Num só dia houve 220 fogos em Portugal
Sexta-feira foi o dia deste ano em que Portugal registou mais incêndios, num total de 220 ocorrências, das quais 60 apenas no distrito do Porto, informou a Autoridade Nacional de Proteção Civil .
No primeiro ‘briefing’ do dia, a adjunta de operações da Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC), Patrícia Gaspar, revelou que este sábado estão em curso dez incêndios, com o fogo em Abrantes, distrito de Santarém, a continuar a preocupar as autoridades, depois de, no final da tarde de sexta-feira, ter estabilizado, antes de o cenário se agravar. Mas ao final da manhã, o comandante dos bombeiros voluntários de Abrantes anunciou que o fogo já está controlado.
Num balanço dos incêndios que têm lavrado no país, Patrícia Gaspar revelou que sexta-feira foi o dia deste ano em que Portugal registou mais incêndios, num total de 220 ocorrências — um novo máximo diário — das quais 60 apenas no distrito do Porto.
“Durante a noite, o fogo [em Abrantes] perdeu força, apesar de dois ou três reacendimentos rapidamente resolvidos, e esta manhã o incêndio está sem frentes ativas”, afirmou à Lusa António Jesus, tendo acrescentado que a evolução do combate é “bastante favorável” e que o fogo “deve entrar em fase de resolução até às 13h00”.
O incêndio, que deflagrou às 18h14 de quarta-feira em Aldeia do Mato, União de Freguesias de Aldeia do Mato e Souto, no concelho de Abrantes, mobilizava por volta das 10h30, um total de 544 operacionais, apoiados por 187 viaturas e um meio aéreo. “O trabalho no terreno está a ser feito com várias máquinas de rastos, para fazer aceiros, rescaldo, consolidação e vigilância, também com o apoio de meios aéreos, apagando e resolvendo de imediato reacendimentos e pequenos focos de incêndio”, disse ainda o comandante dos bombeiros de Abrantes.
A autoestrada 23 (A23), que esteve cortada nos acessos a Rio Moinhos, na zona de Abrantes, foi reaberta às 00h43, segundo fonte da Proteção Civil nacional, citada pela Lusa. Segundo se podia ler na página da Proteção Civil na internet, cerca das 10:30, estavam cortadas a Estrada Nacional (EN) 3 e a Estrada Municipal (EM) 544. No entanto, a Estrada Nacional 202 está cortada desde as 10h00 na localidade de Alvaredo, concelho de Melgaço, distrito de Viana do Castelo, devido a um incêndio florestal, segundo a GNR. O corte ocorre entre os quilómetros 16 e 19. A GNR recomenda como alternativa a esta via a Entrada Nacional 202 antiga.
Autarca de Abrantes suspeita que fogos tenham origem criminosa
A presidente da Câmara Municipal de Abrantes disse que tudo indica que os incêndios no concelho tenham origem criminosa e aguarda agora os resultados das investigações em curso.
“Temos a clara noção de que há aqui uma clara tentativa de provocar mais danos. O que aconteceu ontem [sexta-feira] às portas da cidade claramente não foi um reacendimento ou uma projeção, foi um novo incêndio e temos receio de que outras situações possam acontecer e comprometer o trabalho que foi feito durante estes dois dias e meio aqui no concelho de Abrantes”, disse à Lusa Maria do Céu Albuquerque.
"Temos a clara noção de que há aqui uma clara tentativa de provocar mais danos. O que aconteceu ontem [sexta-feira] às portas da cidade claramente não foi um reacendimento ou uma projeção, foi um novo incêndio e temos receio de que outras situações possam acontecer.”
A autarca afirma que as suspeitas não se circunscrevem apenas ao incêndio que começou junto aos limites da cidade, mas também “ao grande incêndio”, que consumiu uma vasta área de floresta e colocou aldeias e pessoas em perigo. “Neste momento estão no terreno as entidades competentes para fazer essa avaliação e esperamos que seja conclusiva e que em breve possamos encontrar os responsáveis por esta calamidade que assolou o meu concelho”, acrescentou a presidente da câmara de Abrantes, adiantando também que será feito um patrulhamento no concelho durante os próximos dias.
Fogo de Alvaiázere foi considerado extinto
Também o fogo que começou na sexta-feira em Alvaiázere, distrito de Leiria, foi dado como dominado este sábado às 10h18, mantendo-se ativos dois incêndios, nos distritos de Viseu (Cinfães) e de Braga (Póvoa do Lanhoso), informou a Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC). Cada um dos incêndios mobilizava menos de 100 operacionais.
O incêndio de Alvaiázere “está dominado”, disse à Lusa o comandante da ANPC, Paulo Santos, referindo que um carro de bombeiros da corporação local “tombou lateralmente” no combate às chamas, provocando ferimentos ligeiros em cinco bombeiros. O comandante revelou que se mantêm 182 operacionais no terreno para operações “de consolidação do rescaldo”.
Paulo Santos explanou que há a probabilidade de “reativação de alguns dos incêndios dominados, mas, tendo em conta os meios instalados, o combate inicial será muito mais rápido”, acreditando-se que os fogos dominados sofram pouca evolução. Segundo Paulo Santos, registaram-se vários focos de incêndio durante a noite nos concelhos de Alvaiázere e de Pombal, sublinhando que, entre as 00h00 e as 08h00, foram contabilizados “55 focos de incêndio” no território nacional.
Em declarações à agência Lusa, a presidente da Câmara de Alvaiázere, Célia Marques, realçou que os focos de incêndio que foram sendo registados durante a noite e manhã no concelho “surgiram em sítios completamente opostos”, rejeitando a possibilidade de terem sido resultado de projeções.
“Há suspeitas de que haja atuação criminosa”, vincou a autarca, considerando que o próprio combate ao fogo foi mais complicado face à necessidade de dispersão dos meios para combater focos de incêndio que iam surgindo “em vários pontos do concelho”.
Artigo atualizado às 13h38 com as declarações da presidente da Câmara de Abrantes
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