O que aconteceu ontem no aeroporto de Lisboa?
A situação já está a normalizar, mas foram cancelados 64 voos, 11 desviados e 322 partiram com atraso. Foi o sistema de abastecimento de combustível que "desferrou".
A situação já está resolvida desde a meia-noite e meia, mas o que aconteceu ontem no aeroporto de Lisboa? Um problema inédito: o sistema de abastecimento de combustível dos aviões avariou, provocando o cancelamento, desvio e atraso de centenas de voos.
Durante a madrugada desta quinta-feira, o aeroporto de Lisboa viu-se obrigado a reforçar os meios no abastecimento de aviões para normalizar a operação afetada, adiantou uma fonte aeroportuária à Lusa. Além disso, a Autoridade Nacional da Aviação Civil (ANAC) autorizou excecionalmente voos noturnos, para tentar acelerar a normalização da atividade do aeroporto.
Também foram disponibilizadas camas da Proteção Civil, para apoiar os passageiros que não foram protegidos pelas suas companhias aéreas e que acabaram por se manter no aeroporto, ou que se preparavam para viajar em breve.
As operações no aeroporto de Lisboa retomaram a normalidade a meio da manhã desta quinta-feira, mas alguns voos ainda saem com atraso. Segundo uma nota da ANA – Aeroportos de Portugal, desde as 10H30 que a operação no Aeroporto Humberto Delgado “retomou a normalidade”. A ANA informa ainda que “todas as restrições ao tráfego aéreo foram levantadas e todos os voos estão a decorrer de acordo com o previsto, ao ritmo normal”.
Entretanto a Autoridade Nacional da Aviação Civil (ANAC) anunciou que vai abrir um processo de averiguações à avaria no sistema de abastecimento de aviões no Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, para “apurar as circunstâncias da falha e futuras medidas a tomar”.
Fonte oficial da ANAC, regulador do setor da aviação, disse, citada pela Lusa, que “decidiu abrir um processo de averiguações e encontra-se a efetuar as diligências necessárias de forma a apurar as circunstâncias da falha e futuras medidas a tomar, com vista a garantir que a situação de inoperacionalidade de ontem não se volte a verificar”.
No âmbito das diligências em curso, a ANAC irá verificar também “a proteção dos direitos dos passageiros e a qualidade do serviço prestado” na quarta-feira, adianta a mesma fonte.
O problema foi que “desferrou”
O diretor do Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, João Nunes, explicou que a avaria deu-se quando, “por um motivo de operação, num dos três tanques de abastecimento de combustível, houve uma situação que aconteceu pela primeira vez, que foi ‘desferrar’”, devido ao facto de ter começado a entrar ar.
Por questões de segurança e precaução, existe um circuito redundante de abastecimento, mas… também este avariou. Segundo o mesmo responsável, “infelizmente, o que aconteceu não afetou só o sistema de alimentação principal, também no sistema redundante entrou ar”, criando dificuldades em resolver o problema e obrigando a recorrer a camiões autotanques.
“Deparámo-nos com uma incapacidade de abastecimento de combustível. O abastecimento de combustível às aeronaves é feito fundamentalmente por hidrantes. São sistemas que levam o combustível até às várias posições de estacionamento dos aviões. Nessas posições de estacionamento há umas viaturas que acabam por fazer ‘o bombeiro’ para cada uma das aeronaves (…). Nós temos um sistema sofisticado”, garantiu.
O problema foi identificado ao meio-dia de quarta-feira e a primeira estimativa era que ficasse resolvido pelas 21 horas. Num primeiro momento, recorreu-se à utilização de camiões autotanques para ir fazendo o abastecimento de alguns aviões e permitir que partissem. “Se não fosse o abastecimento por autotanque estaríamos em muitos maus lençóis neste momento”, assumiu João Nunes.
Foi preciso esperar até à meia-noite e meia para que a avaria fosse reparada. Entretanto, foram cancelados 64 voos, desviados outros 11 e mais 322 afetados pelo atraso. Milhares de pessoas ficaram por isso retidas no aeroporto e os passageiros descreveram um “cenário caótico”.
O sistema de abastecimento de combustível ao Aeroporto de Lisboa é da responsabilidade do GOC [Grupo Operacional de Combustíveis, liderado pela Petrogal e que reúne as principais petrolíferas].
Artigo atualizado às 12H30 com mais informações
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