CGD e BCP devolvem. Totta cobra comissão nos donativos para contas solidárias
A CGD e o BCP vão devolver a comissão cobrada aos clientes que realizem transferências para contas solidárias associadas aos incêndios de Pedrógão Grande de outros bancos. Já o Totta mantém a comissão
O BCP e a Caixa Geral de Depósitos estão a devolver as comissões que estavam a cobrar aos seus clientes que realizassem transferências para as contas solidárias relacionadas com os incêndios de Pedrógão Grande de outros bancos. Esta devolução foi confirmada ao ECO por fontes oficiais das duas instituições financeiras, e surge após a Sic Notícias ter avançado que essa cobrança estava a ser efetuada (acesso grátis). O mesmo não fará o Santander Totta, que decidiu manter a cobrança dessa comissão.
“A nossa conta solidária não tem custos associados e acionamos um sistema em que também estamos a isentar as pessoas que fazem transferências da sua conta no Millennium bcp para as contas solidárias dos outros bancos“, afirmou fonte oficial do banco liderado por Nuno Amado, acrescentando que esse sistema “foi acionado quando percebemos que havia essa possibilidade”.
Fonte oficial da CGD também confirmou ao ECO que o banco público vai devolver as comissões das transferências realizadas pelos seus clientes para essas contas, salientando contudo que o grosso dessas operações estão a ser feitas para contas solidárias da própria instituição, às quais não está associada a cobrança de comissões.
Esta confirmação acontece depois de a Sic Notícias ter avançado no início desta tarde que existiam bancos, entre os quais o BCP e a Caixa Geral de Depósitos, que estariam a imputar aos seus clientes o pagamento de comissões pelas transferências que estes realizavam para as contas solidárias criadas para angariar donativos para apoiar as vítimas dos incêndios que deflagraram em Pedrógão Grande e que provocaram até agora 64 mortos e mais de 140 feridos.
No caso do BCP, a instituição estava a cobrar uma comissão de 1 euro, sempre que era efetuada uma transferência com estas características. Já na CGD o valor em causa é de 52 cêntimos. Ou seja, os custos que habitualmente cada uma das instituições financeiras cobra por qualquer transferência bancária que seja feita para outro banco do sistema financeiro nacional. Este mecanismo é automático, razão pela qual os bancos em causa estavam a cobrar este tipo de encargos nas transferências realizadas para as contas solidárias abertas noutras instituições financeiras.
Já o Santander Totta decidiu “não alterar a sua política“, avançou ao ECO fonte oficial da instituição financeira, referindo que os clientes que pretendam contribuir podem fazê-lo através da conta solidária do próprio banco. O banco liderado por António Vieira Monteiro irá assim cobrar de acordo com o preçário a realização de transferências para contas solidárias de outros bancos. Para os clientes do Totta que não estão isentos desta cobrança, uma transferência para outro banco tem um custo de 1,25 euros, se for feita através da internet.
O BPI, por sua vez, não cobra comissões nas transferências para outros bancos, o que significa que no caso das contas solidárias acontecerá o mesmo.
A onda de solidariedade gerada em torno da catástrofe que atinge o centro do país levou muitas empresas e bancos a criarem contas bancárias para onde quem quisesse poderia transferir dinheiro para ajudar as vítimas dos incêndios que atingem essa região:
O que os bancos estão a fazer para ajudar as vítimas?
- CGD abre conta solidária e dá ajuda no crédito à habitação
O banco público, num comunicado enviado às redações, informa que criou uma “Conta Solidária Caixa” para ajudar as vítimas do incêndio de Pedrógão Grande. Além da conta, aberta com um donativo de 50 mil euros da CGD, o banco “desenvolveu igualmente uma campanha no multibanco designada ‘Ser Solidário Pedrógão’, através da qual os portugueses poderão contribuir”.
A “conta solidária Caixa” tem o número 0001 100000 330 e o IBAN PT50 0035 0001 00100000330 42.
A CGD também diz que decidiu desenvolver uma série de medidas de modo a atenuar os impactos desta tragédia, nomeadamente:
- “Aos clientes CGD (com crédito à habitação) com habitação destruída será atribuída uma moratória de capital e juros até 2 anos”;
- “Antecipação de reembolso da seguradora para despesas imediatas, para clientes e não clientes da CGD”;
- “Concessão de uma linha de crédito com o limite máximo de 50.000 euros e com uma taxa de até 75% (desconto de 25% sobre a taxa praticada) das taxas em vigor para Crédito à Habitação, com prazo de 7 anos taxa fixa e maturidade de 7 anos, destinada à compra de equipamentos e a obras de reabilitação. Esta linha é passível de ser extensível a um maior montante, avaliado caso a caso de forma a responder eficazmente a cada caso concreto. Esta medida, estará igualmente disponível para as empresas afetadas”;
- “A CGD está ainda a fazer um levantamento do parque de imóveis de modo a encontrar para os desalojados nas regiões afetadas pela tragédia”.
O banco público entretanto já veio fazer um primeiro balanço à iniciativa. Num comunicado enviado às redações ao final da tarde de segunda-feira, a CGD diz que a “Conta Solidária Caixa” para ajudar as vítimas do incêndio de Pedrógão Grande “atingiu, em 24 horas, um montante de donativos superior a meio milhão de euros, até às 19h00 desta segunda-feira”. Este valor resultou de contribuições feitas por 7.384 pessoas.
- Grupo Montepio garante 250 mil euros
Também no setor financeiro, a Associação Mutualista Montepio, a Caixa Económica Montepio Geral (CEMG) e a Fundação Montepio enviaram um comunicado às redações onde garantem “250 mil euros de apoio a vítimas dos incêndios no distrito de Leiria”.
Mais tarde, a CEMG também veio anunciar “a disponibilização imediata de duas linhas de apoio financeiro, uma para particulares e outra para empresas da zona centro do País, que permita acelerar a reconstrução e retoma rápida da atividade económica”.
- Para particulares, “a linha de apoio da CEMG prevê a concessão de períodos de carência em empréstimos, reajustes de planos financeiros, a criação de uma linha de crédito para apoio às vítimas em condições excecionais, bem como a criação de uma linha de financiamento à (re)construção de habitações, em condições também de exceção”.
- Para as empresas “da zona afetada, a CEMG está a preparar a criação de uma linha de crédito para apoio à reconstrução imobiliária, aquisição de equipamentos, reposição de stocks e outras necessidades comprovadas pelo tecido empresarial dos distritos afetados”.
- Novo Banco cria conta na plataforma NB Crowdfunding
O Novo Banco foi outra instituição financeira que se juntou à onda de solidariedade por Pedrógão.
Numa comunicação enviada à imprensa, o banco liderado por António Ramalho anunciou que, através da sua plataforma de solidariedade NB Crowdfunding, “criou uma conta solidária de apoio às vitimas da tragédia em Pedrógão Grande para a qual decidiu fazer um donativo de 50 mil euros”.
Acrescenta ainda os dados da conta solidária: “0003 40461950 e IBAN PT50 0007 0000 0034046195023.”
- BCP abre conta solidária
O modelo das contas solidárias também foi seguido pelo BCP.
Numa nota colocada na página do banco, a instituição presidida por Nuno Amado diz que “acaba de abrir uma conta de solidariedade, para angariar fundos de apoio para as vítimas dos incêndios que causaram severos danos, humanos e materiais, na zona de Pedrógão Grande, Figueiró dos Vinhos e Castanheira de Pêra, neste fim de semana”.
“Para dar o seu contributo, poderá efetuar uma transferência bancária ou um depósito para a Conta Solidária Incêndio Pedrógão Grande: IBAN PT50 0033 0000 45507587831 05”, acrescenta o banco.
- Por cada donativo, Crédito Agrícola contribui com 1 euro
O Crédito Agrícola abriu igualmente uma conta de solidariedade para apoiar as vítimas dos incêndios, com um donativo inicial de 50 mil euros por parte do banco. “Adicionalmente, e por cada donativo (depósito ou transferência) que seja efetuado, o CA contribuirá com 1 euro, até ao limite de 50.000 euros, o que totalizará um contributo de 100.00 euros por parte do banco”, explica a instituição em comunicado.
A conta solidária do CA tem o número IBAN PT50-0045 9060 402897535134 2.
Para além da abertura de conta, “o Crédito Agrícola disponibiliza três linhas de crédito com condições especiais, duas dirigidas a particulares e uma a empresas, nomeadamente ‘Linha de Crédito Pessoal’, ‘Linha de Crédito para Recuperação e obras de habitação’ e ‘Linha de Crédito para Apoio às Empresas’.”
- Santander Totta dá donativo de 500 mil euros
“O Banco Santander Totta abriu uma conta solidária para ajudar as vítimas dos incêndios do último fim de semana, tendo já concedido uma verba de 500 mil euros para esse fim”, afirma a instituição presidida por António Vieira Monteiro.
Os donativos podem ser feitos para a Conta: IBAN – PT50001800034483236802039.
- BPI e Fundação “La Caixa” atribuem um milhão
Esta terça-feira foi a vez do BPI e dos espanhóis do La Caixa juntarem-se ao rol de bancos que estão a dar donativos para as regiões mais afetadas.
“O BPI e a Fundação Bancária ‘La Caixa’, em colaboração com a Câmara Municipal do Pedrógão Grande, atribuíram 1 milhão de euros ao apoio de emergência às vítimas do incêndio que afeta a região. Estas ajudas serão dirigidas especialmente ao realojamento e a garantir a cobertura das necessidades básicas das vítimas, de acordo com as prioridades estabelecidas pela administração local”, diz a instituição bancária em comunicado.
O donativo “poderá ser completado com contribuições de particulares e empresas numa conta aberta pelo BPI, com o seguinte IBAN: Conta BPI Solidariedade, PT50 0010 0000 5512 2890 0015 6”.
O banco adianta ainda que irá também disponibilizar “duas linhas de crédito específicas para apoiar a reconstrução do património físico destruído e a recuperação de atividades económicas no âmbito dos serviços, indústria, agricultura e silvicultura, incluindo o adiantamento dos seguros ou das ajudas públicas, com o objetivo de acelerar o acesso a diferentes vias de financiamento”.
(Notícia atualizada às 19h:15 com informação relativa ao Santander Totta e BPI)
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