DBRS: Melhorar rating da CGD? Só com lucros e sem malparado
A agência de notação canadiana diz que só vai subir o rating do banco estatal quando a CGD regressar aos lucros e reduzir o malparado. E deixa um alerta: o plano estratégico tem riscos.
O regresso aos lucros e a redução do crédito malparado vão permitir uma melhoria do rating da Caixa Geral de Depósitos (CGD). Quem o diz é a DBRS, que atribui um rating BBB (baixo) e uma perspetiva negativa ao banco estatal. Ou seja, a agência canadiana não deve subir a notação tão cedo, pelo menos enquanto continuar a considerar que a implementação do plano estratégico da Caixa envolve riscos.
“Uma melhoria do rating [da CGD] pode exigir uma subida simultânea da notação de Portugal, lucros significativos e limpeza do balanço“, afirma a agência de notação numa nota de research. “A perspetiva pode passar a estável se a DBRS observar mais progressos a nível da implementação do plano estratégico, incluindo uma redução substancial dos NPL [malparado] e melhoria da rentabilidade”, acrescenta.
Uma melhoria do rating [da CGD] pode exigir uma subida simultânea da notação de Portugal, lucros significativos e limpeza do balanço.
A DBRS continua a atribuir um outlook negativo por considerar que o “plano estratégico ainda tem riscos. A economia portuguesa está a melhorar gradualmente, mas a DBRS considera que qualquer alteração repentina das condições económicas ou diminuição da confiança em Portugal e/ou no setor bancário pode fazer com que seja mais difícil para a nova administração do banco implementar de forma bem-sucedida o plano estratégico”.
O presidente da Caixa já fez saber que o regresso aos lucros só deve acontecer no próximo ano, na sequência do plano de reestruturação que está a implementar e que, entre outras medidas, inclui a redução do número de trabalhadores, do número de agências e da saída de alguns mercados internacionais. Mas a DBRS já tinha afirmado que não acredita que o banco volte à rentabilidade em 2018. Para a agência, não bastam medidas de redução dos custos do banco, “são também necessárias mais iniciativas do lado das receitas”.
Como é que a DBRS vê a Caixa:
Lucros (perspetiva moderada a fraca)
A DBRS considera que a CGD continua a enfrentar um desafio: regressar aos lucros de forma sustentada em Portugal. Isto num cenário de “taxas de juro persistentemente baixas e fraca recuperação económica do país”. Desde 2011 que o banco regista prejuízos, relembra, “devido sobretudo às elevadas imparidades” em Portugal. Imparidades recorde de três mil milhões de euros levaram a Caixa a prejuízos recorde em 2016. No seguimento destes resultados, o banco recebeu uma injeção de capital de cinco mil milhões.
Perfil de risco (perspetiva moderada)
Se a CGD quer melhorar o perfil de risco tem de reduzir a carteira de malparado que tem no seu balanço, diz a agência canadiana. A DBRS “considera que com a melhoria dos níveis de cobertura, em conjunto com as provisões significativas que a CGD fez em 2016, o grupo deve estar melhor posicionado para acelerar a limpeza do balanço“. Recentemente, a CGD vendeu uma carteira de quase 500 milhões de euros em malparado à Bain Capital.
Financiamento e liquidez (perspetiva forte a moderada)
O perfil de financiamento da CGD é “suportado pela grande base de depósitos em Portugal, que provou ser resiliente”. É assim que a agência de notação justifica a sua perspetiva forte a moderada sobre este indicador. A DBRS relembra que os depósitos representam a principal fonte de financiamento da CGD, de “perto de 79% do total do financiamento até ao final de março de 2017”.
Capitalização (perspetiva moderada a fraca)
Mesmo depois de a CGD ter recebido uma injeção de dinheiros públicos de cinco mil milhões, a DBRS continua a considerar que a perspetiva em torno da capitalização é moderada a fraca. “A posição de capital da CGD melhorou significativamente em resultado da recapitalização. A agência de notação considera que, com esta melhoria, e suportado pela recuperação económica em Portugal, o grupo tem mais flexibilidade para executar o plano estratégico”. No entanto, a capacidade do grupo para gerar capital continua fraca, com a Caixa a manter-se no vermelho.
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