Mugabe terá resignado à Presidência do Zimbabué
Partido no poder tinha afastado Mugabe. Os militares parecem querer defender uma resignação voluntária de Mugabe para manter a legalidade na transição política. Ex-vice-presidente assume o poder.
O partido no poder no Zimbabué destituiu este domingo Robert Mugabe como líder da União Nacional Africana do Zimbabué – Frente Patriótica (ZANU-PF), noticiou a cadeia de televisão britânica BBC. O Comité Central da ZANU-PF, que se reuniu hoje de urgência para analisar a crise político-militar zimbabueana, decidiu também nomear como novo líder o antigo vice-Presidente do Zimbabué, Emmerson Mnangagwa, afastado do cargo há duas semanas por Robert Mugabe.
Segundo a Reuters, que cita uma fonte próxima das negociações, Mugabe já terá acordado em deixar o poder este domingo. O partido tinha dado menos de 24 horas para que este se demitisse ou então enfrentaria um impeachment. A agência revela ainda que os militares estão a preparar um comunicação da resignação. Mugabe deverá falar em breve ao país.
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O afastamento de Mnangagwa desencadeou um conjunto de reações, culminando com a intervenção militar do exército que tomou o controlo do poder e impediu Mugabe, 93 anos, de continuar a manobrar politicamente para que a sua mulher, Grace, o substituísse na Presidência do país. Centenas de milhares de zimbabueanos saíram desde então às ruas para protestar contra a decisão e contra a manutenção de Mugabe no poder, ações que culminaram sábado com uma das maiores manifestações de sempre em Harare. Entretanto, os comandos militares que levaram a cabo a iniciativa vão receber ainda hoje Mugabe na presidência zimbabueana, onde estão instalados.
A decisão tomada na reunião de urgência do Comité Central da ZANU-PF abre, assim, caminho a reintegração de Mnangagwa, que, por sua vez, deverá assumir a liderança de um novo Governo até às eleições gerais de 2018. Confirmado este cenário, a destituição de Mugabe é o passo seguinte, que terá de ser confirmada pelo Parlamento, medida que o líder parlamentar do maior partido da oposição, o Movimento para as Mudanças Democráticas (MDC), Innocent Gonese, já avançou na casa parlamentar zimbabueana após discutir a questão com a ZANU-PF.
“As conversações de Mugabe com o seu ex-comandante do exército Constantino Chiwenga estão na segunda ronda e as Forças Armadas tudo estão a fazer para evitar uma acusação internacional de golpe de Estado, algo que a União Africana (UA) já veio a público defender que não aceitará. Fontes oficiais de ambas as partes não têm revelado pormenores sobre as negociações, mas os militares parecem querer defender uma resignação voluntária de Mugabe para manter a legalidade na transição política que, inevitavelmente, se seguirá.
A intransigência de Mugabe em deixar o poder tem sido, referem analistas locais e internacionais, uma forma de o Presidente zimbabueano contar com o apoio da UA e da comunidade internacional para preservar o seu legado como um dos líderes da libertação de África, bem como para proteger-se, tal como a família, de possíveis processos judiciais.
Partido no poder indica Emmerson Mnangagwa para presidenciais no Zimbabué
A União Nacional Africana do Zimbabué – Frente Patriótica (Zanu-PF) apresentou este domingo Emmerson Mnangagwa como candidato às eleições presidenciais de 2018.
Citado pela Agência France Presse, o partido avançou que “Emmerson Mnangagwafoi eleito presidente e primeiro secretário do Zanu-FP […] e designado candidato presidencial às eleições de 2018”.
Emmerson Mnangagwa sucede a Robert Mugabe, afastado da liderança da União Nacional Africana. “Foi adotada uma resolução para remover o presidente e substitui-lo por Mnangagwa”, disse à AFP fonte partidária.
(Atualizado às 17h41)
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