoje. Termina na terça-feira.

O período de votação antecipada nas eleições autárquicas para militares, bombeiros e trabalhadores abrangidos pela lei que não possam ir votar presencialmente a 1 de outubro decorre entre hoje e terça-feira.

Também hoje termina o prazo de votação antecipada para estudantes, presos e doentes hospitalizados que requereram voto antecipado ao presidente da Câmara da área de recenseamento.

Entre hoje e terça-feira podem votar antecipadamente os militares, agentes de forças e serviços de segurança interna, os bombeiros e os agentes da proteção civil que no dia da eleição estejam impedidos de se deslocar à assembleia de voto por imperativo inadiável de exercício das suas funções no país ou no estrangeiro.

Os membros de delegações oficiais do Estado que, por deslocação ao estrangeiro em representação do país, se encontrem impedidos de se deslocar à assembleia de voto no dia da eleição e os representantes de seleções nacionais organizadas por federações desportivas que se encontrem no estrangeiro oficialmente em competições no dia da eleição também podem votar antecipadamente a partir de hoje.

A lei prevê ainda que os trabalhadores marítimos e aeronáuticos, bem como ferroviários e rodoviários de longo curso que, presumivelmente, se encontrem no dia da eleição no estrangeiro podem também votar até terça-feira, assim como os eleitores que, por imperativo das suas funções profissionais, como a representação de um sindicato ou de uma misericórdia ou instituto público, não possam votar no dia 01 de outubro presencialmente.

Para votar, nestes casos, os eleitores têm de se dirigir entre hoje e terça-feira ao presidente da câmara da área de recenseamento respetiva com um comprovativo do impedimento, como um documento assinado pelo seu superior hierárquico ou pela entidade patronal.

Os estudantes inscritos em instituições de ensino situados em distrito, região autónoma ou ilha diferentes daqueles por onde se encontram inscritos no recenseamento eleitoral, os reclusos não privados de direitos políticos e os doentes internados e presumivelmente impossibilitados de se deslocarem a votar têm até hoje para o fazer, caso tenham pedido voto antecipado até ao vigésimo dia anterior ao da eleição.

No caso dos estudantes que requereram voto antecipado têm de o fazer em frente ao presidente da Câmara. Quanto aos reclusos e aos doentes hospitalizados, será um representante da autarquia a deslocar-se à prisão ou ao hospital para recolher os votos.

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Teresa Leal Coelho defende que obras em Lisboa devem garantir mais estacionamento

  • Lusa
  • 21 Setembro 2017

Teresa Leal Coelho diz que “é preciso é que as obras garantam aquilo que os cidadãos precisam”. Os "cidadãos precisam de estacionamento em Lisboa".

A candidata do PSD à presidência da Câmara de Lisboa, Teresa Leal Coelho, defendeu que as obras na cidade devem garantir “aquilo que os cidadãos precisam”, que na sua opinião passa por mais estacionamento.

Numa ação de campanha que decorreu na freguesia do Lumiar, Teresa Leal Coelho disse aos jornalistas que “é preciso é que as obras garantam aquilo que os cidadãos precisam”.

“E os cidadãos precisam de estacionamento em Lisboa. E aquilo que tem acontecido com estas obras é retirar estacionamento em Lisboa. E por outro lado há obras que são feitas em simultâneo e o facto de serem feitas em simultâneo também prejudica o quotidiano das pessoas”, apontou.

Na sua opinião, muitas destas intervenções justificam-se com as eleições autárquicas. “Não tenho dúvida nenhuma sobre isso, porque foram lançadas há pouco tempo muitas delas”, acrescentou.

"E os cidadãos precisam de estacionamento em Lisboa. E aquilo que tem acontecido com estas obras é retirar estacionamento em Lisboa. E por outro lado há obras que são feitas em simultâneo e o facto de serem feitas em simultâneo também prejudica o quotidiano das pessoas.”

Teresa Leal Coelho

Candidata do PSD à Câmara de Lisboa

Falando aos jornalistas perto da sede da Empresa Municipal de Mobilidade e Estacionamento de Lisboa (EMEL), a candidata social-democrata considerou que a freguesia do Lumiar “sofre também com o estacionamento”.

“A EMEL não está ainda nesta zona, mas vai vir e as pessoas já sentem enorme dificuldade em estacionar o carro quando vêm”, elencou.

Teresa Leal Coelho afirmou também que os lisboetas e residentes na capital “têm toda a razão por estarem cansados, por estarem fartos de tanto trânsito, de tanta dificuldade para estacionar o carro em Lisboa”.

Por isso, apontou, “é preciso não retirar lugares de estacionamento” nem “é preciso fazer guerra ao carro”.

“Nós achamos que as pessoas devem circular na cidade de Lisboa como bem entenderem, de automóvel ou de transportes públicos”, referiu.

Assim, acrescentou, é preciso que a cidade esteja dotada de “parques dissuasores à entrada da cidade”, “transportes públicos de qualidade e estacionamento”, seja em silos, estacionamento subterrâneo, ou à superfície.

A candidata percorreu a Alameda das Linhas de Torres, onde cumprimentou alguns transeuntes de várias idades. Apesar de alguns já a conhecerem, outros fitavam-na com olhar desconfiado.

Ao seu lado seguia a candidata à Junta de Freguesia do Lumiar, e atrás de si alguns elementos da Juventude Social-Democrata (JSD) gritavam: “Teresa, Teresa, Teresa”, “vai em frente tens aqui a tua gente”, “e salta Teresa, e salta Teresa, olé”.

Nas eleições de 1 de outubro concorrem em Lisboa Assunção Cristas (CDS-PP/MPT/PPM), João Ferreira (CDU), Ricardo Robles (BE), Teresa Leal Coelho (PSD), o atual presidente, Fernando Medina (PS), Inês Sousa Real (PAN), Joana Amaral Dias (Nós, Cidadãos!), Carlos Teixeira (PDR/JPP), António Arruda (PURP), José Pinto-Coelho (PNR), Amândio Madaleno (PTP) e Luís Júdice (PCTP-MRPP).

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5 coisas que tem de saber antes de abrirem os mercados

  • Marta Santos Silva
  • 21 Setembro 2017

Ficamos a saber quanto se endividou a economia portuguesa, o que prevê o BCE para a economia europeia e quais os hábitos de transportes dos portugueses.

É uma quinta-feira animada para quem acompanha as previsões da economia mundial. O Banco Central Europeu divulga o boletim económico que está na base das suas decisões monetárias, Draghi fala, em Frankfurt, na abertura de uma conferência do Conselho Europeu de Risco Sistémico, e também há novidades do Banco do Japão (BOJ) que deve manter a mesma política.

Banco de Portugal revela endividamento da economia

Mais uma estatística do Banco de Portugal para conhecer melhor a economia portuguesa: o banco central revela informação sobre Certificados e endividamento da economia. No mês de agosto, o endividamento atingiu um novo máximo, numa tendência de subida que já se registava.

O português vai de metro ou autocarro?

Quem andou mais de metro, de autocarro, de comboio? Como estão a mudar os hábitos dos portugueses? O Instituto Nacional de Estatística (INE) responde ao divulgar esta quinta-feira os dados relativos à atividade dos transportes no segundo trimestre de 2017, que ajudam a perceber melhor como é que os portugueses se deslocam e quais as tendências de mudança.

Draghi abre conferência de Risco Sistémico

É o governador do Banco Central Europeu (BCE) quem vai abrir a conferência anual do Conselho Europeu de Risco Sistémico, em Frankfurt, esta quinta-feira. Às suas declarações seguir-se-ão também, por exemplo, as do vice-presidente do BCE Vítor Constâncio e também do Comissário Europeu Valdis Dombrovskis. A conferência começa às 15h30, hora alemã.

BCE apresenta o boletim económico

O Banco Central Europeu apresenta esta quinta-feira, também em Frankfurt, o seu boletim económico. O boletim, que costumava ser mensal mas é agora publicado oito vezes por ano, serve para mostrar qual a base económica das decisões tomadas. O boletim de setembro, como os de março, junho e dezembro, analisa mais a fundo as projeções macroeconómicas que se anteveem.

A política monetária do Japão mantém-se?

O BOJ anuncia esta quinta-feira a sua decisão de política monetária mais recente, mas os especialistas não esperam que haja grandes novidades — as taxas de juro deverão manter-se próximas das atuais, já que os objetivos estão lentamente a ser cumpridos. O governador do Banco Central, Haruhiko Kuroda, fará uma conferência de imprensa.

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Soares dos Santos: “Se não fosse português, não investia aqui”

O líder do grupo Jerónimo Martins foi o primeiro convidado do ECO24. Reconhece o trabalho do governo de Costa, mas quer mais iniciativa privada. E afirma que o que se passa na Autoeuropa é grave.

Alexandre Soares dos Santos vê com bons olhos o papel que o atual Governo tem assumido na condução do país, e elogia o trabalho feito pelo ministro das Finanças, Mário Centeno, mas diz que a ação do Estado na economia está a ser feita à custa dos lucros das empresas. Na entrevista que marca o arranque do ECO24, parceria entre o ECO e a TVI24, o “patrão” da Jerónimo Martins diz mesmo que, se não fosse português, não investiria em Portugal.

“Avalio a quadratura do circulo à custa do lucro reduzido das empresas. Estamos sobrecarregados com impostos de toda a espécie. Fala-se muito no IRC, mas há todas as outras taxas. Em condições normais, não fosse eu português, não fazia sentido termos um investimento no Pingo Doce”, afirmou Alexandre Soares dos Santos.

Os bastidores da entrevista a Alexandre Soares dos Santos, que marca o arranque do ECO24.Paula Nunes / ECO 20 setembro, 2017

O empresário diz que em resultado dos impostos que são cobrados em Portugal, o lucro da empresa de distribuição “é baixíssimo”. “Trabalhámos com uma margem baixíssima, porque há concorrência, há uma crise no bolso das pessoas e não temos crescimento. O nosso crescimento é de 2% ao ano. Isso não é nada. Não cobre o aumento de custos e os aumentos salariais”, acrescenta neste âmbito.

Alexandre Soares dos Santos salienta que a Polónia e a Colômbia, onde a Jerónimo Martins está presente, tem ajudado a empresa a resolver esse tipo de dificuldades. “Não crescendo, fico com uma equipa de management sem promoção. A única coisa que nos tem ajudado é a Polónia e a Colômbia, para onde temos transferido o nosso pessoal. Não vejo oportunidades em Portugal, isto no meu campo de consumer goods“, complementa o dono da retalhista Pingo Doce.

Mas apesar das dificuldades, Alexandre Soares dos Santos assegura que a ambição da Jerónimo Martins é continuar no negócio da distribuição, apesar de não descartar a possibilidade de a estratégia se poder alterar no futuro. “Nos próximos dez anos não [possibilidade de deixar a distribuição], mas não sei se no próximo país onde entrarmos se não será noutra área“,desabafa o empresário.

Não podemos continuar no stop and go

Relativamente à atual situação do país, o líder histórico da Jerónimo Martins diz que o balanço é positivo. “Neste momento, as coisas estão a correr francamente melhor: o défice foi reduzido, há crescimento económico. Portanto, estamos todos felizes”, diz. No entanto, salienta que tal faz parte da “economia portuguesa do stop and go“. “Para crescer e criarmos investimento, e podermos criar emprego, temos de ter um consenso sobre que país queremos. Não podemos continuar no stop and go. As empresas não aceitam mais isso”, desafia, apelando à necessidade de serem criados consensos e de um plano que seja “rigorosamente cumprido”.

"Para crescer e criarmos investimento, e podermos criar emprego, temos de ter um consenso sobre que país queremos. Não podemos continuar no stop and go. As empresas não aceitam mais isso.”

Alexandre Soares dos Santos

Ainda assim, relativamente à ação governativa, o empresário diz que o balanço é positivo. “Acho que o governo tem dado conta do recado na medida em que tem continuado aquilo que já tinha começado antes [no governo de Passos Coelho], que é reduzir o défice e reduzir o desemprego. No início, disse que tinha algumas dúvidas sobre o ministro das Finanças, mas não há dúvida que fizeram um muito bom trabalho”, refere a esse propósito.

Apesar disso, Alexandre Soares dos Santos defende que a austeridade não deve acabar. “Acho que Portugal está e tem de continuar no bom caminho. Tem de continuar, e não dizer amanhã se vier uma maioria absoluta, ou um novo governo, “toca a gastar”. Não podemos sair do clima de austeridade. Temos de continuar, mas uma austeridade diferente”, refere. Neste âmbito, o empresário apela a que sejam dados mais incentivos à iniciativa privada. “Temos de incentivar cada vez mais a iniciativa privada. Não há relatório nenhum feito sobre empresas privadas que não demonstrem que são as empresas familiares que fazem crescer o país. São elas que criam emprego, que pagam mais impostos”, comenta.

Relativamente à remuneração dos trabalhadores, e apesar de dizer ser a favor de um salário mínimo muito mais alto, o empresário diz que deve haver limites nesse âmbito. “Não podemos andar permanentemente a subir o salário mínimo e a desajustar cada vez mais a classe média”, refere. “Sou a favor de um salário mínimo muito mais alto, porque as pessoas têm de viver com dignidade, mas isso impõe também uma maior responsabilidade. Em Portugal, a taxa de absentismo na maior parte das empresas é enorme“, afirma.

AutoEuropa é muito grave

Relativamente aquelas que considera deveriam ser as prioridades em Portugal, o “patrão” diz que deveriam passar por apostar nos serviços e no turismo e em tentar trazer holdings para o país. Relativamente à presença de empresas em Portugal, Soares dos Santos, mostra-se preocupado com a situação da AutoEuropa.

“É muito grave. E não me surpreenderia que a Volkswagen, que tem hoje problemas grandes de caixa, desistisse do investimento em Portugal. Ou resolvem o problema rapidamente, e como os alemães querem, ou temos o risco de ver a produção passar-se para a Polónia, para a Itália ou para outro país. Isso não está a ser levado a sério. As pessoas têm de perceber que, se querem investimento, também temos de flexibilidade”, remata a este propósito.

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Execução dos fundos em alerta vermelho. Governo desdramatiza

A 31 de dezembro, Portugal tem de ter despesa validada pelas autoridades de gestão e certificada por Bruxelas no valor de 3,56 mil milhões de euros. O Governo diz que só faltam 132 milhões.

Portugal ainda tem de certificar junto de Bruxelas 132 milhões de euros de despesas do Portugal 2020, para não perder verbas do atual quadro comunitário. De acordo com o Público (acesso condicionado) em risco podem estar 1,7 mil milhões de euros. No entanto, o secretário de Estado do Desenvolvimento garantiu esta quarta-feira que até ao final do ano será certificada a despesa em falta, pelo que Portugal não perderá “um único euro” de dinheiro comunitário.

“A meta que temos de cumprir este ano de 2017 é de cerca de 2,8 mil milhões de euros e globalmente o valor até está ultrapassado. O que sucede é que as regras obrigam a fazer também o apuramento por programa operacional e, dentro do programa, por fundo [comunitário]. Por fundo, existe ainda 5% que neste momento falta cumprir, mas ainda temos quase quatro meses à frente”, afirmou à Lusa Nelson de Souza, numa reação à notícia avançada esta quarta-feira pelo Público. No entanto não especificou quais os programas e fundos em que ainda falta certificar despesa.

O Público noticia que Portugal arrisca perder 1,7 mil milhões de euros em fundos comunitários por falta de execução, usando por base os dados públicos da execução do Portugal 2020 referentes a 30 junho de 2017. De acordo com as regras comunitárias, neste período de programação financeira, os países têm três anos para certificar as despesas em Bruxelas — e não dois como acontecia no quadro anterior, uma alteração que resultou dos atrasos nas negociações a nível comunitário e que ditaram que, em 2014, muito poucos países tinham aprovados os acordos de parceria e os respetivos programas operacionais. Portugal foi um deles. Para compensar até 2020 todos os Estados membros têm três anos para executar.

Assim, a 31 de dezembro de 2017, Portugal tem de ter despesa validada pelas autoridades de gestão e certificada por Bruxelas no valor de 3,56 mil milhões de euros. Um valor que resulta da divisão da dotação de fundos comunitários que Portugal tem para usufruir até 2020 pelos sete anos do quadro. Este exercício tem de ser feito para cada Programa Operacional, mas também por cada fundo financiador (Fundo Social Europeu, Feder ou Fundo de Coesão). E as diferenças que surgem entre os valores avançados pelo Público e os agora revelados pelo Executivo resultam não só do momento de comparação — Nelson Souza faz a avaliação usando já dados de 31 de agosto — mas também da metodologia usada.

De acordo com fonte oficial do gabinete do secretário de Estado, nas contas além da despesa certificada por Bruxelas, devem ser contabilizados também as verbas referentes aos adiantamentos feitos aos promotores (o dinheiro que se avança à cabeça antes mesmo de serem apresentadas quaisquer faturas), mas também a reserva de desempenho. “De acordo com o regulamento comunitário, a meta N+3 para 2017 obtém-se a partir do orçamento de 2014, deduzido da reserva de desempenho. No apuramento da execução, para além dos PPI apresentados à Comissão, são igualmente tidos em conta os pré-financiamentos atribuídos pela Comissão Europeia”, explicita fonte oficial.

Esta nuance faz toda a diferença porque baixa a fasquia para 132 milhões de euros a certificar até ao final do ano.

Fórmula de cálculo à parte, tem sido feito um esforço para aumentar a execução. Com dados referentes ao final de junho (sem ter em conta os adiantamentos) estariam em risco 1,7 mil milhões, mas no final de julho, segundo os dados a que o ECO teve acesso, esse valor baixa para 1,45 mil milhões de euros, ou seja, no espaço de um mês foram certificados cerca de 300 milhões de euros.

Se Portugal não conseguir que Bruxelas valide os 3,56 mil milhões referentes à anuidade de 2014, então perde o dinheiro que faltar. É aliás esse dinheiro que ajuda alimentar o Orçamento da União Europeia. São muitos os países que têm dificuldades de execução. O problema é que Portugal nunca teve de devolver dinheiro destes três fundos (Feder, FSE e Coesão). No passado, as devoluções foram sempre feitas ao nível dos fundos para a agricultura e para as pescas. Politicamente seria um golpe para o Executivo ter de devolver verbas a Bruxelas que a direita não deixaria de explorar.

O problema reside no facto de o exercício ter de ser feito para os diferentes programas operacionais, mas também para os fundos financiadores (cada PO pode ser financiados por vários fundos). Assim, o Executivo pode vir a ser obrigado a fazer “algumas habilidades administrativas” em termos de certificação de despesa, explicou ao ECO fonte conhecedora dos dossiers.

Gestores em alerta

Mas antes de recorrer a soluções mais radicais, o Executivo lançou um alerta aos gestores dos vários programas operacionais. Aproveitando a reunião realizada em Santarém, a semana passada, para discutir o pós-Portugal 2020, o ministro do Planeamento e Infraestruturas, Pedro Marques, que tem a tutela dos fundos comunitários, chamou a atenção dos gestores para a necessidade de acelerar a execução dos fundos.

Desde o início do verão que o Executivo começou a manifestar sinais de preocupação face aos baixos níveis de execução do Portugal 2020. Recorde-se que no próprio encontro anual dos fundos, em Coimbra, o secretário de Estado Nelson Souza, perante uma plateia repleta com “a máquina” dos fundos lançou a ideia de penalizar atrasos na execução dos fundos. Depois do esforço de aumentar as taxas de aprovação das candidaturas (taxa de compromisso) agora a fase seguinte é acelerar a execução — um esforço no qual se inseriu por exemplo a criação do acelerador de investimento, que visou ajudar a colmatar a quebra do investimento registada em 2016.

Tal como o ECO avançou, o Executivo tem previsto enviar cartas para todos os promotores — públicos e privados — que estejam a derrapar nos prazos de execução do projetos. Para já, a ordem foi os gestores olharem para as suas carteiras de projetos e tentar acelerar. O ECO apurou, junto de várias fontes, que desde a primeira de setembro está a ser feito um levantamento do ponto de situação de todos os projetos e os respetivos promotores a ser chamados para perceber as razões dos atrasos e tentar desbloquear as situações possíveis.

Mas quando não é possível os projetos são convidados a fazer uma reprogramação financeira. É o caso do Museu de Bragança da Língua portuguesa que entrou em incumprimento ao não fazer o primeiro pedido de pagamento de verbas seis meses depois da assinatura do chamado “termo de aceitação”. O financiamento comunitário foi oficializado há mais de um ano, em junho de 2016, e o Museu ainda não tem projeto. Em causa está financiamento comunitário de 6,5 milhões de euros, avançou a atividade gestora à Lusa, a semana passada.

Situação preocupante

Apesar de o Executivo garantir que está tudo sob controlo há quem veja sinais preocupantes. É o caso do ex-presidente da Agência da Coesão, José Soeiro. “A situação é preocupante”, disse ao ECO. “Estamos a três ou quatro meses de atingir a meta e nunca estivemos tão longe de atingir a meta de execução mínima anual. Não tenho memória de alguma vez ter estado tão atrasado”, disse o responsável que trabalhou toda uma vida em torno dos fundos comunitários.

Estamos a três ou quatro meses de atingir a meta e nunca estivemos tão longe de atingir a meta de execução mínima anual. Não tenho memória de alguma vez ter estado tão atrasado.

José Soeiro

Ex-presidente da AdC

Ainda assim, José Soeiro considera que a situação “é reversível” e “pode ser corrigido, a ponto de evitar perda de fundos”. “Seria a primeira vez”, lembra.

O secretário de Estado do Desenvolvimento e Coesão, em declarações à Lusa, defende que “olhando para números, está tudo de acordo com o programado e a cumprir integralmente em todos os programas os compromissos de execução”. “Não ficaremos sem um único euro ou cêntimo de fundos estruturais”, afirmou.

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Economistas à esquerda pedem cautela na descida de impostos

  • Margarida Peixoto
  • 20 Setembro 2017

Um estudo do Institute of Public Policy propõe um corte mais lento do défice e acréscimos de despesa para a Função Pública e os serviços. Mas mesmo assim é preciso fazer escolhas, avisa.

Ricardo Cabral, Paulo Trigo Pereira, Joana Andrade Vicente e Luís Teles Morais são os autores do estudo que propõe uma alternativa ao previsto no Programa de Estabilidade, mas mantendo a redução do défice e da dívida.Paula Nunes / ECO 20 setembro, 2017

O ritmo de consolidação orçamental previsto no atual Programa de Estabilidade (PE) não é “desejável,” não é “exequível” e pode “pôr em causa a coesão social,” defende um estudo do Institute of Public Policies, assinado por quatro investigadores, entre os quais o deputado do PS Paulo Trigo Pereira. Contudo, um alívio significativamente maior dos impostos face ao que está assumido pelo Executivo socialista para 2018 só é possível à custa de cortes nas despesas com pessoal, prestações sociais, ou serviços públicos, avisam os investigadores.

O documento (numa versão ainda preliminar) aparece em pleno período de negociações para o Orçamento do Estado para 2018, que será entregue pelo ministro das Finanças, Mário Centeno, a 13 de outubro. O debate público tem sido marcado pela margem orçamental que existe (ou a falta dela) para descer o IRS, descongelar as carreiras da Função Pública e integrar nos quadros os precários. O Governo tem frisado que não é possível assumir um custo superior a 200 milhões de euros com essa medida — que deve ficar concentrada nos contribuintes com mais baixos rendimentos — mas a esquerda tem argumentado que é possível ir mais longe e aliviar o esforço exigido à classe média.

Perante este debate, os autores do estudo Estratégias Orçamentais 2017-2021: as opções de política (para além de Trigo Pereira, o trabalho é assinado pelo economista Ricardo Cabral e os investigadores Luís Teles Morais e Joana Andrade Vicente) encontram um meio caminho.

Reduzir significativamente o esforço fiscal e melhorar o saldo orçamental só seria possível com uma redução da despesa pública em setores chave como a saúde ou educação, o que não nos parece desejável.

Estratégias Orçamentais 2017-2021: as opções de política

Institute of Public Policy

Primeiro, reconhecem que há uma margem orçamental acrescida que justifica uma revisão do Programa de Estabilidade e que permite aplicar uma política ligeiramente mais expansionista. Dito de outro modo, argumentam (e explicam porquê) que não é preciso reduzir tanto a despesa com está projetado por Mário Centeno.

Mas num segundo momento avisam que a margem é “pequena” e que obriga a tomar “opções.” Por exemplo: “Se se quer diminuir o nível de fiscalidade isso tem de ser feito à custa das prestações sociais, das despesas com pessoal ou dos consumos intermédios,” lê-se no documento. Ou “em relação à despesa com pessoal quer-se dar prioridade ao descongelamento das carreiras, à atualização salarial, ou ao emprego público,” questionam os autores. E respondem: “Não se afigura existir margem para os três simultaneamente.”

[Um esforço] excessivo significa que (…) a situação dos trabalhadores em funções públicas degradou-se de tal modo, e as expectativas de descongelamento de carreiras são tais, que uma política orçamental fortemente restritiva não seria socialmente aceite com facilidade.

Estratégias Orçamentais 2017-2021: as opções de política

Institute of Public Policy

Para deslaçar este nó, os autores propõem negociar o ritmo de consolidação orçamental com Bruxelas — baixando a exigência do Objetivo de Médio Prazo do atual excedente de 0,25% para um défice de 0,5% — e não cumprir o caminho previsto no PE, que consideram um esforço “excessivo”. E o que é “excessivo”? “Excessivo significa que consideramos que mesmo após os dois últimos anos de alguma reposição de rendimentos, a situação dos trabalhadores em funções públicas degradou-se de tal modo, e as expectativas de descongelamento de carreiras são tais, que uma política orçamental fortemente restritiva não seria socialmente aceite com facilidade,” respondem os peritos, no estudo.

O que é possível fazer diferente?

Na proposta do grupo de peritos, abordam-se as principais rubricas de receita e de despesa. Nos impostos é possível ir apenas ligeiramente mais longe no alívio e só de 2019 em diante. Nas despesas públicas defende-se que é possível manter uma tendência de redução do seu peso em percentagem do PIB, mas a um ritmo mais moderado.

Impostos

Os autores do estudo defendem que é possível baixar o IRS em 2018 ao nível do que já está assumido por Mário Centeno — os tais 200 milhões de euros de alívio, somados à eliminação definitiva da sobretaxa — e conceder alguma descida adicional em 2019, na ordem dos 100 milhões de euros.

No que toca ao IRC, propõem uma descida em 2020 e 2021 que pode ir até aos 350 milhões de euros no primeiro ano e 730 milhões no segundo.

Já o IVA só baixaria em 2021, no equivalente a 500 milhões de euros de receita a menos — o documento não concretiza um valor de taxa de IVA em concreto.

O gráfico seguinte mostra como evolui o peso das receitas fiscais e contributivas no PIB, no PE e de acordo com a proposta dos economistas:

Fonte: Programa de Estabilidade e Estudo IPP

Despesa com pessoal

O estudo avisa que não parece viável cumprir a contenção de gastos prevista pelo Governo, desde logo porque o número de funcionários públicos tem vindo a aumentar, em vez de cair, como estava previsto pelo Executivo, através da aplicação da chamada regra ‘2 por 1’ (apenas uma entrada por cada duas saídas). Além disso, os números do PE também não batem certo com a promessa de descongelamento de carreiras.

Por isso, a proposta dos investigadores é aumentar os gastos com pessoal face ao que está planeado pelo Governo, ainda em 2017, em 500 milhões de euros. Nos anos seguintes, assumem uma evolução salarial em linha com a inflação e um aumento progressivo dos gastos para acomodar o descongelamento de carreiras. Já o número de funcionários públicos deve ser mantido estável, com a aplicação de uma regra ‘1 por 1’, defendem.

Feitas as contas, a despesa com pessoal subiria 2,5% em termos nominais, um valor que ainda fica abaixo da previsão de crescimento nominal do PIB.

O gráfico seguinte mostra a evolução do peso das despesas com pessoal no PIB, de acordo com o PE e a proposta alternativa:

Fonte: Programa de Estabilidade e Estudo IPP

Consumo intermédio

Aqui os peritos dão destaque à área da Saúde, que consideram suborçamentada — uma avaliação que justificam com a subida da dívida a fornecedores dos hospitais empresa. Sugerem um gasto adicional de 350 milhões de euros já em 2017, através da libertação de cativações.

Este gasto adicional é projetado para os anos seguintes tendo em conta a inflação. Além disso, assumem um gasto extra entre 221 e 246 milhões de euros por ano, para reforçar os orçamentos dos serviços. Tudo somado, também esta rubrica deveria crescer a 2,5% ao ano, em termos nominais.

O gráfico seguinte mostra a evolução dos consumos intermédios no PIB, de acordo com o PE e a alternativa dos economistas:

Fonte: Programa de Estabilidade e Estudo IPP

Investimento

Segundo o relatório, o ajustamento orçamental tem sido feito no passado muito à custa da contenção do investimento público. Para os autores do estudo, esta estratégia deve ser interrompida, uma vez que “no curto prazo pode apoiar a retoma do investimento privado” e no longo prazo “pode aumentar o produto potencial e contribuir diretamente para o aumento da produtividade.”

Os acréscimos propostos para o investimento são de 206 milhões de euros em 2018 e vão subindo, até atingir um adicional de 779 milhões em 2021.

O gráfico seguinte mostra o valor do investimento previsto anualmente, em milhões de euros, no Programa de Estabilidade e nesta proposta alternativa:

Fonte: Programa de Estabilidade e Estudo IPP

Onde é que se vai buscar o dinheiro?

Há dois argumentos fundamentais que justificam a convicção dos quatro investigadores nesta proposta alternativa: primeiro, o cenário macroeconómico do atual PE já está desatualizado — a realidade revelou-se mais favorável, dizem. Segundo, assumem que é preciso negociar com a Comissão Europeia uma revisão do objetivo orçamental de médio prazo — a principal regra que restringe neste momento a política orçamental.

O objetivo é não só a melhoria dos serviços públicos, mas pôr a economia portuguesa a crescer sustentadamente, sobretudo crescer mais rapidamente do que a dívida pública.

Estratégias Orçamentais 2017-2021: as opções de política

Institute of Public Policy

Atualização do cenário macroeconómico

Os peritos partem de uma projeção do crescimento do PIB para 2017 de 2,6%, em vez dos 1,8% que ainda estão inscritos no PE. Daí em diante, assumem taxas de crescimento sempre superiores às projetadas pelo Governo, embora a diferença se vá esbatendo.

Fonte: Programa de Estabilidade e Estudo IPP

Esta evolução mais favorável explica-se tanto pelo ponto de partida de 2017 que está a ser assumido, como pelo impacto que os investigadores estimam que a menor contenção da despesa pode dar no crescimento. Na prática, o objetivo é fazer mais despesa pública, para ter também mais crescimento: “O objetivo é não só a melhoria dos serviços públicos, mas pôr a economia portuguesa a crescer sustentadamente, sobretudo crescer mais rapidamente do que a dívida pública,” lê-se no relatório.

Execução orçamental: margem de 732 milhões em 2017

O estudo apresenta uma estimativa atualizada das receitas e despesas púbicas em 2017. Ou seja, tem em conta o que se tem vindo a verificar na execução orçamental e assume essa “margem.” Para os autores, é possível (e em certa medida inevitável) gastar em termos líquidos mais 732 milhões de euros este ano, sem comprometer a meta do défice de 1,5% do PIB.

Esta “margem” adicional é consumida por 500 milhões de euros a mais do que o previsto em despesas com pessoal (uma vez mais, tem-se em conta que o número de funcionários públicos está a crescer e não a diminuir) e 352 milhões de euros de despesa de consumos intermédios que deve ser canalizada para a Saúde, defendem.

Ao mesmo tempo, contabilizam 250 milhões de euros de poupança em juros com o pagamento antecipado de dívida ao FMI e 130 milhões de euros de receita a menos obtida através dos dividendos do Banco de Portugal.

Efeito do programa do BCE

O documento defende que o PE não contabiliza o efeito nas contas públicas do programa alargado de compra de ativos do Banco Central Europeu. Este impacto advém tanto dos dividendos, como dos impostos sobre os lucros gerados pelo Banco de Portugal. Os autores estimam o impacto em 470 milhões de euros por ano de receita adicional nos cofres públicos.

Negociação com Bruxelas

Os quatro investigadores defendem que o atual Objetivo de Médio Prazo definido pela Comissão Europeia para Portugal é excessivamente exigente. Bruxelas diz que Portugal tem de atingir um excedente orçamental estrutural de 0,25% do PIB, o que obriga o país a consolidar em termos estruturais 0,6 pontos percentuais do PIB potencial por ano.

O resultado é um saldo primário em 2021 de 4,9%, “um excedente de aproximadamente 10.800 milhões de euros,” nota o documento.

Na versão proposta agora, assume-se que Portugal trabalharia para um objetivo de médio prazo de -0,5%, que é o valor inscrito no Tratado Orçamental. Neste cenário, há um ajustamento estrutural pequeno em 2018 e 2019, passando-se daí em diante para uma política neutral.

Desta forma, o saldo primário em 2021 passa para 3,6%, um objetivo que, mesmo assim é considerado “ambicioso e exigente” e em relação ao qual “seria eventualmente possível não ir tão longe.”

O que acontece ao défice e à dívida?

Nesta versão alternativa de Programa de Estabilidade, tanto o défice orçamental, como a dívida pública mantêm uma trajetória decrescente. Mas o défice cai mais devagar e os excedentes primários são mais pequenos. A consolidação orçamental estrutural mantém-se nos primeiros dois anos (numa dimensão pequena), mas desaparece nos seguintes, passando a política a ser neutral.

No gráfico seguinte comparam-se os saldos orçamentais e primários projetados no PE e pelos economistas do IPP (pode selecionar na legenda apenas os indicadores que pretende comparar):

Fonte: Programa de Estabilidade e Estudo IPP

Apesar de os défices nominais serem mais elevados, o peso da dívida pública no PIB continua a cair, porque se assume que a economia cresce mais. A projeção é que chegue a 2021 nos 110,2% do PIB, um valor ligeiramente abaixo dos 110,5% que os economistas acreditam que seria atingido se a estratégia do PE fosse seguida (embora no documento do Governo a meta inscrita seja de 109,4%).

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“Permanecem óbvias vulnerabilidades associadas às dívidas pública e externa”

  • Margarida Peixoto
  • 20 Setembro 2017

Não é possível satisfazer todas as reivindicações da função pública já em 2018, mesmo assumindo a viabilidade de uma negociação com Bruxelas para aligeirar o caminho de redução do défice.

Não dá para fazer tudo ao mesmo tempo, mas é possível negociar com Bruxelas uma margem orçamental para fazer mais. Esta é a mensagem fundamental dos quatro economistas autores do estudo Estratégias Orçamentais 2017-2021: as opções de política do Institute of Public Policy. Paulo Trigo Pereira, professor e deputado pelo PS, Ricardo Cabral, economista, e os investigadores Joana Andrade Vicente e Luís Teles Morais responderam por escrito a quatro questões colocadas pelo ECO.

À luz do estudo, é possível dar um alívio fiscal à classe média, sem comprometer a consolidação orçamental? É possível chegar à classe média?

O objetivo deste estudo é delimitar de forma rigorosa quais as opções de política orçamental até 2021, entre reforço de despesa e alivio fiscal. Nesse sentido apresentamos vários cenários de políticas. Num deles é possível algum alívio fiscal que cabe aos agentes políticos definir como direcionar.

Reforço de pessoal da função pública, descongelamento de carreiras e atualização salarial — é possível dar tudo em 2018?

A resposta é não. Contudo, consideramos necessário e exequível um maior reforço do que está previsto no PE apresentado pelo governo em abril.

O cenário macro está melhor, o rating melhorou, o défice está a descer. Estas são conquistas estruturais, ou há o risco de se perderem numa alteração de conjuntura?

Assumimos que existe uma determinação numa trajetória de consolidação orçamental por parte do governo e que o défice irá manter uma trajetória descendente. Porém, permanecem obvias vulnerabilidades associadas sobretudo aos pesos excessivos da dívida pública e externa do país.

O estudo defende a alteração do Objetivo de Médio Prazo (OMP) negociado com a Comissão Europeia. Qual é a razoabilidade de isto ser feito? Cumprimos os critérios para negociar um OMP menos exigente?

Aquilo que defendemos é a um alívio do ajustamento estrutural em relação ao OMP exigido até 2021. Quatro ministros das finanças europeus, entre os quais Mário Centeno, insistiram na necessidade da Comissão Europeu rever a utilização do conceito de saldo estrutural na orientação das políticas orçamentais. Defendemos que o Governo deve pugnar pela revisão da forma de cálculo do OMP de forma a que o objetivo para o saldo estrutural seja -0,5% do PIB como define o Tratado Orçamental. Acresce que o Governo deverá utilizar a flexibilidade existente nas regras orçamentais europeias.

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Fed sinaliza nova subida de juros. Wall Street fecha misto

Os três principais índices bolsistas norte-americanos fecharam sem rumo definido, depois de a entidade liderada por Janet Yellen ter assumido a intenção de subir os juros no final do ano.

A Fed não mexeu na taxa de juro, mas deu novamente sinais de que o irá fazer ainda este ano. Contudo, a instituição liderada por Janet Yellen revelou esta quarta-feira um objetivo claro: começar a reduzir o balanço de 4,5 biliões de dólares já no início do próximo mês. Wall Street reagiu sem rumo definido.

Tal como tinha acontecido na abertura da sessão desta quarta-feira, o Nasdaq foi o único a cair ao deslizar 0,08% para os 6.456,04 pontos. Uma das principais quedas no setor tecnológico foi a Apple que registou a maior desvalorização num mês. Em causa está o alerta dos analistas de que a procura pelo iPhone 8 tem sido “substancialmente menor” quando comparada com a dos modelos anteriores. Já o Dow Jones e o S&P 500 somaram ganhos: 0,19% para os 22.412,59 pontos e 0,06% para os 2.508,24 pontos, respetivamente.

A Reserva Federal dos Estados Unidos (Fed) decidiu manter a taxa de juro no nível atual esta quarta-feira, mas sinalizou que pretende avançar com o arranque da retirada dos estímulos económicos já no próximo mês de outubro. Mas o mercado deve contar com uma subida dos juros ainda em 2017, antecipam os responsáveis da Fed.

A Fed pretende começar a introduzir um limite ao montante a reinvestir (de 6.000 milhões de dólares por mês em títulos do Tesouro e de 4.000 milhões de dólares por mês em títulos hipotecários). Esses limites irão sendo trimestralmente incrementados até um máximo de 30.000 milhões de dólares em obrigações do Tesouro americanas e de 20.000 milhões de dólares em títulos hipotecários. Esse limite máximo deverá ser alcançado a partir de outubro do próximo ano.

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Rajoy incita catalães a abandonarem planos de referendo

Numa declaração a partir do Palácio de Moncloa, o primeiro-ministro espanhol disse "basta" ao governo catalão nas intenções de avançar com o referendo. "Cada violação terá resposta, que será firme".

O primeiro-ministro espanhol reafirmou, esta quarta-feira a noite, a ilegalidade do referendo e instou o governo catalão a parar com os atos ilegais e regressar à democracia.

“Incitei-os a dar como terminadas as suas ações ilegais, de abandonar os seus planos. Eles sabem que este referendo agora não pode ser levado a cabo”, afirmou Mariano Rajoy numa declaração institucional a partir do Palácio de Moncloa. “Nunca foi legal ou legítimo. Agora não é nada mais do que uma quimera impossível ou, o que ainda é pior, uma desculpa que alguns usam para aprofundar ainda mais as fraturas que criaram na sociedade catalã“, continuou o primeiro-ministro de Espanha.

Rajoy incitou assim Carles Puigdemont, presidente da Generalitat, que renuncie “à escalada de radicalismo e desobediência“, alertando que “estão a tempo de evitar males maiores”. Dirigindo-se aos independentistas, disse ainda que deixem “que os catalães possam fazer a sua vida em paz, sem pressões nem disputas”.

“Não continuem. Não têm nenhuma legitimidade. Regressem à democracia”, apelou Rajoy dirigindo-se ao Governo catalão, referindo que o movimento independentista não tem “qualquer apoio internacional” ou “amparo jurídico”.

Pelo menos 14 dirigentes do governo catalão envolvidos na organização do referendo à independência foram detidos pela Guarda Civil espanhola nesta quarta-feira, numa operação levada a cabo com o objetivo de travar a realização do referendo sobre a independência da Catalunha, marcado para o dia 1 de outubro.

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Costa quer língua portuguesa como língua oficial da ONU

António Costa falou perante as restantes nações da ONU. Aproveitou para relembrar a relevância da língua portuguesa, que acredita merecer o título de língua oficial das Nações Unidas.

No discurso desta quarta-feira na conferência anual das Nações Unidas, o primeiro-ministro português defendeu a adoção do português como língua oficial das Nações Unidas. Sugeriu ainda que o continente africano, Índia e Brasil se tornassem membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU. O compromisso nacional com as metas ambientais também saiu reforçado.

A adoção do português como língua oficial das Nações Unidas permanece um desígnio comum aos diferentes Estados da comunidade de países de língua portuguesa“, afirmou António Costa perante os restantes representantes dos Estados membros da ONU. O primeiro-ministro relembrou que até meados do século a língua portuguesa deverá ser falada por 400 milhões de pessoas, tornando-a um “instrumento de comunicação com dimensão global” que já foi elevado a língua oficial por outros organismos internacionais.

Para além da questão da língua, o primeiro-ministro pronunciou-se acerca da composição do Conselho de Segurança da ONU, o qual acredita que beneficiaria de uma “acrescida representatividade”, nomeadamente, incluindo o Brasil, Índia e representantes do continente africano a título permanente. “O continente africano não pode deixar de ter uma presença permanente, e o Brasil e a Índia são dois exemplos incontornáveis de uma representação que urge necessária”, declarou.

 

O compromisso com as metas ambientais, em particular no que toca à preservação dos oceanos, foi outro dos pontos em destaque no discurso do primeiro-ministro. Segundo António Costa, “Portugal cumprirá o compromisso de reduzir, até 2030, 40% das emissões de gases de efeito de estufa“, colocando-os de volta em valores de 1990, tal como ficou acordado em Paris em 2015. Costa aproveitou ainda para sublinhar a disponibilidade do país para receber a segunda Conferência das Nações Unidas dedicada à conservação e à exploração sustentável dos Oceanos, com data marcada para 2020.

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