Estas inovações nasceram em universidades portuguesas
Na academia formam-se alunos... e startups. Cada vez mais universidades têm uma palavra a dizer no ecossistema empresarial do país. Visitámos seis e contamos como foi.
Inovações, disrupções, empresas, exits e muitos, muitos negócios. O ECO percorreu seis universidades do país, do Porto ao Algarve, para perceber que papel têm os académicos na comunidade empresarial. E vice-versa. Aqui fazemos o resumo do que aprendemos ao longo de seis semanas. Tudo para perceber o impacto que pode ter a European Innovation Academy que, pela primeira vez, se realiza em Portugal.
O dicionário dos dicionários
“Aqui no Técnico acompanhamos há muito a transformação digital, que agora se tornou uma questão premente”, explica ao ECO Luís Caldas de Oliveira, vice-presidente do Técnico para o empreendedorismo e as relações empresariais. Talvez por isso, a universidade lisboeta tenha serviço de berço ao Priberam, o conhecido dicionário que já serviu para satisfazer dúvidas da língua portuguesa.
O Instituto Superior Técnico foi uma das primeiras universidades do país a criar um departamento ligado ao empreendedorismo e inovação, que desse apoio aos alunos com vontade de criar os próprios negócios na sequência dos estudos.
Mas há mais. Senão vejamos: o Politécnico da Guarda, por exemplo, é outro caso. Não foi há muito tempo que a Escola Superior de Tecnologia e Gestão (ESTG) do Politécnico da Guarda perdeu a acreditação da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) para financiamento de projetos de investigação: em 2014, a Unidade de Investigação chefiada pela professora Teresa Paiva desde o ano letivo 2010/2011 tinha vindo a passar por uma mudança multidisciplinar, que viu muitas iniciativas deixarem de estar apenas concentradas na área da investigação científica.
Nessa altura, os responsáveis da ESTG decidiram “reformular a unidade de investigação, para começar a trabalhar mais a vertente empresarial”, procurando financiamento através de candidaturas aos programas 2020 com projetos específicos e apostando, a par disso, no vale-inovação e na prestação de serviços a empresas. Muitas universidades do Interior do país pedem ajuda sempre que precisam de desenvolver soluções para problemas específicos relacionados com tecnologia, computação e transferência de conhecimento na área digital.
No ranking Time’s Higher Education, a Universidade da Beira Interior (UBI) está a atrair projetos e pessoas para o interior do país, ainda que tenha menos de 50 anos. E isso não é coincidência, garante o vice-reitor Paulo Vargas Moniz, em entrevista ao ECO. “Ser jovem também pode significar ser mais leve”, lembra, sublinhando que a “coordenação e a concertação internas são mais fáceis de atingir quando não tem de se enfrentar obstáculos ou hesitações”.
Estamos muito mais recetivos a testar ideias novas, temos muitos docentes jovens e em funções de direção, o que permite que coliderem estando sempre atentos ao que é novo.
Aproveitar o declínio, criando
Mais a litoral, a Faculdade de Ciências do Porto é um dos motores de investigação e desenvolvimento da região. Só o parque tecnológico da Universidade integra hoje 192 empresas: foi de lá que saíram, por exemplo, nomes como a Interralate, a SplitForward e a VirtusAI.
Outro caso é o da Universidade de Coimbra. Albergada no polo II da Universidade, é a partir de uma casa senhorial mesmo ao lado da residência mais moderna de estudantes de engenharia que trabalha a DiTS — a ponte entre o meio académico e o tecido empresarial há 14 anos. “Acabamos por funcionar como consultores de inovação“, explica Miguel Dias Gonçalves, da Divisão de Inovação e Transferências de Saber.
Outro caso de sucesso é o do Instituto Pedro Nunes, que conta com êxitos como o da CRITICAL Software ou Feedzai, uma das startups que mais crescem a nível internacional.
De regresso a Lisboa, a Universidade Nova vai ao leme de vários projetos inovadores cujos resultados serão conhecidos dentro de dois ou três meses. Já a transformação digital, garantem os responsáveis, é tarefa de todos os dias.
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