Governo coordena fundos para apostar na economia circular
“Devemos estar prontos a utilizar os instrumentos de que dispomos para estimular os vários setores para que possam adotar mais práticas de economia circular”, defendeu o ministro da Economia.
O ministro da Economia está a coordenar esforços para apostar na economia circular. O Executivo está a “coordenar os fundos estruturais da área da economia” para criar programas que “deem mais competitividade às empresas, fazendo-as utilizar melhor as oportunidades que há na economia circular”.
Em causa está um pacote de medidas aprovado pela Comissão Europeia superior a seis mil milhões de euros. As metas são ambiciosas, como criar 400 mil novos postos de trabalho na Europa até 2020. Bruxelas estima ainda que as medidas de prevenção de resíduos, ecodesign, reutilização e outras ações “circulares” possam vir a gerar poupanças líquidas a rondar os 600 mil milhões de euros às empresas europeias, ou seja, cerca de 8% do total do seu volume de negócios anual. Só no setor da gestão de resíduos a aposta é criar 170 mil empregos diretos, para além de reduzir dois a 4% as emissões totais anuais de gases de efeito de estufa.
“Está-se também a promover a utilização dos fundos da área do ambiente para estimular e acelerar essa mudança. O que queremos são empresas mais competitivas e mais sustentáveis em termos económicos e ambientais”, referiu o ministro.
Está-se também a promover a utilização dos fundos da área do ambiente para estimular e acelerar essa mudança. O que queremos são empresas mais competitivas e mais sustentáveis em termos económicos e ambientais.
Caldeira Cabral falava no Workshop ECO.PME que juntou no Terminal de Cruzeiros de Leixões PME, em Matosinhos, ‘startups’ (novas empresas com rápido potencial de crescimento), incubadoras, investigadores e institutos públicos na discussão sobre a economia circular aplicada ao setor empresarial.
“Devemos estar prontos a utilizar os instrumentos de que dispomos para estimular os vários setores para que possam adotar mais práticas de economia circular”, defendeu Caldeira Cabral.
Para isso, propôs o ministro da Economia, “é preciso obviamente estar atento em cada setor, é preciso organizar e por as empresas a cooperarem mais, é preciso criar os incentivos certos, mas é também preciso que as empresas não fiquem dependentes ou de subsídios ou apenas de boa vontade”.
“Sabemos que estas duas vias são muito vulneráveis a conjunturas económicas e sabemos que têm fortes limitações. Um sistema bem montado em que a própria competitividade das empresas sai reforçada é a melhor garantia de que a economia se generaliza e que se está a criar um sistema que contribui não só para a sustentabilidade ambiental, mas que é, ele próprio, sustentável em termos económicos”, sublinhou.
Em seu entender, “a economia circular tem de facto de afetar todo o círculo do produto […] A economia circular deve começar na concessão do produto, na utilização de materiais e na inovação, criando produtos que já estão pensados não apenas para servir um determinado fim, e depois pensa-se como reciclar o que resta desses produtos”.
“É preciso obviamente reduzir a utilização de materiais, quando isso é possível, é preciso aproveitar melhor os resíduos de produção – e temos ainda muitas indústrias com uma quantidade de resíduos não aproveitados muito grande -, é preciso criar toda uma cadeia de aproveitamento”, sublinhou.
O governante realçou que a economia circular é “um dos objetivos centrais” do programa Interface, lançado há pouco mais de um mês. Segundo explicou, este programa visa utilizar melhor o conhecimento das universidades, politécnicos e centros de investigação ao serviço das empresas.
Em termos gerais, no âmbito da Economia Circular, a implementação de medidas adicionais para aumentar a produtividade dos recursos em 30% até 2030 poderá aumentar o PIB em cerca de 1%, criando simultaneamente mais de dois milhões de postos de trabalho em comparação com a manutenção do cenário da situação atual, segundo a Comissão Europeia.
Já o ministro do ambiente sublinhou que é possível “alcançar um equilíbrio entre qualidade de vida e qualidade ambiental, sem comprometer salários ou padrões sociais, implica transformar o modo como fazemos, usamos e valorizamos os bens e serviços disponíveis”.
“A essa transformação chamamos economia circular”, disse Matos Fernandes. “Numa economia circular, os produtos são concebidos com zero desperdício e eliminando componentes tóxicos, podendo integrar materiais reciclados, desenhados para que seja fácil a reparação, a separação e reciclagem, uma e outra vez”, disse o ministro do Ambiente.
Numa economia circular, os produtos são concebidos com zero desperdício e eliminando componentes tóxicos, podendo integrar materiais reciclados, desenhados para que seja fácil a reparação, a separação e reciclagem, uma e outra vez.
Sublinhou que numa economia circular, devemos “fazer mais com menos” – mas garantir que o “menos” possa voltar à fábrica e ser atualizado ou remanufaturado, e colocado, outra vez, numa circulação rentável.
“Seremos mais produtivos, vendendo a qualidade, o desempenho e a durabilidade: ganha o produtor – que reduz custos e riscos com a aquisição de materiais, rentabiliza investimento, consegue a fidelização de clientes; ganha o consumidor, que obtém o melhor desempenho, pagando efetivamente por aquilo de que necessita”, salientou.
O ministro lembrou que as PME são 98% do tecido empresarial e, por isso, “uma força motriz de crescimento e emprego. E, apesar de muitas vezes existirem dificuldades técnicas ou financeiras que adiam a visão de longo prazo, é também entre as PME que emergem os novos modelos de negócio, inovação, flexibilidade e adaptabilidade”.
“Portugal deve agarrar esta ambição e não esperar que outros o façam primeiro para irmos atrás; quem começar hoje, irá, sem dúvida, liderar no amanhã. E nós estamos a fazer esse caminho”, frisou.
Referiu que o portal eco.nomia.pt tem informação sobre as políticas, exemplos, oportunidades de financiamento e ferramentas, e quer espoletar o diálogo através destes ‘workshops’ em áreas chave – na agricultura, construção, cidades ou consumo.
“Apoiamos a I&D na conceção ecológica de produtos e serviços das empresas, majorando em 110% estas despesas para efeitos de IRCO Fundo Ambiental tem assegurado um milhão de euros em 2017 para apoiar a capacitação técnica na identificação destas oportunidades, conduzindo a planos de negócio que possam ser apoiados em fases subsequentes ou por outros mecanismos financeiros”, sustentou.
Segundo Matos Fernandes, “o FITEC tem 15 milhões de euros para projetos de interface entre centros tecnológicos, universidades e empresas para também acelerar esta transição”.
“Estamos a trabalhar com os ministérios da Economia, da Agricultura e da Ciência num plano de ações concretas para o curto prazo, que possam apontar o caminho e fazê-lo desde já. Queremos que este plano seja composto por medidas que possam ser adaptáveis e revistas periodicamente para rapidamente poder integrar as exigências e conhecimento desta matéria, em permanente evolução”, salientou.
O ministro do Ambiente acrescentou que “mais cedo ou mais tarde teremos de repensar a fiscalidade, o valor do capital natural, o modo como são feitas as demonstrações financeiras ou mesmo a forma como medimos o desenvolvimento económico”.
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