António Costa: “Não é tempo de demissões, é tempo de soluções”
A prioridade, agora, é colocar em prática as recomendações da comissão técnica que avaliou os incêndios de Pedrógão, diz o primeiro-ministro.
“Este é um momento de luto”. Foi desta forma que António Costa se dirigiu ao país, numa altura em que se mantêm ativos 26 incêndios e em que já se contabilizam 36 vítimas mortais. O primeiro-ministro volta a rejeitar a demissão da ministra da Administração Interna, Constança Urbano de Sousa, e frisa que a prioridade é “concretizar em medidas” as conclusões do relatório feito por uma comissão técnica independente sobre os incêndios de Pedrógão Grande, durante o verão.
“Todos sentimos a sua angústia, a sua aflição, o sentimento de desamparo com que viveram últimas horas”, disse António Costa, dirigindo-se às famílias afetadas pelos incêndios. “Depois deste ano, nada poderá ficar como dantes”, acrescentou. E salientou: “Não é tempo de demissões, é tempo de soluções”.
"A grande responsabilidade política que temos é concretizar em medidas as recomendações e conclusões que nos foram apresentadas. O que o país não compreenderia era que tivéssemos um conjunto de recomendações e conclusões que caíssem em saco roto.”
Questionado sobre a atribuição de responsabilidades políticas pelos incêndios que já vitimaram, pelo menos, uma centena de pessoas, António Costa voltou a sublinhar a importância das propostas apresentadas pela comissão técnica independente, no relatório que enviou ao Governo. “A grande responsabilidade política que temos é concretizar em medidas as recomendações e conclusões que nos foram apresentadas. O que o país não compreenderia era que tivéssemos um conjunto de recomendações e conclusões que caíssem em saco roto. Temos de passar das palavras aos atos e executar, simultaneamente, a reforma da floresta, ao mesmo tempo que melhoramos o nosso sistema de prevenção”.
Para acelerar a implementação dessas recomendações da comissão técnica, vai realizar-se um Conselho de Ministros extraordinário já no sábado. Ainda assim, António Costa avisa que não haverá soluções imediatas. “Não podemos iludir os portugueses sobre a imediata produção de resultados, mas não receamos o desafio. Encontramos nas exigências da população a motivação acrescida para vencermos esta batalha”, disse.
Questionado pelos jornalistas, o primeiro-ministro recusa garantir que tragédias semelhantes não voltem a repetir-se, dizendo apenas que o Governo vai “cumprir tudo” o estiver ao seu alcance para “colocar em prática as recomendações da comissão técnica independente, executar a reforma das florestas e fazer de tudo para responder às necessidades das populações. Mas, independentemente dos esforços que forem feitos, “nem a melhor floresta pode garantir que não haja ocorrências“, admite António Costa.
Seja como for, o primeiro-ministro garante que o Governo assume todas as que lhe forem atribuídas. “As responsabilidades que forem apuradas têm de ser honradas pelo Estado”, assegurou, lembrando ainda que está a ser votado um mecanismo para atribuição de indemnizações às populações afetadas pelos incêndios de Pedrógão Grande, havendo a possibilidade de alagar essas indemnizações às vítimas de incêndios noutras zonas.
As centenas de incêndios que deflagraram no domingo, o pior dia de fogos do ano, provocaram pelo menos 36 mortos. Estão ainda confirmados 63 feridos, dos quais 16 graves. Os incêndios obrigaram ainda a evacuar localidades, a realojar populações a cortar o trânsito e dezenas de estradas.
Notícia atualizada às 20h49 com mais informação.
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