O que diz o artigo 155 da Constituição espanhola?

  • Margarida Peixoto
  • 19 Outubro 2017

O artigo 155 prevê o modo de atuação caso uma região autónoma de Espanha interrompa o cumprimento da Constituição, ou coloque em causa o interesse geral espanhol.

O Governo de Mariano Rajoy ameaçou esta quinta-feira prosseguir com a aplicação do artigo 155 da Constituição de Espanha, depois de constatar na resposta de Carles Puigdemont que o executivo catalão não clarificou se de facto proclamou a independência nem se prontificou a repor a normalidade legal na região. Mas, o que diz exatamente o artigo 155 da Constituição? Javier García Fernández, professor catedrático de Direito Constitucional, explica os termos do artigo 155 num artigo publicado no El País. Já o El Mundo adianta em que medida é que as condições para aplicar este artigo já estão reunidas.

Primeiro, o que se lê no número 1 do artigo 155?

“Se uma Comunidade Autónoma não cumprir as obrigações que a Constituição ou outras leis lhe imponham, ou atuar de forma que atente gravemente contra o interesse geral de Espanha o Governo, com requerimento prévio enviado ao Presidente da Comunidade Autónoma e, em caso de não ser atendido, com a aprovação por maioria absoluta do Senado poderá adotar as medidas necessárias para obrigar àquela ao cumprimento forçoso de ditas obrigações ou para a proteção do mencionado interesse geral.”

Para que serve o artigo 155?

Em termos simples, serve para proteger a integridade do território espanhol e as próprias regiões autónomas. Como a Constituição de Espanha reconhece o direito a regiões autónomas, com direito a governos regionais, foi preciso prever uma forma de impedir que estas instituições regionais fossem utilizadas com outros objetivos. “A autonomia precisava de se proteger através de instrumentos que evitassem que uma minoria se tentasse apoderar das instituições autónomas para destruí-las”, contextualiza o professor catedrático Javier García Fernández.

Os termos em que se pode acionar este artigo já se aplicam?

Aparentemente sim. Há duas condições, alternativas, para que este artigo possa ser acionado:

  1. Quando uma comunidade autónoma não cumpre as obrigações que a Constituição ou outras leis ditam;
  2. Ou quando coloca em causa de forma grave o interesse geral de Espanha.

Quando Puigdemont, perante o parlamento catalão, declarou considerar reunidas as condições, com base no referendo considerado ilegal pelo Tribunal Constitucional espanhol, para declarar a independência, coloca em causa a integridade do território de Espanha. O próprio facto de prosseguir com um referendo que foi contra a Constituição também constitui uma forma de incumprir as obrigações desta lei mestre do país.

“O artigo 155 é um preceito, presente nas Constituições federais ou regionais, que permite que o Estado intervenha quando um território atua deslealmente,” explica o professor catedrático no artigo publicado no El País.

O que implica este artigo?

Há um primeiro momento em que o Governo de Espanha tem de requerer ao Governo regional que reponha a normalidade legal. Foi isso que Rajoy fez num primeiro momento: pediu a Puigdemont que clarificasse as suas intenções e que repusesse a ordem legal.

Na resposta, Puigdemont considerou que o Governo central está a recusar o diálogo com vista à independência e ameaçou prosseguir com a votação formal de independência que acabou por não ser votada no dia 10 de outubro. Ora, desta forma o chefe do executivo catalão reconhece que a independência não foi ainda formalmente proclamada, mas não acata a recomendação de repor a ordem legal.

Como é que o procedimento se concretiza?

Verificando-se que o próprio governo regional não repõe a ordem da lei espanhola, o Governo central tem de pedir autorização ao Senado para adotar as medidas necessárias para obrigar a região em causa ao cumprimento dessas obrigações, ou para proteger o interesse geral.

“Como a Constituição não estabelece o conteúdo das medidas a adotar, o Governo pode graduar os seus efeitos, que não alcançam necessariamente a autonomia da Comunidade,” explica o professor catedrático.

Contudo, num caso de declaração da independência de uma região autónoma, o Executivo central seria levado a dissolver o Parlamento regional, colocando assim em causa a autonomia da região. Teria de “constatar que essa declaração [de independência] implica a dissolução do Parlamento e do Governo estatutário e a necessidade de que o Governo da nação nomeie um Governo em funções e quando seja pertinente, convoque novas eleições autónomas,” adianta ainda Javier García Fernández.

O El Mundo recorda ainda o que diz o artigo 189: o Governo central tem de apresentar por escrito quais são as medidas que pretende tomar para fazer cumprir a Constituição na região autónoma em causa, ou para proteger o interesse geral de Espanha, e porque é que estas medidas se justificam.

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Fundos do Plano Juncker podem ser usados para recuperar de fogos

  • Lusa
  • 19 Outubro 2017

Bruxelas diz que o Plano Juncker pode ser usado para corrigir os danos causados pelos incêndios em Portugal nos últimos meses. Mas não é a melhor ferramenta, avisa vice-presidente Comissão Europeia.

Os fundos do Plano Juncker podem ser usados para corrigir os danos causados pelos incêndios em Portugal nos últimos meses, não sendo porém “a melhor ferramenta de financiamento”, disse esta quinta-feira o vice-presidente da Comissão Europeia.

“O Fundo Europeu para Investimentos Estratégicos (FEIE ou EFSI na sigla em inglês) pode ser usado para corrigir os danos causados pelos incêndios. Na teoria, sim, dependendo da natureza do projeto [e] especialmente se o setor privado estiver envolvido”, afirmou o vice-presidente da Comissão Europeia, Jyrki Katainen, durante um seminário em Bruxelas sobre EFSI 2.0.

Katanien destacou porém que o FEIE “não é a melhor ferramenta de financiamento para este tipo de projetos” e que o Banco Europeu de Investimento “tem ferramentas mais baratas e melhores”.

"O Fundo Europeu para Investimentos Estratégicos (FEIE ou EFSI na sigla em inglês) pode ser usado para corrigir os danos causados pelos incêndios. Na teoria, sim, dependendo da natureza do projeto [e] especialmente se o setor privado estiver envolvido.”

Jyrki Katainen

Vice-presidente da Comissão Europeia

Realçou ainda que o FEIE “não é uma ferramenta mágica que consegue mudar tudo”.

As centenas de incêndios que deflagraram no domingo, o pior dia de fogos do ano segundo as autoridades, provocaram mais de 40 mortos e cerca de 70 feridos, além de terem obrigado a evacuar localidades, a realojar as populações e a cortar o trânsito em dezenas de estradas.

Esta é a segunda situação mais grave de incêndios com mortos este ano, depois de Pedrógão Grande, em junho, em que um fogo alastrou a outros municípios e provocou 64 mortos e mais de 250 feridos.

O Plano de Investimento para a Europa, conhecido como Plano ‘Juncker’ por ter sido lançado pelo presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, é um instrumento financeiro através do qual a CE pretendia mobilizar 315 mil milhões de euros até 2018.

Em setembro do ano passado, Juncker propôs um plano 2.0 de aumento da duração e de capacidade do Fundo, com vista a mobilizar 500 mil milhões até 2020.

No passado mês de setembro o Parlamento Europeu (PE), a Comissão Europeia e o Conselho da UE chegaram a acordo para que o FEIE 2.0 abranja novos setores, como a floresta, a pesca e a agricultura.

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Pedro Siza Vieira, o novo ministro Adjunto: “Temos um Governo fragilizado”

Amigo de Costa há décadas, já tinha estado ao "serviço" do primeiro-ministro. Pedro Siza Vieira está "motivado", mas admite que o país "está devastado" e "o Governo fragilizado".

“Estive 30 anos a servir os meus clientes, agora vou servir o meu país”. As palavras são de Pedro Siza Vieira, 52 anos, o novo ministro-adjunto de António Costa, em declarações ao ECO. O sócio da Linklaters, advogado há quase 30 anos, diz que está “motivado” e que só assim poderia aceitar o convite que recebeu do chefe de Governo e seu amigo de longa data, dos tempos da Faculdade de direito de Lisboa.

“Tive apenas umas horas para dar uma resposta”. Por isso, admite ao ECO, ainda nem teve tempo para pensar ou escolher os seus secretários de Estado. “Claro que estou motivado. Temos um país devastado, o Estado falhou e temos um Governo fragilizado. Só aceitaria este cargo estando motivado. Por isso claro que estou motivado”.

Pedro Siza Vieira foi o advogado a quem a ainda Ministra da Administração Interna, Constança Urbano de Sousa, recorreu quando precisou de um parecer jurídico para analisar o contrato com a SIRESP, logo após a tragédia de Pedrógão Grande.

Pedro Siza Vieira trabalhou para o consórcio Atlantic Gateway precisamente no processo de privatização da TAP e esteve envolvido no dossiê Oitante, sociedade que ficou com os ativos tóxicos do Banif. Tem uma larga experiência em direito público, arbitragem comercial, PPP e concessões.

Claro que estou motivado. Temos um país devastado, o Estado falhou e temos um Governo fragilizado. Só aceitaria este cargo estando motivado. Por isso claro que estou motivado.

Pedro Siza Vieira

Está na Linklaters desde 2002. Antes disso, esteve na Morais Leitão, Galvão Teles e Associados. Foi conselheiro legal na Câmara Municipal de Lisboa, tendo ainda sido conselheiro do governador de Macau. É ainda professor na Faculdade de Direito da Universidade Católica em Lisboa e presidente da Associação Portuguesa de Arbitragem.

Já tinha sido ouvido o seu nome para ministro da Economia, para substituição de Caldeira Cabral, mas essa hipótese nunca se chegou a concretizar.

Integrou a Estrutura de Missão para a capitalização das empresas e integrava ainda dois grupos de trabalho (reforma da supervisão financeira e soluções para o crédito malparado).

É casado com Cristina Siza Vieira, presidente da Associação da Hotelaria de Portugal e tem três filhos. Foi nos anos 80 que conheceu António Costa, um ano mais velho que Siza Vieira.

Atualmente é ainda membro da Comissão de Arbitragem da Câmara de Comércio Internacional. Entre 2000 e 2006, foi membro do Conselho Superior dos Tribunais Administrativos e Fiscais e também da Associação das Sociedades de Advogados de Portugal.

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Directions 2017: “Todas as empresas hoje são empresas tecnológicas”

O futuro do país e do mundo, alavancado na tecnologia, motiva a conferência Directions 2017, da IDC. O ECO estará a acompanhar o evento durante o dia desta quinta-feira.

Quão rápida está a ser a transformação digital? A avaliar pelas intervenções na conferência Directions 2017, a resposta só pode ser: muito, muito rápida. O mundo muda a cada segundo numa evolução suportada num desenvolvimento tecnológico célere e sem precedentes. O ECO é parceiro da IDC neste evento e estará a acompanhar a conferência a partir do Centro de Congressos do Estoril, durante o dia desta quinta-feira.

Consulte aqui a agenda completa.

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Rumo ao espaço, primeiro satélite português será lançado em 2020

  • ECO
  • 19 Outubro 2017

O Infante promete levar o nome de Portugal para novas fronteiras. O primeiro satélite português poderá vir a ser lançado em 2020, e o acordo do consórcio será assinado esta quinta-feira.

Portugal volta a pisar novos terrenos, e desta vez o céu não será o limite. O Infante será o primeiro satélite totalmente desenvolvido e construído em Portugal, com lançamento previsto para o final de 2020. O grupo de investigação e desenvolvimento ISQ é uma das várias entidades confirmadas no consórcio para o fabrico do primeiro satélite português. O contrato será assinado esta quinta-feira no Encontro Internacional do Cluster AED – Aeronáutica, Espaço e Defesa, a decorrer no país.

O Projeto Infante foi aprovado pela Agência Nacional de Inovação (ANI) e conta com o co-financiamento da União Europeia, num investimento total de 9 milhões de euros para três anos. O satélite português é o primeiro de uma constelação de 12 satélites, que chegarão ao Espaço nos anos seguintes.

Pedro Matias, presidente da ISQ, refere que o grupo terá “a responsabilidade de toda a área de testes das peças e do produto final”. Para além da ISQ, o Projeto contará com nove empresas e dez centros de investigação e desenvolvimento de universidades e laboratórios de investigação de todo o país com especialização em aeronáutica e espaço.

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Revista de imprensa internacional

  • ECO
  • 19 Outubro 2017

A Seat poderá sair da Catalunha, o crescimento económico da China continua a encher as expectativas do governo, e a UE pede sete mil milhões de euros para pagar pensões de antigos oficiais do bloco.

Uma mala coberta de diamantes está à venda e procura potenciais compradores em várias cidades do mundo. Na Catalunha, a Seat poderá tomar a decisão de saída para outra região de Espanha. Já na China, os números do crescimento económico aumentam a confiança do presidente Xi Jinping, que apresenta os planos para o país nos próximos cinco anos. Estes e outros destaques que fazem a atualidade internacional.

The Guardian

Mala mais cara do mundo está à venda… por 3,8 milhões de dólares

São mais de 4.500 diamantes a cobrir a mala feita à mão, em ouro de 18 quilates. A Mouawad 1001 Nights é considerada a mala mais cara do mundo, avaliada em 3,8 milhões de dólares, e foi colocada à venda esta semana. De acordo com a Christies’s, que levará a cabo a venda, a peça demorou mais de 8.800 horas a ser concebida. A mala será exibida a potenciais compradores em Hong Kong, seguindo-se Genebra e Londres no próximo mês.

Leia a notícia completa aqui (Conteúdo em Inglês/ Acesso Livre).

El Mundo

Volkswagen dá luz verde à Seat para abandonar a Catalunha

Os potenciais riscos à segurança jurídica levaram o grupo alemão deixar nas mãos da Seat a decisão final de mudar a sua sede para fora da Catalunha. Segundo fontes próximas do El Mundo, o fabricante automóvel espanhol tem vindo a contactar por várias vezes com a Volkswagen a possível saída da comunidade, tendo já delineado um plano de alteração de instalações para ativar em caso de necessidade. A estratégia visa proteger trabalhadores, acionistas e clientes.

Leia a notícia completa aqui (Conteúdo em Espanhol Acesso Livre).

Business Insider

UE pede sete mil milhões de euros em pensões ao Reino Unido

Antes do desfecho das negociações do Brexit, a União Europeia exigiu ao Reino Unido que pague sete mil milhões de euros em obrigações com pensões para oficiais da UE aposentados. Trata-se do maior ponto de divergência entre as duas partes. Um grupo de antigos ministros conservadores escreveu uma carta dirigida a Theresa May a sugerir um cenário sem acordo com a União Europeia.

Leia a notícia completa aqui (Conteúdo em Inglês/ Acesso Livre).

Financial Times

Economia chinesa cresce 6,8% no terceiro trimestre

Na semana do Congresso do Partido Comunista, a China regista um crescimento económico de 6,8% no terceiro trimestre, um valor ligeiramente abaixo do registado no período passado. Ainda assim, os valores encontram-se acima dos objetivos anuais de 6,5% do governo. Os números dão confiança ao presidente Xi Jinping, que apresenta agora o plano do Partido Comunista para os próximos cinco anos.

Leia a notícia completa aqui (Conteúdo em Inglês/ Acesso Condicionado).

CincoDías

Samsung alia-se à Google. A aposta passa pela realidade aumentada

Google e Samsung juntam-se para fazer frente à Apple, que lançou no mês passado o ARKit, a tecnologia da empresa da Califórnia para realidade aumentada. A tecnológica sul coreana avançou que os seus programadores poderão usar a ARCora, a plataforma de desenvolvimento de conteúdos para realidade aumentada da Google, inicialmente planeada para o sistem operativo móvel Android. A aliança fará chegar as novas tecnologias a utilizadores de equipamentos mais recentes como o Galaxy S8, o S8+ e o Galaxy Note8.

Leia a notícia completa aqui (Conteúdo em Espanhol/ Acesso Livre).

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David Neeleman garante que a TAP vai regressar ao Porto com novos voos

Face a uma estabilização da companhia aérea, David Neeleman diz que espera anunciar mais destinos e voos a partir do Porto. Mas "não pode esperar" cinco anos para ter um novo aeroporto em Lisboa.

David Neeleman, um dos principais acionistas da TAP, defende que “não podemos esperar cinco anos para abrir um novo aeroporto” em Lisboa — é possível fazê-lo em dois anos. Quanto ao Porto, planeia anunciar novos voos e destinos até ao próximo verão. “Estamos mais preparados para fazer isso que há dois anos”, explicou.

Precisamos de um novo aeroporto. Não podemos esperar cinco anos para abrir um novo“, disse Neeleman no debate organizado pela Câmara de Comércio Luso-Britânico, em Lisboa. De acordo com o acionista, um terminal equivalente ao terminal 2 da Portela pode ser construído em seis meses, portanto, “podemos ter qualquer coisa em dois anos se nos focarmos realmente”.

Quanto ao financiamento, mantém a posição de declarações anteriores, nas quais se recusava a pagar um aeroporto que se destina sobretudo às companhias lowcost. “Todos deviam pagar pelo seu próprio aeroporto. Não vou pagar para a Ryanair vir aqui e retirar-nos negócio. Ninguém em Portugal deveria aceitar isso. Somos uma empresa nacional e não podemos ser prejudicados para ajudar alguém que realmente tem muito mais lucro e dinheiro do que nós. Estamos aqui a sobreviver [a TAP], não lhes vou dar um subsídio”.

Todos deviam pagar pelo seu próprio aeroporto. Não vou pagar para a Ryanair vir aqui e retirar-nos negócio. Ninguém em Portugal deveria aceitar isso.

David Neeleman

Accionista da TAP

David Neeleman está focado em amortizar a dívida de 600 milhões de euros da TAP, que começará a ser abatida em novembro de 2018, com o pagamento de dez milhões de euros por mês. Apesar da dívida de 52 milhões na primeira metade do ano, David acredita que poderá acabar o ano com lucro, mas assume: “Também temos de baixar custos e ser mais eficientes”.

Baixar os custos é a única forma de recuperar financeiramente quando está limitado em termos de infraestrutura, assinalando a falta de aeroporto como o principal desafio para a TAP. “Quando o número de passageiros cresce 25%, a infraestrutura tem de crescer contigo“, diz Neeleman, e relata: “Há pessoas a querer vir e nós a dizer ‘Portugal está fechado’“. Segundo o acionista, há horas do dia em que são forçados a estar parados. A solução mais imediata será “começar com saídas rápidas da pista e um novo sistema de navegação” de forma a maximizar as operações por hora, afirma.

Tendo em conta a importância crítica que as viagens aéreas têm para Portugal, “deveríamos estar a trabalhar 24 sobre 24 horas para resolver este problema”, aponta Neeleman. O responsável está a par que existem negociações com a Força Aérea e relembra que “a ANA tem de ter o seu papel”.

A caminho do Porto

Quando se procedeu à privatização, a diminuição do fluxo de voos da TAP no Porto gerou fortes críticas, nomeadamente do presidente da Câmara Rui Moreira. Agora, Neeleman diz que a TAP está mais estabilizada e portanto pronta para voltar. Aponta para a próxima primavera ou verão para anunciar novos destinos e voos para a Invicta.

“Sabemos que estamos mais preparados hoje para concorrer”, diz Neeleman. Avança que é necessário negociar com o aeroporto “para ter as mesmas condições que as outras companhias têm” — fala em subsídios dos quais a concorrência usufrui.

Da parte da companhia aérea nacional, “temos uma aeronave melhor, uma maneira de trabalhar mais próxima da da Ryanair em alguns aspetos”, o que traz conforto para voltar ao Porto. Para além disso, a frota deverá ser renovada na íntegra até 2019. A TAP investiu €70 milhões na renovação de 48 aviões para modernizar o produto e crescer a oferta, a ser concluída até janeiro de 2018.

Para Fernando Pinto “há sempre um lugar na TAP”

Neeleman afirma que “há sempre um lugar na TAP”, frase que repete quando inquirido acerca da possibilidade desse lugar ser a cadeira do CEO, deixando assim a possibilidade em aberto. “Precisamos sempre da sabedoria e do conhecimento dele”, diz.

Recentemente, Fernando Pinto assegurou: “Não sairei em breve da TAP“, embora desde o verão passado se fale nesta possibilidade. A confirmar-se a substituição, Antonoaldo Neves, antigo presidente da Azul, será o principal candidato. Faz atualmente parte do conselho de administração da TAP.

A Azul foi a companhia cuja parceria trouxe mais passageiros à TAP em voos de conexão: 88 mil de 237 mil, o que representa uma receita de 50 milhões de euros. Esta aliança foi principalmente relevante no mercado brasileiro, no qual as receitas cresceram 53% entre 2015 e 2016. A Azul contribui em 38% para estes resultados.

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Polícia faz buscas no Benfica no caso dos e-mails

  • ECO
  • 19 Outubro 2017

A Polícia Judiciária está esta quinta-feira nas instalações do clube encarnado no âmbito do caso dos e-mails. Casas de Luís Filipe Vieira e de Pedro Guerra também são alvo da operação.

A Polícia Judiciária encontra-se esta quinta-feira a realizar buscas no Benfica no âmbito da investigação do caso dos e-mails que têm sido revelados pelo Porto Canal, do FC Porto, segundo avança a revista Sábado (acesso gratuito). O ECO também confirmou a notícia.

Além das diligências no clube encarnado, as autoridades judiciais também estão a realizar buscas nas casas do presidente dos encarnados, Luís Filipe Vieira, e do antigo funcionário do Benfica e comentador televisivo Pedro Guerra.

De acordo com a Sábado, há um alegado esquema de corrupção que a PJ está a investigar na sequência dos e-mails que recebeu da parte do FC Porto, que tem vindo a divulgar vária correspondência eletrónica nos últimos meses no canal do clube, o Porto Canal.

Desta correspondência constam mensagens trocadas entre o assessor jurídico do clube, Paulo Gonçalves, e Luís Filipe Vieira, referentes à oferta de bilhetes para jogos do Benfica, no Estádio da Luz, e ainda para a final da Liga Europa, em Turim, na época de 2013/14.

Os bilhetes terão sido entregues a elementos do Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol que tinham “de alguma maneira ajudado a alcançar este objetivo [Liga Europa] ou ajudado o Benfica no passado”, segundo disse Paulo Gonçalves a Vieira nos e-mails, revela a revista, indicando que Andreia Couto, na altura diretora executiva da Liga, Nuno Cabral, ex-delegado da Liga, e Emídio Fidalgo, ex-responsável pela nomeação de delegados, são alguns dos “convidados”.

Investigação ao caso dos e-mails “peca por tardia”

Em reação, o Benfica considerou que as diligências efetuadas esta manhã pelo Ministério Público no Estádio da Luz, no âmbito das acusações de influência no futebol através de e-mails feitas pelo FC Porto, pecam por tardias.

Em comunicado, a SAD encarnada confirma as investigações no Estádio da Luz, em Lisboa, acrescentando que as mesmas ocorreram meia hora depois de noticiadas pela comunicação social.

“Estas operações, que pecam por tardias, são encaradas com a maior normalidade pela Sport Lisboa e Benfica SAD, que desde o primeiro momento requereu e disponibilizou-se a fornecer toda a informação necessária a um cabal esclarecimento de toda esta situação, reiterando a sua total colaboração ativa nos trabalhos que estão em curso para o apuramento da verdade”, refere o clube.

“A Sport Lisboa e Benfica SAD reforça o seu apelo a uma rápida e urgente investigação para defesa do seu bom-nome, responsabilização de quem sistematicamente tem cometido diversos crimes e no sentido da normalização institucional do futebol português. Aliás, a Sport Lisboa e Benfica SAD aguarda que sejam investigados os autores materiais da violação do seu sistema informático, o que, apesar de reiteradamente solicitado, ainda não foi executado”, conclui o clube.

(Notícia atualizada às 13h21 com reação do Benfica)

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Catalunha: se Espanha abrandar mais, Portugal vai atrás? Depende

  • Margarida Peixoto
  • 19 Outubro 2017

O Governo espanhol reviu em baixa a projeção de crescimento para 2018. Mas se este abrandamento se justificar pela incerteza na Catalunha, não é certo que Portugal saia mesmo a perder.

Nas ruas de Barcelona, milhares manifestam-se pela unidade de Espanha.Alejandro Garcia / EPA

O Executivo de Mariano Rajoy reviu em baixa o crescimento previsto para a economia espanhola no próximo ano. Em vez de 2,6%, Espanha deverá afinal crescer 2,3%. O habitual é antecipar-se que um abrandamento do ritmo da atividade económica do lado de lá da fronteira trará um arrefecimento também do lado de cá. Mas, desta vez, não é líquido que assim seja, admitem os economistas.

Tudo depende da razão do abrandamento do PIB. Se, de facto, a economia espanhola crescer menos do que o inicialmente previsto por causa da instabilidade da Catalunha, isso até pode não ser prejudicial para Portugal. Ainda esta quinta-feira o Governo de Madrid, liderado por Mariano Rajoy, fez saber ao Executivo da Catalunha, encabeçado por Carles Puigdemont, que poderá avançar com os procedimentos previstos no artigo 155 da Constituição para restaurar os termos em que a autonomia é legal. Ou seja: a incerteza e instabilidade parece estar para durar, uma vez que não há um entendimento ou uma abertura clara para o diálogo à vista.

"Se for só o país a crescer menos, é evidente que o impacto em Portugal será negativo. Mas se o abrandamento resultar do problema da Catalunha, Portugal pode beneficiar de um redirecionamento do turismo e esse efeito compensar os outros.”

Luís Aguiar-Conraria

Economista e professor na Universidade do Minho

“Um abrandamento do crescimento de Espanha pode sempre afetar Portugal,” diz Luís Aguiar-Conraria, economista e professor na Universidade do Minho. “Se for só o país a crescer menos, é evidente que o impacto em Portugal será negativo,” frisa. “Mas se o abrandamento resultar do problema da Catalunha, Portugal pode beneficiar de um redirecionamento do turismo e esse efeito acabar por compensar os outros,” admite.

Ou seja, em circunstâncias normais, quando Espanha abranda é normal que Portugal também abrande. Isto porque Espanha é o principal parceiro comercial da economia portuguesa, respondendo por cerca de 25% de todas as exportações lusas — a título comparativo, veja-se que vale tanto como todos os mercados extracomunitários juntos. Se em Espanha se consome menos, é de esperar que as importações de produtos portugueses fiquem prejudicadas.

"Há ainda o efeito de incerteza nos mercados. Temos visto os spreads de Espanha face à Alemanha a alargar-se e isso teve já um impacto em Itália e em Portugal.”

Rui Serra

Economista-chefe do Montepio

Mas o caso atual pode mudar esta conclusão, caso o abrandamento resulte especificamente da situação catalã, conforme justificou o Governo espanhol. “A verificar-se esse efeito, talvez no turismo pudéssemos beneficiar de algum impacto positivo. Perante uma situação de instabilidade e de manifestações haver algum turismo redirecionado para Portugal,” admite também Rui Serra, economista-chefe do Montepio, lembrando o efeito provocado em Paris depois da ocorrência de atentados terroristas.

Em entrevista à Reuters, esta quarta-feira, o ministro das Finanças Mário Centeno reconheceu esta mesma possibilidade. Embora admita que a turbulência na Catalunha é “uma preocupação”, ressalva que a “estabilidade política faz Portugal distinto daquilo que é essa turbulência política e ajudará seguramente a atrair mais investimento, mais turismo, mais pessoas.”

Já a nível do redirecionamento do consumo de bens — há empresas catalãs que temem um boicote aos seus produtos — seria preciso saber se também aqui a oferta portuguesa poderá substituir a catalã.

Ainda assim, Rui Serra lembra outro impacto potencial de um arrastamento da instabilidade na Catalunha: “Há ainda o efeito de incerteza nos mercados. Temos visto os spreads de Espanha face à Alemanha a alargar-se e isso teve já um impacto em Itália e em Portugal. Esta também é uma via de impacto a considerar.” Esta quinta-feira, com a troca de ameaças entre o governo catalão e o Executivo central, os juros da dívida espanhola aceleraram, o euro perdeu terreno e as bolsas europeias entraram em queda.

(Artigo atualizado às 12h40)

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Catalunha castiga bolsas. Juros de Espanha sobem

Puidgemont fez uma nova ameaça. Madrid responde: vai suspender a autonomia da Catalunha. A tensão está a aumentar, levando à queda das bolsas europeias. Os juros de Espanha sobem.

A Catalunha está a incendiar os mercados. Depois da nova ameaça de independência feita por Puidgemont, Mariano Rajoy diz que está pronto para avançar com a suspensão da autonomia da Catalunha. Há um agudizar da tensão política que está já a fazer tremer os mercados. As bolsas europeias estão em queda, com Madrid a cair quase 1%. Os juros da dívida espanhola acelera.

Carles Puigdemont enviou uma carta ao primeiro-ministro espanhol, nesta quinta-feira, onde diz que caso o governo central não queira dialogar, o parlamento regional da Catalunha pode declarar a independência. Em resposta, Madrid diz que vai recorrer ao artigo 155 da Constituição que suspende a autonomia da região, aumentando o nível de tensão.

Perante este cenário, os investidores estão cada vez mais apreensivos. Receosos quanto ao impacto que esta situação possa ter, estão a afastar-se dos ativos de risco, nomeadamente das ações. A bolsa de Madrid está a ser a mais castigada, registando uma queda de 0,96% para 10.174 pontos, com o setor financeiro a destacar-se. Sabadell e CaixaBank registam as maiores perdas.

No resto da Europa, o cenário é idêntico, com os índices todos em terreno negativo. Lisboa abriu em alta, mas está a cair 0,24% para 5.448,11 pontos, sendo que depois de Madrid é a bolsa italiana a que apresenta a queda mais acentuada: 0,88%. O Stoxx 600, que agrega as maiores empresas da Europa, recua 0,58%.

Há pressão vendedora na praça madrilena, mas também nos juros da dívida espanhola. Numa altura em que a generalidade das obrigações dos países do euro está a subir, levando à queda das taxas, as “yields” de Espanha sobem. A taxa a cinco anos está a agravar-se em 2,2 pontos base para 0,326%, já a taxa a dez anos sobe 1,3 pontos para 1,632%. O diferencial de juros entre Portugal e Espanha está nos 68 pontos.

Apesar de ter chegado a perder valor, o euro mostra-se algo resiliente à tensão. Depois de ter chegado a cair um máximo de 0,16% durante a sessão, para 1,1768 dólares, a moeda única segue a cotar nos 1,1804 dólares.

(Notícia atualizada às 10h07 com mais informação)

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Governo espanhol reúne sábado para suspender autonomia da Catalunha

Rajoy reage à carta enviada por Puigdemont esta quinta-feira, em que o líder da Catalunha ameaçava declarar a independência da região. Governo reúne-se no sábado para avançar com o artigo 155.

O líder da Catalunha fez uma espécie de ultimato ao governo de Madrid. Carles Puigdemont enviou uma carta ao primeiro-ministro espanhol, nesta quinta-feira, onde diz que caso o governo central não queira dialogar, o parlamento regional da Catalunha pode declarar a independência. Em resposta, Madrid diz que vai recorrer ao artigo 155 da Constituição que suspende a autonomia da Catalunha. Reunião está marcada para sábado.

“O governo irá continuar com os procedimentos estabelecidos no artigo 155 da Constituição para restaurar a legalidade da autonomia da Catalunha”, afirmou o governo de Espanha em comunicado.

A decisão surge depois de o presidente do governo regional da Catalunha ter enviado uma carta esta quinta-feira ao governo de Espanha, onde dizia que se não avançassem para o diálogo o caminho a seguir era o pedido de independência. “Se o governo central persistir em bloquear o diálogo e continuar a repressão, o Parlamento Catalão pode prosseguir, caso o considere apropriado, para a aprovação da declaração formal de independência“, afirmou Puigdemont na carta enviada a Mariano Rajoy, citada pela Bloomberg.

Madrid tinha dado na segunda-feira uma “última oportunidade”, até as 10h00 (09h00 de Lisboa) desta quinta-feira, ao executivo catalão antes de ativar o artigo 155 da Constituição espanhola e “repor a legalidade” na comunidade autónoma da Catalunha. Isto depois de “Sim” ter ganho no referendo de 1 de outubro à independência de Espanha por parte da Catalunha.

Entretanto, Mariano Rajoy marcou para o próximo sábado uma reunião do seu gabinete onde irá avançar com as medidas necessárias para suspender a autonomia da Catalunha. “No próximo sábado, o Conselho de Ministros, reunido de forma extraordinária, aprovará as medidas que levará ao Senado a fim de proteger o interesse geral dos espanhóis, entre eles os cidadãos da Catalunha, e restaurar a ordem constitucional da Comunidade Autónoma”, lê-se no comunicado do Governo de Mariano Rajoy.

No mesmo comunicado é referido que “o governo usará todos os meios ao seu alcance para restaurar quanto antes a legalidade e a ordem constitucional, recuperar a convivência pacífica entre cidadãos e diminuir a deterioração económica e a insegurança jurídica que está a provocar na Catalunha”.

Desde a vitória do “Sim” à independência de Espanha, cerca de 600 empresas já mudaram as suas sedes para fora da região, de forma a se protegerem das consequências que daí podem resultar.

(Notícia atualizada às 10h15 com mais informação)

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Moody’s: PIB cresce, mas malparado continua a ser uma ameaça para a banca nacional

A agência de notação financeira manteve a perspetiva para os ratings da banca nacional em "estável", ao contrário do que acontece para o país. A explicação está na fraca qualidade dos ativos.

A Moody’s continua a considerar que Portugal é “lixo”, mas reviu a perspetiva da notação financeira para “positiva”. Melhorou-a para o país, mas não para a banca que continua a ser de “estável”. Isto porque apesar do crescimento da economia portuguesa, a qualidade dos ativos do setor financeiro continua a ser fraca. O malparado pesa na banca.

A perspetiva estável para o sistema bancário português reflete a nossa visão de que apesar do crescimento económico sustentado poder levar a um ligeiro alívio no malparado, o stock de créditos em incumprimento continuará elevado”, diz Maria Vinuela, vice-presidente assistente da Moody’s, numa nota publicada esta quinta-feira.

Como já tinha salientando em setembro, a agência de notação financeira prevê que o contexto em que os bancos nacional operam seja mais positivo tendo em conta a perspetiva de que aumente o investimento em Portugal, as exportações puxem pelo PIB, isto num período em que a taxa de desemprego continua a cair.

Apesar disso, e mesmo tendo em conta que a Moody’s acredita num alívio do problema do malparado, o “fardo” continuará elevado no contexto europeu. “No final de junho, o rácio de crédito malparado da banca portuguesa, definido pela EBA, era de 17,5%, abaixo dos 20,1% um ano antes, mas bem acima da média da União Europeia (UE), de 4,5%”, nota a Moody’s.

Ao mesmo tempo que o malparado é elevado, os rácios de capital da banca portuguesa (11,5%, em média, no final de junho) continuarão aquém da média da UE (de 14%), “condicionados pela fraca geração de capital interna e a elevada dependência de ativos por imposto diferidos”, salienta a agência que considera positiva a evolução da posição de liquidez do setor.

“Os bancos portugueses melhoraram a sua posição de liquidez nos últimos anos fruto da desalavancagem realizada, de uma base de depósitos resiliente e da fraca procura por crédito. A Moody’s prevê uma recuperação no novo crédito em 2018, mas também que a desalavancagem feita melhore ainda mais a capacidade de financiamento dos bancos”.

Por último, no que toca à rentabilidade, a Moody’s diz que se manterá “estável”. “Apesar do custo do risco da banca recuar com as condições macroeconómicas mais favoráveis a reduzirem o risco de crescimento do crédito em incumprimento, este será largamente anulado pelas receitas mais fracas fruto das taxas de juro baixas”.

(Notícia atualizada às 9h15 com mais informação)

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