Vítor Martins: “A minha demissão da CGD foi tudo menos clara”
O antigo presidente da CGD diz que os motivos da sua demissão foram "tudo menos claros". Mas Vítor Martins também nega que existissem pressões vindas do Governo, mencionadas por Campos e Cunha.
Vítor Martins diz que a sua saída da Caixa Geral de Depósitos (CGD) “foi tudo menos clara”. O único motivo mencionado por Teixeira Santos terá sido a insatisfação da administração em torno da transferência do fundo de pensões da CGD para a Caixa Geral de Aposentações (CGA), explica o antigo presidente do banco do Estado na comissão parlamentar de inquérito à gestão do banco do Estado. E as pressões referidas por Luís Campos e Cunha? Vítor Martins nega que tenham existido.
O antigo presidente da Caixa, que ocupou este cargo durante apenas 10 meses, diz que o então ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, chamou-o para uma reunião “daquelas que raramente me esqueço”. Neste encontro, “que durou apenas alguns minutos”, foi anunciada a demissão de Vítor Martins. “Fui eu que perguntei as razões. Na resposta, que foi tudo menos clara, houve apenas uma referência ao episódio do fundo de pensões”, explica o então presidente da CGD na comissão de inquérito à gestão do banco público.
Vítor Martins refere-se à decisão do Governo de transferir o fundo de pensões da CGD para a CGA, que criou incerteza dentro do conselho de administração e levou o então presidente da Caixa a ponderar apresentar a sua demissão, refere. Uma saída que acabou apenas por acontecer por decisão do ministro das Finanças.
Teixeira dos Santos explicou que demitiu a administração por considerar que não se mostrou capaz de colocar um ponto final nas polémicas que existiam. Uma mudança que o antigo das Finanças diz ter acontecido por sua iniciativa e não por pressão de José Sócrates. Teixeira dos Santos demitiu o então presidente do conselho de administração da Caixa, Vítor Martins, que foi substituído por Carlos Santos Ferreira. Convidou também Armando Vara para ocupar o cargo de vice-presidente. Nomes que Luís Campos e Cunha disse terem sido sugeridos por Sócrates. “Foi uma coincidência”, respondeu o então ministro das Finanças aos deputados.
Pressão? Parece que não
Vítor Martins também nega ter sentido pressão por parte do Governo. “Em nenhum momento fui abordado, fosse de que forma fosse, no sentido de ser exercida pressão vinda do Governo”, nota o antigo presidente da Caixa aos deputados. Vítor Martins acrescenta que o “único momento de tensão que tive com o Governo deveu-se à questão do fundo de pensões”, dizendo que o Executivo “não foi transparente com a Caixa”.
Estas pressões também foram negadas por Teixeira dos Santos quando foi a sua vez de se explicar perante os deputados. “O primeiro-ministro [José Sócrates] nunca pressionou no sentido de fazer qualquer mudança ou nomear fosse quem fosse”, explicou o então ministro das Finanças. Sócrates também já negou que estas pressões tenham alguma vez existido.
A comissão parlamentar de inquérito que se segue é a de Carlos Santos Ferreira, a 19 de janeiro. Ainda antes Mário Centeno também vai ao parlamento falar sobre a CGD, a 18 de janeiro, pelas 10h. Mas vai estar presente na comissão de Orçamento e Finanças, não tendo de respeitar as regras de uma comissão de inquérito, como responder obrigatoriamente às questões dos deputados.
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