APEMIP alerta para “preço bem elevado” de mexidas em isenções para residentes não habituais
Associação de mediadores imobiliários alerta para ingenuidade se houver alterações fiscais para cidadãos estrangeiros, depois das críticas contra a insenção de pensionistas suecos em Portugal.
A Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária (APEMIP) alertou para o “preço bem elevado” que o país pode pagar com as eventuais mexidas no regime fiscal para residentes não habituais.
“Fazer mexidas será uma atitude ingénua, que poderá ter um preço bem elevado para o país, pois se nós não o sabemos aproveitar, outros, com certeza, saberão”, considerou, em comunicado, o presidente da APEMIP, Luís Lima.
Os avisos da APEMIP surgem depois de o ministro das Finanças, Mário Centeno, ter afirmado na semana passada que “vai tomar medidas” para “enquadrar” os benefícios fiscais atribuídos a cidadãos estrangeiros, numa reposta a críticas da sua homóloga sueca.
“O caso da Suécia não é caso único. E o Governo está obviamente a enquadrar e vai tomar medidas no sentido de enquadrar essas circunstâncias que necessitam de resposta política coerente e enquadrada com outras circunstâncias”, disse na sexta-feira Mário Centeno.
"O caso da Suécia não é caso único. E o Governo está obviamente a enquadrar e vai tomar medidas no sentido de enquadrar essas circunstâncias que necessitam de resposta política coerente e enquadrada com outras circunstâncias.”
A questão dos benefícios fiscais surgiu depois de, em entrevista a um jornal sueco, a ministra sueca das Finanças ter manifestado o seu desacordo em relação ao regime que isenta de tributação as reformas dos pensionistas daquele país que tenham residência em Portugal.
Hoje, o presidente da APEMIP recordou que há isenção de impostos sobre o rendimento, mas não sobre impostos indiretos.
“Se a ministra das Finanças sueca não gosta deste regime, então deverá tomar medidas que garantam a tributação das pensões no país de origem, bem como os demais países que se sintam incomodados com este programa”, argumentou Luís Lima, que sublinhou que o investimento estrangeiro continua a ser um dos principais focos de alavancagem do setor imobiliário.
O regime fiscal para residentes não habituais prevê uma isenção durante dez anos consecutivos a partir do ano da sua inscrição como residente em território português, desde que seja aí considerado residente em cada um desses anos.
O responsável da APEMIP recordou que no ano passado o investimento estrangeiro representou cerca de 20% do total do investimento imobiliário em Portugal, traduzindo cerca de quatro mil milhões de euros.
“Não consigo compreender a complacência do nosso ministro das Finanças perante as angústias da ministra Sueca. (…) Não senti a mesma ‘generosidade’ do governo sueco, que tantos jovens formados portugueses recebeu de braços abertos, sem pensar nos custos que esta ‘fuga de cérebros’ teve para o Estado, cujo investimento em ‘matéria cinzenta’ está a ser utilizado noutro país”, afirmou.
Segundo a APEMIP, no primeiro semestre de 2016, o investimento sueco representava 1% do total do investimento estrangeiro em Portugal.
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