Planetiers: quando poupar o planeta é um trabalho de comunidade
Depois de um ano em preparação, a plataforma da Planetiers está disponível: a ideia é que todos os que se preocupam com a sustentabilidade encontrem, no mesmo lugar, tudo aquilo de que precisam.
De todos os sonhos, eles decidiram que queriam mudar o mundo. Pelo menos, desde o momento em que se conheceram no Museu da Eletricidade que Sérgio Ribeiro e Carlos Carvalho têm trabalhado para isso. Esta quinta-feira apresentaram o projeto no sítio onde se conheceram: nasce a Planetiers, um marketplace e plataforma que tem como ambição ser um ponto de encontro entre empresas e clientes com o mesmo objetivo: tratar melhor o planeta.
Mas comecemos pelo princípio. É que esta não foi a primeira ideia que os dois amigos — agora sócios — tiveram. “Já temos vindo a criar projetos, a perceber o mercado há quase quatro anos, sempre na área da eficiência energética”, conta Sérgio, 26 anos, em entrevista ao ECO. “Conhecemo-nos no programa de estágios do Museu da Eletricidade onde éramos guias do museu. Tivemos uma ideia e começámos a desenvolver por aí mas, nessa fase, nunca tivemos a experiência de startup por si só. Temos a experiência da dor, persistência, alegria e do que o mercado está a precisar. Continuamos a achar que as ideias que tivemos eram muito boas mas o mercado não estava preparado para as receber. E foi neste obstáculo que vimos no mercado que surgiu a ideia da Planetiers“, conta Sérgio, com detalhe.
As coisas começaram a avançar realmente quando afastámos os fantasmas dos empreendedores. O segredo já não é a alma do negócio.
Se a ideia surgiu há um ano, o trabalho que se seguiu durou todo esse tempo. Entre reuniões com potenciais parceiros, recolha de investimento e desenvolvimento da plataforma, Sérgio e Carlos dividiram-se, nos primeiros tempos, entre as salas e as cozinhas das casas de ambos. Entretanto, em janeiro deste ano, a Planetiers mudou-se para a Startup Lisboa, depois de ter ganho o prémio de incubação no espaço da capital lisboeta. Foi também lá que, mais recentemente, foi considerada uma das empresas mais promissoras da incubadora.
Os dois engenheiros — Sérgio, em Biológica e Carlos, em Eletrotécnica — tinham um ponto prévio que serviu de gancho ao negócio: há muito dinheiro e há muita necessidade de apostar naquilo que é sustentável. Mas a ideia inicial de montarem um negócio passava por usar recursos como a Internet of Things e a “casa ligada” à volta do conceito de “mais engagement em tempo real”. Mas Sérgio e Carlos depressa perceberam que, apesar do interesse, o fenómeno estava muito no início, o que fez com que entendessem que a ideia “não funciona numa escala que nos permita fazer um negócio sobre isso”.
“O que faltava aqui era a envolvência que a comunidade tinha com este tipo de soluções que o mercado disponibilizava. As pessoas estavam muito distantes das soluções, as soluções estavam distantes umas das outras, o que dificultava as parcerias. E a verdadeira barreira era na coisa mais valiosa — que hoje em dia temos no mercado: a questão do tempo. A Planetiers nasce dessa ideia de agregar a informação para que a pessoa tenha informação instantânea para uma decisão instantânea”, descreve Sérgio.
"As pessoas sabem que têm de ter uma vida mais consciente face ao ambiente mas, no momento de decisão, havia um bloqueio que não percebemos na altura qual seria: era o tempo. Hoje, se tiver uma casa e quiser decorá-la e prepará-la ao nível da energia, de uma maior eficiência, tenho de pesquisar, ver empresa a empresa, ou contratar e pagar a uma consultora para fazer este trabalho. O que a Indústria 4.0 permite é que a própria pessoa possa fazê-lo com ferramentas, o que possibilita uma decisão imediata: uma delas chama-se marketplace, e foi daí que nasceu a Planetiers.”
Padrinhos e afilhados
Depois de afinado o conceito, seguem-se os objetivos: a empresa quer que, a médio prazo, as pessoas consigam ter uma casa decorada e eficiente com as soluções que a Planetiers pode oferecer. “Tem de ser uma coisa transversal a todos os setores. É esse o nosso objetivo”. Por isso, no arranque, os utilizadores tanto podem comparar e contratar serviços de energia como comprar peças de roupa e acessórios amigos do ambiente, tudo a partir da mesma plataforma.
O modelo de negócio também é simplificado: o cash flow da startup portuguesa, lançada numa primeira fase no mercado português, passa por duas fontes essenciais: a primeira, através de uma comissão sobre os produtos e serviços vendidos ou contratados via plataforma; a segunda passa por um serviço premium de patrocínio da plataforma, através de uma rede de “padrinhos” que pagam por uma “comunicação destacada”.
Além dos padrinhos, a ideia é “formar” também afilhados. É que o negócio da Planetiers não se esgota num marketplace: a empresa quer trabalhar a sustentabilidade com os olhos no futuro e, por isso, prepara-se também para lançar um programa focado nos alunos e nas escolas. “Queremos, através de um jogo, desafiar as crianças, apostar na educação, e focar não só na parte informativa como formar os nossos clientes futuros. Preparar aqueles que caminham para futuros clientes e decisores para uma consciência de sustentabilidade. Antes isso era na televisão, por exemplo pela Ponto Verde, agora é feito na internet e no mobile”, explica Sérgio.
Com um investimento de cerca de 30.000 euros, o valor, asseguram, seria muito maior se contabilizassem todas as horas dispensadas em contactos, reuniões, emails e outros ‘programas’. “Fomos vítimas do nosso próprio sucesso: os contactos foram feitos e isso acabou por atrasar o desenvolvimento da plataforma”, conta Sérgio. Por isso, foi preciso abrandar e estabelecer prioridades. “A missão é positiva e não podemos adiar o lançamento para sempre, à espera da plataforma ideal. Não podemos cometer o erro, não há perfeição mas sabemos que vamos oferecer um produto de qualidade”.
O resultado está à vista: uma plataforma que é uma “ponte” de produtos que já existem mas aos quais faltava o caminho para chegarem aos consumidores. “A roda já está inventada. Queremos criar um ponto de atenção para onde as pessoas olhem e vejam que podem ser mais sustentáveis”. Simples, assim.
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