Grécia: FMI considera que objetivos fixados podem pôr em risco o crescimento
O FMI reafirma o seu ceticismo com as metas definidas por Atenas. Considera o objetivo de "ambicioso", apontando as medidas que permitiriam atingi-los parecem "excessivamente otimistas".
Os objetivos orçamentais fixados à Grécia pela Zona Euro parecem “demasiado otimistas” e correm o risco de ter “graves repercussões” no crescimento já fraco do país, advertiu hoje o Fundo Monetário Internacional (FMI), num relatório.
Um dos pontos de divergência entre Bruxelas e o FMI foi o objetivo fixado pela Europa para a Grécia no acordo de assistência financeira alcançado no verão de 2015 de um excedente primário (sem os encargos com a dívida) de 3,5% do Produto Interno Bruto a partir de 2018 e durante os 10 anos seguintes.
No relatório anual sobre a economia grega, o FMI reafirma o seu ceticismo, considerando este objetivo “ambicioso” e apontando as medidas que permitiriam atingi-los parecem “excessivamente otimistas”.
“Poucos países conseguiram manter excedentes tão elevados durante longos períodos e menos ainda com taxas de desemprego de dois dígitos” como acontece na Grécia, escreve o FMI no relatório.
O FMI privilegia um objetivo de 1,5% e assegura que um excedente primário de 3,5% poderia apenas funcionar durante “um número limitado de anos” e com reformas estruturais de “alta qualidade”, de acordo com o chefe do departamento do FMI para a Europa, Poul Thomsen.
“É preciso não ter ilusões: se passamos de 1,5% para 3,5% isso terá graves repercussões no crescimento“, afirmou numa conferência telefónica.
A Comissão Europeia já tinha respondido hoje às críticas do FMI, assegurando que os objetivos do seu programa são “credíveis”.
No relatório, que já tinha sido antecipado pela AFP no fim de janeiro, o FMI considera que a dívida grega é “insustentável” e pode tornar-se “explosiva” a longo prazo. O FMI apela à zona euro para propor medidas de alívio da dívida grega, uma opção a que se opõem vários países europeus, incluindo a Alemanha.
“Há um consenso cada vez maior sobre a necessidade de um alívio da dívida”, assegurou Thomsen, acrescentando que as divergências de pontos de vista estão a diminuir.
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