Da Efanor ao império do retalho em Portugal. O legado do patrão do grupo Sonae
Belmiro de Azevedo entrou para a Efanor quando ainda estudava, mas foi com a Sociedade Nacional de Estratificados que fez a sua fortuna. A Sonae é hoje um dos impérios do retalho em Portugal.
Filho de um carpinteiro e de uma costureira, Belmiro de Azevedo entrou para a Efanor (Empresa Fabril do Norte) ainda estudava. Não demorou muito até chegar à Sonae, a Sociedade Nacional de Estratificados, em 1965, empresa que se tornou sob o seu comando num império do retalho em Portugal através da popular cadeia de hipermercados Continente. Mas a Sonae hoje em dia é muito mais do que isso.
Atualmente sob liderança do filho, Paulo de Azevedo, foi Belmiro quem transformou a Sonae num conglomerado multinacional com um portefólio diversificado de negócios nas áreas de retalho, serviços financeiros, tecnologia, centros comerciais e telecomunicações. Atualmente, a Sonae está avaliada pelos investidores em mais de 2.000 milhões de euros na bolsa.
A lista de empresas do grupo é extensa, assim como as suas marcas: Sonae MC (retalho alimentar, saúde e bem-estar), Sonae S&F (desporto e moda), Worten (retalho de eletrónica), Sonae RP (imobiliário), Sonae FS (serviços financeiros), Sonae IM (gestão de investimentos), Sonae Sierra (centros comerciais) e a Nos (telecomunicações).
Mas há meio século tudo era diferente e a Sonae, fundada a 18 de agosto de 1959 por Afonso Pinto Magalhães, também. Era muito mais pequena, dedicando-se à produção de estratificados a partir de engaço de uva. Só não faliu nos primeiros anos de vida porque o fundador tinha um banco — o Banco Pinto Magalhães.
Foi em 1965 que a Sonae contratou Belmiro de Azevedo. E as coisas mudam no seio da empresa a um ritmo alucinante nas décadas a seguir. Entre tentativas de nacionalização na década de 70, a Sonae diversifica o seu negócio para as madeiras (Novopan), construção (Contacto) e restauração e gestão hoteleira (Ibersol).
Entra a sério no negócio da distribuição e retalho, que está hoje no core da Sonae, em 1983, com formação de uma joint venture com a francesa Promodès, isto depois de uma primeira tentativa tímida no setor com os supermercados de Pinto de Magalhães: os Invictos (no Porto) e os Modelo (em Lisboa). Neste mesmo ano, inicia-se a aventura da Sonae na bolsa, com uma capitalização bolsista de 500 mil contos (cerca de 2.493 milhões de euros).
Hoje em dia é a atividade de distribuição e retalho que mais dá a ganhar ao grupo. Na primeira metade do ano, a unidade de retalho da Sonae faturou mais de 2.500 milhões de euros, destacando-se a cadeia de hipermercados Continente — o primeiro hipermercado foi aberto em 1985.
A década de 1990 foi também ela muito intensa. Da aposta no retalho mais especializado resultou o lançamento de várias marcas como a Modalfa, Maxmat, Max Office, Sport Zone, Worten, entre outras.
Mas destaca-se sobretudo o lançamento da Optimus (que deu lugar à Nos, depois da fusão com a Zon) em 1997, marcando o início da Sonae no setor de telecomunicações que na década seguinte viria a colocar Belmiro de Azevedo em rota de colisão pública com o governo de José Sócrates. Em 2006, Belmiro foi o rosto da oferta pública de aquisição (OPA) sobre a PT e PT Multimédia. Ainda hoje o falhanço nessa operação é tema de conversa na família.
Foi, de resto, na sequência do falhanço da OPA à PT que Belmiro Azevedo decidiu afastar-se da presidência executiva do grupo, em 2007, passando a exercer funções de chairman — cargo do qual se afastaria em 2015.
Quando há dois anos deixou de estar ligado à gestão da Sonae, Belmiro sabia o percurso que tinha realizado nas cinco décadas anteriores. Deixava uma Sonae com mais de 45 mil trabalhadores — 40 mil dos quais em Portugal — e uma multinacional presente em mais de 70 países.
(Notícia atualizada às 17h35)
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