Parlamento aprova subida da derrama. Quanto custa às cotadas do PSI-20?
Parlamento aprovou esta quinta-feira um aumento da derrama estadual para as empresas com maiores lucros. Medida terá impacto nos lucros e ações das cotadas do PSI-20. Qual é o impacto?
O IRC para as grandes empresas sempre vai subir no próximo ano, isto depois de o Parlamento ter aprovado o aumento da derrama estadual de 7% para 9% para as empresas com maiores lucros. Esta medida terá impacto nas empresas com lucros anuais acima dos 35 milhões de euros. No PSI-20, o principal índice bolsista português, são várias as cotadas que vão ser afetadas por isto. Quais?
O CaixaBank BPI Research estimou o impacto da proposta do PCP que aprovada esta quinta-feira no âmbito da discussão do Orçamento do Estado para 2018. A medida teve luz verde do PS e por isso vai entrar em vigor a partir do próximo ano.
Na bolsa portuguesa, poucas são as cotadas vão escapar ao aumento de impostos sobre as grandes empresas. Os cálculos do banco tiveram por base as estimativas para os lucros das empresas e bancos para 2018. Contas feitas:
- No BCP, o aumento da derrama estadual deverá ter um impacto de 1% na estimativa para os resultados do grupo no próximo ano e 2% depois, estimam os analistas do BPI. Em 2018, o banco liderado por Nuno Amado poderá ter um lucro de 364 milhões de euros, segundo este banco. Na análise do CaixaBank BPI, o aumento da derrama estadual terá também implicações no atual montante de ativos por impostos diferidos, que deverão aumentar em cerca de 214 milhões de euros.
- No setor energético, EDP, EDP Renováveis e REN também vão ser afetados. No caso da EDP, que tem 51% da atividade em Portugal, o aumento da derrama estadual deverá representar um aumento na taxa efetiva de imposto de dois pontos e uma diminuição de 0,3% do lucro entre 2018 e 2020 e um decréscimo de 1% no valor da ação. Para a EDP Renováveis, “embora não haja muitos detalhes nos resultados gerados em Portugal, estimamos que terá um impacto de cerca de um milhões de euros”. Em relação à REN, a gestora da rede elétrica nacional está 100% exposta a Portugal e o aumento da derrama terá um impacto negativo de 3% no lucro entre 2018 e 2020, sem qualquer impacto relevante na avaliação da ação.
- Quanto à Galp, também no setor da energia, a medida deverá representar um aumento de sete milhões de euros na fatura fiscal da petrolífera. O seu impacto no valor da ação será marginalmente sentido: poderá custar menos de um cêntimo por ação que atualmente cota nos 15,9 euros.
- Para os CTT, o aumento da derrama agora aprovado deverá representar uma subida do aumento da taxa efetiva de imposto dos 28,7% para 30%. Com efeito, deverá provocar uma descida de 2% do lucro estimado para o período entre 2018 e 2020 — os Correios deverão apresentar lucro de 40 milhões no próximo ano, um resultado que subirá até aos 55 milhões em 2020. E terá um impacto negativo de 1% no valor justo da ação que, por estes dias, negoceia em mínimos de sempre perto dos 3,15 euros.
- Em relação à Nos, o impacto nos lucros será pouco significativo no curto prazo. Ainda assim, custa 1,2% na avaliação que o CaixaBank BPI atribui às ações da operadora liderada por Miguel Almeida.
- Também na Mota-Engil, com a exposição do setor da construção a Portugal (representando 17 milhões de euros no EBITDA estimado para 2018) e com o negócio Ambiente, a medida terá um impacto reduzido nos resultados da construtora.
- Na Corticeira Amorim e Sonae, o impacto estimado sobre os lucros será de cerca de 1,5% em ambas as cotadas. Os analistas do banco de investimento apontam para lucros de 91 milhões de euros em 2018 na corticeira portuguesa. Quanto à dona da cadeia de hipermercados Continente, os lucros deverão ascender a 180 milhões de euros no próximo ano.
- Finalmente, no setor do papel, onde estão Altri, Navigator e Semapa, o impacto do aumento da derrama estadual situa-se entre 1% e 1,5% nos lucros destas papeleiras. Ainda assim, “este impacto vai depender do ciclo do preço da pasta de papel”, referem os analistas do BPI.
Também o Haitong analisou o impacto do aumento da derrama estadual nas cotadas do PSI-20. REN e Sonae serão as empresas mais afetadas pela medida.
“Embora seja difícil quantificar precisamente o impacto desta medida, uma vez que nem todas as empresas geram os seus resultados em Portugal ou podem utilizar créditos fiscais, simulamos o impacto desta medida no nosso universo de ações que fazemos cobertura”, dizem dos analistas do Haitong.
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