Finanças: “FMI salienta avanços registados por Portugal”

O ministério de Mário Centeno considera que o Fundo Monetário Internacional reconhece os progressos feitos em Portugal e diz que vai continuar "empenhado em consolidar os resultados obtidos".

O Fundo Monetário Internacional (FMI) publicou, esta sexta-feira, o mais recente relatório referente à avaliação à economia portuguesa, onde, apesar das críticas, reconhece os progressos “notáveis” feitos por Portugal. O Ministério das Finanças já reagiu a esta avaliação e salienta as revisões em alta que o fundo fez para a evolução da economia nacional.

O FMI salienta os avanços registados por Portugal ao longo do último ano. Esta avaliação representa uma evolução positiva da análise do Fundo, visível no expressivo crescimento económico previsto para 2017: 2,5%, uma revisão em alta, partindo dos 1,3% previstos no último relatório de fevereiro. Para 2018, a previsão foi agora revista para 2%, sendo anteriormente de 1,2%”, escreve o ministério de Mário Centeno.

O Ministério das Finanças sublinha ainda que “o FMI reconhece a composição diversificada deste crescimento, assente no investimento privado e nas exportações, resultado da melhoria das condições de crédito e do aumento da competitividade dos bens e serviços portugueses”.

O FMI reconhece, de facto, os progressos conseguidos em Portugal, mas alerta também que os riscos para o crescimento e a sustentabilidade das finanças públicas permanecem no médio prazo. “O desafio político de médio prazo continua a ser quebrar o ciclo vicioso entre bancos fracos, malparado elevado e fraco investimento que continua a limitar o crescimento de médio prazo“, lê-se no relatório feito ao abrigo do Artigo IV.

Ainda assim, o Ministério das Finanças salienta “a importância das políticas implementadas para ultrapassar as deficiências estruturais não resolvidas durante o Programa de Assistência Económica e Financeira”. E considera que o FMI reconhece “que o aumento da estabilidade e da confiança no setor financeiro e a melhoria dos níveis de confiança na economia, conseguidos ao longo do último ano, são cruciais para o atual crescimento económico”.

Especificamente sobre o setor financeiro, o FMI admite que os bancos portugueses têm feito progressos nos últimos seis meses para atrair novo capital, além de continuarem a fazer reformas e a reduzir os seus balanços, mas alerta para o peso que o crédito malparado continua a ter na rentabilidade.

O gabinete de Mário Centeno refere ainda que “permanecerá empenhado em consolidar os resultados até agora obtidos e em melhorar o potencial de desenvolvimento económico e social do país“.

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Revista de imprensa internacional

  • ECO
  • 15 Setembro 2017

Na Europa o clima é de tensão depois do míssil lançado pela Coreia do Norte. No Médio Oriente predomina o medo depois de mais um ataque suicida do Daesh que provocou mais de 50 mortos.

O mundo acordou em sobressalto depois da Coreia de Norte ter lançado mais um míssil sobre o Japão. O Conselho de Segurança das Nações Unidas marcou uma reunião de emergência para esta sexta-feira. Nos Estados Unidos, Trump visitou a Florida, onde o clima é de recuperação e solidariedade pelos estragos provocados pelo furacão Irma.

Financial Times

Coreia do Norte lança mais um míssil balístico sobre o Japão

O país liderado por Kim Jong-un lançou mais um míssil sobre o Japão, um dia depois de ter ameaçado reduzir os Estados Unidos “a cinzas e escuridão”. O míssil, lançado desde Sunan, no norte de Pyongyang, às 07h06 da manhã, hora local japonesa (21h06 em Lisboa), acabou por cair no Oceano Pacífico, a 2.200 quilómetros a leste de Cape Erimo. O lançamento desta sexta-feira foi o maior realizado pelo regime de Kim Jong-un, viajando 3.700 quilómetros, mais 800 quilómetros do que o anterior, em agosto. O Conselho de Segurança das Nações Unidas já marcou uma reunião de emergência para esta sexta-feira. O primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, classificou o lançamento como “totalmente inaceitável”. Veja a notícia completa aqui [acesso pago, conteúdo em inglês].

CincoDías

Governo espanhol vai assumir controlo financeiro da Catalunha

O Ministério das Finanças vai analisar no Conselho de Ministros um conjunto de medidas, para responder à mais recente desafio da Generalitat, que lançou uma espécie de insurgência económica esta quinta-feira, aumentando a autonomia fiscal da região e reduzindo a informação enviada ao Governo central. Mais especificamente, o Executivo anunciou que vai assumir o controlo financeiro da Catalunha. Leia a notícia completa aqui [acesso gratuito, conteúdo em espanhol].

Bloomberg

Deutsche Bank planeia fechar unidades de apoio à gestão de fortunas

O banco alemão pretende encerrar mais algumas unidades de apoio à gestão de fortunas até ao final de 2018, depois das unidades do Japão, na Austrália e na região nórdica. O objetivo é reduzir os custos e uniformizar o negócio. O Deutsche Bank planeia concentrar-se no seu crescimento de riqueza nos mercados de Hong Kong, Singapura, Estados Unidos e Suíça. Fabrizio Campelli, Global Head of Wealth Management, disse: “O custo da complexidade, em parte devido à regulação e ao ambiente controlado que queremos reforçar, aumentou significativamente e tornou-se muito alto” e que “para fazer isso de forma eficaz e eficiente” torna-se necessário escolher os países onde se concentrar. Veja a notícia na íntegra aqui [Conteúdo gratuito, acesso em inglês]

El País

Trump visita Flórida depois da passagem do furacão Irma

O Presidente norte-americano Donald Trump visitou esta quinta-feira o estado da Flórida, dias depois da passagem do furacão Irma que fez mais de trinta mortos só nos Estados Unidos. Trump escreveu no Twitter que “temos muito trabalho pela frente”. Depois de ter visitado os estados do Texas e Louisiana, o Chefe de Estado visitou um asilo, onde morreram oito idosos, na área metropolitana de Miami. Trump sublinhou a prioridade da restauração do sistema elétrico e elogiou o trabalho da Agência Federal de Gestão de Emergências (FEMA), da Guarda Nacional, do Exército e da Marinha, pelos seus esforços em diminuir o impacto do Irma. Veja a notícia na íntegra aqui [conteúdo gratuito, acesso em espanhol]

Reuters

Funcionárias da Google acusam a empresa de discriminação

A Google está a ser alvo de um processo por parte de três funcionárias que entraram com uma ação judicial esta quinta-feira, por alegada discriminação de salários e de promoções. O processo acontece numa altura em que a empresa de tecnologia enfrenta uma investigação pelo Departamento de Trabalho dos Estados Unidos, depois de uma auditoria em 2015 ter levantado suspeitas sobre lacunas salariais entre géneros. As arguidas, funcionárias na Califórnia, alegam que são desfavorecidas em termos salariais em relação aos colegas do sexo masculino, e que lhes são atribuídas funções que lhes dificultam as hipóteses de serem promovidas. A porta voz da Goole, Gina Scigliano, já negou as acusações e alegou que as decisões dos cargos são tomadas de forma a “garantir que não há discriminação de género”. Veja a notícia na íntegra aqui [conteúdo gratuito, acesso em inglês]

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As quatro soluções do FMI para ajudar as empresas a investir mais

FMI sugere uma nova alteração ao IRC. Em vez de as empresas deduzirem no imposto os juros da dívida que têm, deveriam deduzir parte dos capitais próprios.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) é muito claro: é preciso incentivar o investimento para aumentar o crescimento potencial da economia. E deixa quatro conselhos para remover os obstáculos aos investidores.

No relatório feito ao abrigo do Artigo IV, publicado esta sexta-feira, o Fundo considera que as reformas estruturais devem “focar-se nos constrangimentos que têm impactos negativos na perceção dos investidores sobre o clima de negócios” em Portugal. Em causa está a “rigidez do mercado laboral, um ambiente regulatório imprevisível e processos judiciais ineficientes”. Mas há mais. Uma consolidação orçamental “assente numa reforma duradoura da despesa”, “provavelmente”, admite o Fundo, ajudará a “reforçar a perceção dos investidores relativamente à previsibilidade do regime fiscal no horizonte do investimento”.

  • Dívida das empresas

Mas apesar de defender previsibilidade fiscal, é o próprio FMI que sugere uma nova alteração ao IRC. Em vez de as empresas deduzirem no imposto os juros da dívida que têm, deveriam poder deduzir os capitais próprios. A ideia surge no âmbito do combate aos empréstimos malparados e do esforço de capitalização das empresas. O Fundo defende que “são necessárias reformas de corporate governance para encorajar as empresas a reter mais ganhos e injetar mais liquidez nos seus balanços“. Isto porque a desalavancagem do setor empresarial continua em “ritmo lento”. A resolução do malparado ajuda a reduzir as provisões, “não chega”, garante o FMI.

O elevado nível de incumprimento das empresas junto da banca prejudica as próprias empresas porque o ritmo lento com que os bancos estão a limpar os seus balanços “provavelmente vai limitar a sua capacidade de financiar o crescimento futuro”. “A incapacidade do sistema bancário de dar crédito para financiar o investimento poderá restringir a capacidade das empresas para manterem o nível de investimento necessário para sustentar a retoma” num cenário de “aumento dos custos do trabalho e queda dos lucros”.

  • Eficiência do sistema judicial

A recomendação não é nova e consta de todos os relatórios de instituições que avaliam a atratividade da economia nacional. O FMI volta a bater na mesma tecla e, apesar de reconhecer que foram feitos progressos, reitera que “os atrasos frequentes” e as “fracas compensações continuam a desencorajar os credores a iniciar processos” que levem à liquidação das empresas ou simplesmente para obrigar ao cumprimento de um contrato.

O FMI sugeriu, por isso, às autoridades nacionais para encomendarem um estudo aprofundado, independente, sobre a eficiência do sistema judicial para fazer “uma avaliação exata da realidade no terreno”.

As alterações introduzidas no âmbito do programa Capitalizar, nomeadamente as alterações ao Código Comercial, mas também do Processo Especial de Revitalização, merecem um elogio do FMI, que considera tratar-se um “um passo bem-vindo para melhorar a eficiência do setor judicial e ajudar à desalavancagem do setor empresarial”.

  • Reduzir pagamentos em atraso

Mais um aviso recorrente nos vários relatórios do FMI. A palavra arrears quase entrou no léxico nacional durante o período da troika. O programa de ajustamento financeiro acabou, mas o problema persiste e até se agravou no início deste ano, em especial no setor da saúde., com um aumento de 0,1% do PIB no final de junho. “As autoridades devem implementar uma estratégia mais agressiva para evitar novos atrasos no setor hospitalar”. E como? O Fundo responde. “Revendo a política orçamental, atacando as ineficiências e fortalecendo o controlo dos compromissos”. Mas o problema não é exclusivo do setor da saúde. O FMI lembra que “a falta de disciplina nos pagamentos do Estado tem sido identificada pelas empresas como um travão a novos projetos, já que ficam com os recursos empatados durante um elevado período de tempo“. Recorde-se que no final de 2016, os pagamentos em atraso equivaliam a 0,5% do PIB.

  • Rigidez do mercado de trabalho

É talvez das críticas mais antigas do Fundo. No relatório feito ao abrigo do Artigo IV, o FMI sugere que as autoridades resolvam a “disparidade” que dizem persistir entre os contratos permanentes e a prazo. E dá a receita. “Tornando os contratos sem termo mais flexíveis em vez de restringir os contratos temporários”, uma sugestão que tem subjacente uma crítica às opções que o Executivo possa vir a adotar nesta matéria.

As alterações serão feitas em pacote no âmbito de uma revisão do Código de Trabalho, mas já se sabe que tanto o Bloco de Esquerda como PCP, por exemplo, querem restringir as situações que são consideradas “necessidades temporárias”, tirando da lei uma outra norma que permite a contratação a termo de trabalhadores à procura de primeiro emprego, desempregados de longa duração ou alterando a duração dos contratos a prazo.

O FMI defende que as alterações que venham a ser introduzidas devem “facilitar as transferências dos trabalhadores entre empresas e setores de atividade sem penalizar excessivamente a força de trabalho”. Para o Fundo, estas alterações são fundamentais já que Portugal, como país da zona euro, tem uma margem de manobra “orçamental limitada” “e é essencial que os mercados laborais tenham flexibilidade suficiente para ajustar”.

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Almofada de liquidez deixa Portugal mais descansado, diz FMI

Apesar da visão otimista, o cenário favorável não vai durar para sempre e são necessários mais esforços para garantir uma consolidação orçamental sustentável, alerta o FMI.

A elevada almofada de liquidez de Portugal deixa o país confortável para suportar flutuações de mercado e os custos de financiamento no mercado da dívida deverão manter-se estáveis nos próximos tempos. O país está até bem posicionado para uma redução mais rápida da dívida pública. A visão otimista é do Fundo Monetário Internacional (FMI), que, ainda assim, volta a deixar avisos: este cenário favorável não vai durar para sempre e são necessários mais esforços para aumentar a resiliência do setor financeiro e garantir uma consolidação orçamental duradoura.

“A estrutura relativamente favorável da maturidade da dívida pública de Portugal limita os riscos de curto de prazo de um aumento das yields, mas um ambiente de financiamento menos favorável aumenta o risco de flutuações súbitas nas condições de mercado, caso haja surpresas negativas internas ou choques externos”, aponta o relatório do FMI feito ao abrigo do Artigo IV, publicado esta sexta-feira.

Contudo, admitem os peritos, Portugal está preparado para estas flutuações. “A elevada almofada de liquidez deixa Portugal bem posicionado para suportar flutuações temporárias de mercado”, referem, ressalvando que “as necessidades de financiamento se mantêm elevadas e vão aumentar no médio prazo”. Esta almofada de liquidez é, aliás, um dos critérios que poderá levar as agências de notação financeira a melhorar a avaliação feita a Portugal. Este mês, a Moody’s melhorou a perspetiva do rating de Portugal de “estável” para “positiva”, referindo que a melhoria na estrutura da dívida portuguesa e as “consideráveis” almofadas de liquidez reduzem os riscos de financiamento do país.

Mas o objetivo não é manter a almofada tão elevada eternamente. Em entrevista ao ECO, Cristina Casalinho, presidente do IGCP, admitiu que “não faz sentido ter uma almofada de liquidez considerada demasiado generosa” e que “é preciso encontrar um equilíbrio a esse respeito”.

Redução da dívida vai acelerar

Na avaliação que publica esta sexta-feira, o FMI prevê que os custos de financiamento se mantenham “geríveis”, mas alerta que “mais esforços para melhorar a resiliência do setor financeiro, garantir uma consolidação orçamental duradoura e aumentar o potencial de crescimento são essenciais para manter a confiança dos investidores e reduzir as vulnerabilidades de médio prazo“.

O fundo reconhece, por outro lado, que o ritmo de crescimento da economia nacional, bem como as condições favoráveis dos mercados financeiros facilitaram a redução do défice orçamental em 2016 e 2017. Contudo, “a dívida pública mantém-se como uma vulnerabilidade significativa e deverá manter-se elevada no médio prazo”. Ainda assim, a atual conjuntura traz uma oportunidade favorável para “uma consolidação estrutural mais ambiciosa e uma redução mais rápida da dívida pública”.

E o FMI prevê mesmo que a redução da dívida venha a acelerar nos próximos cinco anos. No último relatório com as previsões económicas mundiais, o fundo antecipava que a dívida pública se fixasse em 122,9% do PIB português em 2022. Já no relatório publicado esta sexta-feira, o FMI revê esta previsão em baixa, antecipando agora que o rácio da dívida pública em relação ao PIB seja de 114% em 2022. Já em 2017, o FMI antecipa que a dívida fique em 125,7% do PIB, uma revisão em ligeira baixa face aos 125,8% que tinha previsto em junho.

“A redução da dívida que projetamos é maior do que a que foi feita na altura da quinta avaliação [pós-programa de assistência financeira], o que reflete a revisão em alta do crescimento do PIB para o período de 2017 a 2020”, justifica o FMI.

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FMI diz que os jovens sofreram mais com a crise do que os idosos

  • Margarida Peixoto
  • 15 Setembro 2017

O Fundo foi estudar como é que a crise afetou os jovens portugueses e concluiu que foram mais desfavorecidos.

A crise económica vivida nos últimos anos foi dura para a generalidade dos portugueses. Mas houve um grupo particularmente afetado: o dos jovens. De acordo com uma análise do FMI publicada no âmbito do Artigo IV, os jovens sofreram mais com a crise do que os idosos.

Com base numa revisão de literatura que reflete sobre o impacto da crise económica, o FMI compara os jovens com os idosos e conclui que os jovens foram mais atingidos.

“Os pensionistas, que tinham o nível mais baixo de rendimento em Portugal antes da crise, tiveram o maior aumento durante este período, e o seu rendimento líquido mediano equiparável ultrapassou o dos jovens,” argumenta o FMI, no relatório publicado esta sexta-feira. “Os desenvolvimentos em termos de pobreza relativa foram particularmente negativos para os jovens, enquanto os idosos foram menos penalizados,” continua o documento.

O Fundo acrescenta que a reversão da Contribuição Extraordinária de Solidariedade (uma taxa adicional que era aplicada nas pensões, introduzida no Governo de Passos Coelho) poderá ter contribuído para diminuir a capacidade de redistribuição do sistema de impostos entre gerações.

Os jovens (com idades compreendidas entre os 15 e os 24 anos) foram particularmente afetados pela quebra e desenvolvimentos negativos do mercado de trabalho.

FMI

Mas não foi só em relação aos idosos que ficaram mais prejudicados. Quando comparado com a restante população em idade ativa, os jovens também foram os que mais sofreram as consequências da crise.

“Os jovens (com idades compreendidas entre os 15 e os 24 anos) foram particularmente afetados pela quebra e desenvolvimentos negativos do mercado de trabalho,” lê-se no relatório. “Os seus rendimentos ainda não recuperaram completamente para os níveis pré-crise, e o seu risco de pobreza é o mais elevado de entre todos as faixas etárias,” concluem os peritos internacionais.

Porquê? Porque estão desproporcionalmente desempregados ou em formas precárias de emprego; porque estão na metade mais desprotegida de um mercado de trabalho dual, segmentado entre quem tem segurança laboral e quem não tem; porque ficaram mais em risco de pobreza do que os restantes grupos etários.

O FMI diz que os jovens afetados pela crise ficaram com uma transição dos estudos para o mercado de trabalho mais difícil e mais demorada do que os outros. Que enquanto no resto da população a fatia de pessoas que está em part-time mas que gostaria de trabalhar mais horas se manteve mais ou menos inalterada, no grupo dos jovens esta fatia duplicou.

Além disso, para o Fundo o aumento do salário mínimo pode ter ajudado os jovens empregados a evitar o risco de pobreza, mas poderá ter dificultado o acesso ao emprego para os restantes. “Salários mínimos mais elevados estão associados a desemprego jovem mais elevado na maioria dos países na Europa, enquanto o impacto no desemprego dos trabalhadores mais velhos é insignificante,” defendem os peritos.

Perante este diagnóstico, o FMI retoma muitas das recomendações que tem feito nos últimos anos:

  • Reduzir a dualidade do mercado de trabalho para aumentar a possibilidade de os jovens acederem a emprego menos precário.
  • Conter os aumentos do salário mínimo.
  • Reformar as prestações sociais (de desemprego e outras, que não pensões).
  • Aumentar o impacto redistributivo dos impostos, incluindo intergeracional.

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FMI: Banca precisa de mais provisões para o crédito em risco

  • Rita Atalaia
  • 15 Setembro 2017

Os bancos portugueses têm feito esforços nos últimos meses para melhorarem os seus balanços. Mas é preciso fazer mais, nomeadamente aumentar as provisões para o crédito em risco de incumprimento.

Os bancos portugueses têm feito progressos nos últimos seis meses para atrair novo capital para o sistema bancário. E, para além de terem liquidez, continuam a reformar e a reduzir os seus balanços. Estes são os elogios deixados pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) no relatório feito ao abrigo do Artigo IV, publicado esta sexta-feira. Mas deixa alertas: a banca ainda enfrenta vários desafios, nomeadamente o peso que o crédito malparado continua a ter na rentabilidade. Para o fundo liderado por Christine Lagarde, as instituições financeiras precisam de ainda mais provisões para o crédito em risco de entrar em incumprimento.

“O rácio de cobertura aumentou ligeiramente para 45,5% dos NPL até ao final de março deste ano, numa altura em que as provisões são muito mais baixas para o crédito vencido há mais de 90 dias do que para os empréstimos em incumprimento”, lê-se no último relatório de Subir Lall enquanto chefe de missão do FMI para Portugal. Isto num contexto em que “o capital total no sistema bancário ainda parece baixo, considerando o peso do malparado e os obstáculos regulatórios que se aproximam [implementação do Basileia III que exige um reforço dos rácios], destacando a necessidade de ser necessário apostar na geração interna de capital para manter almofadas suficientes”.

Apesar de reconhecer os esforços feitos pelos vários bancos portugueses — relembrando a recapitalização da Caixa Geral de Depósitos, o processo de venda do Novo Banco, a injeção de capital no BCP e a compra do BPI pelo CaixaBank — o fundo não deixa de fazer críticas e relembrar o que ainda falta fazer, sobretudo a nível da redução dos empréstimos em incumprimento. Isto num contexto de fraca qualidade dos ativos, baixa rentabilidade, almofadas de capital limitadas e custos ainda elevados, refere.

Houve uma queda modesta do saldo vivo dos NPL [crédito malparado] desde o final de 2015, suportado pela recuperação do crescimento, mas continua elevado, situando-se nos 16,4% dos empréstimos totais no final de março de 2017.

Fundo Monetário Internacional

“Houve uma queda modesta do saldo vivo dos NPL [crédito malparado] desde o final de 2015, suportado pela recuperação do crescimento, mas continua elevado, situando-se nos 16,4% dos empréstimos totais no final de março de 2017″, nota a entidade. O montante do crédito malparado detido pela banca nacional caiu para um mínimo de quase cinco anos, segundo dados divulgados pelo Banco de Portugal. Os empréstimos de cobrança duvidosa não provisionados ascendiam a 15.392 milhões de euros.

Mas há um outro problema na banca: os custos continuam elevados. Segundo o FMI, os bancos têm de fazer um esforço para reduzirem ainda mais este peso. “Os bancos cortaram os custos operacionais, mas isto é insuficiente para compensar a baixa rentabilidade provocada pelas taxas de juro baixas e as elevadas imparidades para o malparado”, refere a entidade. Isto num período que tem sido marcado pelo fecho de balcões e despedimento de funcionários nos vários bancos. “O desafio continua a ser quebrar o ciclo vicioso entre bancos fracos, malparado elevado e fraco investimento que continua a limitar o crescimento de médio prazo,” lê-se no relatório.

Três conselhos do FMI para a banca portuguesa

É preciso fazer mais, diz o FMI várias vezes no seu relatório. “São necessários esforços ambiciosos por parte dos bancos para reforçarem os balanços, o que vai melhorar a intermediação financeira e impulsionar o crescimento potencial”, refere a entidade liderada por Christine Lagarde. Por isso, o fundo deixa vários conselhos às autoridades portuguesas, como o corte de custos, a criação da plataforma para gerir o malparado, mas também preparar-se para a entrada em vigor das novas regras de capital, conhecidas como Basileia III, que exigem rácios mais fortes.

A criação de uma plataforma que vai permitir a coordenação entre os credores de uma empresa em dificuldades deve ser encorajada.

Fundo Monetário Internacional
  1. Aumentar a geração interna de capital: o FMI diz que os bancos vão precisar de cortar custos e aumentar os lucros para que isto aconteça. “A redução dos custos já começou, mas as instituições financeiras têm de diminuir ainda mais as redes domésticas e internacionais [ou seja, fechar mais balcões e despedir mais funcionários], vender ativos não estratégicos e reduzir o peso do malparado”, defende o fundo. Também têm de “diversificar o seu rendimentos” para que haja um aumento dos lucros;
  2. Remover os obstáculos à resolução do malparado: têm de ser implementadas medidas para melhorar o enquadramento legal, diz o fundo. Isto vai ajudar pequenas e médias empresas em stress financeiro, mas que ainda são viáveis, facilitar o processo de insolvência e de revitalização, retirar desincentivos fiscais e a desenvolver um mercado para vender os NPL. Neste contexto, o FMI apoia a criação de uma plataforma de gestão comum de créditos malparados, que deve arrancar no início do próximo ano. “A criação de uma plataforma que vai permitir a coordenação entre os credores de uma empresa em dificuldades deve ser encorajada”, lê-se no relatório;
  3. Ultrapassar os próximos desafios regulatórios: o desafio mais urgente para o FMI será a adoção das novas regras, que vão exigir que os bancos coloquem dinheiro de parte com base em perdas potenciais e não nas perdas incorridas. Consequentemente, a implementação do Basileia III deve levar à emissão de novas ações para compensar a queda do rácios de capital.

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Pensões: FMI diz que reformas recentes devem ser revistas para reduzir direitos adquiridos

  • Cristina Oliveira da Silva e Margarida Peixoto
  • 15 Setembro 2017

FMI entende que os planos do atual Governo para as reformas antecipadas podem aumentar a equidade, com custos limitados. Mas diz que é preciso uma reforma abrangente, que reduza direitos adquiridos.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) defende que o Governo deve revisitar as reformas recentes no âmbito das pensões para as tornar mais abrangentes, reduzindo o grupo de pessoas que escapam às novas regras mais restritivas. A recomendação foi deixada no relatório feito ao abrigo do Artigo IV, publicado esta sexta-feira.

O Fundo começa por reconhecer que os planos do Governo “para reduzir penalizações para a reforma antecipada” e para ter melhor em conta a duração das carreiras contributivas “deverão aumentar a equidade” e até terão um “custo orçamental algo limitado”: menos de 0,2% do PIB.

Contudo, apontando para dados de 2014, o FMI lembra que a despesa com pensões ascende a 15,6% do PIB, uma das maiores da Europa. Um valor que é preciso reduzir: “Reformas mais abrangentes (…) são necessárias,” frisa.

Reformas mais abrangentes para reduzir a despesa com pensões em Portugal, uma das mais elevadas na Europa com 15,6% do PIB em 2014, são necessárias.

FMI

Artigo IV, setembro 2017

Os peritos internacionais reconhecem que as alterações recentes — como o travão à reforma antecipada, o aumento da idade de reforma e a ligação automática à esperança de vida — deverão ajudar a reduzir a despesa, mas isto só acontecerá no longo prazo. Até porque as medidas protegem os atuais pensionistas. O FMI nota que o rácio entre pensão e salário médios só baixará a partir de 2025, com “grande parte do ajustamento a ser suportado pela atual população em idade ativa.”

O documento não concretiza se a avaliação que faz das reformas propostas pelo atual ministro Vieira da Silva diz respeito apenas à primeira fase — prestes a entrar em vigor — ou se abrange também os planos já anunciados para mais tarde. Para já, num primeiro passo, os cortes caem para futuros pensionistas com carreiras contributivas muito longas. A medida já foi aprovada mas ainda está por publicar, produzindo efeitos a outubro. De acordo com Vieira da Silva, a mudança custa 50 milhões de euros por ano, abrangendo pouco mais de 15 mil pessoas.

Mas mais para a frente estão planeadas outras mudanças, que prometem reduzir ou eliminar cortes a um grupo mais abrangente. No entanto, tudo indica que haverá uma contrapartida: o acesso à reforma antecipada será mais limitado.

O relatório também pede mais flexibilidade no mercado de trabalho. “Como membro de uma união monetária com espaço orçamental limitado, é essencial que os mercados de trabalho tenham flexibilidade suficiente para ajustamento”, diz o Fundo. Desde logo, o FMI pede que se mantenham as alterações levadas a cabo no programa de ajustamento para tornar mais flexível a contratação e a negociação coletiva. A redução do fosso entre contratos permanentes e temporários deve ser feito tornando os primeiros mais flexíveis, em vez de simplesmente restringir os restantes, diz o Fundo.

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FMI quer salários da Função Pública parecidos com o privado

O descongelamento de carreiras deverá ter um custo anual de 200 milhões de euros, um impacto que tem de ser compensado com mais reformas estruturais, defende ainda o FMI.

O peso dos salários da função pública sobre as contas do Estado português continua a preocupar o Fundo Monetário Internacional (FMI). Desta vez, os peritos do FMI apontam que o Governo não cumpriu a redução do número de funcionários públicos que estava prevista para compensar o descongelamento das carreiras que vai começar no próximo ano. Os salários da função pública, defendem, têm de ser “contidos” e “ajustados” aos que são praticados no setor privado, de forma a “aumentar a igualdade entre cidadãos”.

“Ao longo dos últimos dois anos, Portugal não reduziu o emprego público como planeado para compensar o custo da reversão dos cortes salariais feitos no passado”, aponta o mais recente relatório feito ao abrigo do Artigo IV, publicado esta sexta-feira. “Os salários da função pública vão aumentar com o descongelamento gradual das progressões nas carreiras, a partir de 2018, e a racionalização do emprego vai ser difícil de alcançar sem reformas estruturais para ajustar o emprego público aos vários setores”, acrescenta.

O FMI refere-se ao descongelamento faseado das progressões de carreiras na Administração Pública, que vai iniciar-se em 2018. Ao todo, são mais de 213 mil funcionários que podem vir a progredir na carreira. A medida, segundo os cálculos que constam do Programa de Estabilidade apresentado pelo Governo em abril, terá um custo anual de 200 milhões de euros.

Ao longo dos últimos dois anos, Portugal não reduziu o emprego público como planeado para compensar o custo da reversão dos cortes salariais feitos no passado.

FMI

Artigo IV, Setembro de 2017

Perante estas contas, o FMI pede mais reformas estruturais e maior controlo das despesas com os salários da função pública, mas tanto o Governo como os parceiros que suportam a maioria parlamentar já deixaram claro que esta é uma das prioridades do Orçamento do Estado para 2018.

“Vamos fazer algo de essencial relativamente às carreiras que estão congeladas há anos, que é iniciar o seu descongelamento de forma a permitir às pessoas que tenham, algo de essencial em qualquer atividade profissional, que é perspetiva de carreira”, disse o primeiro-ministro, António Costa, na semana passada. Também Jerónimo de Sousa já avisou o Governo que o descongelamento de carreiras “é uma medida essencial” no âmbito do próximo Orçamento do Estado.

Já o FMI insiste na necessidade de “conter a fatura dos salários públicos”. No relatório publicado no ano passado, os peritos do fundo já tinham aconselhado o Governo a adotar uma “estratégia bem delineada” para reduzir estes gastos, incluindo o reforço dos mecanismos de saída de funcionários públicos. Agora, voltam a bater na mesma tecla. “É necessário um melhor planeamento dos gastos com salários e uma reestruturação do setor público, de forma a ajustar o nível e a composição do emprego público e, assim, gerar as poupanças orçamentais que estavam planeadas”, escrevem.

“Conter a remuneração da função pública, que continua a auferir mais do que o setor privado, exige medidas estruturais para racionalizar os salários e aumentar a igualdade entre os cidadãos”, concluem sobre este assunto. Esta discrepância entre os salários do público e do privado é uma tendência generalizada na União Europeia, mas Portugal tem um dos níveis mais elevados de salários públicos na União Europeia, salienta o FMI.

Governo tem de especificar reformas

Sobre as reformas necessárias, o FMI alerta que, no Programa de Estabilidade, o Governo não deixa claro quais são as medidas que vai implementar. “No Programa de Estabilidade para 2017-2021 está previsto que a despesa com os salários públicos caia para 11,3% do PIB em 2016 e 10% do PIB em 2021. Mesmo com as previsões mais otimistas do crescimento do PIB, alcançar uma redução média anual da despesa equivalente a 0,3% do PIB vai exigir poupanças contínuas que não estão especificadas”, refere o relatório.

Aliás, aponta o FMI, “garantir que os salários públicos não beneficiam de qualquer aumento nos próximos quatro anos pode revelar-se difícil, num contexto em que os salários no privado começaram a aumentar”.

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FMI diz que Portugal tem “banca fraca e investimento fraco”

  • Margarida Peixoto
  • 15 Setembro 2017

Os progressos são "notáveis," mas são sobretudo de curto-prazo. O desafio mantém-se: há que quebrar o "ciclo vicioso entre bancos fracos, malparado elevado e fraco investimento."

O relatório do FMI publicado esta sexta-feira foi último conduzido por Subir Lall. O novo chefe de missão para Portugal é Alfredo Cuevas.Paula Nunes/ECO

Os progressos são “notáveis,” diz o Fundo Monetário Internacional (FMI), mas os riscos para o crescimento e a sustentabilidade das finanças públicas permanecem no médio prazo. É preciso mais investimento, mais reformas estruturais, mais consolidação orçamental, mais esforços no sistema bancário. Numa frase: “O desafio político de médio prazo continua a ser quebrar o ciclo vicioso entre bancos fracos, malparado elevado e fraco investimento que continua a limitar o crescimento de médio prazo,” lê-se no relatório feito ao abrigo do Artigo IV, publicado esta sexta-feira.

“Portugal fez progressos notáveis ao longo do último ano na redução dos riscos de curto prazo,” lê-se logo no arranque do documento, que antecipa, tal como revelado em junho, um crescimento de 2,5% para o PIB português em 2017.

No relatório de despedida de Subir Lall — o último feito sob a sua liderança, já que entretanto o chefe da missão do FMI para Portugal passou a ser Alfredo Cuevas — os esforços para controlar a despesa e cumprir a meta orçamental no ano passado foram considerados “fortes” e reconhecem-se avanços na banca.

Nota-se que a retoma económica ganhou ritmo, empurrada pelo aumento expressivo das exportações de bens — descontando o efeito dos combustíveis, subiram 10% no primeiro semestre do ano, o que compara com 2,5% no período anterior — e do turismo. Por isso, “a meta do défice de 1,5% para este ano” está “bem ao alcance,” volta a dizer o FMI, reafirmando as conclusões retiradas em junho, logo após o fim da visita da missão técnica a Lisboa.

Uma consolidação orçamental estrutural duradoura é essencial para assegurar a sustentabilidade das finanças públicas, com a elevada dívida pública a manter-se um risco considerável.

FMI

Artigo IV, setembro de 2017

Mas nem tudo são rosas. Quando a análise passa para uma avaliação mais estrutural, começam os avisos. No défice: “Uma consolidação orçamental estrutural duradoura é essencial para assegurar a sustentabilidade das finanças públicas, com a elevada dívida pública a manter-se um risco considerável e o ambiente de financiamento provavelmente a tornar-se menos benigno à medida que política monetária acomodatícia seja eventualmente reduzida,” escrevem os peritos.

Na banca: os passos para aumentar o capital no sistema bancário deveriam ser “seguidos de esforços ambiciosos” para limpar os balanços dos bancos. Sem isso, os bancos estão limitados no financiamento ao crescimento futuro, “vulneráveis aos riscos negativos” e incapazes de fazer de forma eficaz a “a intermediação efetiva entre as poupanças e o investimento produtivo,” somam.

Na economia: “Sem esforços mais ambiciosos para resolver os impedimentos estruturais ao investimento”, o crescimento de médio prazo “tenderá a aproximar-se do crescimento potencial de 1,2%,” lê-se no documento, que diz que será preciso o investimento subir 6,4% ao ano, para Portugal crescer 2% em 2021.

Na capacidade de financiamento: o país vai voltar a registar um excedente da balança comercial, mas isso não chega para colocar a dívida externa a descer de forma significativa no médio prazo. Feitas as contas, o FMI diz que faltam entre 2% a 4% do PIB de excedente comercial para que a posição fortemente negativa da posição de investimento internacional (uma boa medida da dívida externa) entre numa tendência claramente de correção.

Os diretores [do FMI] encorajaram as autoridades [portuguesas] a tirar partido das atuais condições macroeconómicas benignas para continuar a melhorar a resiliência do setor financeiro, assegurar a consolidação orçamental duradoura e aumentar o crescimento potencial.

FMI

Artigo IV, setembro de 2017

E é por isso que o desafio continua a ser quebrar aquele “ciclo vicioso entre bancos fracos, malparado elevado e fraco investimento,” garante o documento. Os peritos explicam que enquanto os bancos estiverem limitados na sua capacidade de financiamento, não poderão ajudar a economia a crescer, financiando o investimento produtivo.

Ou seja, o que é preciso é “tirar partido das atuais condições macroeconómicas benignas para continuar a melhorar a resiliência do setor financeiro, assegurar a consolidação orçamental duradoura e aumentar o crescimento potencial,” remata a avaliação do board do FMI, na discussão do relatório produzido pela equipa de peritos.

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Centeno entende enfermeiros mas lembra restrições orçamentais

  • Lusa
  • 15 Setembro 2017

O Ministro das Finanças compreende as reivindicações dos enfermeiros, mas lembra que "“muito tem sido feito pela valorização da administração pública e pelas carreiras".

O ministro das Finanças admitiu esta sexta-feira, em Talin, que as reivindicações dos enfermeiros são “muito importantes” e “têm que ser ouvidas”, afirmando-se confiante num entendimento, mas que respeite a “responsabilidade orçamental”, pois o país ainda se debate com restrições.

À entrada para uma reunião informal de ministros das Finanças da zona euro, na capital da Estónia, Mário Centeno, questionado sobre os protestos dos enfermeiros (promovido pelo Sindicato dos Enfermeiros e pelo Sindicato Independente do Profissionais de Enfermeiros), que cumprem esta sexta-feira último de cinco dias de greve em Portugal, disse entender as reivindicações, lembrando que algumas têm já “décadas”, mas apontou também que “muito tem sido feito pela valorização da administração pública, pelas carreiras”, incluindo neste setor.

Há uma negociação em curso, na qual o Governo está naturalmente empenhado. Aquilo que é preciso compreender, e tenho a certeza que todos entenderão, é que o Governo tem feito um esforço muito grande”, disse, apontando a título de exemplo que “o crescimento de enfermeiros no último ano e meio é muito significativo, para fazer face às necessidades do Serviço Nacional de Saúde (SNS)”.

Segundo o ministro das Finanças, “há dificuldades específicas em setores determinados, que são já de várias décadas, e que não podem deixar de ser ouvidas e analisadas”, e que, “em sede orçamental, têm necessariamente que ser integradas”.

“Aquilo que eu posso garantir, do ponto de vista do Governo, é que a responsabilidade orçamental é muito grande, que todas e todos os portugueses têm exatamente essa perceção e que vamos com certeza chegar a uma plataforma de entendimento e de compressão de como fazer face a reivindicações que são de facto muito importantes e que, como eu disse, têm várias décadas em alguns casos”, reforçou.

Por outro lado, Mário Centeno argumentou que, quando se fala de uma sociedade inclusiva e de um crescimento inclusivo, está-se “obviamente a falar de uma sociedade e de um crescimento que é de todos e para todos, e é nessa perspetiva que tem que ser entendido”, pelo que “não há uma hierarquização de prioridades que não possa deixar de ter em conta toda a restrição que objetivamente ainda existe sobre o país”.

Os enfermeiros cumprem hoje o último de cinco dias de greve nacional e juntam aos vários protestos que têm realizado pelo país uma concentração junto à Assembleia da República, no dia em que se comemoram os 38 anos da criação do SNS.

Durante os quatro primeiros dias de greve a adesão dos profissionais tem andado em valores entre os 80 e os 90%, segundo o Sindicato dos Enfermeiros, que marcou a paralisação em conjunto com o Sindicato Independente dos Profissionais de Enfermagem.

Várias cirurgias programadas foram adiadas e muitas consultas canceladas. Os enfermeiros reivindicam a introdução da categoria de especialista na carreira de enfermagem, com respetivo aumento salarial, bem como a aplicação do regime das 35 horas de trabalho para todos os enfermeiros, mas a Secretaria de Estado do Emprego considerou irregular a marcação desta greve, alegando que o pré-aviso não cumpriu os dez dias úteis que determina a lei.

Esta irregularidade da marcação determinada pelo Governo pode levar à marcação de faltas injustificadas aos enfermeiros que aderiram ao protesto. O braço de ferro entre enfermeiros e Ministério da Saúde prolonga-se desde julho, com a reivindicação da integração da categoria de especialista na carreira.

Depois do Sindicato dos Enfermeiros e do Sindicato Independente do Profissionais de Enfermeiros, na quinta-feira, o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) decidiu também convocar uma greve para 3, 4 e 5 de outubro.

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Coreia do Norte dispara míssil e assusta mercado… mas não muito

  • Rita Atalaia
  • 15 Setembro 2017

O regime de Kim Jong-Un lançou pela segunda vez este mês um míssil sobre o Japão. Mas os mercados não estão a afundar. Analistas dizem que os investidores começam a "habituar-se" às ameaças.

A Coreia do Norte lançou pela segunda vez este mês um míssil sobre o Japão. Uma nova ameaça que agitou os mercados… mas não muito. As bolsas asiáticas fecharam no vermelho e as europeias arrancaram com o mesmo tom. Mas as perdas são ligeiras, já que, segundo analistas, os investidores começam a “habituar-se” às provocações de Pyongyang.

As principais praças do Velho Continente estão a cair. O Stoxx 600 recua 0,22%, com a cautela dos investidores a dominar a sessão. Isto depois de a Coreia do Norte ter disparado outro míssil que sobrevoou o Japão e caiu no Oceano Pacífico. O lançamento acontece horas depois de o regime de Kim Jong Un ter ameaçado “afundar” o Japão. O míssil sobrevoou a ilha de Hokkaido às 07h06 de sexta-feira (horas em Tóquio), precisaram as autoridades japonesas, que indicaram que o sistema de aviso J-Alert foi acionado em várias regiões do norte do arquipélago.

Stoxx 600 com perdas ligeiras

Já é a segunda vez este mês que a Coreia lança um míssil em direção ao Japão. Mas a reação do mercado foi mais contida. Quando Pyongyang intensificou as provocações aos EUA, as ações registaram perdas expressivas, o euro subiu para máximos e o ouro disparou, com os investidores a procurarem ativos considerados seguros em períodos de instabilidade. Apesar de continuarem a fugir do risco, a intensidade não é a mesma. As praças europeias registam perdas entre 0,1% e 0,5%, o euro negoceia com poucas alterações face ao dólar e o ouro até está a cair. Por cá, o PSI-20 também está a cair, mas apenas 0,06%

Os investidores reagiram calmamente depois de a Coreia do Norte ter disparado outro míssil (…) Não prevejo uma grande reação do mercado. A não ser que o país acentue a ação militar.

Linus Yip, estratega-chefe da First Shanghai Securities

“Os investidores reagiram calmamente depois de a Coreia do Norte ter disparado outro míssil”, refere Linus Yip, estratega-chefe da First Shanghai Securities, à Bloomberg. “Não prevejo uma grande reação do mercado. A não ser que o país acentue a ação militar“, refere.

Masashi Murata, estratega cambial da Brown Brothers Harriman, afirma à CNBC que o mercado já estava à espera que a Coreia do Norte retaliasse contra as mais recentes sanções impostas a Pyongyang pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas. Propostas pelos Estados Unidos, as medidas visam interditar as exportações têxteis e reduzir o abastecimento de petróleo e gás.

No início do mês, o regime de Kim Jong-Un garantiu ter testado com sucesso uma bomba de hidrogénio. Os mercados reagiram negativamente a mais um passo no sentido de uma Coreia do Norte com armamento nuclear viável. A pressão vendedora foi transversal, com o Stoxx 600, o índice de referência europeu, a cair 0,50%. Já a moeda única superou a fasquia dos 1,20 dólares e o preço do ouro esteve acima dos 1.300 dólares a onça.

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Explosão no metro de Londres declarada ataque terrorista pelas autoridades

  • ECO
  • 15 Setembro 2017

O coordenador da brigada anti-terrorismo declarou que o incidente é um ataque terrorista, mas as causas ainda estão por apurar. A polícia está a investigar o acontecimento.

O metro de Londres foi alvo de uma explosão esta sexta-feira, noticia a imprensa internacional. A unidade britânica antiterrorismo está a acompanhar a investigação e já declarou o incidente como “ataque terrorista”, ainda que seja a unidade dos transportes que está a liderar a investigação, avança a Reuters. De acordo com a BBC, a polícia está a investigar o “incidente”. Ainda não são conhecidas as causas da explosão que ocorreu uma carruagem na estação de Parsons Green. Para já, contam-se 18 pessoas hospitalizadas na sequência do ataque.

“Neil Basu, o coordenador senior nacional da brigada anti-terrorismo, declarou o incidente como sendo um ataque terrorista.”, afirmou a Polícia Metropolitana à Reuters. Segundo o relato de uma das suas jornalistas, a BBC fala em passageiros com escoriações, queimaduras na cara e de pessoas em pânico a tentar sair da estação.

Dezoito pessoas foram transportadas até ao hospital pelo Serviço de Ambulância de Londres. Natasha Willis, a diretora de operações, diz estar a rabalhar em conjunto com as restantes autoridades envolvidas para que as vítimas do incidente tenham “ajuda médica tão rápido quanto possível”.

Uma fotografia colocada nas redes sociais mostra um balde branco dentro de um saco de supermercado, mas não parece haver danos extensivos, avança ainda a BBC.

De acordo com a Bloomberg, a circulação foi cortada na linha afetada (District Line). O incidente ocorreu às 7h21 da manhã de sexta-feira.

A primeira-ministra britânica, Theresa May, expressou a sua solidariedade para com as pessoas feridas numa explosão na estação de metro de Parsons Green. “Os meus pensamentos estão com as pessoas feridas em Parsons Green e com os serviços de emergência que respondem a este ato terrorista”, declarou May, que preside ao início da tarde a uma reunião urgente do seu gabinete de segurança (Cobra).

(notícia em atualização)

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