Como escolher o modelo organizacional mais eficaz para a transformação digital
Empresas têm cada vez mais preocupações com monitorização e melhoramento da operação e dos processos utilizados, a par do conhecimento das tendências económicas e tecnológicas.
A regular monitorização e melhoramento da operação e dos processos utilizados, a par do conhecimento das tendências económicas e tecnológicas, são fundamentais para que as organizações possam assegurar a sua competitividade e, no limite, a sua continuidade e crescimento. A transformação digital redefiniu este paradigma, ao permitir um nível de informação e de conexão sem precedentes, criando também oportunidades para as organizações, ao abrir um espaço novo de crescimento, de eficiência, de proximidade ao cliente, porque o mercado destas passa a ser global.
Para melhor avaliar o estado de evolução das organizações neste domínio, e também para permitir acompanhar de forma mais próxima a sua evolução e emitir recomendações, a IDC lançou um modelo de análise comparativa em transformação digital (DX), que permite aferir melhor a evolução de cada país. No primeiro estudo, de 2015, aproximadamente 22% das organizações norte-americanas encontravam-se numa fase de transformação digital próxima da plenitude, versus 15% em Portugal. Já os resultados deste ano indicam que, nos EUA, 34% das organizações se encontram numa fase avançada, versus apenas 19% em Portugal, conforme pode ser analisado no quadro abaixo.
Figura I – Organizações com um forte nível de Transformação Digital
- US 2015 – 22%
- Portugal 2015 – 15%
- GAP Portugal / US – 33%
- US 2017 – 34%
- Portugal 2017 – 19%
- GAP Portugal / US – 44%
Fonte: IDC DX MaturityScape, 2015 vs 2017
Estes dados representam uma divergência no crescimento face aos congéneres norte-americanos e, consequentemente, um afastar do primeiro escalão das economias mais competitivas neste domínio. Avaliada percentualmente, esta alteração é ainda mais evidente e preocupante. Neste contexto, a forma como os processos de transformação digital estão a decorrer é um fator crítico para o seu sucesso.
Atualmente, as empresas têm, de forma crescente, estratégias de transformação digital apoiadas por programas específicos. No entanto, apenas para um terço destas organizações esta formalização teve benefícios mensuráveis. Da análise que temos vindo a desenvolver nesse domínio, consideramos um fator diferenciador relevante a forma como as empresas organizam os seus esforços digitais. Um sinal de imaturidade na transformação digital reside no facto de não existir um padrão universalmente reconhecido para a organização de iniciativas e equipas para a transformação digital, algo que não existe em outras áreas funcionais, dos recursos humanos aos departamentos financeiros.
Por forma a obviar a esse problema, os quatro modelos de organizações para a transformação digital desenvolvidos pela IDC visam facilitar a execução, porque a análise efetuada ao longo dos anos confirma que a estrutura organizacional é um fator fundamental para o sucesso da concretização de uma visão digital. Os quatro modelos são:
Digital Special Projects Team — Ideal para organizações que estejam a iniciar os seus processos de transformação digital. Esta equipa responde habitualmente perante o CEO da organização e estuda os benefícios dos processos digitais para a organização de uma forma formal e estruturada. Este grupo deve ter como finalidade inicial a definição de uma missão digital para a organização, após o que deverá definir os novos modelos de negócio e as novas fontes de rendimento para a empresa.
The Office of Digital Transformation — Para as organizações que estejam preparadas para levar a sua estratégia digital para um nível mais avançado, é essencial a criação de um grupo centralizado mais formal, o qual deverá ser responsável pela governação dos esforços de transformação digital, identificando onde poderá ser implementada a transformação digital assim como os business cases a eles associados.
The Embedded Digital Business — Esta estrutura organizacional é a mais adequada para acelerar os esforços digitais, uma vez que integra os recursos digitais nas diferentes linhas de negócio que está a transformar digitalmente. Continua, no entanto, a existir um grupo central responsável pela gestão digital da empresa e que proporciona o conhecimento e as plataformas comuns a utilizar. Este grupo irá facilitar a comunicação entre as áreas de negócio, as operações e a tecnologia, e agrega informação de departamentos, unidades de negócio e geografias.
The Digital Business Unit — A última estrutura organizacional preconizada representa uma mudança face aos anteriores três modelos, os quais estão focados na transformação da empresa. Este modelo organizacional é muitas vezes utilizado em organizações grandes e complexas que lutam com a falta de recursos digitais e possuem um cultura avessa ao risco, assim como muito “agarrada” ao modelo de negócio tradicional. Neste contexto, a decisão mais ajustada será a criação de uma unidade de negócio separada. Habitualmente, esta unidade de negócio tem uma liderança trazida de fora da organização e uma equipa dedicada. O seu principal objetivo é o de gerar inovações digitais e melhorar a experiência dos seus clientes com novos modelos de envolvimento. Esta unidade tende a organizar-se integrando os princípios de agilidade e design thinking.
Figura II – Modelos organizacionais para a transformação digital
Esta arquitetura de modelos organizacionais está organizada de forma a que cada um dos modelos seja complementar do anterior. Para a escolha do modelo de organização mais adequado, o primeiro passo fundamental é identificar o nível de maturidade digital, definir a estratégia digital e os próximos passos na evolução da mesma e, em seguida, definir o melhor modelo organizacional que responde à sua estratégia.
Este é um tema transversal à implementação de uma estratégia global de transformação digital, o tema base da próxima edição do IDC Directions, que terá lugar dia 19 de outubro.
Artigo desenvolvido por Gabriel Coimbra, Country Manager da IDC Portugal.
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