Gas Natural já abordou António Costa sobre fusão com EDP
A Gas Natural quer reforçar a sua presença europeia e está a olhar para a EDP. A companhia espanhola já abordou os acionistas chineses, mas também esteve em Lisboa para falar com António Costa.
A Gas Natural está à procura de um parceiro para criar um gigante ibérico. Uma das alternativas é a elétrica portuguesa EDP. Isidro Fainé, presidente da empresa espanhola, contactou o maior acionista da EDP, a China Three Gorges, numa viagem à China, numa tentativa de perceber que opções tem em cima da mesa, revelou esta quarta-feira o Expansión. Mas não só. O ECO sabe que Fainé esteve em Lisboa, há algumas semanas, para um encontro com António Costa. O objetivo foi convencer o governo português das virtudes de uma fusão entre as duas companhias.
A EDP é a mais forte oportunidade para o crescimento da Gas Natural e, por isso, Isidro Fainé — há um ano como presidente da empresa — está há meses a avaliar esta oportunidade. Em julho, foi avançada a possibilidade de uma fusão entre as duas empresas, mas ambas as empresas negaram os rumores. À data, o ECO confirmou os contactos. Também agora, contactada, a Gas Natural Fenosa rejeita a existência de contactos tendo em vista uma fusão. E a EDP também não fez comentários.
Mais recentemente, o líder da empresa espanhola, que é controlada pelo grupo La Caixa (dono do BPI), esteve, então, em Lisboa e trouxe uma proposta para responder aos previsíveis obstáculos políticos de uma fusão que seria, na prática, uma absorção da EDP. Segundo apurou o ECO, com a intervenção direta de Artur Santos Silva, Fainé encontrou-se com o primeiro-ministro e propôs que, após a fusão, a sede da EDP Renováveis, agora em Madrid, passasse para Lisboa, enquanto a sede da nova empresa fusionada assentaria arraiais em Barcelona, e com um presidente executivo português no primeiro mandato. António Mexia é, claro, o nome que está em cima da mesa. E, segundo o ECO apurou, o gestor vê esta operação com bons olhos.
Oficialmente, não há comentários. António Costa não terá assumido qualquer posição em relação ao negócio, até porque a EDP é hoje privada e tem pelo menos dois acionistas de relevo: os chineses da China Three Gorges e o fundo americano Capital Group.
Esta quarta-feira, o jornal Expansión (conteúdo em espanhol) avançou que Isidro Fainé já teve reuniões com os chineses, um acionista que será mais difícil de convencer do que o americano. A CTG entrou na EDP para fazer, a partir de Portugal, o centro de uma empresa internacional, particularmente na área das renováveis.
O ECO sabe também que os máximos responsáveis da CTG estiveram em Lisboa há duas semanas, para encontros com o primeiro-ministro e também com o Presidente da República. A questão do negócio com a Gas Natural dominou os encontros, mas também a renegociação dos chamados CMEC, as rendas consideradas excessivas que garantem os preços da EDP.
O que resultaria de uma fusão (leia-se absorção) das duas companhias? A empresa que resultar da fusão entre EDP e Gas Natural pode fixar uma avaliação de mercado de cerca de 31 mil milhões de euros, saltando diretamente para o quarto posto entre as maiores utilities do Velho Continente, de acordo com a soma das atuais capitalizações das duas empresas. Ficaria à frente da francesa EDF, cujo valor de mercado está nos 27,6 mil milhões de euros.
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