Nomura à espera da Fitch para dizer adeus à dívida nacional
Face à quase certa decisão da Fitch de tirar Portugal do 'lixo', o gestor do Nomura considera que um investidor "prudente" é aquele que após a decisão fará as malas.
A melhoria do rating português por parte da Fitch, que mantém as obrigações portuguesas no nível de “lixo” será um boa notícia para a economia nacional, mas não para os investidores. Quem o diz é um dos maiores fãs da dívida nacional, Richard Hodges da Nomura Asset Management, que assume que assim que a melhoria acontecer, chega a hora de fazer as malas e seguir outros caminhos.
“Assim que a história de recuperação terminar, se o rating for melhorado, então a dívida portuguesa vai passar a ser uma história de sensibilidade face ao ciclo de juros onde tanto as políticas, a economia e as taxas de referência terão influência no nível das yields” de Portugal, afirma Hodges em declarações à Bloomberg. A dívida portuguesa deixará de ser considerada “lixo”, o que atrairá fundos mais conservadores.
Neste sentido, “sugeriria que uma pessoa prudente, que tenha posições longas [aposta na valorização dos títulos] na dívida portuguesa, deveria provavelmente reduzir alguma dessa à exposição à medida que a história se desenrola”, considera o gestor, que mantém a aposta na dívida nacional até à decisão da Fitch, a ser conhecida a 15 de dezembro. A especulação em torno da melhoria do rating por parte da Fitch tem crescido, com o Rabobank a acreditar que o passo vai ser dado.
Em julho, Hodges tinha afirmado à mesma agência que “as dinâmicas estão a mudar em Portugal” e que, em consequência, o fundo japonês que gere tinha aumentado a sua exposição. Na altura, 10% da sua carteira de investimentos era dívida portuguesa, ou seja, cerca 435 milhões de euros.
Taxa de juro a dez anos abaixo dos 2%
Nos mercados de dívida, a tendência da taxa das obrigações portuguesas é de queda, com a taxa a dez anos a negociar bem abaixo dos 2%, caindo 0,15% para 1,977%. Já esta semana, a taxa atingiu os 1,93%, renovando mínimos de abril de 2015, isto ainda antes de Portugal voltar a reembolsar antecipadamente o FMI em 2,78 mil milhões de euros.
Taxa a dez anos renovou mínimos de abril de 2015
Para Richard Hodges, o truque será manter a atenção focada não só na dívida portuguesa, mas também nas obrigações dos países periféricos. “Se a Fitch não melhorar o rating, qualquer queda no valor das obrigações portuguesas deve ser aproveitada como uma oportunidade para aumentar a exposição” à dívida do país, conclui o analista.
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