Bitcoin foi a rainha das moedas… digitais e não só
Valorizou mais de 1.800% durante o ano e chegou a namorar os 20.000 dólares cada moeda. A bitcoin ganhou nova vida este ano, mas 2018 poderá ser decisivo para o mundo das criptomoedas.
Uma viagem alucinante. O ano foi de forte valorização para a bitcoin, a moeda virtual que também já conquistou Wall Street. A divisa entrou em 2017 a valer menos de 1.000 dólares e deverá fechar o ano com uma valorização superior a 1.800%. Aliás, ainda durante o mês de novembro, namorou a meta dos 20.000 dólares cada moeda, batendo muitas das expectativas que, apesar de apontarem para uma escalada, eram bem mais modestas.
Durante os últimos 12 meses, a bitcoin fez manchetes nos jornais e atraiu cada vez mais investidores a cada dia que passou. Tanto, que as principais exchanges e serviços que fornecem carteiras de criptomoedas, que são como contas bancárias, tiveram sérios problemas a lidar com todo o tráfego e a dar despacho a todos os pedidos de registo. Em meados de dezembro, a Coinbase, com sede em Londres, teve problemas deste tipo. A Bitfinex, uma das corretoras mais populares de moedas virtuais, viu-se obrigada a encerrar temporariamente as inscrições, que ainda se mantêm suspensas.
Porquê todo este frenesim? Ninguém sabe ao certo. A bitcoin surgiu em 2009, pelo teclado de um misterioso pseudónimo na internet do qual ainda hoje nada se sabe. Satoshi Nakamoto, o génio (ou os génios) por detrás da primeira moeda digital. A rainha de todas as moedas, com um valor de mercado astronómico de cerca de 206,38 mil milhões de dólares. Ganhou popularidade por ser descentralizada e desregulada, ou seja, por não depender de uma entidade, mas de um grupo imenso de computadores ligados 24 horas por dia. E não esquecer o fator do anonimato: são públicas todas as transações, mas ninguém sabe quem são os responsáveis. Não há qualquer registo.
A escalada da bitcoin durante o ano de 2017
Fonte: Bloomberg
As teorias são muitas. Mas a bitcoin tem mais mérito do que o seu próprio mérito. O sistema que lhe serve de alicerce, chamado blockchain, é hoje visto como um dos sistemas mais sofisticados e com maior capacidade disruptiva da economia e do setor financeiro tal e qual como o conhecemos. Aliás, vai ainda mais longe: a mesma tecnologia que permite a bitcoin funcionar está já a ser aplicada noutros setores, como o do retalho ou o automóvel. Mas é de criptomoedas que estamos a falar. E desde que apareceu a bitcoin há oito anos, apareceram outras para a complementar. Ou lhe fazer concorrência.
Uma delas, criada pelo jovem Vitalik Buterin, chama-se Ether e está na base de uma gigantesca rede de computadores chamada Ethereum. A premissa é simples, o sistema nem por isso: em troca da capacidade de processamento da rede descentralizada, os utilizadores pagam Ether. Há até algumas nuances que não existem na bitcoin, como os smart contracts. São como transações inteligentes, que só se realizam num pressuposto sine qua non, isto é, caso cumpram uma determinada condição. Hoje, o Ethereum vale qualquer coisa como cerca de 61,4 mil milhões de dólares. E cada moeda vale mais de 600 dólares.
Existem outras moedas, cada uma com a sua forma e feitio. O Ripple, por exemplo, é o conceito contrário da bitcoin em termos de ideologia: é uma moeda virtual centralizada numa blockchain privada. Nem isso impediu a valorização deste ativo, que entrou em 2017 a valer milésimas de cêntimo e vale agora perto de 1,50 euros (valorização superior a 20.000%). Ou, por exemplo, a IOTA, acerca da qual um investidor anónimo comentava com o ECO que “há gente a fazer muito dinheiro” com ela: nasceu em junho, também a valer uma ninharia, e já chegou a cotar acima dos quatro euros por unidade.
Como será 2018? É difícil prever. Por agora, a bitcoin, a maior moeda virtual em valor de mercado, corrigiu e derrapou significativamente desde o máximo atingido a 17 de dezembro para um patamar abaixo dos 15.000 dólares. Das entidades oficiais, os alertas surgem em catadupa: criptomoedas não são um ativo fiável e podem ser uma bolha prestes a rebentar. E, de facto, podem ser mesmo: cada moeda vale apenas o que o mercado está disposto a pagar por ela. O que acontece se o comboio descarrilar?
Como já alertaram alguns analistas, uma eventual queda pode propagar ondas de choque pela economia, numa altura em que diversos fundos já se aventuraram nestas águas movediças. Sim, os grandes de Wall Street também se renderam a estas divisas. E foi por isso que, no final deste ano, foram lançados os primeiros derivados de bitcoin. Duas das principais corretoras do mundo, a CME e a CBOE, lançaram, pela primeira vez na história, os chamados futuros de bitcoin: contratos feitos em dinheiro que, no fundo, apostam na valorização ou desvalorização da moeda, sem a deterem propriamente.
Em 2018, todos os olhos continuarão postos nestes ativos. Até porque, à velocidade com que se movem, os próximos 12 meses poderão ditar se estas moedas servem mesmo para fazer pagamentos, se são um ativo de refúgio para guardar valor (como o ouro), ou se não passam de uma bolha especulativa, uma bomba em contagem decrescente, prestes a rebentar.
Assine o ECO Premium
No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.
De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.
Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.
Comentários ({{ total }})
Bitcoin foi a rainha das moedas… digitais e não só
{{ noCommentsLabel }}