Isto já deu a volta? 1,5 mil milhões de investimentos anunciados num mês
No espaço de um mês, foram anunciados mais de 1,5 mil milhões de euros de investimentos por parte de privados, nacionais ou estrangeiros, que serão feitos em Portugal este ano e nos próximos.
O Banco de Portugal bem avisou: a confiança dos agentes económicos está mais forte, fruto das condições de financiamento favoráveis e das boas perspetivas para a procura global, e o investimento vai voltar a crescer este ano. António Costa aproveita a deixa, vai inaugurando fábricas e celebrando aquilo a que chama de “momento de viragem” da economia portuguesa. Há razão para a euforia?
Não é preciso lançar já os foguetes. Se o investimento está a aumentar e as previsões a melhorar, é também certo que o volume de investimento produzido atualmente ainda não permite compensar a destruição de capital verificada nos últimos anos. Ou seja: o investimento total deverá aumentar 6% este ano, depois de já ter aumentado 5% no ano passado — isto apesar de o Governo ter cortado a direito no investimento público, conforme mostrou a execução orçamental.
Mas o valor total da formação bruta de capital fixo — o chamado investimento — que, no ano passado, terá ficado em 27,4 mil milhões de euros, continua muito aquém dos anos pré-crise. Em 2008, a formação bruta de capital fixo estava nos 40,8 mil milhões de euros.
No entanto, não há como negar que a recuperação está aí e os títulos das últimas semanas mostram isso mesmo. Em meados de março, o primeiro-ministro anunciava, numa conferência, que a Agência para o Investimento e Comércio Externo (AICEP) tem, neste momento, 53 projetos em fase de contratação. O número corresponde a mais de 1.000 milhões de euros de investimento empresarial.
Não é sequer preciso conhecer estes 53 projetos nem ir muito longe no espaço temporal, para ultrapassar esta barreira dos mil milhões. No último mês, foram anunciados bem mais que 1.000 milhões de euros de investimento por parte de privados, nacionais ou estrangeiros, que será feito em Portugal este ano e nos próximos.
Da indústria ao imobiliário, passando pelo retalho e pelos transportes, a lista já vai longa, mesmo que só se contem os anúncios de montantes mais significativos. Ao todo, foram anunciados mais de dez projetos, que vão contar com vários milhões de investimento.
A Nestlé inaugura a lista. A 14 de março, anunciou que, este ano, deverá investir entre nove e 10 milhões de euros em Portugal, adiantando que tomará uma decisão até ao verão. O montante vai servir para desenvolver e modernizar o centro de distribuição em Avanca, detalhou, na altura, Jordi Llach, diretor-geral da Nestlé Portugal.
Seguiu-se a Fundação Oceano Azul, organização que a Sociedade Francisco Manuel dos Santos lançou para “influenciar a agenda mundial dos oceanos para o século XXI”. Influenciar e investir. Ao todo, a fundação vai canalizar 55 milhões de euros, ao longo dos próximos dez anos, para desenvolver atividades de educação ambiental e conservação de ecossistemas marinhos.
Passando para os transportes, a ANA — Aeroportos de Portugal, detida pelo grupo francês Vinci, vai investir 55 milhões de euros no aeroporto Sá Carneiro, no Porto, para reforçar a segurança e fluidez no despacho de bagagens. O montante vai ainda servir para iniciar, em 2018, a construção de um novo corredor de serviço para aeronaves.
Março estava a acabar, os anúncios nem tanto. A 26 de março, a empresa brasileira Compendionauta, parceira da construtora aeronáutica Embraer, avança que vai investir 10 milhões de euros numa nova fábrica em Évora. 29 de março: a Explorer Investments, maior capital de risco em Portugal, revela ao Jornal de Negócios que vai lançar um fundo imobiliário no valor de 200 milhões de euros, para investir em escritórios em Lisboa.
A semana passada fez quase o pleno:
- 3 de abril: o Expresso avança que Claude Berda, um dos maiores investidores imobiliários da Suíça, tem 300 milhões para apostar neste setor em Portugal.
- 5 de abril: André Jordan anuncia um investimento de 100 milhões de euros para desenvolver o projeto Lisbon Green Valley, no Belas Clube de Campo.
- 6 de abril: vários meios de comunicação avançam que a Associação Portuguesa da Cooperação com a Turquia vai anunciar 300 milhões de euros de investimentos turcos em Portugal, do imobiliário ao turismo, passando pelos transportes.
- 7 de abril: Tesco investe 3,8 milhões na ampliação das atuais instalações em Vila Nova de Famalicão; Continental investe outros 150 milhões na fábrica de pneus da Continental Mabor em Lousado, Vila Nova de Famalicão.
- 8 de abril: Afrodite Pampa, à frente do Lidl Portugal, revela ao Expresso que a cadeia alemã planeia investir 70 milhões em Portugal durante este ano, para remodelar perto de 70 lojas e testar um novo conceito de pronto a levar.
E esta semana arranca com novo anúncio de muitos milhões. A Lundin Mining, dona da mineira Somincor, vai investir 250 milhões para duplicar a produção de zinco nas minas de Neves-Corvo, no Alentejo.
A conta fecha com muitos algarismos: 1.503.800.000. Ao todo, são, pelo menos, mais de 1,5 mil milhões de euros de investimento em projetos que foram anunciados apenas no último mês.
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